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ACÓRDÃO

"EXECUÇÃO POR TÍTULO EXTRAJUDICIAL - Requisição do endereço dos


agravados à CPFL e ao Banco Central do Brasil através do sistema
'BACENJUD - Possibilidade - Hipótese em que o agravante envidou
todos os esforços possíveis para localizá-los, sem, contudo, obter êxito
- Atos atentatórios à dignidade da Justiça aqueles praticados no
sentido de impossibilitar o normal desenvolvimento do processo -
Recurso provido."
Vistos, relatados e discutidos estes autos de AGRAVO DE
INSTRUMENTO N° 990.10.165333-8, da Comarca de CAPIVARI, sendo
agravante BANCO ITAÚ S/A e agravadas CISAN INDÚSTRIA
METALÚRGICA LTDA., SANDRA M. MUCCIOLO E MARIA APARECIDA F.
BONTEMPO.
ACORDAM, em Vigésima Terceira Câmara de Direito
Privado do Tribunal de Justiça, por votação unânime, dar provimento
ao recurso.
1) Insurge-se o agravante contra r. decisão proferida nos autos da
execução por título extrajudicial que moveu contra a agravada, na
qual o MM. Juiz "a quo" indeferiu o pedido de expedição de ofício à
CPFL requisição por meio eletrônico através do sistema "Bacen Jud"
para localização do endereço dos agravados. Alega, em síntese, que:
realizou inúmeras diligências no sentido de obter o endereço dos
agravados, porém todas restaram infrutíferas; o sistema "Bacen Jud"
também se presta a obter informações dos endereços declarados
pelos correntistas dos bancos; necessária a intervenção judicial no
caso.
Efetuou-se o preparo.
O MM. Juiz "a quo" prestou as informações requisitadas.
É o breve relatório.
2) Merece acolhimento o presente recurso.
É certo que o Poder Judiciário não é órgão investigatório, mas em se
tratando de processo judicial, tem o Estado interesse na distribuição
da Justiça com a efetiva prestação jurisdicional.
Verifica-se pelas alegações do agravante que este envidou todos os
esforços possíveis para localizar o endereço dos agravados. Contudo,
tais esforços foram em vão!
Assim, considerando-se atentatórios à dignidade da Justiça os atos
praticados no sentido de impossibilitar o normal desenvolvimento do
processo, a simples expedição de ofício à CPFL e a requisição ao Banco
Central, através do sistema "BACEN-JUD" para que informe o endereço
dos agravados, não ofende quaisquer de seus direitos.
Além disso, por serem sigilosas, o Banco Central do Brasil apenas
fornece informações cadastrais de seus contribuintes através de
requisição judicial, o que impossibilita qualquer tipo de providência
pela parte.

Nesse sentido é o entendimento dessa C. Câmara:

"REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES - BACEN-JUD - Obtenção de


informação sobre o paradeiro atual do réu - Sigilo que impõe a
intervenção jurisdicional - Direito à intimidade, à honra, à vida privada
e à imagem do devedor, bem como o direito de acesso ao judiciário do
credor, garantidos constitucionalmente - Conflito positivo de
interesses que exige a atuação do Estado-Juiz - Expedição de ofício
determinada - Agravo provido para esse fim."(Ag. Instr.n°
7.367.489-0 - Rei. Des. RIZZATTO NUNES - j . 01.07.2009)

Dessarte, dá-se provimento ao recurso, para que seja expedido ofício à


CPFL e requisitado o endereço dos agravados através do sistema
"BACEN-JUD".

Presidiu o julgamento com voto o Desembargador JOSÉ MARCOS


MARRONE e dele participou o Desembargador R1ZÉATTO NUNES.

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