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ÂNIMA EDUCAÇÃO

PROJETO DE PESQUISA “ARQUITETURA HOSTIL:


TIPOS, FUNÇÕES E POLÍTICAS PÚBLICAS PROIBITIVAS”

Julho de 2023

Karoline Dantas de Freitas


Fichamento

Referência:
SAVIC, Selena. Unpleasent for Pigeons. In: SAVICIC, Gordon; SAVIC, Selena. Unpleasant
Design, G.L.O.R.I.A, 2016. p. 123-135

Sabendo que a arquitetura hostil sempre estuda grupos específicos, sendo eles
separados por raça, etnia ou questões culturais, esse capítulo vai abordar um grupo que não
envolve nenhum desses fatores, focando somente na vivência dos pombos. Sendo uma nova
“moda” que se espalhou pela Europa e Estados Unidos, veremos como a arquitetura hostil
para essas aves vai impactar na construção das cidades.

Introdução
Os pombos se adaptaram bem à vida urbana por encontrarem grande fonte de comida
e por conseguirem se proteger dos predadores mais facilmente. Tendo vivido próximo de
humanos há muito tempo, eles foram usados para diversos propósitos: enviar mensagens,
fazer corridas, checar a distância de terras e ser alimento. Entretanto, com a urbanização e
modernização do estilo de vida, eles passaram a ser considerados uma sujeira para as cidades.
Por não serem mais bem-vindos pelos humanos, novas instalações começaram a ser
desenvolvidas para os expulsarem do nosso meio. Como a colocação de spikes em janelas,
anúncios e nos mais diversos locais em que eles poderiam repousar. Também estão nessas
classificações de arquitetura hostil para pombos: cercas elétricas, pombos falsos, redes de
proteção. Além disso, também há quem envenene comida para esses animais. Em seguida,
veremos as motivações por trás dessa hostilidade.

O que os pombos estão fazendo nas cidades?


Passando por uma breve história da associação de pombos e humanos, Savic escreve
que essas aves foram domesticadas por vários povos e possuíam diversos tipos de utilidades:
o estrume se tornava fertilizante de terras, eles eram utilizados como sacrifício, como pombos
correio e serviam como alimento.
Hoje em dia, ainda existem pessoas que gostam de alimentar os pombos na rua e
acham isso uma atividade relaxante, mas muitos acreditam que eles são pragas. E essa
mudança de percepção aconteceu por incentivo de Woody Allen em 1980. Antes disso, era
comum ver o pombo associado ao romantismo e também existia um comércio para turistas
em torno de vender alimento para essas aves. Mas no filme “Memórias” (1980), o autor
descreve os pombos como “ratos com asas”, o que ficou no imaginário coletivo e a ideia de
rejeição foi aderida.
Com esse descontentamento geral, também espalhou-se o mito de que pombos são
grandes transmissores de doenças, história essa que já foi desmentida por estudiosos, que
explicam que caiu no conhecimento popular devido o grande incentivo das indústrias de
pesticidas na tentativa de aumentar suas vendas. Mesmo assim, ainda é verdade que os
excrementos dos pombos podem ser prejudiciais por criarem o ambiente propício para
proliferação de diversos tipos de fungo.
A vivência das aves na cidade pode deixá-la ainda mais prejudicial para o ambiente,
pois, na natureza, se alimentariam de sementes e grãos, e, na cidade, comem pães e massas
que deixarão suas fezes mais ácidas e difíceis de limpar. Com o tempo, surgiram grupos em
defesa dos pombos, chamados de “pigeon people”, que dividem opiniões em relação ao que
deveria ser feito quanto a eles na cidade, variando entre deixá-los se reproduzindo livremente
ou criar algum método para diminuir a reprodução.

Controle de pombos
Nesta sessão, Savic fala sobre os métodos utilizados para realizar o controle de
pombos em diversas regiões, sendo eles:

Controle letal: considerado um método cruel, envolve o uso de veneno, armadilhas, caça de
pombos e falcoaria.
Métodos de impedimento: companhias que fazem instalação de dispositivos que vão impedir
os pombos de pousar nos locais.
Pinos anti poleiro e arames: um dispositivo pontudo que vai impedir que os pássaros façam
do local um poleiro.
Redes: são aplicadas em fachadas, janelas e espaços para impedir a entrada dos pombos.
Dispositivos para assustar: envolve o uso de espelhos, imagens de predadores e ruídos
incômodos aos pombos.
Medidas alternativas: trocar os ovos reais dos pombos por ovos falsos, que irá fazer com que
os pombos não reproduzam mais.

Conclusão

Em conclusão, podemos analisar a reação da cidade em relação aos pombos de


diversos pontos de vista. Passando pela tolerância, como lidamos com a coexistência no
mesmo espaço, como nos sentimentos seguros e o que deve ser feito em relação ao espaço
público. Não existe um consenso para nenhuma dessas questões, e cada vez mais, o mercado
vem dificultando soluções práticas ao incentivar a competição do espaço. Nesse caso dos
pombos, vemos como a indústria pesticida incentiva métodos cruéis e ineficientes para o
controle das aves.
Indo mais a fundo, também conseguimos comparar a situação dos pombos às pessoas
em situação de rua, que também não são bem-vindas nos espaços públicos e que acabam
sofrendo de diversos métodos aplicados nesses locais.
Assim como é direito do ser humano transitar nas ruas, também é direito dos animais
terem acesso à natureza e conseguirem se reproduzir livremente. Enfrentamos o problema,
como seres humanos, de tolerar a convivência apenas com aqueles que nos são úteis, e isso
limita nossas relações.

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