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O Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo, com cerca de 160 milhões de cabeça,
sendo que deste efetivo, cerca de 34 milhões são de animais destinados à produção de leite (14, 7 milhões
de vacas em lactação e secas), que, por ano, produzem cerca de 19 bilhões de litros, com uma média de
4,9 kg/vaca/dia, supondo uma lactação de 270 dias de duração (ANUALPEC, 1999/2001). Possuidor da
maior área agricultável e do maior reservatório de água doce do mundo, o Brasil possui ainda topografia e
condições edafo-climáticas variadas e excelente luminosidade, o que lhe confere condições favoráveis de
produzir pasto e forragem conservada, permitindo o aumento do rebanho e de produção de leite de
qualidade. Devido a essas riquezas naturais, que garantem alto potencial de crescimento da sua produção
(5% ao ano, número que raríssimos países podem ostentar), o Brasil tem uma posição chave no cenário
futuro da pecuária de leite mundial. Estudiosos mencionam que o Brasil, ao lado da Argentina, Nova
Zelândia e sul da Austrália, serão as quatro maiores regiões produtoras de leite do planeta.
Fatores para uma boa produção leiteira
Raças
Existem várias opções de raças e cruzamentos para produção de leite. As principais são:
A. Raça européia pura, especialmente selecionada para produção de leite, como a Holandesa (H), a
Pardo-Suíça ou Schwyz, a Jersey, a Guernsey e a Ayrshire. Dessas a mais conhecida e difundida
é a Holandesa;
B. Raça européia de dupla-aptidão (produção de leite e de carne), como a Simental, Dinamarquesa,
Red Poll. Dessas a mais conhecida é a Simental;
C. Raças Zebu Leiteiras (Gir; Guzerá; Sindi etc.) e
D. Vacas mestiças, derivadas do cruzamento de raça européia com uma raça zebuína, em vários
graus de sangue.
Na escolha das raças é necessário analisar os fatores, como: sistema de produção, clima, topografia do
terreno (localização da propriedade) etc., bem como da preferência pessoal do produtor. Sem dúvida
nenhuma, o sistema de produção a ser empregado na propriedade é o item mais importante a ser
considerado na escolha da raça ou do cruzamento.
O sistema de produção a ser adotado é decorrente do desempenho dos animais existentes e das práticas de
manejo utilizadas na propriedade. Este desempenho pode ser estimado pela média da produção de leite
por lactação, produção de leite diária, dentre outros. Os rebanhos podem ser divididos em três níveis de
produção como, por exemplo:
Na escolha do recurso genético mais adequado para a propriedade em questão, de acordo com o nível de
criação e produção, deve-se considerar:
- em propriedades com médias de produção de leite acima de 4.200 kg por lactação, devem ser
empregadas as raças européias especializadas, sendo a Holandesa a mais difundida;
- em propriedades com produções de leite entre 2.800 e 4.200 kg por lactação, têm-se como opção o
cruzamento alternado com repetição do europeu, uso de vacas 3/4 Holandês x Zebu;
- para fazendas com produções de leite inferiores a 2.800 kg por lactação, deve ser adotado o cruzamento
alternado simples (Europeu x Zebu); como opção existe a raça Girolando (5/8 Holandês + 3/8 Gir) e as
raças Zebus leiteiras.
Tendo por base o desempenho do Sistema Intensivo de Produção de Leite (SIPL-GH) da Embrapa
Pecuária Sudeste nos três períodos de intensificação do uso dos recursos genéticos e ambientais e das
práticas de manejo.
Alimentação
A partir de diversos trabalhos de pesquisa publicados, observa-se que as condições ambientais brasileiras
permitem a exploração de leite a pasto o ano inteiro, além de permitir a exploração de alto potencial de
produção das plantas forrageiras quando manejadas corretamente, sendo que a utilização de pastagens
tropicais manejadas intensivamente tem um potencial de fornecimento de nutrientes para produções
próximas de 12 kg de leite/vaca/dia sem o uso de rações concentradas, o que resulta em um baixo custo
de produção e faz com que as pastagens tornem-se um recurso natural que possibilita alta competitividade
no uso da terra. Considerando que o potencial médio das pastagens tropicais seja de apenas 8 kg de
leite/dia, observa-se que o manejo intensivo da pastagem pode aumentar em 50% a produção de
leite/vaca. Entretanto, são vários os fatores que condicionam a produção de leite em uma pastagem.
Dentre eles podem se destacar a aptidão leiteira da vaca, a qualidade do pasto, a disponibilidade de pasto
(oferta de forragem), o rendimento forrageiro da pastagem (capacidade de suporte), o sistema de
pastagem e a suplementação da pastagem.
Os fatores importantes compreendem tecnologias que devem ser implantadas na propriedade após a
contemplação integral dos fatores vitais. São eles:
· Análise e correção do solo;
· Adubação de pastagens com adubos solúveis e orgânicos;
· Conservação do solo;
· Escolha de forrageiras;
· Melhoramento animal – interação genótipo:ambiente;
· Prática de irrigação em épocas estratégicas.
Numa condição de sub pastejo tem-se uma máxima produção de leite por animal, entretanto a produção
por área é menor, devido à subutilização da área. Por outro lado, o super pastejo leva a uma situação
inversa, pois há uma menor disponibilidade de forragem por animal, ocorrendo uma menor seleção do
relvado, um menor consumo e conseqüentemente uma queda na produção por animal. A oferta de
forragem deve variar ao longo do ano, procurando equilibrar a oferta e a demanda de nutrientes para o
animal, e evitar períodos de super e subpastejos que comprometam a persistência e a qualidade da
pastagem (ASSIS, 1997). Assim, para alcançarmos uma boa produção de leite/ha/ano torna-se necessário
um eficiente aproveitamento da forragem produzida, principalmente durante as estações primavera/verão,
onde as condições climáticas favorecem a produção máxima de matéria seca pela plantas forrageiras. Esta
eficiência se torna mais fácil de ser conseguida, quando adotamos um sistema de pastejo adequado para a
propriedade. Para Rodrigues & Reis (1997), um sistema de pastejo ideal é aquele que permite maximizar
a produção animal sem afetar a persistência da planta forrageira e constitui uma combinação definida e
integrada do animal, da planta, do solo e do clima. Basicamente, são utilizados dois sistemas de pastejo
no Brasil: o de lotação contínua e o de lotação rotacionada.
1.Pastejo de lotação continua
Pastejo de lotação contínua se caracteriza pela utilização da pastagem sem descanso durante todo o ano,
ou durante várias estações, podendo ser com um número de animais fixo ou variável ao longo do ano, de
acordo com a disponibilidade de forragem. Deve ser utilizado quando a propriedade possui pastagens
formadas por forrageiras de porte baixo, estoloníferas ou semi-prostradas, como a maioria das plantas
Brachiaria spp (decumbens, humidicola, ruziziensis, etc) e Cynodon spp (grama estrela, coast cross, tifton
85, etc), e não são utilizadas de forma intensiva, ou seja, não exploram a máxima eficiência dessas
forrageiras, e onde a capacidade de suporte não passa de 1,5 UA/ha. É importante lembrar que o controle
da disponibilidade de forragem é imprescindível para que não haja ocorrência de sub ou super pastejo,
prejudicando assim o desempenho da planta forrageira.
2.Pastejo de lotação rotacionada
No pastejo de lotação rotacionada, a pastagem é subdividida em um número variável de piquetes, que são
utilizados um após o outro, podendo ser também com carga fixa ou variável. É baseado no princípio de
que um período de descanso favorece a produção de forragem, permitindo o desenvolvimento de raízes,
perfilhos e reservas orgânicas. Neste sentido, Maraschin (1986) reporta que o pastejo de lotação
rotacionada deve ser adotado para plantas que necessitam de um período de descanso para acumular e
recuperar as reservas orgânicas, para permitir a regeneração da pastagem sem a interferência do animal e
prevenir a eliminação das espécies que são mais aceitas pelos animais. Assim, as gramíneas cespitosas de
intenso perfilhamento e que apresentam precoce alongamento de caule e rápida elevação de meristema
apical, como as forrageiras das espécies Panicum maximum (colonião, tanzânia, mombaça) e Pennisetum
purpureum (capim elefante), são melhores adaptadas a este sistema. Além disso, este sistema é indicado
para as propriedades que adotam a exploração intensiva da pastagem para produção de leite, de qualquer
espécie forrageira, através da adoção de tecnologias como a correção e adubação dos solos e a utilização
de irrigação da pastagem, permitindo que o nível de produção de forragem seja alto e, conseqüentemente,
as taxas de lotação sejam superiores a 2,0 UA/ha, pois é possível controlar o nível de desfolha e evitar o
consumo da rebrota que ocorre em poucas horas após a desfolha, impedindo a redução do vigor da
rebrota. Normalmente, a adoção do sistema de pastejo de lotação rotacionada permite alcançar um
aumento na lotação animal que varia de 25 a 100%, devido basicamente ao aumento da eficiência da
colheita da forragem pelos animais e à uniformidade de pastejo (Aguiar, 2003). Para Benedetti (2002),
este sistema de manejo de pastagens permite, além de um manejo mais fácil, uma maior oferta de matéria
seca, uma menor seletividade animal, aumento da disponibilidade de folhas em relação às hastes, maior
consumo de matéria seca, uma vez que a planta apresentando altura ideal e densidade de cobertura do
solo, o animal se saciará mais rapidamente, diminuindo o tempo de ruminação, o que ocasiona menor
gasto de energia do animal e aumenta a eficiência da alimentação, com maior produtividade.
3.Vacas em Lactação
Um sistema de alimentação para vacas em lactação, para ser implementado, é necessário considerar o
nível de produção, o estágio da lactação, a idade da vaca, o consumo esperado de matéria seca, a condição
corporal, tipos e valor nutritivo dos alimentos a serem utilizados.
O estágio da lactação afeta a produção e a composição do leite, o consumo de alimentos e mudanças no
peso vivo do animal.
Nas duas primeiras lactações da vida de uma vaca leiteira, devem-se fornecer alimentos em quantidades
superiores àquelas que deveriam estar recebendo em função da produção de leite, pois estes animais ainda
continuam em crescimento, com necessidades nutricionais muito elevadas. Assim, recomenda-se que aos
requerimentos de mantença sejam adicionados 20% a mais para novilhas de primeira cria e 10% para
vacas de segunda cria.
As vacas não devem parir nem excessivamente magras nem gordas. Vacas que ganham muito peso antes
do parto apresentam apetite reduzido, menores produções de leite e distúrbios metabólicos como Cetose,
fígado gorduroso e deslocamento do abomaso, além de baixa resistência aos agentes de doenças.
Um plano de alimentação para vacas em lactação deve considerar os três estádios da curva de lactação,
pois as exigências nutricionais dos animais são distintas para cada um deles.
As vacas, nas primeiras semanas após o parto, não conseguem consumir alimentos em quantidades
suficientes para sustentar a produção crescente de leite neste período, até atingir o pico, o que ocorre em
torno de cinco a sete semanas após o parto. O pico de consumo de alimentos só será atingido
posteriormente, em torno de nove a dez semanas pós-parto. Por isso, é importante que recebam uma dieta
que possa permitir a maior ingestão de nutrientes possível, evitando que percam muito peso e tenham sua
vida reprodutiva comprometida.
Devem ser manejadas em pastagens de excelente qualidade e em quantidade suficiente para permitir alta
ingestão de matéria seca. Para isto, o manejo dos pastos em rotação é prática recomendada.
Deve-se fornecer suplementação com concentrados e mistura mineral adequada. Vacas de alto potencial
de produção devem apresentar um consumo de matéria seca equivalente a 4% do seu peso vivo, no pico
de consumo.
Vacas que são ordenhadas três vezes ao dia consomem 5 a 6% mais matéria seca do que se ordenhadas
duas vezes ao dia.
Para vacas mantidas em pastagens, durante o período de menor crescimento das forrageiras, há
necessidade de suplementação com volumosos: capim-elefante verde picado, cana-de-açúcar adicionada
de 1% de uréia, silagem, feno ou forrageiras de inverno. Para vacas de alta produção leiteira ou animais
confinados, forneça silagem de milho ou sorgo, à vontade.
Uma regra prática para determinar a quantidade de volume a ser fornecida é monitorar a sobra ou o
excesso que fica no cocho. Caso não haja sobras ou se sobrar menos do que 10% da quantidade total
fornecida no dia anterior, aumente a quantidade de volumoso a ser fornecida. Caso haja muita sobra,
reduza a quantidade.
O concentrado para vacas em lactação deve apresentar 18 a 22% de proteína bruta (PB) e acima de 70%
de nutrientes digestíveis totais (NDT), na base de 1 kg para cada 2,5 kg de leite produzidos.
Vacas de alta produção de leite, manejadas em pastagens ou em confinamento, precisam ter ajustes em
seu manejo e plano alimentar. Para vacas com produções diárias acima de 28-30 kg de leite, devem-se
fornecer concentrados com fontes de proteína com baixo teor de degradação no rúmen, como farinha de
peixe, farelo de algodão, soja em grão moída, tostada etc.
Dieta completa é uma mistura de volumosos (silagem, feno, capim verde picado) com concentrados
(energéticos e protéicos), minerais e vitaminas. A mistura dos ingredientes é feita em vagão misturador
próprio, o qual contém balança eletrônica para pesar os ingredientes. Muito usada em confinamento total,
tem a vantagem de evitar que as vacas possam consumir uma quantidade muito grande de concentrado de
uma única vez, o que pode causar problemas de acidose nos animais. Além disso, recomenda-se a
inclusão de 0,8 a 1% de bicarbonato de sódio e 0,5% de óxido de magnésio na dieta total, para evitar
problemas com acidose.
O melhor teor de matéria seca da ração total está entre 50 e 75%. Rações mais secas ou mais úmidas
podem limitar o consumo. Por isso, o teor de umidade da silagem deve ser monitorado semanalmente, se
possível.
Normalmente, as vacas se alimentam após as ordenhas. Mantendo a dieta completa à disposição dos
animais nesses períodos, pode-se conseguir aumento do consumo voluntário.
Para reduzir mão-de-obra na mistura de diferentes formulações para os grupos de vacas com diferentes
produções médias, a tendência é de se formular uma dieta completa com alto teor energético e com nível
de proteína não-degradável que atenda ao grupo de maior produção de leite. Os demais grupos, vacas no
terço médio e vacas em final de lactação, naturalmente já controlariam o consumo, ingerindo menos
matéria seca.
Para assegurar consumo máximo de forragem, principalmente na época mais quente do ano, deve-se
garantir disponibilidade de alimentos ao longo do dia. Deve-se encher o cocho no final da tarde, para que
os animais possam ter alimento fresco disponível durante a noite. Dessa forma, as vacas podem consumir
o alimento num horário de temperatura mais amena.
A relação concentrado/volumoso é maior para vacas de maior produção de leite. De uma forma mais
generalizada, sugere-se, na tabela abaixo, as relações concentrado/volumoso.
Deve-se tomar o cuidado de retirar restos de alimentos mofados do cocho antes de fornecer nova
alimentação.
Para animais mantidos em pastagens, o método mais prático de suplementar minerais é deixando a
mistura (comprada ou preparada na própria fazenda) disponível em cocho coberto, à vontade ( Instrução
Técnica para o Produtor de Leite - Sistemas de Alimentação nº 41. Suplementos Minerais para Gado de
Leite e Senar - Embrapa: Manual Técnico: Trabalhador na Bovinocultura de Leite - página 161).
Para vacas em lactação e animais que são mantidos em confinamento, é mais seguro e garantido incluir a
mistura mineral no concentrado ou na dieta completa.
Vacas em lactação requerem uma quantidade muito grande de água, uma vez que o leite é composto de 87
a 88% de água. Ela deve estar à disposição dos animais, à vontade e próxima dos cochos. Normalmente as
vacas consomem 8,5 litros de água para cada litro de leite produzido. Quando a temperatura ambiente se
eleva, nos meses de verão, o consumo de água aumenta substancialmente.
No terço médio da lactação, as vacas já recuperaram parte das reservas corporais gastas no início da
lactação e já deveriam estar enxertadas. A produção de leite começa a cair e as vacas devem continuar a
ganhar peso, preparando sua condição corporal para o próximo parto.
O fornecimento de concentrado deve ser feito com 18 a 20% de proteína bruta, na proporção de 1 kg para
cada 3 kg de leite produzidos acima de 5 kg, na época das chuvas, e a mesma relação acima de 3 kg
iniciais de leite produzido, durante o período seco do ano, conforme tabela abaixo.
Número de
Categoria Local de manejo e de alimentação suplementar
cabeças
Vacas em lactação 60 Estábulo e pasto
Vacas secas 15 Pasto
Novilhas gestantes 27 Pasto
Fêmeas de 1 a 2 anos 27 Pasto
Abrigos individuais até aos 70 dias
Fêmeas até 1 ano 30
Pasto após 70 dias.
Machos até 1 ano(1) 30 Abrigos individuais até aos 70 dias
Pasto após 70 dias.
Total 189
(1)
Quando se faz recria de machos.
Considerando o rebanho descrito, as instalações a serem projetadas poderão ser assim distribuídas, no
caderno de plantas:
Conjunto A: 3 currais, para 20 vacas cada um, cocho para minerais, curral-de-espera, sala-de-ordenha
para seis vacas, pedilúvio, sala-de-leite, escritório, depósito de ração e farmácia.
Conjunto B: Sala para picadeira e depósito de ração.
Conjunto C: seringa, tronco coletivo, tronco individual e embarcadouro (opcional).
Estrutura para conservação de forragens (silos trincheira ou superfície, 400 t).
Conjunto de abrigos individuais para bezerros (0 a 70 dias de idade).
A Figura 1 mostra o conjunto de instalações definido para o sistema de produção de leite implantado na
Embrapa Arroz e Feijão em Goiânia, GO.
Manejo em confinamento total
Exige maior investimento em instalações, máquinas e equipamentos, além de apresentar uma
complexidade maior para o planejamento, porque necessita uma interação entre a movimentação de
animais, alimentos e dejetos produzidos. Outro aspecto de grande importância é o sincronismo na
realização e o monitoramento dessas operações, fato este que requer mão-de-obra qualificada. Também, o
gerenciamento técnico e econômico-financeiro precisa ser intensificado.
- Sistema de alimentação: Dele depende a necessidde de área para galpões de armazenamento de
alimentos (volumosos e grãos) e área para confecção de ração (moinho desintegrador, misturador, etc.), se
esta for produzida na fazenda. Silos devem ser localizados próximos da área de alimentação.
- Sistema de ordenha: Depende do número de vacas em lactação, nível de produção do rebanho, tempo
desejado para a ordenha e, principalmente, pelo seu custo inicial.
- Descarte das fezes e urina: Na exploração de leite, onde os animais são mantidos em regime de semi-
confinamento ou confinamento total, talvez este seja o maior problema. A movimentação do esterco para
armazenamento pode ser na forma sólida (esterqueira e distribuição direta nos campos de culturas ou
pastos), líquida (lagoa, utilizando-se da água da lavagem como veículo), sendo posteriormente
descartado. Recentemente, foram introduzidos na Embrapa Gado de Leite dois sistemas de manejo de
esterco. Um baseado em fermentação aeróbia, no qual esterco e urina são depositados em tanques
acrescidos de quantidade de água, suficiente para estabelecer uma solução líquida, sendo artificialmente
aerada e homogeneizada para reutilização na limpeza automática dos galpões de confinamento. Após a
estabilização, este esterco líquido (biofertilizante) é utilizado nas áreas de culturas pelo sistema de
irrigação.
O segundo sistema de manejo de esterco consiste na separação das partes sólidas e líquidas, com o
armazenamento e reciclagem da fase líquida para limpeza dos galpões de confinamento.
Outra forma interessante de manejo do esterco é a Compostagem, um processo biológico de
transformação da matéria orgânica crua em substâncias húmicas, estabilizadas, com propriedades e
características completamente diferentes do material que lhe deu origem. (É uma técnica idealizada para
se obter mais rapidamente e em melhores condições a desejada estabilização da matéria orgânica).
A compostagem é um processo de digestão aeróbia da matéria orgânica por microrganismos em
condições favoráveis de temperatura, umidade, aeração, pH e qualidade da matéria-prima disponível. A
eficiência do processo baseia-se na perfeita interação desses fatores.
Os principais tipos de compostagem utilizados, dependendo da quantidade da matéria-prima disponível,
são: em leiras, pilhas aeradas, pilhas estáticas, caixas de alvenaria ou madeira, etc.
Atualmente os sistemas de compostagem têm recebido muita atenção dos pecuaristas pela oportunidade
de venda do composto para produção orgânica, agregando valor à atividade leiteira.
- Flexibilidade de local: Novas instalações devem ser previstas de modo a permitir expansão futura e
adaptação de novas tecnologias.
- Exigências legais: As instalações devem preencher todos os requerimentos legais para a produção e
comercialização do leite
- Orientação: a orientação das instalações é fator intimamente relacionado com o clima do local e que
uma boa orientação tem maior importância em alojamentos abertos, onde, além de permitir uma máxima
insolação interna no inverno, deve garantir a proteção contra os ventos dominantes e frios.
Em condições de clima tropical e subtropical, como ocorre em nosso hemisfério, as coberturas são
orientadas, normalmente, no sentido leste-oeste, para que no verão haja menor incidência de radiação
solar no interior das instalações e maior insolação da face norte no inverno.
Os cochos cobertos para volumosos, cuja geometria da cobertura é geralmente estreita e alongada, a
melhor orientação é a leste-oeste, permitindo máximo sombreamento durante o verão e maior exposição
da face norte no inverno. Nestas instalações, o cocho de alimentação deve ser locado na face sul, onde
permanece sombreado durante o ano todo, evitando o ressecamento da forragem e dando maior conforto
aos animais.
Em abrigos exclusivos para sombreamento dos animais, onde não há limitação de espaço nas laterais para
movimentação dos animais, a melhor orientação é a norte-sul. Desta forma, os animais se movimentam
juntamente com o deslocamento da sombra do abrigo, permitindo maior exposição solar do piso,
reduzindo a formação de lama e mantendo-o mais seco, além de usufruir do poder germicida da radiação
solar na desinfecção do piso.
Nos bezerreiros, as baias individuais devem ser orientadas de modo que recebam o sol da manhã, devido
aos efeitos benéficos dos raios solares sobre a saúde dos animais. Deste modo, os bezerreiros são
projetados com todas as baias individuais do lado leste, as coletivas do lado oeste e a cobertura no sentido
norte-sul.
No caso dos abrigos individuais (gaiolas) para bezerros, a abertura principal deve ficar exposta para o
leste, permitindo a entrada do sol da manhã no interior deles, mantendo assim a cama mais seca e o
sombreamento da lateral sul do abrigo, já que os bezerros têm livre acesso à sombra.
- Bezerreiros: geralmente, fazem parte do corpo dos estábulos clássicos e das salas de ordenha, quando a
ordenha é feita com o bezerro ao pé. Entretanto, podem ser separados, principalmente se o aleitamento for
artificial. As baias podem ser individuais ou coletivas, com piso de cimento ou ripado, devem dar acesso
a solário ou piquete gramado.
O uso de abrigos individuais (gaiolas) é recomendado pela facilidade de manejo, limpeza, desinfecção e
baixo custo. Além disso, os animais apresentam menos problemas sanitários, menor mortalidade e maior
consumo de ração.
- Cochos externos: são os cochos de sais minerais e os cochos para distribuição de volumosos e
concentrados nos currais e nos pastos. Reserva-se nesses últimos um espaço linear de 0,60 a 0,80 m por
animal adulto, dependendo do porte dos animais.
- Brete ou tronco para vacinação: é uma instalação imprescindível no manejo do gado, facilitando a
pulverização, marcação, vacinação e outras atividades dependentes da contenção dos animais. Troncos
maiores permitem a colocação de maior número de animais por vez, reduzindo o tempo gasto para
execução das atividades de manejo. Sempre que possível, deve terminar num embarcadouro de gado,
facilitando a carga e descarga de animais diretamente em caminhões.
Há também troncos metálicos, fixos ou móveis, que podem ser adquiridos no mercado.
- Currais: o número e o tamanho dos currais variam conforme o tamanho do rebanho e o sistema de
exploração. A área recomendada por vaca varia de 2 a 10 m 2, dependendo do tempo que o gado
permanece preso.
O piso deve ser revestido por concreto, ou calçado com lajes de pedra, para evitar a formação de lama no
período das chuvas, e de poeira na época seca. O piso de pedra, normalmente, é muito escorregadio,
podendo provocar acidentes e lesões nos animais.
As divisórias dos currais podem ser construídas com réguas e mourões de madeira (roliça ou serrada) de
cimento, muros de alvenaria, tubos galvanizados, trilhos de estrada de ferro, etc. Atualmente vem
ganhando preferência a construção de currais com o emprego de mourões de concreto armado ou
eucalipto tratado e cordoalhas de aço, estas, por serem mais resistentes, duráveis e econômicos. Esta é
uma alternativa ecológica e economicamente viável para construção de currais e divisórias em geral.
Além disso, currais com emprego de cordoalhas permitem maior circulação do ar na altura dos animais
melhorando o conforto térmico.
- Sala de leite: a sala de leite deve ficar localizada junto à sala de ordenha para facilitar o transporte do
leite para o tanque de expansão ou resfriador e também o livre acesso dos ordenhadores e ajudantes. Deve
ter espaço suficiente para abrigar todos os equipamentos e utensílios de refrigeração do leite, pia ou
tanque para limpeza dos equipamentos de ordenha.
Outras instalações: instalações como galpões para máquinas e equipamentos, depósito de ração, depósito
de insumos (adubos, calcário, sal mineral), escritório, farmácia e demais dependências devem ser
detalhadas e planejadas conforme as exigências do projeto, do manejo e das condições do proprietário.
Os silos, como construções de finalidade estratégica em uma granja leiteira, devem receber atenção. Eles
objetivam a conservação de forragem sob a forma de silagem, imprescindível para superar os efeitos
negativos da “época seca” sobre o desempenho dos animais, principalmente sobre a reprodução e
produção de leite.
Convencionalmente, cinco tipos de silos podem ser construídos em propriedades rurais, e são
denominados: aéreo, de encosta, cisterna, trincheira e de superfície. Recentemente, os silos cilíndricos de
plástico, conhecidos como "salsicha", vêm ganhando espaço. A escolha do tipo de silo a construir
depende, principalmente, da quantidade de silagem a ser armazenada, da topografia, máquinas e
equipamentos disponíveis, custo de cada unidade e a preferência do produtor. Cada tipo de silo apresenta
uma série de vantagens e desvantagens, sendo as principais apresentadas na próxima Tabela.
Geralmente, os silos devem ficar próximos do local de trato dos animais para maior facilidade na
distribuição da silagem e economia no transporte. Entretanto, em situações especiais, os silos poderão ser
construídos próximos do local de produção da forragem a ser ensilada, para que haja maior rapidez no
enchimento e fechamento dos mesmos, práticas essenciais à produção de silagem de boa qualidade. Nesta
situação, os silos de plástico apresentam vantagem relativa sobre os demais, por ser de fácil transporte.
Vantagens e desvantagens dos principais tipos de silos.
Vantagens Desvantagens
1. Silo Aéreo
- Maior eficiência - perdas mínimas (5%); - Maior custo inicial; requer mão-de-obra
- Facilidades na descarga; mais eficiente;
- Compactação mais fácil; - Máquinas ensiladeiras mais caras, com
- Valorização estética da propriedade; ventilador.
- Possibilidade de ser construído mesmo em
baixadas com lençol freático superficial e, ainda,
ligado ao estábulo ou local de tratamento
(cochos);
- Grande capacidade de volume.
2. Silo de Encosta
- As mesmas do silo aéreo, acrescentando-se que é - As mesmas do “aéreo”;
menos caro e dispensa máquinas com ventiladores - Necessita de barranco bem elevado com
para carregamento. relação ao local de trato, o que poucas
propriedades podem oferecer.
3. Silo-Cisterna
- Carregamento e compactação fáceis; - Descarga mais difícil;
- Menos caro que os anteriores. - Não pode ser de grande capacidade,
necessita ser feito em forma de baterias,
devido à sua profundidade (máxima 7 m);
- Não pode ser construído em baixadas,
devido ao lençol freático superficial;
- Revestimento indispensável.
4. Silo-Trincheira
- Construção mais simples e barata; - Grande superfície exposta e possibilidade
- Possibilidade de máquinas na abertura; de maiores perdas (10%);
- Máquinas de ensilar mais simples. - Compactação mais difícil;
- Grande quantidade de terra para
cobertura;
- Necessidade de cerca em volta para
proteger contra animais;
- Dificuldade de barranco próximo ao local
do trato. Obs.: Este item pode ser omitido,
fazendo-se o silo todo escavado no solo,
subterrâneo.
5. Silo de Superfície
- Mais opção de escolha de local para ensilagem; - Maiores perdas de qualidade (> 15%);
- Máquinas ensiladeiras mais simples; - Compactação mais difícil.
- Fechamento rápido;
- Pode ser mudado de local, quando necessário,
sem perdas de investimento.
6. Silos cilíndricos de Plásticos
Possibilidade de transporte Máquina especial de custo elevado
Maior quantidade de silagem armazenada por m³ Não reutilização do plástico