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Universidade de Brasília

Departamento de Engenharia Florestal


Secagem e Preservação de Madeiras
Professor: Alexandre Florian
Aluna: Maria Luiza Almeida Luz – 09/46605

RELATÓRIO #1: TEOR DE UMIDADE DA MADEIRA

Brasília, Abril de 2011


Introdução

A madeira, proveniente de árvores recém-abatidas, apresenta alto teor de umidade, que tende a
reduzir-se espontânea e lentamente à medida que as toras aguardam o desdobramento inicial. Após o
desdobro, a umidade continua a diminuir com maior ou menor rapidez em função da espécie vegetal,
das condições ambientais, das dimensões das peças e do empilhamento utilizado. Entretanto, o
processamento final só deve ser efetuado quando a umidade atingir valores inferiores a 30%.
Inicialmente, deve-se salientar que a perda de água reduz o peso da madeira, diminuindo o
custo do seu transporte, mas, independente deste fator econômico, a transformação racional da madeira
bruta em produtos e bens de consumo requer a sua secagem pois, desse modo, aumenta-se a resistência
mecânica, reduz riscos do ataque de fungos, propicia maior impregnação da madeira com líquidos
preservativos e ignífugos, melhora a atuação dos vernizes e tintas e a qualidade das juntas de colagem,
além de reduzir a movimentação dimensional a limites aceitáveis, fazendo com que as peças de
madeira sejam produzidas com maior precisão, o que proporciona melhor desempenho em serviço.
Pode-se listar, também, outros benefícios da secagem controlada, tais como:
- Menor tempo despendido na secagem;
- redução na área destinada ao armazenamento;
- ajuste do valor de umidade de acordo com as condições climáticas do local de uso;
- obtenção de teores de umidade mais baixos do que aqueles alcançados pela secagem ao ar;
- menor número de defeitos de secagem como rachaduras, empenamentos e encanoamentos; e
- destrói fungos e/ou insetos presentes na madeira.

Revisão Biliográfica
As ávores absorvem água e sais minerais do solo que, circulando pelos vasos, deslocam-
se até as folhas, constituindo a seiva bruta. Das folhas em direção às raízes circula a seva elaborada,
constituída de água e produtos elaborados na fotossíntese. Em consequência, a madeira das árvores
vivas ou recentemente derrubadas apresenta alto teor de umidade. Nessas condições, os vasos e os
canais da madeira, assim como o lúmem das suas células, apresentam-se saturados de água. Da mesma
forma, os espaços vazios, localizados o interior das paredes celulares, também podem encontrar-se
saturados. (GALVÃO & JANKOWSKY)
Quando a madeira de uma árvore recém-abatida é exposta ao meio ambiente, inicialmente
evapora-se a água localizada nos vasos, nos canais e no lúmem das células, que é denominada água de
capilaridade ou água livre. Permanece na madeira toda a água localizada no interior das paredes
celulares que é chamada de água de adesão ou higroscópica, e a umidade correspondente a este estado
é denominada umidade de saturação ao ar (USA) ou ponto de saturação das fibras (PSF). (GALVÃO
& JANKOWSKY)
Em contrapartida, quando uma peça de madeira é seca previamente a 0% de umidade, e exposta
ao meio ambiente, esta tende a absorver a água que está dispersa no ar em forma de vapor. Neste
sentido a água absorvida irá corresponder a água higroscópica ou de adesão. Quando uma peça de
madeira absorve água do meio ambiente e atinge um teor de umidade final, valor este que está em
função da espécie e das condições do meio ambiente, diz-se que a madeira atingiu seu teor de umidade
de equilíbrio com o ambiente (TUE).
O presente relatório visa observar e calcular a umidade da madeira por meio de dois diferentes
métodos, sendo eles a estufa com circulação forçada de ar e o medidor elétrico.
Materiais e Métodos

Inicialmente, cada aluno recebeu uma peça de madeira de Eucaliptus sp. nas dimensões
2,5x3,0x13,0 cm, desumidificada, que esteve imersa em água por mais de seis meses.
O excesso de água foi retirado com folhas de papel toalha e, em seguida, a peça foi submetida
ao medidor elétrico, calibrado em 28V. Os eletrodos foram cravados na face longitudinal da madeira.
Após essa etapa, foi usada uma balança de precisão para medir a massa saturada e, depois, a
peça foi colocada em estufa com circulação forçada de ar, com temperatura por volta de 101-102ºC.
Nos três dias seguintes a peça voltou a ter a massa medida, sendo que, para isso, em cada dia,
antes de ser colocada na balança de precisão, a madeira passou por um dessecador por 15 minutos,
para que sua temperatura e umidade fossem estabilizados. O valor observado no último dia (massa
seca) foi usado juntamente com o valor saturado para se calcular o teor de umidade da madeira no
primeiro dia de medições.
Para tanto, a seguinte fórmula foi utilizada:

U = Msat – Mseca x 100


Msat

Os resultados são apresentados a seguir, bem como uma breve discussão.

Resultados e Discussão

Tabela 1 – Massas observadas entre os dias 28/03 e 31/03

Dia Massa (g)


28/03 148,98
29/03 79,65
30/03 79,43
31/03 79,45

Com esses dados, a umidade calculada pela fórmula observada foi de 46,67%.
Pelo medidor elétrico, a umidade observada foi de 44,90% .
O método da estufa é um dos métodos mais precisos para determinação do teor de umidade da
madeira, porém é também aquele que requer um maior período de tempo. Este método não é
recomendável para determinação da umidade de madeiras que contenham materiais voláteis. Neste
caso deve-se usar o método de Karl Fischer.
Já os aparelhos elétricos medem a umidade da madeira imediatamente e sem necessidade de cortar
a madeira, mas são mais precisos dentro de uma faixa de umidade que varia entre 7 e 30%. Seu princípio
está baseado na resistência a passagem de corrente elétrica que varia inversamente com a umidade da
madeira. Possuem agulhas que são introduzidas na madeira fornecendo a leitura analógica ou digital,
dependendo do aparelho utilizado, através de um mostrador.
A faixa de precisão do medidor elétrico pode explicar porque os valores de umidade observados
diferem entre si, já que ela é menor do que a umidade propriamente observada. Outros fatores podem ser
falhas na hora de executar a metodologia, uma vez que o ambiente não tinha umidade e temperatura
controladas e a amostra passou um tempo ao ar livre antes de ser colocado na balança e na estufa.

Conclusão
Apesar da divergência de umidade encontrada para os dois métodos utilizados, conclui-se que,
efetuando-se uma acurácia melhor na execução das medições, ambos são efetivos na determinação da
umidade da madeira. Processo esse que, como foi visto, é de extrema importância para os fins que se quer
dar às peças de madeira.
Fontes Consultadas

GALVÃO, A. P. M.; JANKOWSKY, I. P. Secagem racional da madeira. São Paulo. Nobel,


1985, 112p.
Notas de aula: Secagem da Madeira. Acesso em 01/04/2011.
<http://www.efl.unb.br/arq_de_texto/prof_alexandre/als_secagem.pdf>

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