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OPERAÇÕES MINEIRAS

TIPOS DE EXPLOSIVOS

1 - Introdução
Comercialmente, há 4 tipos de explosivos, sendo um
deles utilizado como iniciador (acessórios: cordel
detonante, estopim, espoletas, nonel, etc...).
A seleção de um explosivo para uma dada tarefa na
engenharia, tal como o desmonte de rocha, pode ser
classificada de 3 maneiras:
a) Altos explosivos (TNT, dinamites);
b) Baixos explosivos (pólvora);
c) Agentes detonantes (Anfo, Anfoa, Anfo pesado,
Slurry, emulsões)

2 - Explosivos iniciadores
Graças ao seu alto custo, os iniciadores são utilizados
somente para iniciar altos explosivos. Após a iniciação,
eles produzem um choque intenso, capaz de iniciar uma onda
de detonação na carga explosiva.

3 - Altos explosivos (explosivos detonantes)


Os altos explosivos ou explosivos detonantes, se
decompõem com velocidades na faixa de 1500 a 9000 m/s e
produzem grandes volumes de gases e considerável calor à
pressões extremamente altas. O desempenho de tais explosivos
depende principalmente do volume e da temperatura dos gases
produzidos e da velocidade de detonação.

4 - Baixos explosivos (explosivos deflagrantes)


São explosivos de baixa velocidade de decomposição e
que, mesmo quando confinados, queimam-se, progressivamente,
em um intervalo de tempo muito longo (até 1000 m/s).
Os explosivos deflagrantes correspondem às pólvoras,
compostos pirotécnicos e compostos propulsores para
artilharia e fogos de artifício, sem nenhuma aplicação na
mineração ou na engenharia, exceto no caso de rochas
ornamentais.

5 - Agentes detonantes
São misturas consistindo de um combustível e um
oxidante. O produto final, misturado ou encarchutado, não
pode ser detonado pela espoleta número 8.
O agente detonante consiste primariamente de nitratos
inorgânicos e carbonaceos e pode conter substâncias
adicionais não explosivas, tal como alumínio em pó ou
ferrosilício.
A reação típica do Anfo é:
3 NH4NO3 + CH2 - 7 H2O + CO2 + 3 N2

Os explosivos industriais de uso civil se dividem por


sua vez em dois grandes grupos, em ordem de importância por
nível de consumo e não de aparição no mercado, são:
a) Agentes explosivos - os principais são:
- Anfo; - Emulsões;
- Alanfo; - Anfo pesado.
- Hidrogel;
Essas misturas não levam, salvo algum caso,
ingredientes intrinsecamente explosivos.

b) Explosivos convencionais - necessitam para a sua


fabricação de substâncias intrinsecamente explosivas que
atuam como sensibilizadores das misturas. Os mais conhecidos
são;
- Gelatinosos; - Pulverulentos;
- De segurança (permissível).

Agentes Explosivos:

a) Anfo
Qualquer substância combustível pode ser usada com o
nitrato de amônio para produzir um agente explosivo. Nos EUA
no final da década de 50 se utilizava o carvão em pó, que
foi substituído por combustível líquido que permitia
misturas mais íntimas e homogêneas com o nitrato de amônio.
O produto mais utilizado é o óleo diesel, que frente a
outros líquidos como a gasolina, querosene e outros,
apresenta a vantagem de ter um ponto de volatilidade tão
baixo e, por conseguinte, menor risco de explosões de vapor.
A reação de decomposição do sistema equilibrado em
oxigênio é:
3 NH4NO3 + CH2 - 3 N2 + 7 H2O + CO2 ± 920 Kcal/g
A mistura estequiométrica corresponde a 94,3% de
nitrato de amônio e 5,7% de óleo diesel, que equivale a 3,7
litros de óleo diesel para cada 50 Kg de nitrato de amônio.
A quantidade do combustível afeta a quantidade de gases
nocivos emanados na explosão (CO + NO). Quando nos desmontes
os fumos produzidos tem a cor laranja, é um indicativo de
uma percentagem insuficiente de óleo diesel, decorrente do
Anfo ter absorvido água do furo ou não ter sido iniciado
corretamente.
O diâmetro da carga influencia no velocidade do Anfo:
Diâmetro Velocidade de detonação (m/s)
1 falha
4 2710
6 3500
8 3810
12 3960
14 4180
A densidade do Anfo é de 0,85 g/cm3
Velocidade teórica: 5140 m/s
Composição: Anfo, 94,6% por peso
O diâmetro crítico do Anfo é influenciado pelo
confinamento e pela densidade de carga. Usado dentro de um
furo a uma densidade de 0,8 g/cm3, o diâmetro crítico é de
25 mm, enquanto que com 1,15 g/cm3 se eleva a 75 mm.
A sensibilidade de iniciação do Anfo diminui conforme
aumenta o diâmetro do furo. Na prática os reforçadores de
150 g são efetivos em diâmetro de carga inferiores aos 150
mm, e acima desse calibre se recomenda reforçadores de 400 a
500 g.
O Anfo apresenta as seguintes vantagens:
- Ocupa inteiramente o volume da furação;
- Possui grande sensibilidade aos choques mesmo após
misturado;
- Redução do preço global de explosivo.
As desvantagens do ANFO são:
- Falta de resistência à água;
- Baixa densidade;
- Necessidade de um iniciador especial.

b) Alanfo
Como a densidade do Anfo é muito baixa, a energia que
resulta por unidade de longitude de coluna é pequena. Para
se elevar essa energia, desde 1968 que se vem acrescentando
Al ao Anfo com bons resultados técnicos e econômicos,
sobretudo quando as rochas são massivas e os custos de
perfuração são altos.
Quando se mistura o nitrato de amônio com uma pequena
quantidade de Al a reação que se tem é a seguinte:
2 Al + 3 NH4NO3 - 3 N2 + 6 H2O + Al2O + 1650 cal/g
Se a percentagem do alumínio é maior, tem lugar a
seguinte reação:
2 Al + 3 NH4NO3 - 3 N2 + 6 H2O + Al2O + 2300 cal/g
O limite prático, por questões de rendimento e economia
se encontra entre 13 e 15%. Percentagens superiores a 25%
fazem diminuir a eficiência energética.

c) Hidrogéis (pastas, lamas ou slurrys)


Os Hidrogéis são agentes explosivos constituídos por
soluções aquosas saturadas de nitrato de amônio, em menor
uso com outros oxidantes como o nitrato de sódio e/ou de
cálcio, em que se encontram dispersos os combustíveis,
sensibilizantes, agentes espessantes e gelatinizantes que
evitam a segregação dos produtos sólidos.
O desenvolvimento destes explosivos ocorreu no final da
década de 50 quando Cook e Farnam, conseguiram os primeiros
ensaios positivos com uma mistura de 65% de Nitrato de
Amônio, 20% de alumínio e 15% de água.
Após esses primeiros resultados, Cook utilizou TNT como
sensibilizante e assim começou no Canadá a fabricação
comercial patenteada, estendendo-se depois aos EUA.
Já em 1969 a Dupont desenvolveu os Hidrogéis (aquagel)
que se caracterizavam por não conter os explosivos
tradicionais, nem metais particulares com sensibilizantes
fundamentais, sendo que incorporavam como combustíveis
substâncias orgânicas como os derivados das aminas,
parafinas, açucares e outros.
A solução de oxidantes está constituída por água,
nitrato de amônio e nitrato de sódio, a qual se adiciona
tioureia e parte de gomas que permitem conseguir uma
viscosidade para reter as bolhas de gás. O nitrato de sódio
tem a vantagem de dispor de uma grande quantidade de
oxigênio e de diminuir o ponto de cristalização das soluções
salinas.
Por outro lado, como a percentagem de água utilizada
não é suficiente para dissolver todos os nitratos, certas
quantidades destes são acrescentados no estado sólido
formando parte da fase dispersa.
Para modificar a densidade e se proceder a gaseificação
química, geralmente com nitrito de sódio, adição de produtos
de baixa densidade ou microesferas de vidro. A densidade
varia de 0,8 a 1,6 g/cm3. As energias desenvolvidas oscilam
entre 700 e 1500 cal/g. Apresentam menor quantidade de fumos
em relação aos explosivos convencionais.
A velocidade de detonação dos slurrys varia entre 3350
e 5500 m/s.

d) Emulsões
Este grupo de explosivos, que é o mais recente no
mercado, mantém as propriedades dos Hidrogéis já citados,
porém com melhor potência e resistência à água.
O interesse deste explosivo surgiu no começo da década
de 60.
Dentro de um ponto de vista químico, uma emulsão é um
sistema bifásico em forma de uma dispersão estável de um
líquido imiscível em outro.
As emulsões explosivas são do tipo denominado "água em
óleo" em que a fase aquosa está composta por sais
inorgânicos oxidantes dissolvidos em água e a fase oleosa
está composta por um combustível líquido imiscível com a
água do tipo hidrocarbonato.
O desenvolvimento dos explosivos tem levado à redução
progressiva das partículas, passando desde os sólidos às
soluções salinas com sólidos e por último, às microgotas de
uma emulsão explosiva.
Para conseguir uma sensibilização adequada, os
explosivos, quando estes não contém sensibilizantes químicos
sólidos ou líquidos, precisam de um mecanismo físico como o
das bolhas de gás, que ao serem comprimidas adiabaticamente
produzem o fenômeno de "pontos quentes" (hot spots) que
favorecem tanto a iniciação como a propagação da detonação.
Os agentes gaseificantes utilizados são constituídos
por poliestireno expandido ou microesferas de vidro.
A tendência atual é pelo emprego das emulsões nas
operações de arranque com explosivos em virtude das
numerosas vantagens apresentadas pelas emulsões:
- Menor preço, já que sua fabricação não requer as
gomas e féculas, de alto custo;
- Excelente resistência à água;
- Possibilidade de se conseguir produtos com densidades
entre 1 e 1,45 g/cm3;
- Elevadas velocidades de detonação - 4000 a 7000 m/s -
com pouco efeito do diâmetro do cartucho;
- Grande segurança na fabricação e manipulação;
- Possibilidade de mecanizar a carga e preparar
misturas de Anfo.

e) Anfo pesado (heavy Anfo)


Na tecnologia atual de desmonte de rochas é
inquestionável que o Anfo constitui o explosivo básico.
O Anfo pesado, que é uma mistura de emulsão base com
Anfo, abriu uma nova perspectiva no campo dos explosivos.
O Anfo apresenta uns interstícios ocos que podem ser
ocupados por um explosivo líquido como a emulsão que atua
como uma matriz energética.
Algumas das propriedades deste explosivo dependem das
percentagens da mistura e as vantagens principais que
apresentam são:
- Maior energia;
- Melhores características de sensibilidade;
- Grande resistência à água;
- Possibilidade de efetuar cargas com variação de
energia ao longo do furo.

f) Altos explosivos
Alfred Nobel, químico sueco, em 1875 descobriu que uma
grande quantidade de Nitroglicerina (NG), que foi descoberta
em 1846 pelo químico italiano Ascanio Sobrero, podia
dissolver-se e ficar retida na Nitrocelulose (NC), obtendo-
se um produto com consistência plástica de fácil uso e
manipulação naquela época.
Essa gelatina explosiva formada por 92% de NG e 8% de
NC tinha um balanço de oxigênio nulo e desenvolvia uma
energia superior a NG pura.
Posteriormente, com intenção de reduzir a potência da
mistura explosiva, se adicionou substâncias oxidantes e
combustíveis, em proporções adequadas para manter um balanço
de oxigênio, afim de reduzir consideravelmente o custo de
fabricação. Assim, a percentagem de NC-NG atualmente oscila
entre 30 e 35%, o resto corresponde aos oxidantes como o
nitrato de amônio, aos combustíveis e a outros produtos
especiais que servem para corrigir a higroscopilidade dos
nitratos.
As vantagens desse explosivo são:
- Potências elevadas;
- Altas densidades, desde 1,2 até 1,5 g/cm3;
- Elevadas velocidades de detonação, entre 5000 e 6000
m/s;
- Grande resistência à água e estabilidade química;
Os inconvenientes mais importantes são:
- Risco de acidentes na fabricação e transporte;
- Sensíveis a estímulos subsônicos e por conseguinte
elevado perigo da maquinaria golpear os tocos com restos de
explosivos;
- Produz dores de cabeça, pois a NG dilata os vasos
sanguíneos;
- Reduzida flexibilidade para a utilização em condições
ambientais extremas.
As principais aplicações destes explosivos ocorrem no
arranque de rochas duras, como carga de fundo, em desmontes
de baixa pressão de água e em furos úmidos.

g) Dinamites
São explosivos que resultam da mistura de
trinitroglicerina com outras substâncias que a absorvem e a
retém; substâncias estas que vão fazer parte do explosivo,
comunicando-lhe propriedades ou protegendo-o.
As dinamites diferem em tipo e graduação conforme o
fabricante, podendo, contudo, serem classificadas segundo os
seguintes grupos principais:
g.1) Dinamites guhr;
De interesse puramente histórico (Nobel - 1866),
resulta da mistura de NG, Kieselguhr (farinha de diatomáceas
- SiO2) e estabilizantes. Não é mais usada.
C3H5 x 3 (NO3) + SiO2 = dinamite guhr

g.2) Dinamites simples;


NE + serragem + oxidante + estabilizante. A serragem
substitui o Kieselguhr como absorvente e o nitrato de sódio
é, em geral, o oxidante usado. Como estabilizante ou
antiácido, usa-se o carbonato de cálcio com cerca de 1%. A
dinamite simples produz boa fragmentação e é empregada em
serviços a céu aberto.

g.3) Dinamites amoniacais;


São dinamites em que parte do nitrato de sódio
(oxidante) ou mesmo da base explosiva, é substituída por
NH4NO3 (nitrato de amônio). É mais barata que a dinamite
simples, menos sensível ao choque, bem como tem menor
resistência à água.

g.4) Gelatinas;
A "blasting" gelatina ou gelatina explosiva foi
descoberta por Nobel em 1875. É obtida pela adição de
Nitrocelulose [C4H7(NO3)2] à Nitroglicerina e fica com
textura de uma goma de mascar. Um antiácido é adicionado
para aumentar a resistência à estocagem. Usualmente é
acrescentada serragem à mistura, com a intenção de
estabilizar e aumentar a segurança ao manuseio. A composição
típica da "blasting" é 91% de NE, 8% de NC, 0,9% de
antiácido e 0,1% de absorvente. Tem como propriedades mais
importantes:
- Altíssima velocidade de detonação (± 8000 m/s);
- Excelente resistência à água;
- Produz boa fragmentação e ótimo adensamento no furo;
- É um dos mais fortes explosivos comerciais, porém de
alto custo e liberador de gases tóxicos.

g.5) Gelatinas amoniacais;


Essas gelatinas, assim como as dinamites especiais,
foram desenvolvidas para substituir as gelatinas puras, com
maior segurança no manuseio e custo menor de produção, porém
menos resistente à água. As gelatinas amoniacais têm força
de 30 a 90%, gases excelentes até 80% e regulares, acima
desta percentagem.

g.6) Semi-gelatinas
Constituem um tipo intermediário entre as gelatinas e
as dinamites amoniacais, combinando a baixa densidade das
dinamites amoniacais com a resistência à água e coesão das
gelatinas, em graus mais atenuados. Os gases variam de
excelentes a pouco tóxicos.

g.7) Explosivos granulados (pulverulentos)


Os explosivos granulados, também conhecidos em alguns
países como agentes detonantes, geralmente consistem em
misturas de nitratos inorgânicos e óleo combustível,
formando um Nitrocarbonitrato (NCN) e podendo sofrer adição
ou não de substâncias não explosivas (alumínio e ferro-
silício) ou explosivas como o Trinitrotolueno (TNT). Outro
explosivos granulados, fabricados por diferentes
fabricantes, nada mais são do que formulações similares à do
Anfo, com adição de outros ingredientes , explosivos ou
sensibilizantes, oxidantes e absorventes.

g.8) Explosivos de segurança ou permissíveis


São aqueles especialmente preparados para o uso em
minas de carvão com ambientes inflamáveis de poeira e grisu.
Sua característica principal é a baixa temperatura de
explosão.
Atualmente os explosivos permissíveis se classificam em
dois grupos. O primeiro possui um aditivo que faz o papel de
inibidor da explosão; geralmente o sal comum (NaCl) é um
depressor de chamas. O segundo grupo, de mais recente
aparição é chamado de seguridade reforçada ou de intercâmbio
iônico, conseguem rebaixar a temperatura de explosão
mediante diversos ingredientes que ao reagirem no momento da
detonação formam um inibidor nesse mesmo instante.
NaNO3 + NH4Cl - NaCl + NH4NO3
As características práticas desses explosivos são:
- Potência média-baixa;
- Velocidade de detonação entre 2000 e 4500 m/s;
- Baixa resistência à água, salvo em algum composto.
No Brasil, o explosivo de segurança foi especialmente
desenvolvido para ser usado pela Petromisa, em Sergipe, onde
ocorrem emanações de grisu.

h) Pólvora negra
O primeiro explosivo conhecido foi a pólvora negra,
derivada de "fogo de guerra grego", descoberta em 671.
Por muito tempo a pólvora negra serviu apenas para fins
militares, tendo sido utilizada para fins civis apenas em
1627, pelo mineiro Tiroles Kaspar Weindl, na Hungria. Logo
após teve uso generalizado na extração de carvão mineral.
Originalmente consistia em uma mistura de nitrato de
potássio (KNO3), carvão e enxofre, nas proporções de 75, 15
e 10%, respectivamente. Mais tarde o nitrato de potássio foi
substituído por nitrato de sódio (NaNO3), em menor
proporção, e as percentagens de enxofre e carvão foram
aumentadas.
A pólvora negra é extremamente propensa à auto-
deflagração por causa de sua sensibilidade à ignição por
chama ou faísca. Com densidade de 1,6 g/cm3 e velocidade de
detonação de ± 450 m/s, só tem aplicação nos desmontes de
rochas extremamente macias e em condições em que a ação de
choque é praticamente indesejável, como por exemplo, no
corte de blocos maciços de mármore ou em minas de carvão,
visando a produção de carvão grosso.
Especialmente formulada e contendo materiais inertes
como aditivos, é utilizada em núcleos de estopins. Neste
caso, é finamente granulada e convenientemente compactada de
forma a apresentar uma velocidade constante de queima.
O tamanho, o calor (2000-25000C) e a duração da chama
da pólvora, tornam proibitivo seu uso em carvoeiras
grisuosas ou poeirentas.
As aplicações da pólvora são limitadas, porque não pode
ser usada em serviços úmidos e, além disso, produz mais
fumaça e gases nocivos do que explosivos. O seu consumo tem
caído continuamente.

PROPRIEDADES DOS EXPLOSIVOS

1 - Densidade
A densidade de um explosivo pode ser expressa em termos
de peso específico ou contagem de cartuchos. O peso
específico é a razão entre a densidade da massa explosiva e
a densidade da água em condições normais de temperatura e
pressão; normalmente é expressa em g/cm3. O peso específico
dos explosivos comerciais varia entre 0,5 e 1,7 g/cm3.
Com raras exceções, os explosivos com altas densidades
também apresentam altas velocidades e altas pressões de
detonação.
A densidade de um explosivo determina o peso da carga
por unidade de comprimento do furo, e consequentemente pode
influenciar na razão linear de carregamento:
massa da carga / m = densidade x 0,785 x 2
sendo o expresso em metros e a densidade em kg/cm3.
Geralmente, a energia do explosivo aumenta com a
densidade, contudo não pode ser aplicado para algumas
emulsões ou aquagéis.
Frequentemente, os explosivos com alta densidade e
energia são usados nas cargas de fundo onde o confinamento é
maior e onde os espaçamentos são frequentemente maiores
(Ex.: furos verticais e faces inclinadas).
Para detonações difíceis em que uma fina fragmentação é
desejada, recomenda-se um explosivo denso.
Para rochas fragmentadas "in situ", ou onde não é
requerida uma fragmentação demasiada, um explosivo pouco
denso será suficiente.
Os explosivos de baixa densidade são os mais utilizados
na produção de carvão ou outros minerais macios.
A densidade de um explosivo é deveras importante em
condições de trabalho com água. Um explosivo com densidade
menor ou igual a 1,0 não deve ser utilizado em furos cheios
de água.

2 - Velocidade de detonação (VOD)


A velocidade de detonação de um explosivo é a taxa em
que a onda de detonação move-se através da carga explosiva,
e é um fator importante no desempenho de um explosivo.
A velocidade de detonação de um explosivo é
influenciada pela densidade, tamanho da partícula e grau de
confinamento da carga.
A maioria dos explosivos granulares exibem uma
velocidade de detonação que é dependente do diâmetro da
carga, e são denominados de não ideal. O ideal é o explosivo
que não varia a velocidade de detonação quando o diâmetro
aumenta.
A velocidade de detonação pode ser expressa para
detonação confinada ou não confinada, e geralmente é medida
em m/s.
A velocidade de detonação confinada é a medida da
velocidade de deslocamento da onda de choque através da
coluna de explosivo confinada em um furo ou em outro espaço
qualquer.
A velocidade de detonação não confinada indica a
velocidade de deslocamento da onda quando o explosivo está
ao ar livre ou em um espaço não confinado.
Como geralmente os explosivos são utilizados
confinados, a velocidade de detonação confinada é mais
significativa.
A velocidade de detonação de um explosivo controla a
taxa de liberação da energia total do explosivo.
Explosivos com alta velocidade de detonação exibem alta
deformação ou onda de choque, e são mais relevantes para os
tipos de rocha que exibem a mínima fratura natural e altos
módulos de young.
Explosivos com baixa velocidade de detonação (Anfo) são
mais apropriados para o desmonte de rochas altamente
fraturadas, produzindo energia para executar o deslocamento
da pilha, empolamento e escavibilidade.
Bauer, em 1984, declarou que a real velocidade de
detonação pode ser usada para calcular a fração do volume de
um explosivo envolvido na reação da frente de detonação, de
acordo com a equação:
% de explosivo reagido = (VODreal / VODideal)²

3 - Pressão de detonação
A pressão de detonação de um explosivo, uma função da
velocidade de detonação e da densidade do explosivo, é a
medida da pressão gerada pela onda de detonação.
No mecanismo do desmonte, principalmente nas rochas
duras, a reflexão das ondas de choque na face livre é
essencial.
A seguir apresentamos a fórmula prática para o cálculo
da pressão de detonação:
P = (4,55 x 10-6 x d x V²)/(1 + 0,8d)
P = pressão de detonação (Kbar)
d = densidade do explosivo (g/cm³)
V = velocidade de detonação (m/s)
Uma alta pressão de detonação é preferível para o
desmonte de rochas duras ou muito densas. Para rochas
macias, uma pressão baixa é suficiente.
Os explosivos comerciais apresentam pressões de
detonação variáveis entre 70 e 140 Kbar.
A pressão de detonação é a propriedade mais difícel de
ser medida, mas pode ser medida através do teste de aquário.

4 - Energia relativa
Existem diferentes formas de expressar a energia de um
explosivo. Nas antigas dinamites (straight dynamites) era a
percentagem de NG, o parâmetro de medida da "força".
Posteriormente, com a substituição parcial da NG por outras
substâncias e a realização de testes comparativos de
laboratório, se passou a chamar de Energia Relativa por Peso
(Relative Weight Strength - RWS) e Energia Relativa por
Volume (Relative Bulk Strength - RBS).
Assim, é frequente referir a potência de um explosivo
em tantos por cento de outro que se toma por padrão,
dinamite, Anfo e outros, ao qual se estabelece o valor 1 ou
100.

4.1 - Energia Relativa por Peso (RWS)


RWSx = ETx / ETo
RWSx = energia relativa por peso de um explosivo x
ETx = energia termoquímica de um explosivo x (cal/g)
ETo = energia termoquímica de um explosivo tomado como
padrão (cal/g)
RWSx = [( x x VODx²) / ( o x VODo²)]1/3
x = densidade do explosivo x (g/cm³)
o = densidade do explosivo padrão (g/cm³)
VODx = velocidade de detonação do explosivo x (m/s)
VODo= velocidade de detonação do explosivo padrão (m/s)

Exemplo 1: Considere o Anfo como padrão, o qual


apresenta as seguintes propriedades:
anfo = 0,85 g/cm³
ETanfo = 900 cal/g
- Cálculo da Energia Relativa por Peso (RWS) do
explosivo Powergel (emulsão da Explo-ICI), o qual apresenta
as seguintes propriedades:
x = 1,15 g/cm³
ETx = 1014 cal/g
RWS = ETx / ETo = (1014 cal/g) / (900 cal/g)
RWS = 1,127 ou 112,7%

4.2 - Energia Relativa por Vomule (RBS)


RBS = (ETx / ETo) x ( x / o)

Exemplo 2: Utilizando os dados do exemplo 1:


- Cálculo da Energia Relativa por Volume (RBS):
RBS = (1014 / 900) x (1,15 / 0,85)
RBS = RWS x ( x / o) = 1,127 x (1,15 / 0,85)
RBS = 1,52 = 152%

5 - Diâmetro crítico
À medida que o diâmetro do explosivo é reduzido, o
diâmetro crítico é atingido, no qual o grau de reação
produzido apresenta energia e pressão insuficiente para
manter a detonação.

A QUÍMICA DOS EXPLOSIVOS

1 - Geral
Basicamente um explosivo é um composto de hidrogênio
(H), nitrogênio (N) e carbono (C), e a explosão é uma reação
exotérmica que procede de uma maneira extremamente rápida.
Na reação geralmente N2 é formado e o oxigênio combina com o
carbono e/ou o hidrogênio (e/ou com o enxofrre se este é
presente).
As reações explosivas são realizadas em um intervalo da
ordem de 1 microsegundo, por isso é quase impossível
descobrir exatamente o que ocorre.
A situação é complicada ainda mais por causa do fato de
que as reações e, consequentemente, os produtos formados,
variam com a temperatura e pressão.

2 - Termoquímica da explosão
Cada substância tem eneergia interna que reside na
forma potencial dentro das moléculas. Em uma reação química
a energia interna das substâncias reagindo não é igual à
energia interna dos produtos formados e, consequentemente, a
diferença deve ser absorvida durante a reação (energia
interna dos produtos maior do que a energia interna das
substâncias).
Quase sempre a diferença das energias internas aparece
na forma de calor e uma das características mais importantes
dos explosivos é a grande quantidade de calor liberado pela
explosão.
Os produtos de uma explosão sempre incluem gases, e a
energia liberada na forma de calor causa uma expansão dos
gases, transformando grande parte do calor em trabalho
mecânico, dado pela integral W = P dV, sendo V1 e V2 os
volumes original e final. Além disso, uma parte da energia é
consumida ao esquentar os produtos e os arredores.
Podemos levar em conta o trabalho W feito durante a
reação e a mudança de energia interna usando a entalpia que
é definida como:
H = E + PV
H = entalpia por mol (cal/mol)
E = energia interna por mol
P = pressão por mol
V = volume por mol
Então em uma reação química: H = E + (PV)
onde H representa a soma da mudança de energia interna e
o trabalho realizado por causa das diferença de pressão e
volume entre os produtos e as substâncias originais.
Valores negativos de H correspondem à emissão de
calor (diminuição da energia interna) e valores positivos
significam que o calor é absorvido.
A entalpia de formação (ou calor de formação) Hf, é
a mudança da entalpia quando 1 mol de um composto é formado
dos seus elementos, os elementos e o composto encontrando-se
em um estado padrão (P = 1 atm e T = 298K). A entalpia de
formação é tabelada para todos os compostos comuns. O valor
da entalpia de formação é independente da maneira de
combinar os elementos, dependendo somente do composto.
Pela definição, Hf = 0 para cada elemento.
Como Hf não depende da maneira de formação, podemos
usar valores tabelados para calcular o valor emitido ou
absorvido em uma reação.

Entalpia de formação - Hf
Composto PM Hf (kcal/mol)
H2O 18.0 - 57,8
CO 28.0 - 26,4
CO2 44.0 - 94,1
CH2 (óleo diesel) 14.0 - 7,0
NH4NO3 (nitrato de amônio) 80.1 - 87.3
NaOH 40.0 -101,9
N 14.0 0,0
NO (óxido de nitragênio) 30.0 + 21.6
NO2 (dióxido de nitrogênio) 46.0 + 8,1
C3H5O9N3 (nitroglicerina) 227.1 - 82,7
C5H8O12N4 (nitropenta) 316.1 -123,0
C7H5O6N3 (TNT) 227.1 - 13,0
Exemplo 1: Considere a mistura do nitrato de amônio
(NH4NO3) com o óleo diesel (CH2). Rearrumando a fórmula
teremos N2H4O3 e escrevendo-a verticalmente:
Elementos Produtos desej. da reação Necessidade de O2
N2 N2 nenhuma
H4 2 H2O 2
O3 nenhum nenhuma
deficiência ou excesso: 3 - 2 = 1 excesso de O.
C CO2 2
H2 H2O 1
deficiência ou excesso: 3 - 2 = 1 excesso de 0.
O resultado é a deficiência de oxigênio para cada
unidade de CH2. Desde que cada AN tem um oxigênio em
excesso, três unidades de AN são necessárias para balancear
uma unidade de FO na mistura do Anfo:
AN + FO - CO2 + H2O + N2
3 NH4NO3 + 1 CH2 - CO2 + 7 H2O + 3 N2
- Cálculos do balanço de oxigênio e do calor liberado
Como foi dito antes, o gás tóxico mais importante é o
CO, e este gás é produzido quando não existe oxigênio
suficiente para oxidar o carbono completamente, quer dizer,
para formar CO2. O termo "balanço de energia" se refere à
quantidade de oxigênio presente em relação à quantidade
exata necessária para oxidar todo o carbono presente no
dióxido. Um balanço de -5% significa que a quantidade de
oxigênio é de 95% do mínimo necessário e um valor de +8%
corresponde à 108% da quantidade mínima.
Usando os pesos atômicos: H = 1, C = 12, N = 14 e O =
16, podemos calcular os pesos moleculares:
NH4NO3 = 80 e CH2 = 14
Então sabemos que 3 x 80 = 240 g de NA reagem com 14 g
de carbono quando o balanço é perfeito, quer dizer, o óleo
deve ser (14 / 254) x 100% = 5,5% por peso de mistura AN/FO.
- Cálculo da percentagem do NA será:
(240 / 254) x 100% = 94,5% por peso de mistura AN/FO.
- Cálculo do calor da explosão (Hf) para o nitrato de
amônio e óleo diesel:
3 AN + 1 FO = CO2 + 7 H2O + 3 N2
3 AN + 1 = reagentes
3(-87.3) + (-7) = calor de formação dos reagentes (Hr)
CO2 + 7 H2O + 3 N2 = produtos
(-94.1) + 7(-57.8) + 3(0) = calor de formação dos
produtos (Hp)
- Então: Hr = -268 kcal e Hp = -498.7 kcal
- Calor de explosão: Hf = Hp - Hr
Hf = -498.7 - (-268) = -297.8 kcal
- Cálculo de kcal por kg:
[kcal/kg = (-229.8 kcal / 254g) x (1000 g/kg)]
- Calor de explosão: Hf = -904.7 kcal/kg
A pesquisa de BO de um explosivo, apresenta uma grande
importância prática, não só do ponto de vista da formação de
gases tóxicos, mas porque ela está correlacionada com a
energia da explosão, o poder de ruptura e outras
propriedades do explosivo usado. O máximo de energia é
conseguido quando o BO é zero. Na prática, esta condição é
utópica.

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