Música: Desculpa Mãe Cantor: Facção Central (Composição: Eduardo)
Mãe, não dei valor pro teu sonho, sua luta
Diploma na minha mão, sorriso, formatura Não fui seu orgulho, diretor de empresa Virei o ladrão com a faca que mata com frieza Não mereci sua lágrima no rosto Quando chorava vendo a panela sem almoço Vendo a lage cheia de goteira Ou a fruta podre que era obrigada a catar na feira Enquanto você ajuntava aposentadoria esmola pra não ter despesa Eu tava no bar jogando bilhar Bebendo conhaque Bêbado eu era o ladrão de traca a escopeta Com a mãe implorando comida na porta da igreja Todo natal você sozinha eu na balada Bancando vinho, farinha pras mina da quebrada Desculpa mãe pela dor de me ver fumando pedra Pela glock na gaveta pelo gambé pulando a janela (desculpa mãe) por te impedir de sorrir (desculpa mãe) por tantas noites em claro triste sem dormir (desculpa mãe) pra te pedir perdão infelizmente é tarde (desculpa mãe) só restou a lágrima e a dor da saudade Quantas vezes no presídio me visitou No domingo, bolacha, cigarro nunca faltou Vinha de madrugada, sacola pesada Pra ser revistada pelos porcos na entrada Rebelião, você no portão, temendo minha morte Sendo pisoteada pelos cavalos do choque Eu prometi que dessa vez tomava jeito Tô regenerado, ouvi seus conselhos Uma semana depois, eu na cocaína Cala a boca velha, sai da minha vida Eu vou cheirar, roubar, seqüestrar Não atravessa meu caminho, se não vou te matar Sai pra enquadrar o mercado da esquina Troquei com o segurança, tomei um na barriga A Polícia me perseguindo, eu quase pra morrer Só tua porta se abriu pra eu me esconder Os gambé vigiando o pronto-socorro Eu na cama delirando, quase morto Ferimento ardendo, coçando, infeccionado A solução foi o farmacêutico do bairro Que só veio por você, com certeza A heroína que pediu esmola no busão, com a receita Deu comida na boca, comprou todos remédios Sonhou com emprego mas o diabo me quis descarregando ferro Ai eu dei soco, chute, bati com tanto ódio "- Preciso fumar, vai, mãe, dá o relógio" Velha, doente, desafiando a madrugada De porta em porta: "- Alguém viu meu filho, tô preocupada" Fim de semana foi farinha, curtição Só cheguei hoje e de prêmio te trombei nesse caixão Um vizinho ligou, que foi ataque cardíaco Morreu na rua atrás da merda do seu filho