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Nome: CARLOS TABAJARA FERREIRA

Curso: Tecnologia em Comunicação Institucional


Matéria: Norma Culta
Prof. Arnaldo

Títulos e Honrarias

Em processo julgado pelo Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro


em maio de 2005, um Juiz processou o condomínio onde morava por ser
tratado pelo porteiro como “você”, o digníssimo Juiz reivindicava ser
chamado de Doutor. Felizmente em uma sentença cheia de diplomacia e
justificações o pedido foi julgado improcedente, resultando na condenação
do postulante no pagamento de custas e honorários.
Casos como o descrito brevemente acima, servem para mostrar
absurdos resultantes de egos inflados, que se acham superiores devido à
sua formação ou aos seus cargos. Em pleno século XXI é lamentável
diagnosticar resquícios de uma cultura baseada em títulos e honrarias,
herança de uma colonização onde se almejava uma migração da plebe para
a corte, onde se dividia a população em nobreza e simples colonos, onde a
quantidade de posses nomeavam os coronéis e senhores.
Não é raro se deparar com seres exigindo que os outros os tratem por
determinado título, se este título foi conquistado através de uma carreira
acadêmica pelo menos este título é merecido, embora fora do contexto da
academia creio ser desnecessário; porém a muitos que acham que por
pertencerem a determinadas classes ou profissões mereçam um tratamento
diferenciado. Tais personagens deveriam conscientizar-se que o respeito
não se manifesta no título ou pronome de tratamento utilizado.
Determinada ocupação não transforma ninguém em Doutor. Sem mencionar
que tal atitude é de um tremendo mau gosto, e até de discriminação social,
quem deveria processar era o porteiro.
Tais exigências consistem em uma ostentação desmedida e
desrespeitosa. O que muito me surpreende é um Juiz, conhecendo os
trâmites da justiça, a morosidade da mesma, o acúmulo de processos
relevantes, utilizar-se dela para tratar de um caso que está longe de ser
uma questão de justiça e sim de etiqueta, protocolo ou coisas do gênero.
Tal atitude mostra a falta de noção do mesmo.
Em um país, que não valoriza a educação, que as diferenças
socioculturais imperam e que o regionalismo incute na língua grandes
diferenças, é extremamente ridículo exigir que as pessoas utilizem no seu
cotidiano um tratamento cerimonioso, pertinente somente em ambiente
acadêmico, clero, governo ou círculos fechados de diplomacia, e no máximo
em situações formais.

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