Primeiro Rascunho Óleos

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Extração de óleo de castanha do Brasil por prensagem e solventes e parâmetros de qualidade

dos óleos

A castanha do Brasil é uma amêndoa proveniente da região amazônica, cujo


consumo no país é considerado baixo, de cerca de 1% da produção. É uma amêndoa
oleaginosa de elevado valor energético, rica em proteínas de alto valor biológico. Para
redução do alto teor calórico das amêndoas de castanha do Brasil, é necessária a
obtenção da torta parcialmente ou completamente desengordurada, através da
extração do material graxo (SOUZA; MENEZES, 2004). A pesquisa acompanhada
visou realizar determinações de acidez e índice de peróxidos no óleo da castanha
extraído a frio (prensagem) e a quente (extração por solvente – Soxhlet), bem como da
torta oriunda da prensagem.

Com o objetivo de comparar se as características dos óleos extraídos a quente e a frio


são semelhantes, ou de que modo a extração interfere na qualidade do produto, foram
utilizadas a extração mecânica e a extração por solventes (Soxhtlet).

A prensagem mecânica foi realizada a frio em prensa manual. As castanhas


foram colocadas inteiras dentro de um cilindro de metal, próprio do equipamento, (Fig.
1), sendo exercida pressão por meio de uma alavanca acionada manualmente.

Figura 1. Prensa utilizada para a obtenção do óleo de castanha do Brasil.

Obs.: A figura mostra a torta resultante da extração do óleo.

Fonte: Autora
Segundo Singh e Bargale (2000 apud Pereira, 2009), a utilização de prensas
apresenta uma série de vantagens perante a extração por solventes, dentre as quais,
a operação simples, o tempo reduzido para a expulsão do óleo e a segurança
oferecida por não se trabalhar com solventes químicos. Porém, o rendimento
encontrado para o processo é inferior ao encontrado quando se utiliza extração por
solventes. O rendimento da extração por prensagem de óleo de castanha foi de
18,3%, enquanto que, por solventes, o percentual encontrado esteve na faixa de 56,3-
67,1%. Além disso, análises de índice de peróxidos realizadas posteriormente
mostraram que, pelo maior contato entre o óleo e o oxigênio durante a extração, o óleo
extraído por prensagem está mais propício à oxidação.

A extração por solventes foi realizada em extrator do tipo Soxhlet. Para tal,
triturou-se a amostra de castanhas e, em seguida, pesou-se cerca de 20g em papel
filtro. Em seguida, o material pesado foi colocado em cartuchos de celulose
apropriados e levados ao equipamento, que é semelhante ao apresentado na Fig. 2.
Em um balão de 250 mL foram colocados 100 mL de solvente (éter de petróleo),
aquecido por uma chapa, fazendo com que o líquido permanecesse sob refluxo
contínuo, pois o solvente evaporado condensa-se sobre a amostra, interagindo com as
porções da mesma pelas quais possui afinidade. Este contato ocorre em temperaturas
inferiores ao seu ponto de ebulição, para evitar a decomposição da amostra. Quando o
solvente, no corpo do aparelho, alcança a altura do sifão, retorna para dentro do balão,
transpondo assim, a substância extraída. O processo é repetido automaticamente até
que a extração se complete. Após 6 horas de extração, esta foi interrompida, restando
no balão o composto de interesse e residual de solvente.

Desejava-se obter um volume considerável de óleo para ser utilizado nas


análises posteriores, de modo que foi necessário utilizar 14 extrações da amostra de
castanha (totalizando 285g de amostra) para obtenção de 175 mL de extrato etéreo. O
rendimento médio das extrações foi de 62,18%.

Os componentes mais expressivos em óleos e gorduras são os triglicerídeos, que


podem ser constituídos por ácidos graxos iguais ou diferentes, que possuem, em
geral, uma cadeia longa de átomos de carbono e hidrogênio e um grupo terminal, a
carboxila (SOARES et al., 2009). A acidez livre de um óleo decorre da hidrólise parcial
dos glicerídeos, estando relacionada com o processamento e a condição de
conservação das matérias primas das quais o óleo é obtido (PEREIRA, 2009). Quanto
maior o percentual de água no alimento e o emprego de altas temperaturas, mais
rapidamente ocorrerá aumento na acidez (CELLA et al., 2002).
O índice de peróxidos é bastante utilizado para medir o estado oxidativo de óleos e
gorduras. Estudos mostram que o valor obtido não deve ser superior a 10 meq/kg de
amostra, pelo fato de tal valor indicar ainda uma baixa deterioração oxidativa
(PEREIRA, 2009). A acidez dos óleos extraídos por prensagem e por Soxhlet foi
aproximadamente, de 0,17% de ácido oléico para o primeiro e 0,16% de ácido oléico
para o segundo. Já o índice de peróxidos apresentou diferenças conforme o
tratamento empregado para extração dos óleos, sendo que o óleo extraído a quente
possuiu 1,02 meq/kg de amostra e, o óleo extraído a frio, 8,56 meq/kg em média.
Ambos encontram-se ainda dentro de uma faixa aceitável. Uma explicação para o fato
é que, durante a extração por solventes, o oxigênio disponível para ocorrer a reação é
limitado.

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