MÍRIAN GUBIANI
CASCAVEL-PR
2004
CASCAVEL-PR
2004
Monografias do Curso de Fisioterapia da Unioeste
n. 02 – 2004
ISSN 1675-8265
TERMO DE APROVAÇÃO
MÍRIAN GUBIANI
BANCA EXAMINADORA
........................................................................................
Orientador: Prof. Mário José de Rezende
Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE
..........................................................................................
Prof. Mse. José Mohamud Vilagra
Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE
..........................................................................................
Prof. Rodrigo Genske
Colegiado de Fisioterapia - UNIOESTE
Agradeço a Deus por me permitir estar aqui ainda, plantando os frutos de meu sonho, a fim de
que eu possa realizar um sonho de amor ao outros... pelas alegrias e pela força que me destes para
atravessar as dificuldades, as quais sempre ensinam algo e são importantes para o crescimento
individual.
Ao meu pai Pedro, à minha mãe Salete e aos meus irmãos que sempre me apoiaram e me
incentivaram, cada um de sua maneira, mas sem querer ou saber, foram os alicerces que deram
força e me sustentaram durante toda essa jornada.
Ao meu orientador Mário e ao co-orientador André que me deram bases para realizar a minha
pesquisa, e, sobretudo ao Mário que me acompanhou em cada passo da mesma, dedicando seu
tempo e não me deixando desanimar frente ao primeiro obstáculo.
Aos mestres, pela dedicação e conhecimento de vida que nos passaram... vida que mesmo sem
saber uma parte dela também deixaram, a qual levaremos conosco pela eternidade repassando o
grande conhecimento compartilhado durante esta caminhada.
Em especial aos professores Carlos, Rodrigo, Carmem, Cláudia, Érica, Alexandre, Vilagra, Keilla
e Karen que além de mestres foram grandes amigos que quando não compartilharam problemas e
dificuldades de minha vida, deixaram um carinho especial que nunca esquecerei. E em especial
ao Carlos, Fernando e Gladson pela grande ajuda na análise dos resultados desta pesquisa.
À professora Cristina que além de amiga, teve a paciência de nos ensinar a escrever este trabalho.
Aos meus amigos, especialmente aos que se fizeram presentes quando mais precisei: Marina,
Maria Fernandes, Cris, Thiago e Nadya, por tudo que já passamos juntos e pela saudade que
ficará. Marina, nunca esquecerei da verdadeira amizade que encontrei... você é muito especial
para mim. Obrigado por tudo!
Enfim... Àquele que não se encontra mais ao meu lado, mas muito me incentivou e nas horas
difíceis e de desespero soube me acalmar e dar forças para prosseguir mesmo sem falar nada,
simplesmente me ouvindo com paciência... ou mesmo sem poder me ouvir e saber o que se
passava, era a pessoa em quem eu buscava forças!
A entorse de tornozelo em inversão envolve uma lesão dos ligamentos localizados na face lateral
da articulação, podendo levar a uma alteração na posição dos ossos do tornozelo e pé. A terapia
manual pode ser utilizada para solucionar ou prevenir os desequilíbrios e compensações
ascendentes decorrentes destas lesões. Esta pesquisa teve como objetivo determinar e comparar a
eficácia das técnicas de manipulação osteopática e mobilização oscilatória nas lesões dos ossos
cubóide e navicular, decorrentes da entorse, bem como desenvolver uma melhor forma para a
mensuração do ângulo de torção maleolar. A amostra foi composta por 20 indivíduos que haviam
sofrido entorse em inversão de apenas um tornozelo há pelo menos 2 semanas. Os participantes
foram divididos de forma randomizada em dois grupos de 10 indivíduos. Foi realizada a
mobilização oscilatória dos ossos cubóide e navicular no grupo I e a manipulação osteopática
destes ossos no grupo II, apenas uma vez em cada indivíduo, sempre no tornozelo lesado. Antes e
após a intervenção era avaliado o ângulo transmaleolar de ambos os tornozelos. Os resultados
mostraram valores estatisticamente significantes na aplicação das duas técnicas, entretanto,
comparando-se os grupos não houve diferença estatisticamente significante, apesar de o grupo I
ter apresentado maior significância. Conclui-se que as duas técnicas são eficazes na correção da
lesão desses ossos, porém não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos. Fica
a perspectiva de novas pesquisas com um maior número de pacientes aprimorando a aferição do
ângulo transmaleolar.
The ankle’s sprain in inversion involves a lesion on the ligaments situated in the articulation’s
lateral face, it can take to a modification in the position of the bones from the ankle and foot. The
manual therapy can be used to solve or to prevent unbalances and ascedent compensations
current from these lesions. This research had the goal to determine and compare the efficacy of
the tchinics from osteopatic manipulation and oscillatory mobilization on the lesions from the
cuboid bones and navicular, current from the sprain, as well as develop a better way for the
mensuration of the angle of the sprain malleolar. The sample was composed of 20 people who
had suffered a sprain in inversion from one ankle at least in the period of 2 weeks. The
participants were divided in a randomized way in two groups with 10 people. It was realized in
the oscillatory mobilization of the cuboid bones and navicular in group I and the osteopatic
manipulation from these bones in group II, just one time in each person, always on the lesioned
ankle. Before and after the intervention, it was appraised the angle transmalleolar from two
ankles. The results showed the values statically significants on the application from the two
techinics, however, comparing the groups, they didn’t have difference statically significant, in
spite of group I had presented a bigger significance. Settling that the two techinics are efficient on
the correction of the lesions from these bones, therefore there wasn’t difference statically
significant between the groups. Stating the perspective of new researches with a bigger number of
patients to make perfect the gauging of the transmalleolar angle.
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................................16
2.1 Anatomia, Biomecânica e Cinesiologia do Tornozelo e Pé ..................................................16
2.1.1 Estrutura Óssea .....................................................................................................................17
2.1.1.1 Articulação do Tornozelo ou Talocrural .............................................................................. 19
2.1.1.2 Articulação Subtalar ou Transtalar....................................................................................... 24
2.1.1.3 Articulação Mediotársica ou Transtarsal.............................................................................. 28
2.1.1.4 Articulação Tibiofibular Inferior...........................................................................................30
2.1.1.5 Articulações Intertársicas, Tarsometatársicas, Metatarsofalângianas e Interfalângianas ..........31
2.1.2 Estrutura Ligamentar.............................................................................................................. 34
2.1.3 Estrutura Muscular .................................................................................................................39
2.1.3.1 Músculos Extrínsecos do Pé ............................................................................................... 40
2.1.3.1.1 Crural Anterior ................................................................................................................ 40
2.1.3.1.2 Crural Posterior ............................................................................................................... 42
2.1.3.1.3 Crural Lateral..................................................................................................................46
2.1.3.2 Músculos Intrínsecos do Pé ................................................................................................ 47
2.1.4 Estrutura Nervosa..................................................................................................................51
2.1.5 Arcos Plantares .....................................................................................................................52
2.2 Considerações Mecânicas Sobre as Lesões do Tornozelo e do Pé ....................................55
2.3 Entorse de Tornozelo em Inversão....................................................................................... 58
2.3.1 Definição ............................................................................................................................... 58
2.3.2 Mecanismo de Lesão.............................................................................................................59
2.3.3 Etiologia ................................................................................................................................ 64
2.3.4 Epidemiologia ........................................................................................................................ 64
2.3.5 Classificação..........................................................................................................................65
2.3.6 Quadro Clínico...................................................................................................................... 68
2.3.7 Diagnóstico............................................................................................................................71
2.3.7.1 Exame Físico...................................................................................................................... 72
2.3.7.1.1 Palpação .........................................................................................................................73
2.3.7.1.2 Testes Especiais............................................................................................................... 74
2.3.7.2 Exames Complementares....................................................................................................78
2.3.8 Diagnóstico Diferencial...........................................................................................................81
2.3.9 Prevenção ............................................................................................................................82
2.3.10 Tratamento Conservador e Cirúrgico ...................................................................................82
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2.3.10.1 Tratamento das Lesões Agudas.........................................................................................83
2.3.10.2 Tratamento das Lesões Crônicas....................................................................................... 90
3 METODOLOGIA ..................................................................................................................121
4 RESULTADOS.......................................................................................................................129
5 DISCUSSÃO...........................................................................................................................134
6 CONCLUSÃO........................................................................................................................138
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................139
ANEXO A...................................................................................................................................143
ANEXO B...................................................................................................................................145
APÊNDICE A ...........................................................................................................................147
Gráfico 1: Comparação da média do ângulo transmaleolar no tornozelo lesado e não lesado pré e
pós intervenção.............................................................................................................................131
Gráfico 2: Comparação das técnicas de mobilização e manipulação pré e pós intervenção............132
fase de apoio da marcha, o pé deve atuar como um adaptador frouxo, um braço rígido, um
sistema absorvedor de choque e como mecanismo de rotação do membro inferior. Uma lesão por
trauma ou por excesso de uso pode impedir ou retardar quaisquer destas funções de ocorrer em
O termo entorse descreve a lesão dos ligament os articulares, a qual estira ou lacera as
fibras ligamentares (WINDSOR, 2000). Segundo Keene (1993), as entorses são causadas por
forças que alongam algumas ou todas as fibras dos ligamentos além de seu limite elástico,
Uma entorse de tornozelo envolve uma lesão em um ou mais dos ligamentos localizados
nesta articulação. Conforme Thomson, Skinner e Piercy (1994), estas lesões estão associadas aos
músculos que controlam a articulação, a qual está momentaneamente desprotegida, de modo que
o ligamento fica sujeito à força total do movimento quando sobrecargas anormais são sustentadas
posição de flexão plantar e inversão. O ligamento talofibular anterior é o mais comumente lesado,
MATTACOLA, 2001).
de um pequeno esforço, que pode ser devido a um mau hábito postural, à má qualidade do
uso de calçados inadequados, ou ainda à falta ou insucesso de tratamento das lesões agudas
Quando ocorre uma entorse em inversão há uma série de alterações na posição e estado
normal da estrutura óssea do tornozelo e pé. Segundo Bienfait (1995), durante o movimento de
inversão do antepé o osso navicular move-se em rotação interna e o cubóide em rotação externa.
deslocamento lateral do tornozelo, produz uma rotação externa da tíbia, evidenciada pelo
A rotação externa da tíbia pode ser avaliada através da mensuração do ângulo de torção
tibial ou de torção maleolar, que se localiza entre o maléolo lateral e o medial, e em indivíduos
adultos com o pé normal mede aproximadamente 23º (DONATELLI, 1996). Portanto, se este
ângulo estiver aumentado há uma rotação externa da tíbia, e se estiver diminuído está ocorrendo
problemas na articulação do tornozelo com alterações deste ângulo podem levar a alterações
De acordo com Bienfait (1995), uma deformação do pé será sempre responsável por
uma má posição pélvica e vice-versa. Nessa fisiopatologia está uma das chaves das deformações
estáticas ascendentes. Para que o nosso corpo esteja em condições de equilíbrio, qualquer
desequilíbrio deverá ser compensado por um desequilíbrio inverso, de mesmo valor e no mesmo
técnicas de tratamento podem ser utilizadas, e a terapia manual, através de técnicas de oscilação
cura do organismo. As forças mecânicas transmitidas pela manipulação afetam os tecidos nos
processos de reparo após a lesão, nas alterações das propriedades física e mecânica promovendo
tecido.
ausência de estudos sobre a aplicação exclusivamente das técnicas de terapia manual para a
correção destas lesões, direcionou a realização desta pesquisa, a qual teve com objetivo
oscilatória nas lesões dos ossos cubóide e navicular, decorrentes da entorse do tornozelo em
maleolar.
agindo no segmento, além da rede neurovascular responsável pela nutrição e integração central
tornozelo e pé.
De acordo com Hamill e Knutzen (1999), todas essas articulações e demais estruturas
movimento cadenciado, o qual ocorre em três planos, com a maior parte do movimento
como um adaptador, absorvedor de choque, conversor de torque e braço rígido durante o ciclo da
marcha. A atividade biomecânica normal da marcha pode ser explicada pela concentração das
BROCATO, 1993).
1).
porção posterior composta pelo tálus e calcâneo é designada de retropé. Assim quando se estuda
o retropé e o antepé, faz-se referência à posição do calcâneo e tálus em relação à posição das
Segundo Hall (2000), todas as três articulações estão envolvidas por uma cápsula
espessa no lado medial e extremamente fina posteriormente e são mantidas por ligamentos que
estabilizam as estruturas e definem com a ajuda dos músculos a manutenção do formato em arco
membro inferior. É composta da superfície articular côncava distal da tíbia, com seu maléolo e o
maléolo lateral da fíbula, ambos formando a pinça do tornozelo ou pinça bimaleolar, que se
articula com uma superfície convexa, a tróclea do tálus (MULLIGAN, 2000; MCPOIL;
BROCATO, 1993).
superior do tálus, denominada tróclea, articula-se com a face inferior da tíbia; a face articular
lateral do tálus articula-se com a face articular do maléolo fibular; a face articular medial do át lus
Esta articulação é uma tróclea, o que significa que possui um só grau de liberdade. Ela
A articulação é elaborada para a estabilidade mais do que para a mobilidade, sendo que a
articulação do tornozelo (HENNING, E.; HENNING, C., 2003). De acordo com Hamill e
Knutzen (1999), o tornozelo fica estável quando altas forças são absorvidas pelo membro ao
parar e rodar sobre ele, ou em muitos outros movimentos do membro inferior. Contudo se
qualquer uma das estruturas de suporte da articulação do tornozelo for lesada, esta pode se tornar
Trata-se de uma articulação muito “fechada”, muito encaixada, que tem limitações
importantes, visto que quando está em apoio monopodal suporta todo o peso do corpo, que pode
inclusive estar limitado pela energia cinética quando o pé entra em contato com o chão a certa
durante a sustentação de peso e outras cargas. As dimensões dessas forças podem ser tão grandes,
até 10 vezes o peso corporal durante alguns tipos de corrida, por exemplo, que até mesmo
A tíbia e a fíbula ajustam-se comodamente sobre a tróclea do tálus, osso que possui a
parte anterior da superfície superior mais larga que a posterior, resultando em menor amplitude e
HENNING, C., 2003). De acordo com Hamill e Knutzen (1999), esta diferença na largura do
tálus permite que ocorra algum movimento de adução e abdução do pé. A posição onde o
tornozelo fica mais retesado ocorre durante o movimento de dorsiflexão, quando o tálus está
Essa estrutura formada pelo encaixe da pinça bimaleolar sobre a face superior do tálus é
cápsula articular, a estabilidade medial é dada pelos músculos tibial anterior e posterior, pelo
músculo flexor longo dos artelhos, pelo músculo flexor longo do hálux e pelo ligamento deltóide;
a estabilidade lateral é garantida pelos músculos fibulares longo e curto, ligamento talofibular e
O maléolo lateral projeta-se mais para baixo que o maléolo medial, protegendo assim os
ligamentos mediais do tornozelo, agindo como um baluarte contra qualquer desvio lateral. Porém,
por ser mais baixo, o maléolo lateral é mais susceptível a fraturas durante uma entorse com
uniaxiais.
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Os movimentos envolvidos na articulação do tornozelo são:
• Flexão Plantar: movimento pelo qual a planta do pé é voltada para o chão, formando
um ângulo agudo entre a tíbia e o dorso do pé, os músculos envolvidos neste movimento são:
um ângulo obtuso entre a tíbia e o dorso do pé, os músculos envolvidos neste movimento são:
tibial anterior e extensor longo dos dedos, e a amplitude de movimento é de 0-20°, podendo
que a de flexão plantar, pois esta fica limitada pelo contato ósseo entre o colo do tálus e a tíbia,
bem como pela cápsula, pelos ligamentos e pelos músculos flexores plantares.
tornozelo se depara com aproximadamente 15º para fora. Por isso na dorsiflexão, o pé se
movimenta para cima e levemente para o lado, com a flexão plantar, o pé move-se para baixo e
envolvidos são: tibial anterior e posterior, com assistência dos flexores longo dos dedos e do
músculos envolvidos são: extensor longo dos dedos e fibular longo e curto, a amplitude de
movimento é de 0-30°.
(MULLIGAN, 2000).
ele sobe ligeiramente enquanto as fibras dos ligamentos tibiofibulares e da membrana interóssea
têm a tendência de tornar-se horizontais, quando então ele gira sobre si mesmo no sentido da
aproxima do lateral, devido a contração ativa do tibial posterior, cujas fibras se inserem nos dois
ossos, fechando assim a pinça bimaleolar; simultaneamente o maléolo lateral desce, ocorrendo a
verticalização das fibras ligamentares, com uma ligeira rotação externa do maléolo lateral
(KAPANDJI, 2000).
dos movimentos do maléolo lateral, onde a face articular fibular desliza para cima e a interlinha
se abre para baixo (separação dos maléolos) e para trás (rotação interna). Durante a dorsiflexão
do tornozelo pode-se observar os movimentos inversos, onde a fíbula desce e a pinça bimaleolar
um único eixo, voltado obliquamente para o eixo longo da perna entre as porções finais dos
importante ressaltar que o eixo da articulação é variável e depende da posição das superfícies
(MULLIGAN, 2000).
10º de dorsiflexão quando o joelho está estendido e o pé em posição neutra. Enquanto poucas
pessoas perdem a necessária flexão plantar, outras perdem os 10º de dorsiflexão necessários para
a marcha normal. Durante o ciclo da marcha, imediatamente após a fase de médio apoio com o
anteriormente por aproximadamente 10º sobre a tróclea do tálus. Quando não é possível esta
necessária dorsiflexão, irá ocorrer alguma forma de compensação como a retirada precoce do
do pé e uma rápida flexão plantar de 25 graus durante a retirada dos artelhos, e à medida que se
1999).
angulares e de torção, devido ao deslizamento posterior do tálus que penetra como uma cunha no
medial côncava da superfície inferior do tálus, e a faceta posterior convexa da superfície superior
do calcâneo, ligados por um ligamento interósseo forte entre a faceta posterior e média
quanto subtalar, este é referido como a chave do complexo articular do tornozelo (MCPOIL;
BROCATO, 1993). Segundo Hamill e Knutzen (1999), o tálus e o calcâneo são os maiores ossos
sustentadores de peso do pé, onde o tálus transmite todo o peso do corpo para o pé, sendo
importante ressaltar que nenhum músculo se insere no tálus. De acordo com Hall (2000) existem
que se desloca 41 a 45 graus a partir do plano transverso e 16 a 23 graus a partir do plano sagital
(HURWITZ; ERNST; HY, 2001). Segundo Mcpoil e Brocato (1993), o eixo da articulação
dorsal ântero-medial. Funcionalmente, a articulação subtalar com seu eixo age como uma
triplano, ou seja, movimento que ocorre simultaneamente nos três planos com movimento
concomitante sobre um eixo simples. Este movimento triplanar ocorre devido ao eixo que corre
oblíqua em três planos e em duas combinações: pronação, que consiste em uma abdução (no
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plano transverso), dorsiflexão (no plano sagital) e uma eversão do calcâneo (no plano frontal); e
supinação, movimento que consiste em uma adução (plano transverso), flexão plantar (plano
sagital) e uma inversão do calcâneo (plano frontal) (HURWITZ; ERNST; HY, 2001; MCPOIL;
BROCATO, 1993).
Deve ser enfatizado que estes movimentos existem apenas na situação de ausência de
descarga de peso (cadeia cinética aberta) com o tálus permanecendo parado na articulação de
pinça e o calcâneo movendo-se em relação ao tálus. Por outro lado, durante a descarga de peso na
fase da marcha as forças de fricção e reação do solo evitam a adução-abdução e flexão dorsal e
fechada consiste em uma inversão do calcâneo com uma abdução e dorsiflexão do tálus;
enquanto que a pronação em cadeia cinética fechada combina a eversão do calcâneo com adução
e flexão plantar do tálus sobre o calcâneo; observando-se, portanto que o movimento de eversão e
inversão do calcâneo não se alteram com ou sem descarga de peso, podendo-se adotar as mesmas
Durante a pronação em cadeia fechada, o tálus gira de modo que sua superfície ventral
descrito como adução do tálus. O tálus também faz a flexão plantar durante a pronação e ao
mesmo tempo, o calcâneo se movimenta para uma posição de valgo. Durante a supinação ocorre
mobilidade intra-articular para a eversão subtalar pode ser restaurada pela rotação do calcâneo
(EDMOND, 2000).
plano transverso durante a fase de apoio da marcha. A rotação do tálus sobre o calcâneo permite
terreno no apoio médio e uma alavanca rígida para a propulsão (MULLIGAN, 2000).
De acordo com Mcpoil e Brocato (1993), esta relação pode ser observada quando uma
pessoa que esta em pé realiza uma supinação, contatando-se que a tuberosidade tibial está
inversão do calcâneo com rotação externa. De outro modo, se for realizada uma pronação, pode-
se observar que a tuberosidade tibial roda internamente e o arco do pé se achata com a eversão do
calcâneo.
pela pronação na articulação subtalar que abaixa o membro inferior para permitir a absorção
durante o contato do calcâneo. Os movimentos subtalares também permitem que a tíbia rode
internamente em um passo mais rápido e mais largo que o fêmur, facilitando o destravamento da
posição levemente supinada (2 a 3 graus) e é então abaixado até o solo em flexão plantar. A
tíbia e do fêmur. O tálus roda medialmente sobre o calcâneo, iniciando a pronação resultante do
contato lateral do calcanhar, sobrecarregando assim o lado medial. A pronação continua até que o
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máximo de amplitude seja atingido com aproximadamente 35 a 45% da fase de apoio. Durante o
graus, sendo que mais de 19 graus de pronação considera-se como excessivo (HAMILL;
KNUTZEN, 1999).
No estágio em que o pé está totalmente colocado sobre o solo durante a fase de apoio, a
tíbia começa a rodar externamente, e como a parte anterior do pé está ainda fixa no solo, esta
rotação externa é transmitida ao tálus. A articulação subtalar deve então começar a supinar em
maior movimento de rotação tibial, o que resulta nas patologias relacionadas à postura
secundarias à uma absorção precária das forças de reação do solo. Inversamente o indivíduo com
membro inferior (Tabela 1). Os ligamentos que suportam o tálus impedem a pronação e a
talocalcaneonavicular fica entre a cabeça do tálus e a faceta posterior do osso navicular, bem
auxilia a articulação subtalar nos movimentos de inversão e eversão, apesar de que a cápsula da
calcâneo e a faceta posterior do osso cubóide. Ela é do tipo plana ou planartrose, e os seus
Os ossos navicular e cubóide se articulam de tal modo que permitem apenas um leve
movimento e portanto, podem ser considerados um único segmento. Vista por cima, a articulação
Na articulação transtarsal são permitidos dois tipos de movimento através de dois eixos:
depende da posição da articulação subtalar, a qual afeta as outras articulações do pé através dos
choque do contato com o solo e também para adaptar-se às superfícies irregulares. Quando os
eixos estão paralelos, a parte anterior do pé também pode fletir-se e estender-se livremente em
relação à parte posterior do pé. O movimento na articulação mediotársica fica irrestrito a partir do
contato do calcâneo até o apoio total do pé sobre o solo durante a deambulação, quando então
rígida e mais estável desde o pé plano sobre o solo até a retirada dos artelhos durante o passo na
alavanca rígida quando há 70% da fase de apoio. Nesse momento há também mais carga sobre a
longitudinal do pé, subindo de posterior para anterior a partir da face plantar do pé a um ângulo
de 15º e dirigido medialmente a um ângulo de 9º. O movimento em torno desse eixo permite que
um ângulo de 57º. Esse eixo de rotação aumenta a dorsiflexão e flexão plantar (HURWITZ;
sindesmose na qual um denso tecido fibroso mantém os ossos juntos. A tíbia e fíbula apresentam
perfeitamente na incisura fibular da tíbia e mantendo íntimo contato pela tensão da sindesmose
lateral roda medialmente para causar uma aproximação dos dois maléolos. Com a dorsiflexão os
movimentos acessórios opostos tornam possível uma ligeira separação dos maléolos e acomodam
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a porção mais larga do talo anterior. O movimento acessório da articulação tibiofibular ocorre
também com supinação (inversão calcânea) e pronação (eversão calcânea). A cabeça da fíbula
(MULLIGAN, 2000).
metatarsofalângicas inclui a abdução e adução. O hálux tem uma amplitude de flexão de 30º e
uma amplitude de extensão de 90º. Os demais dedos têm uma amplitude de flexão um pouco
As articulações intertársicas são o conjunto das articulações dos ossos do tarso entre si,
intercuneiformes.
escafóide) e os três ossos cuneiformes. Ela é uma articulação sinovial do tipo plana. A articulação
articulações entre os ossos cuneiformes. Os ossos destas articulações estão unidos pelos
segundo e terceiro metatarsos, e entre o cubóide e quarto e quinto metatarsos. As segundas são
últimas são articulações uniaxiais em dobradiça, nas quais ocorrem apenas movimentos de flexão
tarsometatársicas alteram a forma do arco plantar, que aumenta a sua curvatura, quando o
primeiro metatarso flexiona e abduz a medida que o quinto metatarso flexiona e aduz. Da mesma
forma o arco plantar é retificado quando o primeiro metatarso se estende e aduz e o quinto
cooperam para a inversão e eversão do pé. A maior parte do movimento ocorre entre o primeiro
metatarso é também significativa já que este é o pico do arco plantar e a continuação do eixo
longo do pé. Estas articulações são mantidas pelos ligamentos dorsais medial e lateral (HAMILL;
marcha, após a retirada do calcâneo e o início da flexão plantar e da flexão falângica. Existem
dois ossos sesamóides situados sob o primeiro metatarso para diminuir a carga sobre um dos
Todas estas articulações têm dupla função, em primeiro lugar orientar o pé com relação
aos outros eixos (visto que a orientação no plano sagital corresponde a tibiotarsiana) para que o
pé possa orientar-se corretamente no chão, seja qual for a posição da perna e a inclinação do
terreno. Em segundo lugar, modificam tanto a forma quanto a curvatura da abóbada plantar para
que o pé possa adaptar-se as desigualdades do terreno, e desta maneira criar entre o chão e a
2000).
Outra função das articulações que compreendem o antepé é manter o arco metatársico
na cabeça do metatarso, formado pelo segundo, terceiro e quarto metatarsos, deve estar orientado
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perpendicularmente ao eixo vertical do calcanhar no alinhamento normal do antepé, sendo esta a
Se o plano do antepé estiver inclinado com o lado medial mais alto, está ocorrendo uma
supinação do antepé ou varo. Se o lado medial do antepé estiver abaixo do plano neutro, está
ocorrendo uma pronação do antepé ou valgo. E se o primeiro metatarso estiver abaixo do plano
das cabeças dos metatarsos, considera-se que há uma flexão plantar no primeiro raio, que está
muitas vezes associada com elevação dos arcos do pé (HAMILL; KNUTZEN, 1999).
• Extensão dos dedos: extensor longo dos dedos; extensor longo do hálux e extensor
• Flexão dos dedos : flexor longo dos dedos; flexor longo do hálux; flexor curto do
interósseos dorsais;
tornozelo e do pé, pois asseguram uma articulação estável e ao mesmo tempo maleável ao solo.
que formam três estruturas distintas: o ligamento talofibular anterior, o ligamento calcaneofibular
e o ligamento talofibular posterior, os quais têm origem no maléolo lateral e inserção nos ossos
navicular, tálus e calcâneo. Destes três ligamentos somente o calcaneofibular fornece apoio a
1993).
medial, o qual tem origem no maléolo medial e inserção nos ossos tálus e calcâneo oferecendo
apoio a ambas as articulações talocrural e subtalar. Este ligamento apresenta duas camadas: a
para se inserir no tálus, enquanto que a camada profunda se origina na subsuperfície do maléolo
medial do tálus. A ruptura deste ligamento é rara em função de sua resistência e um traumatismo
A estrutura sublateral do tornozelo é formada por dois grandes ligamentos que formam a
quadrilateral espesso que se origina no sulco calcanear, perto da cápsula da articulação subtalar
posterior. As fibras se dirigem medial e superiormente para se inserir no sulco talar. As fibras
internas são mais curtas que as externas, com as fibras mediais se tornando retesadas durante a
pronação da articulação subtalar. O ligamento cervical é o mais forte dos ligamentos entre o tálus
As estruturas plantares são inúmeras, entretanto três destas estruturas são mais
para se inserir no osso cubóide, e prossegue anteriormente para também se inserir nas bases do
longo forma um túnel do osso cubóide até as bases dos metatarsos para o tendão do fibular longo,
quando este atravessa a superfície plantar do pé para se inserir no primeiro raio. Diretamente
ligamento plantar longo, observa-se o ligament o calcaneonavicular plantar, mais conhecido como
plantar e a inversão
e os metatarsos
metatarsos
Dorsal cubóide
(intertársico) intertársicas
flexão plantar
navicular
lateral
Talotibial da tíbia até o tálus, atrás da faceta limita a flexão plantar e suporta o
medial/lateral ao calcâneo
origem para os músculos que produzem movimento do tornozelo. Dos 23 músculos associados ao
De acordo com Hall (2000), os músculos extrínsecos são aqueles que cruzam o
tornozelo, e os músculos intrínsecos possuem ambas as inserções dentro do pé. Portanto o suporte
extrínseco é dado pelos músculos da perna e o intrínseco pelos ligamentos e musculatura do pé.
posterior e crural lateral. De acordo com Hamill e knutzen (1999), todos os músculos extrínsecos,
limitado pela tíbia e septo intermuscular, sendo este grupo formado pelos músculos tibial
anterior, extensor longo do hálux e extensor longo dos dedos (Figura 5).
Este grupamento muscular atua durante a fase de oscilação e as fases de apoio ou toque
cinética aberta, é o músculo do grupo cujo tendão é o mais distante da articulação, dando a ele
mais vantagem mecânica, tornando-o o dorsiflexor mais potente (HAMILL; KNUTZEN, 1999).
excentricamente na fase de apoio. Na fase final da elevação dos artelhos, começa a contrair-se
concentricamente para dar inicio à dorsiflexão do tornozelo e da primeira fileira dos ossos do
tarso, e a seguir supinar o pé ligeiramente durante a fase final da oscilação como preparo para o
apoio do calcanhar. Quando o pé golpeia o solo, o tibial anterior inverte sua função para
desacelerar ou controlar a flexão plantar para o aplanamento do pé, prevenir a pronação excessiva
e supinar o eixo longitudinal da articulação mediotársica. Um tibial anterior fraco pode resultar
É razoavelmente bem aceito que o tibial anterior não desempenha qualquer papel na
sustentação estática normal do arco longitudinal do pé. Durante condições com cargas dinâmicas,
Em sua função sem sustentação de peso, os extensores longos dos dedos e do hálux
tornam possível a dorsiflexão do tornozelo e a extensão dos artelhos. Levando em conta que,
subtalar, eles propiciam uma força de pronação para a articulação. De fato, a função principal dos
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extensores ol ngos é manter o eixo oblíquo da articulação mediotársica em uma posição pronada
por ocasião do apoio do calcanhar e, a seguir, ajudar a desaceleração controlada da flexão plantar
O extensor longo do hálux trabalha com o flexor longo do hálux para aduzir o pé durante
profundos. O grupo superficial é formado pelo gastrocnêmio, sóleo e plantares (Figura 6). O
grupo profundo é composto pelo poplíteo, flexor longo do hálux, flexor longo dos dedos e tibial
posterior.
joelho e possui uma inserção comum através do tendão calcâneo. As duas cabeças do
gastrocnêmio e o sóleo são referidos como tríceps da perna. Em cadeia cinética aberta o tríceps
sural torna possível a flexão do joelho, a flexão plantar e a supinação da articulação subtalar. Em
cadeia cinética fechada o gastrocnêmio e o sóleo são ativos durante toda a fase de apoio da
marcha (MULLIGAN, 2000). Hamill e Knutzen ressaltam que como o gastrocnêmio também
cruza a articulação do joelho, agindo como flexor do joelho, é mais efetivo como flexor plantar
posterior, o fibular longo, o fibular curto, o plantar, o flexor longo do hálux e o flexor longo dos
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dedos (HALL, 2000). Segundo Hamill e Knutzen (1999), os outros flexores plantares produzem
apenas 7% da força de flexão plantar remanescente, desses o fibular logo e curto são os mais
significativos com mínima contribuição do plantar, flexor longo do hálux, flexor longo dos
da tíbia sobre o pé. A seguir durante o apoio médio e a elevação do calcâneo eles proporcionam a
(MULLIGAN, 2000). De acordo com Hamill e Knutzen (1999), a manutenção da postura ereta é
obtida através da tensão passiva dos músculos posteriores do corpo, principalmente do solear.
O músculo tríceps sural exerce uma força de cerca de duas vezes o peso do corpo no
apoio unipodal estático sobre os metatarsos (estando o calcâneo não apoiado), e de até cinco
vezes o peso do corpo na fase de desprendimento dos dedos na marcha (HENNING, E.;
Entre os músculos que compõem o grupo profundo, o flexor longo do hálux como o
nome diz atua principalmente na flexão do hálux em cadeia cinética aberta, inserindo-se na base
da falange distal. Em conjunto com o flexor longo dos dedos este músculo ajuda a sustentar o
O flexor longo dos dedos cujo tendão se divide em quatro tendões separados que fixam
nas bases das quatro falanges distais, atua como supinador da articulação subtalar e como flexor
em contato com o chão e os dígitos estão estáveis, o flexor longo dos dedos estabiliza ativamente
o pé como uma plataforma de sustentação de peso para a propulsão. Se o flexor longo dos dedos
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funciona sem receber qualquer oposição por parte da ação dos músculos intrínsecos, o resultado
controvérsia que envolve as ações do flexor longo do hálux e o flexor longo dos dedos. Alguns
autores indicam que o flexor longo do hálux contribui significativamente para a propulsão do pé
durante a marcha; contudo, outros relataram que, embora não seja essencial nesse papel, o
1999).
subtalar e a rotação interna da tíbia por ocasião do apoio ou do toque do calcanhar, e a seguir
inverte sua função acelerando a supinação da articulação subtalar e a rotação externa da tíbia
direção da supinação ao redor de seu eixo oblíquo na fase de apoio da marcha (MULLIGAN,
2000).
Dois músculos compõem o grupo crural lateral, os fibulares longo e curto (Figura 7).
Um septo intermuscular separa esse grupo dos grupos anterior e posterior. Ambos os músculos
eversão da primeira fileira em cadeia cinética aberta. Em cadeia cinética fechada este músculo
proporciona apoio aos arcos transverso e longitudinal lateral. Durante a parte final do apoio
fim de transferir o peso corporal do lado lateral para o lado medial do pé (MULLIGAN, 2000).
Segundo Hamill e Knutzen (1999), o fibular longo também é responsável pelo controle
da pressão sobre o primeiro metatarso e alguns dos movimentos mais finos do primeiro metatarso
e do hálux.
atua conjuntamente com o fibular longo durante a marcha. O fibular curto também contribui para
calcaneocubóide, permitindo que o fibular longo atue eficientemente sobre a polia do cubóide
Os flexores dos artelhos incluem o flexor longo dos dedos, o flexor curto dos dedos, o
quadrado plantar, os lumbricais e os interósseos (Figura 8). Os flexores longo e curto do hálux
produzem flexão deste último. Inversamente o extensor longo do hálux, o extensor longo dos
dedos e o extensor curto dos dedos são responsáveis pela extensão dos artelhos (HAMILL;
KNUTZEN, 1999).
Em um pé que faça pronação excessiva, eles ficam mais ativos quando trabalham para
tibial posterior. Seus ramos interdigitais passam abaixo do ligamento metatarsiano transverso e
tornam-se fibróticos sob o peso repetitivo do corpo, podendo ocorrer um neuroma doloroso
(neuroma de Morton), principalmente no terceiro e quarto ramos. O nervo tibial posterior também
inerva os músculos intrínsecos do pé. A superfície dorsal do pé é inervada pelo nervo fibular
superficial. Os bordos medial e lateral do pé são inervados pelo nervo safeno e pelo nervo sural,
dolorosos. Por fim o primeiro espaço da membrana é inervado pelo nervo fibular profundo.
Como o nervo fibular profundo inerva os músculos do compartimento tibial anterior, alterações
associação de três arcos. Os arcos longitudinal medial e lateral que se estendem desde o calcâneo
até os ossos do tarso e os metatarsos, e o arco transverso que é formado pelas bases dos
metatarsos (HALL, 2000). Segundo Hamill e Knutzen (1999), os arcos formam uma superfície
côncava que corresponde a um quarto de uma esfera. O arco plantar do pé institui um sistema
elástico para a absorção de choque, atuando no suporte do peso corporal, transmissão e repartição
O arco longitudinal medial é o mais longo e mais alto, sendo o mais importante dos três
arcos do ponto de vista estático e dinâmico; é composto pelo calcâneo, o tálus, o navicular, os
peças ósseas: o quarto e quinto metatarso, o cubóide e o calcâneo, estando tenso na região lateral
da face plantar. Quando a articulação subtalar everter-se, o calcâneo e o tálus ficam relativamente
paralelos, resultando nos arcos longitudinais lateral e medial paralelos em antepé flexível.
relativamente achatado e uma limitação da mobilidade. Devido ao fato de ser mais baixo que o
arco medial pode fazer contato com o solo e apoiar parte do peso na locomoção, atuando como
O arco longitudinal medial é suportado pelo osso navicular e pelo tálus e mantém sua
posterior, fibular longo, flexores e abdutor do hálux, flexor curto dos dedos e ainda pela fáscia
calcaneocubóide dorsal, plantar longo e curto e pela forte tensão dos músculos fibulares curto e
longo, flexor curto dos dedos, abdutor do quinto dedo e pela fáscia plantar (HALL, 2000;
A fáscia plantar é uma aponeurose plantar fibrosa forte que se estende do calcâneo até a
neurovasculares subjacentes. A fáscia plantar pode ser irritada como resultado de uma amplitude
O arco transverso é mais curto e mais baixo e é formado pelos cuneiformes, pelo
cubóide e pelos metatarsianos proximais, estando tenso entre o primeiro e o quinto metatarso. O
Os ligamentos dorsal e plantar estão mais definidos na porção medial do arco transverso, o mais
importante é o ligamento de Lisfranc que sai da porção lateral do cuneiforme medial para a
suportar o arco, sendo aplanadas durante a sustentação de peso, podendo suportar três a quatro
Estes arcos são mantidos pela forma dos ossos e as relações entre eles, pelos ligamentos
plantares e aponeuroses, e pelos músculos. O ligamento plantar longo é o maior dos ligamentos
Os principais músculos que dão suporte aos arcos são os inversores e eversores do
tornozelo. O tibial posterior, flexor longo do hálux e dos dedos dão suporte na parte posterior e
medial do pé; e o músculo fibular longo suporta os arcos transversos e longitudinal lateral. Porém
o suporte total muscular aos arcos suporta somente cerca de 15 a 20% do esforço dos arcos
(LIPPERT, 1996).
armazenada nos tendões, nos ligamentos, e na fáscia plantar, distendendo-os. Uma quantidade
adicional de energia é acumulada nos músculos gastrocnêmio e sóleo conforme eles desenvolvem
tensão excêntrica. Durante a fase de impulsão, a energia acumulada em todas essas estruturas
elásticas é liberada, contribuindo para a força de impulsão e reduzindo de fato o custo em energia
Quando os arcos plantares estiverem alterados ocorrem os diferentes tipos de pés, como
formar uma linha reta em vez de um arco, perdendo a função de amortecimento (HURWITZ;
dos metatarsianos que estão abaixadas, com formação de calosidades e fascite plantar por
podendo haver a formação do hálux valgo. O apoio anormal dos metatarsianos leva também à
associada ao uso excessivo leva à artrose precoce (HURWITZ; ERNST; HY, 2001).
de maneira uniforme sobre o pé durante a sustentação de peso. Cerca de 50% do peso corporal se
distribui através da articulação subtalar para o calcâneo, com os 50% restantes sendo transmitidos
através das cabeças dos metatarsos. A cabeça do primeiro metatarso suporta duas vezes a carga
sustentada por cada uma das outras cabeças dos metatarsos. Uma condição de pé plano tende a
diminuir a carga sobre o antepé, e um pé cavo tende a aumentar de maneira significativa a carga
plantar. Um movimento extremo em qualquer uma das duas direções pode ser lesivo, mas é
menos freqüente do que o movimento causado por uma súbita força dirigida lateralmente que
estresses repetitivos, mas também podem estar associadas com fatores anatômicos como
vulneráveis a fraturas, pelo constante trauma direto entre o pé e o chão, mas as fraturas de
calcâneo e tálus são mais raras, sendo mais observadas as fraturas das falanges dos artelhos.
Kisner e Colby (1998) afirmam que após um trauma, os ligamentos do tornozelo podem
severidade, a cápsula articular também pode ser comprometida resultando em sintomas da artrite
traumática aguda.
De fato, os feixes do ligamento deltóide são tão resistentes que é mais provável que a
eversão excessiva possa resultar em fratura da fíbula distal que em ruptura do ligamento deltóide.
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Por causa da proteção proporcionada ao lado medial pelo membro oposto, e pelo fato de o
maléolo lateral projetar-se para mais baixo mais que o maléolo medial, as fraturas na região do
tornozelo ocorrem mais freqüentemente na parte lateral que no setor medial (HALL, 2000).
Porém de acordo com Hamill e Knutzen (1999), o potente ligamento deltóide pode sofrer entorse
enquanto que as lesões do mediopé ocorrem com movimento ou amplitude de movimento lateral
excessiva no pé. As lesões no antepé ocorrem de modo similar às lesões vistas nos ossos longos
em outras partes do corpo, sendo criadas por forças compressivas ou tensivas (HAMILL;
KNUTZEN, 1999).
Hamill e Knutzen (1999, p. 253) ressaltam que a função do pé pode ser alterada
significativamente com qualquer variação no alinhamento do membro inferior
ou como resultado de movimento anormal no elo do membro inferior.
Tipicamente, qualquer alinhamento em varo no membro inferior provoca um
aumento na pronação da articulação subtalar durante o apoio. Um ângulo Q no
joelho maior que 20 graus, uma tíbia com um varo maior que 5 graus, um
retropé com mais de 2 graus de varo, e um antepé com varo maior que 3 graus
são fatores suficientes para produzir um aumento na pronação subtalar.
Assim, temos lesões que variam desde calosidades dolorosas (agudas ou crônicas) até
fratura de estresse, passando por tendinites, contraturas musculares, sinovites, neurites, edema e
entorses freqüentes.
Diante disso fica clara a importância da correção e prevenção das lesões do pé por uso
física, mobilização e exercício). Mas deve também possuir a habilidade de avaliar as várias
2.3.1 Definição
completas das fibras de um ligamento, quando forças alongam as fibras ligamentares além de seu
De acordo Rottier (2001), uma entorse de tornozelo é descrita por um dano que tenha
lateral, que ocorre mais comumente com resultado da combinação da flexão plantar e inversão do
Hamill e Knutzen (1999) destacam ainda que o mecanismo de lesão para uma entorse de
tornozelo em inversão pode ser por um movimento da tíbia para os lados, para trás, para frente ou
rodando enquanto o pé está firmemente fixo na superfície, como pisar em um buraco, pisar fora
Visto que a cápsula articular e os ligamentos são mais fortes na face medial do
tornozelo, as entorses por inversão envolvendo estiramento ou ruptura dos ligamentos laterais são
muito mais comuns que as entorses por eversão dos ligamentos mediais, que também são
protegidos pelo forte maléolo lateral (HALL, 2000; HAMILL; KNUTZEN, 1999).
As causas mais comuns da lesão na estrutura ligamentar lateral ocorrem como resultado
do mecanismo de flexão plantar e inversão (Figura 9), abrangendo cerca de 80 a 90% das
entorses de tornozelo, sendo o ligamento talofibular anterior o mais crítico de sofrer a lesão
lesão do ligamento talofibular anterior é de 60 a 70% das entorses em inversão, sendo que a
ruptura deste ligamento geralmente ocorre em sua porção média, sendo mais raras as
tensão máxima, a qual aumenta com a inversão e dorsiflexão total do tornozelo. Porém, à medida
que o pé entra em flexão plantar, o ligamento talofibular anterior é estirado, sendo o primeiro
ligamento a sofrer o dano em uma lesão, devido à direção da força. Qualquer estresse adicional à
medida que o pé passa de flexão plantar para dorsiflexão pode também afetar o ligamento
calcaneofibular, em 20% dos casos, sendo que a lesão do calcaneofibular sempre estará associada
à ruptura inicial do talofibular anterior (MULLIGAN, 2000; HENNING, E.; HENNING, C.,
2003).
tornozelo, sendo que este é o mais forte dos ligamentos laterais do tornozelo e raramente se
rompe, não sendo acometido nem lesado até que os outros dois ligamentos tenham sofrido
ruptura, e que tenha ocorrido certo grau de rotação da extremidade inferior, pois ele se contrapõe
maior estabilidade do tornozelo é a dorsiflexão, sendo que em flexão plantar essa estabilidade é
reduzida à medida que a porção posterior mais estreita do tálus é trazida para o encaixe maleolar.
flexão plantar.
A lesão em inversão é produzida com uma inclinação talar, quando o tálus se movimenta
para frente e para fora do encaixe do tornozelo. Qualquer inclinação talar maior do que cinco
graus têm probabilidade de causar lesão ligamentar ao tornozelo lateral. Acompanhando uma
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lesão no complexo lateral do tornozelo, pode estar presente uma subluxação anterior do tálus e
ligamentos de sustentação, a face medial do tálus avança sobre o maléolo medial sobre o qual
gira. Desse modo, os ligamentos laterais são submetidos à tensão e, caso a inversão continue, o
maléolo medial pode sofrer uma fratura em geral numa direção vertical.
Felizmente na maior parte dos casos a entorse é benigna, visto que ocorre apenas
distensão e não laceração do ligamento. Pelo contrário no caso de uma entorse grave, com ruptura
observar em uma radiografia antero-posterior com inversão forçada uma basculação do tálus,
onde ambas as linhas da interlinha superior em vez de paralelas, formam um ângulo aberto para
fora superior a 10 a 12º. De fato alguns tornozelos são hipermóveis e é necessário realizar uma
Lippens e Boone [s.d.] citam uma série de alterações na posição e estado normal da
estrutura óssea e ligamentar do tornozelo e pé, que ocorrem como resultado de uma entorse em
inversão:
- O calcâneo se abaixa, se anterioriza e traz sua face inferior para dentro, báscula para
- A fíbula desliza para baixo e anterior sob a tensão do ligamento calcaneofibular e roda
Henning, E. e Henning, C. (2003), afirmam que quando o pé inverte com flexão plantar
o tálus fica menos contido dentro da pinça maleolar, devido a porção posterior ser mais estreita
que a anterior. E devido ao pé estar apenas parcialmente apoiado no chão, à medida que ele
- Tálus ântero-medial;
- Tíbia em anterioridade;
- Fíbula em anterioridade;
Devido à entorse em inversão podem ocorrer lesões associadas como ruptura da cápsula
anterior; ruptura da bainha dos fibulares; estiramento do ligamento tibiotalar anterior; distensão
bordo externo do tálus, que explicam as seqüelas dolorosas (LIPPENS; BOONE [s.d.]).
sobre a faceta articular interna da articulação subtalar, ocorrendo uma compressão do calcâneo
tornozelo podem levar à lesão secundária em inferioridade do cubóide, onde o bordo interno do
cubóide desce e o externo sobe levando com ele o navicular (RICARD; SALLÉ, 1996).
Já uma lesão do cubóide ou do tálus pode levar a uma lesão ínfero-interna do navicular,
o qual se apóia sobre o cubóide e quando este desce o navicular seque o movimento, bem como a
lesão do tálus que também leva o navicular ao mesmo movimento. Neste tipo de lesão o navicular
Da mesma forma que uma lesão do cubóide pode lesar o navicular, o cuneiforme
também pode ser lesado, quando este acompanha a lesão em inferioridade do cubóide, geralmente
2.3.3 Etiologia
Também é bastante comum em termos gerais quando uma pessoa escorrega em uma calçada ou
anda em superfícies não uniformes. O local da lesão geralmente fica entre o centro e as inserções
coordenação do reflexo fibular durante a marcha em solos desiguais, uso de sapatos inadequados,
posicionamento incorreto dos pés em excessiva inversão ou eversão, entre outros (THOMSON;
2.3.4 Epidemiologia
Aproximadamente 85% das lesões agudas do tornozelo são entorses, e destas, cerca de
esporte em geral, 31% das lesões no futebol, 45% das lesões no basquete e 25% no voleibol.
De acordo com o mesmo autor, estima-se que ocorram aproximadamente uma entorse
por inversão a cada dia para cada 10 mil pessoas. Apesar de sua alta incidência, ou justamente
por serem ocorrências comuns, essas lesões são geralmente banalizadas, subtratadas ou até
mesmo submetidas a tratamentos exagerados. Devido a isso, e por haver ainda controvérsias
(2001), afirmam que as entorses de tornozelo são mais comuns entre os homens.
Embora os ligamentos colaterais laterais sejam lesionados em 85% dos casos, outros
problemas podem ocorrer numa lesão em inversão, como laceração ou luxação do tendão fibular,
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neuropraxia dos nervos fibulares superficial e profundo, entorse da articulação subtalar, fratura da
base do 5º metatarsiano ou do tálus, fratura por avulsão do calcâneo ou tálus, lesão da articulação
Conforme Hurwitz, Ernst e Hy (2001), o ligamento talofibular posterior, por ser o mais
operatórias.
2.3.5 Classificação
As fibras que compõe os ligamentos têm uma elasticidade muito reduzida e não se
alongam, mas rompem-se em menor ou maior número quando seu coeficiente de elasticidade é
direção e duração das forças aplicadas, com sinais e sintomas variando de acordo com o número
edema; os testes mostram um tornozelo estável, sendo que os testes de gaveta anterior e
• GRAU II: lesão moderada, com maior número de fibras rotas; ligamento alongado;
rupturas parciais podem deixar o ligamento mais longo e laxo. Segundo Keene (1993), é
• GRAU III: entorse grave com ruptura total de um ou mais ligamentos com perda da
de gaveta anterior e de inclinação talar). Segundo Mulligan (2000), neste tipo de lesão
Garrick e Webb (2001) esclarecem que quando o ligamento é estirado além de seus
ligamento. Desta forma o ligamento pode se alongar, pois as fibras lesadas escorregam umas
sobre as outras e, ainda assim, o ligamento como um todo pode parecer ileso.
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A ruptura completa do ligamento colateral lateral do tornozelo é provocada por uma
flexão plantar, inversão e adução do tornozelo e pé, causada freqüentemente por uma queda com
podendo ser resultantes também de doenças articulares, que enfraquecem os ligamentos. São
porém sem movimento anormal no tornozelo. Ela parece ser decorrente principalmente de um
dano às terminações nervosas dos ligamentos e da cápsula articular, produzindo uma deficiência
proprioceptiva. Outras causas da instabilidade funcional podem ser fraqueza dos músculos
confirmando a frouxidão ligamentar como causa principal (HENNING, E.; HENNING, C.,
2003).
pode ser ainda graduada em uma escala de 0 a 3, onde o grau de instabilidade é determinado pela
designado em grau 0, 1+, 2+ ou 3+. O grau 0 indica que não existe diferença entre a quantidade
permitida de excursão na articulação lesada e a não lesada. Nos graus 1+, 2+ e 3+, a diferença
Garrick e Webb (2001) descrevem que logo após a lesão, pode haver discreto edema na
face lateral e subseqüentemente a dor e o edema podem se tornar mais difusos, em particular se o
tornozelo for deixado em posição pendente ou se houver aplicação de calor sobre o mesmo.
movimento e uso normal provocam o mau uso dessas estruturas, principalmente os músculos, dos
Segundo Thomson, Skinner e Piercy (1994), há presença de dor aguda bem abaixo e
anterior ao maléolo lateral no momento da lesão. O estiramento passivo e o apoio com carga
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aumentam a dor. O edema está presente na margem lateral do tendão calcâneo, sobre o maléolo
lateral e ao longo do dorso do pé e nas lesões graves, pode-se disseminar para o dorso dos
artelhos e para a perna. O aparecimento da equimose pode ocorrer sobre o maléolo lateral e sobre
o dorso do pé. Em relação à funcionalidade, nas lesões mais graves toda descarga de peso é
dolorosa, de modo que o paciente não pode correr e tem marcha com fase de apoio muito curta no
pé afetado; e em lesões mais leves o movimento de flexão plantar e inversão geralmente estão
limitados e causam tensão. Ocorre também uma diminuição do equilíbrio no membro inferior
Às vezes, nas lesões de terceiro grau há pouca ou nenhuma dor imediatamente após o
trauma, onde a dor pode ser desproporcionalmente menor que a gravidade da lesão; mas em
geral, há dor aguda na área do ligamento lateral do tornozelo, ocorrendo também tumefação
imediata na face lateral do tornozelo e dorso do pé, presença de instabilidade com movimento
excessivo de inversão e adução do tornozelo e pé, e ainda perda de função, sendo que o paciente
é incapaz de andar, carregar peso ou suportar o peso total do corpo sobre o pé (THOMSON;
Segundo Kisner e Colby (1998), ocorre dor quando o tecido lesado é sobrecarregado em
com rupturas completas, bem como déficit proprioceptivo manifestado como diminuição na
edema imediato e incapacidade de caminhar após uma lesão por inversão, sofreram uma entorse
Nas entorses crônicas do tornozelo ocorrem pequenas lesões recidiva ntes que podem ou
não ser reconhecidas pelos pacientes. Pode ser necessário que o fisioterapeuta analise as
1994).
Neste tipo de lesão crônica a dor é obtusa e vaga, na área do ligamento lesado. Pode ser
constante ou intermitente, tente a aumentar com atividades que movem a articulação controlada
pelo ligamento e podem ser ocasionalmente superpostas por dor aguda. Frequentemente há uma
área edemaciada sobre o ligamento que se assemelha a um espessamento gelatinoso e não pode
ser removido como o líquido de tumefação das lesões agudas. Devido ao estiramento prolongado
e freqüente, o ligamento se torna fraco e a articulação instável. A instabilidade pode ser também
devido à perda da entrada proprioceptiva, por dano dos mecanismos receptores. Funcionalmente
afetadas fadigam-se mais rapidamente, e após as atividades o paciente pode sentir rigidez na parte
2.3.7 Diagnóstico
Quando o exame físico é realizado pouco tempo após a lesão, antes que o edema
aumente e a dor se torne mais difusa, há maior precisão, pois a dor é mais localizada (HENNING,
sensações de instabilidade, por que essa informação ajudará a diferenciar uma lesão aguda
acontecimentos pós-lesão.
e não apenas na parte lateral do tornozelo. A dor localizada devido a palpação dos ligamentos
ligamentos lesados. Dever ser realizada a palpação dos maléolos lateral e medial, bem como a
(PFEFFER, 2000).
Garrick e Webb (2001) salientam que a etapa mais importante do exame físico é
sensibilidade leve e localizada sobre o ligamento talofibular anterior, é o sinal mais evidente da
“distensão alta do tornozelo” e deve-se ficar alerta para a possibilidade de diástase do encaixe da
articulação do tornozelo. Não havendo anormalidades radiográficas, essas lesões podem ser
tratadas como qualquer outra distensão lateral, mas o paciente deve ser avisado da considerável
De acordo com Hurwitz, Ernst e Hy (2001), examinar uma lesão crônica no tornozelo ou
realizar um exame após a lesão é muito mais confiável e bem mais tolerado pelo paciente devido
entorses recidivantes de tornozelo. A palpação de uma lesão crônica pode mostrar sensibilidade
máxima no aspecto ântero-lateral do tornozelo, entretanto é difícil distinguir pela palpação uma
2.3.7.1.1 Palpação
posterior que maléolo medial. Sua conformação permite que o encaixe do tornozelo se
lateralize 15º e sua extensão distal adicional atue dificultando as lesões em eversão do
- Tálus: situa-se entre a extremidade distal do maléolo medial e lateral, onde se pode
palpá-lo à frente destes em uma pequena concavidade, sendo possível sentir então a
(HOPPENFELD, 2003).
- Ligamento talofibular anterior: este ligamento vai da porção anterior do maléolo lateral
até a face lateral do colo do tálus ; a projeção deste ligamento é mais facilmente palpável
- Ligamento calcaneofibular: é estirado em flexão plantar até sua inserção na face lateral
(HOPPENFELD, 2003).
Havendo suspeita de lesão ligamentar, devem ser aplicadas manobras que avaliam a
estabilidade. Porém existem controvérsias quanto à validade destes testes, por que a dor e a
dos ligamentos talofibular anterior e calcaneofibular das entorses leves e moderadas (primeiro e
O teste de gaveta anterior é realizado com o paciente na posição supina ou sentado com
as pernas pendentes, com uma mão do terapeuta no calcâneo, empurrando-o para frente e
rodando-o internamente, e outra mão sobre a face anterior do terço distal da perna empurrando-a
posteriormente e com um dedo sobre a borda anterior do corpo do tálus (Figura 10). Se esse dedo
detectar um movimento do tálus para frente é sinal de ruptura do ligamento talofibular anterior.
Se o tálus não se desloca, mas o calcâneo cede para frente, é sinal de instabilidade da articulação
subtalar. É melhor efetuar o teste de gaveta com o pé em leve flexão plantar, pois é a posição de
O teste de gaveta posterior é realizado com o paciente em supino, pegando com uma
mão a face anterior do pé e com a outra a face posterior da tíbia e puxando-a para cima (Figura
11). Se ocorrer espaçamento quando a tíbia é puxada, será indicada uma ruptura do ligamento
(Figura 12). Se o esforço for doloroso e/ou se houver um espaçamento secundário à trauma, deve-
(CIPRIANO, 1999).
magra, sentada como joelho fletido em 90º e com o pé em leve flexão plantar, uma mão
segurando o retropé e o mediopé e invertendo-o fortemente, enquanto a outra mão faz uma
realização do teste de aperto, que é efetuado pela compressão da tíbia e fíbula na parte média da
panturrilha; e pelo teste de rotação externa do pé, que é realizado pelo posicionamento do
tornozelo em dorsiflexão seguindo-se uma rotação externa do pé. Um resultado positivo fica
indicado pela presença de dor sobre a junção tibiofibular distal (PFEFFER, 2000).
encontrar o ângulo do eixo transmaleolar, que se localiza entre o maléolo lateral e o medial e em
situações normais mede entre 12 a 25º de rotação externa. Porém se este ângulo estiver
aumentado ocorre uma rotação externa da tíbia, a qual pode estar aumentada no caso de uma
[s.d.]).
De acordo com Magee (2002), este ângulo é chamado de torção tibial lateral e
corresponde de 12 a 18º em indivíduos adultos. Se a torção tibial for maior que 18º, ela é
Magee (2002) apresenta uma forma de avaliação deste ângulo com o paciente sentado
com o joelho na beirada da mesa de exames, onde o examinador coloca o polegar de uma mão
sobre o ápice de um maléolo e o dedo indicador da mesma mão sobre o ápice do outro maléolo.
são paralelas, mas em vez disso formam um ângulo de 12 a 18º devido à rotação externa da tíbia.
Outra forma de avaliá-lo é com o paciente em supino, estando o côndilo femoral no plano frontal
(patela apontando para cima), onde o examinador palpa o ápice de ambos os maléolos com uma
mão e traça uma linha no calcanhar que representa uma linha unindo os dois ápices. Uma
segunda linha é traçada no calcanhar, paralela ao solo, sendo que o ângulo formado pela
portanto, problemas na articulação do tornozelo com alterações deste ângulo podem levar a
de tornozelo isolado. Entretanto, caso haja qualquer dor localizada sobre o maléolo lateral,
articulação do tornozelo, sindesmose ou outra estrutura óssea, deverão ser obtidas radiografias a
fim de que seja descartada qualquer possibilidade de fratura, através de imagens ântero-
posteriores, laterais e de encaixe (imagem ântero-posterior obtida com a perna em 20º de rotação
maléolo lateral, há 97% de probabilidade de ser apenas uma lesão nos tecidos moles. Além disso,
as fraturas com probabilidade de não serem percebidas no exame físico são pequenas fraturas de
separação ou fraturas muito finas sem deslocamento do maléolo lateral. Como estas fraturas
das entorses, bem como averiguar a causa de dor crônica e instabilidade lateral do tornozelo. Para
quantificar o grau de instabilidade, tanto a articulação ipsilateral quanto a contralateral devem ser
estressadas com a mesma força e com radiografias exatamente no mesmo plano (GARRICK;
WEBB, 2001).
infiltração anestésica local prévia deve ser adotada de acordo com o grau de sensibilidade do
paciente. Existe uma variação importante nas medidas dos deslocamentos observados nessas
radiografias sob estresse, por causa das diferenças de mobilidade individuais, da posição do pé
comparação.
Para as radiografias de perfil realizadas com manobra de gaveta anterior, tem sido
milímetros a mais que o lado contralateral, o que determina uma ruptura do ligamento talofibular
partir da margem posterior da superfície articular distal da tíbia até a superfície articular do tálus
sindesmose, com manobra de inversão forçada em 20º de rotação interna, pelo traçado das linhas
valores absolutos de 10º ou mais, ou 5º a mais do que o lado sadio, indicam ruptura ou frouxidão
mais confiável por detectar ruptura ligamentar em cerca de 85% dos casos de lesão aguda no
tornozelo lateral, enquanto que os exames clínicos e as radiografias sob estresse detectam apenas
cerca de 50% das lesões. Mas, por várias razões os artrogramas são raramente realizados para
rompimento ou lesão aguda no ligamento, quando estão presente edemas, contornos irregulares e
descontinuidades dos ligamentos. Também pode-se verificar a presença de patologia dos tecidos
ressonância.
outras causas que possam provocar dor no tornozelo lateral, devendo-se verificar por meio da
ou do nervo fibular superficial podem ser diagnosticadas através de uma avaliação sensorial
neurológica completa do pé. Os tendões fibulares podem estar subluxados ou luxados devido à
lesão por dorsiflexão e apresentarão dor, subluxação ou luxação durante a inversão resistida do pé
2.3.9 Prevenção
A prevenção das recidivas começa pela eliminação quando possível, dos fatores
tornozelo e pé. Estes podem ser utilizados em todos os estágios da reabilitação e também na
prevenção das entorses de tornozelo em atletas, principalmente naqueles que já sofreram lesões
prosseguir sua utilização ao longo da fase do tratamento definitivo. Se houver certeza absoluta de
Deve-se permitir que os ligamentos lesados possam cicatrizar e que os elementos contráteis
cicatrização regular e por isso cicatrizam lentamente. Uma vez que não possuem células
especializadas, o reparo dos ligamentos é feito por tecido fibroso, o qual forma uma fraca união
entre as extremidades das fibras, podendo ocorrer o alongamento dessas, diminuindo assim a
lesões agudas os objetivos do tratamento são possibilitar a cicatrização da lesão, reduzir o risco
a cicatrização dos tecidos os principais objetivos são evitar a formação de aderências, reforçar os
ser aplicado por 15 a 20 minutos, 3 a 4 vezes por dia durante 1 a 5 dias ou até que o edema
diminua. Até quarenta e oito horas após a lesão, são bem indicados banhos contraste para a
diminuição do edema (HENNING, E.; HENNING, C., 2003; GARRICK; WEBB, 2001).
redução da inflamação, diminuição da perda celular, da dor e do espasmo muscular, bem como
redução das necessidades metabólicas destes, prevenindo assim qualquer lesão hipóxia.
cura nas lesões dos tecidos moles, tendo como beneficio básico aumentar a pressão do líquido
intersticial, que diminui o fluxo capilar e facilita a drenagem linfática (HURWITZ; ERNST; HY,
2001).
diminuir ou eliminar o edema. Isso deve ser feito o mais rapidamente possível para evitar a
Para as entorses graves, é aceitável o uso de um aparelho ou bota de gesso durante duas
WEBB, 2001).
somente compromete ainda mais os movimentos e causa atrofia, por desuso, nos músculos
envolvidos. Porém o emprego de uma tala pode ser necessário para o prosseguimento das
atividades rotineiras, mas a tala deve ser retirada várias vezes ao longo do dia para que os
Segundo Thomson, Skinner e Piercy (1994), uma torção leve pode ser tratada com
bandagem elástica, uma lesão mais grave requer uma bandagem com pressão, e em lesões graves
o paciente deve ser aconselhado a repousar com o membro em elevação, realizando exercícios
A mobilização precoce permite o retorno mais rápido da função sem nenhum aumento
da dor, dos sinais residuais ou da taxa de novas lesões. Os exercícios isométricos também têm
1994).
Por definição Garrick e Webb (2001), destacam que os ligamentos não restringem os
provavelmente não será mais comprometido se a articulação envolvida for mobilizada dentro da
movimento devem envolver toda a área livre de dor, bem como os exercícios de fortalecimento.
exercícios isométricos dentro da amplitude de movimento indolor devem ser iniciados logo após
a lesão. As contrações devem ser sustentadas por 5 ou 6 segundos e relaxadas por 2 segundos,
realizando-se as mesmas 5 vezes a cada hora. Uma vez que o arco de movimento indolor esteja
presente, mesmo pequeno, os exercícios isotônicos com Theraband devem ser realizados
fortalecimento são mais facilmente desempenhados durante a fase aguda em cadeia cinética
aberta. Não obstante, se bem tolerados, esses exercícios podem ser então realizados em cadeia
fechada com o paciente sentado, utilizando uma plataforma biomecânica para o tornozelo.
Dentro de 7 dias, quando a dor diminui, a inversão ativa deve ser iniciada. O paciente é
Após 6 dias e até 2 semanas após uma lesão grave, o ligamento deve ser tratado com
estiramento passivo. Se essa manobra for livre de dor, os exercícios de apoio com carga podem
ser iniciados, tanto na posição sentada como em pé. Podem ser realizados exercícios
propulsão com pulos e saltos (THOMSON; SKINNER; PIERCY, 1994; GARRICK; WEBB,
2001).
capacidade de tolerância de cada paciente, e se necessário, o paciente poderá usar muletas, a fim
de minimizar a dor e o estresse. A locomoção com descarga parcial de peso deve ser enfatizada
com a realização de uma marcha normal do calcâneo para os artelhos e a diminuição das forças
de sustentação do peso para um nível inferior aos sintomas dolorosos. No início a sustentação de
bombeamento muscular ativo a fim de drenar o edema (THOMSON; SKINNER; PIERCY, 1994;
Parte da sessão inicial deve incluir orientações ao paciente, o qual deve ser instruído a
manter o tornozelo em uma posição neutra e evitar as posições prolongadas em flexão plantar,
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que são geralmente, as posições confortáveis. Todas as sessões de exercício devem ser seguidas
começa quando o paciente estiver com a amplitude de movimento próxima do normal e puder
sustentar o peso sem aumento da dor ou edema, habitualmente 1 a 3 semanas após uma lesão
grau I ou II. No caso de entorses mais graves, tratados com mobilização, o paciente geralmente
não está pronto para prosseguir para o próximo nível durante até uma semana (THOMSON;
exercícios que visam aumentar a força muscular dos fibulares e dos dorsiflexores. Também é
PIERCY, 1994).
A massagem por fricção transversa sobre o ligamento lesado também pode estimular a
cicatrização e evitar aderência ao tecido adjacente, já que as fibras colágenas estão sendo
mobilização articular deve incidir sobre os mesmos, a fim de estimular a formação organizada de
colágeno ao longo da direção das fibras normais. É preferível a reabilitação em cadeia cinética
fechada em uma posição para a sustentação de peso, pois poderá proporcionar forças
repetições com resistência leve para minimizar o estresse sobre a articulação do tornozelo. Na
medida em que a dor e o edema reduzem, a resistência pode ser aumentada conforme tolerado.
Hurwitz, Ernst e Hy (2001), afirmam que o aumento da dor (que não seja
especificamente muscular) ou do edema durante as novas atividades, pode advertir que a mesma
foi introduzida muito cedo ou com uma intensidade muito alta. Caso isso tenha ocorrido, o
paciente deve ficar sem realizar esses exercícios, por no mínimo um dia e procurar fazê-los com a
Nesta fase são realizados ainda exercícios de propriocepção, inicialmente com apoio
unipodal sobre o membro afetado, com os olhos abertos e depois fechados, em torno de 15
segundos. Não havendo mais perda de equilíbrio ou oscilação do corpo, iniciam-se os exercícios
completa e sem dor, com 80% da força normal do tornozelo. Não devem ser incluídos neste
De acordo com Hurwitz, Ernst e Hy (2001), o paciente só progride para a próxima fase
saltos e treinamentos específicos para o esporte se for o caso. Os exercícios úteis para a
propriocepção são: ficar de pé sobre o tornozelo lesado durante vários minutos com o pé oposto
elevado e os olhos fechados. A corrida num trajeto em forma em “8” progressivamente menor é
excelente para a agilidade e força dos músculos fibulares. Durante esse período o paciente deve
Nesta fase devem-se enfatizar também as atividades funcionais com objetivo de preparar
o paciente ou paciente para o retorno às suas atividades de vida diária. Para esta finalidade
confortavelmente para frente, interrupção da corrida, transferência lateral de peso, giro sobre si
mesmo, passada com movimento lateral e de mudança de direção (HURWITZ; ERNST; HY,
Conforme Garrick e Webb (2001), uma forma sensata de predizer a habilidade para
começar a correr é a capacidade de permanecer em pé nos dedos e saltar, sobre o membro inferior
acometido.
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Esse programa terapêutico de três fases pode levar apenas 2 semanas de duração nos
casos de entorses menos sérios, ou até 6 a 8 semanas para lesões mais graves. Para atletas com
lesões graves e que estão retornando à pratica esportiva, o uso de uma tornozeleira funcional ou
estribo pneumático ajudará a prevenir a recorrência de lesão. Os exercícios durante esta fase
Por fim, o atleta deve manter a força e a aptidão cardiovascular plenas, realizando
exercícios na bicicleta estática, no step e em piscina funda com colete de flutuação (HURWITZ;
realizada, por vários cirurgiões ortopédicos, na expectativa de que a sutura dos ligamentos rotos
evite uma cicatrização viciosa, com alongamento e futura instabilidade, e propicie um retorno
repetição do trauma ao qual o ligamento está sujeito, tratar o ligamento e evitar recidivas. O
- Reeducar a propriocepção,
reduzir o edema para restaurar a mobilidade de todos os tecidos moles dentro de seus planos
especialmente onde há uma complexidade de articulações envolvidas, como no tarso. Onde a dor
passivo, ultra-som e exercícios ativos. O reforço muscular é obtido por exercícios ativos
• Fricções transversais: são necessárias para restaurar a flexibilidade dos feixes médio e
• Exercícios ativos livres: a mobilidade das articulações pode ser obtida realizando-se
tornozelo.
músculos fibulares, segundo Kisner e Colby (1998), a fim de prover um suporte lateral
superfícies irregulares.
esportivas e precisa andar ou correr certa distância, de modo que o edema fique
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controlado e o perigo de recidiva seja minimizado, protegendo o ligamento de uma nova
Nos casos que não se favorecem com o tratamento conservador, convém realizar exames
instabilidade lateral crônica podem ser divididos em anatômicos, que atuam nas próprias
A maior vantagem é que devolvem a estabilidade ligamentar sem sacrificar tendões e não limitam
cirurgicamente. Mas conforme Kisner e Colby (1998), a cirurgia pode também ser indicada nos
casos de grande instabilidade do tornozelo, sendo que os procedimentos cirúrgicos podem ser
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realizados com a re-oposição e sutura do ligamento rompido, ou através da substituição deste por
tornozelo pode ser realizada através de dois tipos básicos: anatômica e não-anatômica. A
reconstrução anatômica foi descrita primeiramente por Brostrom (Figura 14), que descobriu ser
possível reparar as lesões crônicas no ligamento do tornozelo mediante reparo direto dos
ligamentos, anos após a lesão. Sugere-se que a reconstrução anatômica deva ser a opção primária
quando a cirurgia está indicada, por apresentar a vantagem biologicamente mais estável que a
reconstrução não-anatômica, bem como de ser um procedimento muito bem sucedido (87% dos
casos).
Elmslie (Figura 14). Envolvem a coleta do tendão fibular curto e seu direcionamento através da
fíbula. A técnica de Watson-Jones requer um enxerto do fibular curto, com espessura total
direcionando-o através da fíbula para substituir o ligamento talofibular anterior, mas não substitui
fibular curto com espessura total através da fíbula em um vetor que corresponde à média dos
espessamento parcial do tendão fibular curto através da fíbula para recriar os ligamentos
estabilidade lateral à articulação do tornozelo, mas pode ocorrer uma leve perda da inversão de
aproximadamente 10 graus.
abaixo do joelho com zero grau de dorsiflexão e leve eversão. A imobilização isolada, ou seja
sem tratamento cirúrgico, pode ser usada pelo mesmo período de tempo. Em ambos os casos, a
articulação é fixada de modo que o ligamento fique em posição encurtada. Dentro de 2 a 3 dias
pode ser aplicado um salto no gesso, de modo que o paciente possa andar com muletas ou
Contudo se houver grande edema e dor, o tratamento com repouso, gelo, contenção e
elevação por alguns poucos dias será mais eficaz, para depois aplicar uma imobilização com uma
tala em U, bota gessada ou órtese imobilizadora do tornozelo. Com esse tipo de imobilização
pode-se permitir o apoio parcial ou total a partir da terceira semana e dispensar o uso de muletas.
leves diários conforme a tolerância tem-se conseguido na maioria das vezes uma recuperação
mais rápida do que com a imobilização rígida por varias semanas (HENNING, E.; HENNING,
C., 2003).
semelhante a um programa para a torção aguda, com exercícios ativos, uso funcional do membro
para treinar novamente a marcha e para reduzir a tumefação pelo efeito da pressão hidrostática
órtese.
seguir são realizados exercícios resistidos de apoio com carga. Geralmente é necessário
contenção com bandagem por 2 a 3 semanas, bem como o uso de bengala, dependendo da idade.
respeito da indicação cirúrgica, sobretudo nas entorses de terceiro grau. Kannus e Renstrom
(1991 apud HENNING, E.; HENNING, C., 2003), realizaram uma metanálise sobre 12 estudos
lesões de terceiro grau dos ligamentos laterais do tornozelo. A partir desta metanálise foi possível
formar as seguintes conclusões: (1) não há evidências expressivas que um dos métodos de
chances de instabilidade funcional tardia; (2) não há diferenças entre os métodos de tratamento
com relação à persistência prolongada de dor, edema e limitações funcionais; (3) o tratamento
funcional restabelece mais rapidamente a amplitude normal, mas após um ano, não há diferenças;
(4) pacientes tratados com imobilização ou cirurgia apresentam maior atrofia muscular da
panturrilha que os submetidos ao tratamento funcional, mas depois de 6 meses a diferença não
persiste; (5) o tratamento funcional torna possível o retorno ao nível anterior de atividade em
menos tempo para um maior número de pacientes; (6) não existe diferença entre os grupos com
conclusão significativa para priorizar o tratamento cirúrgico nas lesões agudas graves, mas no
computo geral prevalece a evidência de que o tratamento cirúrgico com sutura tem sido indicado
ou destreza pelas mãos. A palavra terapia deriva do grego therapeuein, cujo significado é
“cuidar”. “Terapêutico” expressa o potencial de cura de uma pessoa em relação à outra. A terapia
manual, portanto consiste em empregar as mãos para curar, e pode ser definida como utilização
E de acordo com Edmond (2000), a manipulação articular pode ser definida como uma
outra, realizada sobre uma estrutura articular que apresenta disfunção ao exame físico.
linfático e sinovial. As forças mecânicas transmitidas pela manipulação agem sobre os tecidos de
• Nos processos de reparo após a lesão dos tecidos, onde a remodelação depende de
estimulação mecânica, ambiente este que pode ser criado por várias formas de
neurológicos. Das três áreas da neurologia que o terapeuta manual visa influenciar, a mais
aos processos psicofisiológicos, mas talvez sua influência tenha um alcance maior. Toda emoção
está agregada a uma resposta somática padronizada, a qual pode manifestar-se como alterações
(LEDERMAN, 2001).
A manipulação influi nos três níveis de organização por diversas vias. No nível local do
tecido, a via é a aplicação direta de carga mecânica ao tecido por forças manuais. O meio de
A maneira pela qual a carga é aplicada ao tecido vai determinar suas alterações
estruturais finais. A maior parte das técnicas manuais pode ser classificada de acordo com as
alterações que impõe aos tecidos e articulações e são chamadas de métodos de aplicação de carga
(LEDERMAN, 2001):
2.4.1 Osteopatia
mais importante a ser conservado. Rege a boa saúde do organismo e preveni a doença (RICARD;
SALLÉ, 1996).
precisa e sofisticada, baseada nos ensinamentos do americano Andrew Taylor Still, o qual adota o
a osteopatia é orientada para o paciente e não para a doença, utilizando diagnósticos estruturais e
terapia manipulativa.
De acordo com Chaitow (1982, p. 17), o conceito original de osteopatia afirma que:
Em suas obras Still faz uma síntese de todas as suas observações e de sua prática, e
relação entre a estrutura e a função se aplica a todos os elementos do corpo. Se a estrutura estiver
(homeostasia).
para eliminar ou evitar as doenças, desde que todos os seus meios estejam livres para funcionar
corretamente.
Uma lesão osteopática corresponde a uma adaptação imperfeita da estrutura que atua
como uma causa primária ou uma causa agravante de uma desordem ou de uma doença
Conforme Bienfait (1997, p. 17): “A lesão osteopática é uma tensão fascial que em uma
articulação puxa um segmento ósseo móvel para si e o impede de mover-se no sentido oposto,
Visto que a lesão é uma tensão miofascial, a porção móvel vai com facilidade no sentido
da lesão, o que diminui a tensão, mas não vai ao sentido contrário porque a aumentaria. A lesão
osteopática é uma lesão fisiológica, pois não ultrapassa a amplitude articular fisiológica da
articulação, não é uma luxação nem uma subluxação, e por isso a normalização articular nunca é
É evidente que essa tensão que provoca a lesão não é importante o suficiente para
(BIENFAIT, 1997).
que causa uma acidose relativa; ocorre também uma diminuição da alcalinidade que estimula
quimicamente as estruturas coloidais, o que causa uma maior absorção de água, provocando um
edema celular, que produz um aumento de pressão, a qual desequilibra a fusão capilar e causa um
derrame nos tecidos, provocando uma hemorragia. Essa exudação é estranha para os tecidos, e
limitar os micromovimentos. Os ligamentos não são de modo algum feitos para tolerar uma
tensão permanente, por menor que esta seja, e uma vez que apresentam mecâno-receptores
osteopática se equilibra através de outra lesão. Freqüentemente uma lesão primária se compensa
por uma, ou até mesmo quatro lesões secundárias. Em geral é a última lesão, aquela que não
verdadeiro tratamento osteopático não está na correção da lesão dolorosa, mas na procura e
Ricard e Sallé (1996) explicam que uma lesão osteopática provoca uma restrição da
mobilidade local do jogo articular, originando uma perda da mobilidade global. É, portanto,
2.4.1.1 Diagnóstico
diagnóstico decorrente dele. O exame é a parte mais difícil, pois requer conhecimento de
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fisiologia e uma grande sensibilidade tátil. O exame geral e a pesquisa da lesão primária são
necessários para que se possa distinguir lesões estáticas, que são decorrentes de compensações,
determinar qual é a articulação responsável pelos transtornos, e no seio desta articulação qual é o
tecidos moles e articulações; sua finalidade é localizar algo diferente como uma modificação da
textura dos tecidos que estão envolta da lesão; quanto mais antiga a lesão mais densos e
micromobilidade. A palpação deve ser feita com pequenos deslocamentos sucessivos por meio de
testes, que podem ser de posicionamento dos diferentes pontos de referência, que são comparados
uns com os outros. Nos testes de mobilidade a peça móvel pode ir no sentido da lesão, mas não
no sentido contrário. Deve-se apreciar o movimento de uma peça móvel em relação a uma outra
lesão ligamentar, por exemplo, a dor surge no final da amplitude articular, ou também durante o
retorno à posição inicial; e em caso de lesão muscular, a dor aparece quase sempre no começo da
Existem vários métodos diagnósticos para a avaliação da disfunção somática e as indicações para
• Alteração da simetria,
• Limitação da mobilidade,
Bienfait (1997) salienta que o diagnóstico de uma lesão osteopática não deve ser feito
por um único teste, mas por vários que se confirmam uns aos outros. A dor pode ser um indício,
mas é uma indicação sempre secundária que sempre deve ser interpretada. Os sinais radiológicos
nas lesões osteopáticas são teóricos e não são utilizados na prática, pois nos raios-X não se pode
comparar realmente entre direita e esquerda as lesões articulares com alteração dos
Sem sistematizar pode-se dizer que dores recentes ou que surgem uma vez ou outra, e
contrapartida, dores de longa duração, nunca agudas, mas que aumentam com o decorrer dos
meses, que se acentuam em posição em pé prolongada, tem muitas chances de serem dores de
fisiológico em áreas nas quais existe restrição ou disfunção, pois ao recuperar ou melhorar a
nervosa e circulatória. A terapia osteopática manipulativa não está voltada para os processos
favorecer a função global e desse modo aumentar as atividades curativas, homeostáticas e auto-
possibilidades fisiológicas das articulações, onde se deve vencer a tensão que cria a lesão. Uma
manobra forçada freqüentemente traz apenas um aumento desta tensão e uma reação de defesa
óssea que deve ser ajustada é presa entre dois bloqueios que deixa livre somente o espaço
articular que convém. Ela pode assim ser levada suavemente para a posição limite da correção
fisiológica para então ser alinhada por um micromovimento, onde a força jamais deve substituir a
de tratamento está relacionada com o tecido lesado, com o tecido produtor dos sintomas, ou ainda
De acordo com o mesmo autor, o objetivo das diversas técnicas é diminuir a freqüência
das descargas do sistema gama, responsável pela contração crônica intrafusal, com o intuito de
de correção a peça óssea é levada no sentido contrário à lesão, em direção ou através da barreira
restritiva que impede o movimento, aquele no qual ela não pode ir. Para isso, como já foi
colocada entre dois bloqueios, levada ao limite da correção e corrigida por um micromovimento
que aumenta a tensão que causa a lesão e força o movimento da articulação óssea, regulando o
tônus muscular. Esse pequeno movimento rápido, chamado de thrust pelos anglo-saxões, deve ser
rápido, mas não violento, o que requer algum treino. O movimento real pode ser de somente um
restrição da articulação lesada, e seja qual for o tipo de thrust, os limites articulares fisiológicos
devem ser sempre respeitados. Surpreendendo as defesas fisiológicas articulares o thrust opera
sobre o sistema simpático que provoca um black out sensorial local e regula a circulação
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sanguínea; a manipulação produz um descongestionamento ativo que elimina a estase, e uma
as duas peças ósseas que formam a articulação. Se a técnica mobiliza a peça em lesão ela é dita
tensão e os thrust sendo realizados unicamente com ajuda das alavancas superior e inferior, e as
técnicas diretas sendo realizadas utilizando-se uma forma de contato simples (pisiforme) ou
duplo (duplo tênar ou duplo pisiforme) diretamente sobre a articulação a ser manipulada e o slack
articulação é levada à sua livre extensão até o ponto de limitação, numa tentativa de forçar
gradualmente uma extensão de mobilidade mais ampla, com maior liberdade de movimento,
utilizando muitas vezes a ação de alavancas para atingir seus objetivos (CHAITOW, 1982).
Outra técnica estrutural é a técnica de energia muscular, onde a articulação é levada até
o limite do movimento restrito, e o paciente exerce uma força isométrica contrária à resistência
do terapeuta, e após a contração do paciente busca-se um novo limite antes da próxima contração
(CHAITOW, 1982).
móvel é levada no sentido da lesão, em direção oposta aos planos de movimento restrito, isto é,
no sentido do relaxamento da tensão que causa a lesão, resultando na liberação reflexa dos
tecidos restringidos. Sutherland a emprega para as correções cranianas e da região vertebral. Esta
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técnica é em geral difícil de ser aplicada na região lombar e em indivíduos muito fortes, porém é
Este tipo de correção pode ser realizado de outra forma, onde o terapeuta leva a
é constantemente palpada, a fim de informar ao terapeuta quando a região está mais relaxada
(CHAITOW, 1982).
A técnica de liberação espontânea é usada quando uma área ou articulação está lesada e
fora de sua posição anatômica normal. A articulação é levada em direção à torção, e ao exagerar a
lesão e sustentar a área nesta posição por alguns minutos, quase sempre há uma liberação reflexa
do espasmo muscular.
como meio de correção. Durante a inspiração toda a coluna se endireita e todas as curvas se
serão utilizados no sentido da correção. Esta técnica pode acompanhar as correções estruturais e
suprir o thrust, sendo igualmente empregada com sucesso nos indivíduos hiperálgicos no início
corretor, ou seja, antes de se obter uma inspiração profunda deve-se realizar uma expiração
alongamento em toda a extensão das fibras musculares e técnicas de pressão profunda, bem como
alongamento e separação dos músculos e outras fibras dos tecidos moles, em particular onde os
músculos se inserem nas estruturas ósseas. Em geral envolve as fáscias e tecidos conjuntivos, e
geralmente precedem a manipulação das estruturas ósseas, mas muitas vezes podem mobilizar e
Cada técnica apresenta uma ação especifica sobre os tecidos. Sobre os músculos pode-se
Chicago, havia estabelecido as linhas ditas de gravidade. Estas linhas que tem pontos de
frente, são ditas póstero-anteriores. Ambas partem do terço posterior do forame magno occipital,
passando de cada lado através dos processos transversos de C3, C4, C5, C6, descem à frente de
aos membros inferiores, chegam a uma linha que unem os segundos cuneiformes (BIENFAIT,
1997).
As duas próximas linhas são também descendentes, se inclinam levemente de frente para
trás e são ditas ântero-posteriores. Estas partem do terço anterior do forame magno e passam de
cada lado pelos tubérculos do atlas, descendo anteriormente a T4 onde cruzam as linhas póstero-
anteriores, onde a seguir atravessam os corpos T11 e T12. Passam em seguida, pelas articulações
(BIENFAIT, 1997).
As duas primeiras linhas ascendentes são duplas somente embaixo, partem dos dois
acetábulos, passam pela frente de L2/L3 e convergem a frente de T4, a partir de onde se
transforma em uma linha única até a porção póstero-central do forame magno (BIENFAIT,
1995).
acetábulos dividem-se em duas forças ascendentes. A força principal segue o ramo ílio-pubiano e
A segunda linha ascendente é particular, pois situa-se fora da coluna, sendo anterior e
paralela à linha central. Ela passa pela sínfise púbica e mentoniana, que se encontram assim
normalmente no alinhamento uma da outra. Paralela a linha central, com ela muda
harmonicamente para conservar o equilíbrio. Dessa forma ela se constituirá a imagem de todos os
Cada gesto é feito de um conjunto de ações que se completam para atingir um objetivo final.
Assim, uma tensão inicial é responsável por uma sucessão de tensões associadas. Todos os
nossos gestos são globais e recrutam o conjunto do sistema locomotor (BIENFAIT, 1995).
que tem a articulação à sua disposição, e o fibroso - elemento ativo da locomoção que
forças organizadoras do corpo. A cadeia estática é uma cadeia fibrosa formada por músculos
estáticos e é responsável pela posição ereta e postura. A cadeia dinâmica é uma cadeia conjuntiva
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preenchida por músculos dinâmicos e é responsável pelos movimentos. Uma cadeia estática ruim
As cadeias musculares podem igualmente ser recrutadas para tecer seus esquemas de
compensações. Sua estática, neste caso, se encontra modificada: lordoses, cifoses, escolioses,
deformidades do corpo. Sua dinâmica é mais harmoniosa e se manifesta através das dores.
A função estática é constituída por dois grandes sistemas fisiológicos globais, o sistema
pela região cérvico-cefálica e pelo tronco, onde um sistema é separado do outro por uma cintura.
A cintura pélvica adapta o tronco aos membros inferiores e à coluna lombar, e a cintura escapular
adapta o tronco à região cérvico-cefálica e a coluna dorsal. O tronco constitui, portanto, a região
linguagem que o corpo usa para transmitir o próprio desconforto são suas dores, suas tensões,
por uma sucessão ascendente de desequilíbrios controlados pela musculatura tônica, a qual deve
nosso corpo esteja em condição de equilíbrio, qualquer desequilíbrio, seja ele segmentar ou
articular, deverá ser contrabalanceado por um desequilíbrio inverso, de mesmo valor e no mesmo
plano. Em posição ortostática não há desequilíbrio segmentar sem compensação, o que leva a
conclusão de que as posturas humanas não são fixas, são equilíbrios controlados feitos de
pode ser compensado no domínio de uma articulação, por uma lesão, quanto, no nível de um
1999).
Uma deformidade do pé pode criar toda uma cadeia de deformidades ascendentes, mas
também pode ser o ponto de chegada de uma cadeia descendente. Uma adaptação do pé no chão
vai até o equilíbrio dos segmentos superiores e sua perturbação nunca é uma deformação ou lesão
O sistema ascendente parte dos apoios sobre o chão, cada segmento equilibra-se sobre a
parte de baixo. Como todo corpo ereto, o corpo humano oscila sobre uma base, e como todos os
Os pés apoiados no chã o condicionam ou são condicionados pela estática dos segmentos
superiores e não há boa estática sem bons apoios, sejam as deformações dos pés causa ou
conseqüência da estática deficiente. Um pé plano valgo, por exemplo, que pode tanto ser um
desequilíbrio estático como uma lesão osteopática do cubóide baixo, levará o pé a apoiar-se na
rotação externa do membro inferior direito sem deslocar o pé do chão, todo o peso do pé
automaticamente se apoiará sobre o bordo externo, estando o retropé em leve varo e o antepé em
inversão. Porém se for realizada uma rotação interna do membro inferior, o peso do pé se apoiará
sobre o bordo interno, o retropé entrará em valgo e o antepé everter-se-á. Desta forma foram
devido ao fato de que direta ou indiretamente todos os ossos do pé repousam sobre o cubóide,
sendo que as lesões desse osso são as mais comuns encontradas nessa região. Todos os
movimentos do navicular sobre o tálus induzem o antepé interno no mesmo sentido e todos os
movimentos do cubóide sobre o calcâneo levam o antepé externo no mesmo sentido. Uma lesão
do navicular acompanha às vezes, uma lesão do cubóide, mas é incomum encontrá-la sozinha,
mecanicamente, as rotações dos dois ossos não são semelhantes. O eixo de rotação do cubóide
situa-se junto do seu eixo externo, o que faz com que na rotação externa, o bordo externo suba,
mas desça durante a rotação interna. Uma lesão de rotação externa do cubóide ganhará o nome de
cubóide alto, e uma lesão de rotação interna será denominada de cubóide baixo. O eixo de
rotação do navicular é aparentemente central. As lesões desse osso são lesões de rotação externa
De acordo com Bienfait (1995), uma deformação do pé será sempre causa de uma má
posição pélvica e vice-versa. Nessa fisiopatologia está uma das chaves das alterações estáticas
não há nenhuma articulação que permite o equilíbrio horizontal das rotações da perna e do
subtalar, que leva todo o tarso para uma báscula externa em varo, o que provoca na articulação
talonavicular uma rotação externa da cabeça do tálus sobre o navicular, o qual roda internamente
em relação ao tálus, e este com o antepé interno em rotação interna leva o cubóide e o antepé
inversão e o peso do corpo é levado para o bordo externo do pé. Um apoio na parte externa do pé
corresponde à uma pressão para rotação externa da perna a qual é compensada por uma rotação
interna do fêmur e vice-versa, e esses apoios e essas rotações do membro inferior sempre
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acarretam desequilíbrios em rotação horizontal pélvica homolateral com giro para o lado oposto e
projeção da espinha ilíaca ântero-superior contralateral para a frente (BIENFAIT, 1995, 1997).
devido à uma pequena rotação pélvica a coluna lombar acompanha rapidamente a rotação desta
para o mesmo lado, e logicamente a coluna torácica é compensada por uma rotação inversa,
rotações estas que sempre são acompanhadas por uma latero-flexão oposta, estabelecendo-se o
escoliose ascendente, que se fixará pela evolução do crescimento. No adulto o mesmo mecanismo
será responsável por uma lesão em latero-flexão e rotação na região torácica. Na grande maioria
dos casos, um pequeno apoio no bordo externo aponta também para uma retração do piriforme
ângulo de 15º para fora em relação à perna e uma posição com os pés juntos faz o quadril rodar
15º internamente. Há pacientes, porém, que apresentam uma rotação interna femoral patológica,
com uma dupla rotação compensada por uma anteversão pélvica e uma lordose lombar. Em 80%
dos casos essas rotações internas da articulação coxofemoral são compensações de rotações
tibiais externas, muito freqüentes bilateralmente, que além das artroses de joelho são causa das
manipulação dos ossos cubóide e navicular, os quais são o ponto fundamental das lesões
e dorsiflexão mediotarsal no eixo oblíquo, diminuir a dor no pé, aumentar a nutrição para as
Posicionamento:
- A mão que mobiliza é colocada sobre o cubóide, com o polegar sobre a superfície dorsal e o
- A mão que mobiliza desliza o cubóide em sentido dorsal e plantar (EDMOND, 2000).
flexão plantar mediotarsal no eixo oblíquo, diminuir a dor no pé e aumentar a nutrição para as
Posicionamento:
- A mão que estabiliza segura o colo do tálus na superfície dorsal do pé com os dedos,
- A mão que mobiliza é colocada sobre o navicular, com o polegar sobre a superfície dorsal e o
Procedimento:
- A mão que mobiliza desliza o navicular em sentido dorsal e plantar (EDMOND, 2000).
dorsal, o terapeuta espalma com sua mão esquerda o sustentáculo do tálus a fim de sustentar o
retropé. Com sua mão direita ele realiza uma eversão e flexão plantar em abdução do pé,
juntamente com uma ligeira compressão. O thrust é o aumento simultâneo de todos esses
1996).
ventral com o pé a manipular pendente para fora da maca. O terapeuta espalma com suas mãos a
face dorsal do pé. Seus dois polegares se assentam um sobre o outro e estão situados sobre a
borda interna do cubóide. A mão direita deve então estender e inverter o pé, mantendo
SALLÉ, 1996).
um estudo transversal. Para a realização da mesma foram selecionados 20 acadêmicos dos cursos
da área de saúde ministrados na Unioeste - Campus Cascavel, que sofreram entorse de tornozelo
em inversão.
descritos a seguir:
• Critérios de inclusão:
• Critérios de exclusão:
membros inferiores;
- Ter sido submetido a tratamento com terapia manual (mobilização oscilatória e/ou
informado.
foram submetidos a uma avaliação inicial previamente elaborada (apêndice A), composta por
anamnese e exame físico do tornozelo, a qual teve por objetivo confirmar a entorse em inversão e
participantes cada. Sendo que o grupo I recebeu tratamento através da mobilização oscilatória dos
ossos cubóide e navicular, e o grupo II foi tratado com a manipulação osteopática dos referidos
ossos.
uma folha de papel A4. A folha colocada sob o membro inferior esquerdo (MIE) apresenta um
risco diagonal com uma angulação de 15º partindo da extremidade inferior direita do papel, e a
folha colocada sob o membro inferior direito (MID) apresenta um risco diagonal também com
uma angulação de 15º, partindo da extremidade inferior de outro risco traçado no sentido vertical
do papel que a divide em dois quadrantes iguais (Figura 15). Esta angulação justifica-se pela
Nome Nome
MIE MID
Figura 15: Disposição dos riscos traçados no papel para posicionamento dos pés
Fonte: a autora (2004).
Antes do posicionamento dos pés sobre a folha, eram traçados dois riscos nos dois
no sentido crânio-caudal até o chão (Figura 16). A linha traçada no papel A4 era usada então
como guia para que ambos os membros inferiores ficassem posicionados igualmente em relação à
folha, através do alinhamento dos dois riscos traçados em cada membro inferior aos traçados no
papel, ficando, portanto, os dois membros inferiores posicionados com uma distância de
medial de ambos os tornozelos. Para a determinação deste ponto era traçado um risco horizontal
em cada maléolo, estando este a dois centímetros da extremidade distal do maléolo, aferido com
fita métrica, a partir do qual era verificado o diâmetro de cada maléolo. Era feita então a
marcação do ponto referido acima, o qual localizava-se exatamente na metade deste diâmetro, ou
qual deveria estar com o seu lado menor apoiado no chão e o outro no sentido vertical (crânio-
caudal) do tornozelo medial ou lateral, alinhado ao ponto demarcado no maléolo, onde era
traçada uma linha vertical a partir deste ponto até o chão, sendo marcado um ponto no papel (sob
o pé do paciente). Esta marcação no papel era realizada com referência ao maléolo medial e
lateral de ambos os tornozelos, utilizando uma folha separada para cada membro inferior.
Para a demarcação na pele foi utilizado lápis dermográfico, bem como pincel e esquadro
para a marcação do ponto no papel. Cada folha apresentava o nome do paciente em sua parte
superior, que além de identificar o indivíduo posteriormente, tinha a finalidade de orientação para
o direcionamento do pé sobre o papel, onde os artelhos deveriam apontar para o mesmo lado da
ângulo. Era identificado também em cada folha o respectivo tornozelo (direito ou esquerdo), bem
como o lado medial e lateral do mesmo, e uma denominação referindo se a demarcação dos
pontos no papel estava sendo realizada antes ou depois da aplicação das técnicas de tratamento.
marca Desetec – Indústria Trident) foi realizada a aferição do ângulo de torção tibial, o qual é
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determinado entre uma linha traçada unindo-se os dois pontos marcados no papel e uma outra
A aplicação das técnicas de tratamento foi realizada apenas uma vez em cada indivíduo,
sempre pelo mesmo terapeuta, estando o paciente do grupo I em decúbito dorsal com os membros
inferiores estendidos sobre a maca, sendo então realizada a mobilização dos ossos cubóide e
ossos cubóide e navicular, estando posicionados em decúbito dorsal com os membros inferiores
semifletidos, tornozelo lesado à 90o (posição neutra) em relação ao plano horizontal da maca; e
então foram realizadas três manipulações de alta velocidade e baixa amplitude dos referidos
tornozelos foi aferido novamente, utilizando-se para isto a mesma demarcação e procedimentos
utilizados antes da aplicação das técnicas de tratamento, a fim de se realizar a comparação entre
os valores numéricos pré e pós-terapia. A avaliação inicial e final foi realizada por um só
os grupos.
fim de eliminar vieses e determinar qual a forma mais objetiva de aferição do ângulo de torção
maleolar. Para o estudo piloto os pacientes deveriam estar com cada membro inferior, sobre uma
folha de papel dividida em dois quadrantes iguais, alinhando os dois riscos marcados no calcâneo
e no segundo pododáctilo à linha que dividia o papel. As demarcações nos maléolos, a forma de
instituição.
forma qualitativa e quantitativa. A análise estatística inferencial foi realizada por meio do
faixa etária entre 17 e 39 anos (22,4 ± 5,84 anos). Em relação à queixa principal os principais
Em relação às recidivas 8 indivíduos (40%) relataram ocorrer de 1 a 4 vezes, sendo que nenhum
destes realizou tratamento fisioterapêutico na fase aguda da lesão. Dos indivíduos submetidos à
intervenção, sendo que destes, 2 tiveram redução do ângulo em ambos os membros inferiores
(onde um indivíduo era do Grupo I e um do Grupo II). Nos outros 5 indivíduos submetidos ao
tratamento não houve qualquer alteração no ângulo de torção tibial em nenhum dos membros
inferiores após a intervenção, sendo que destes 2 eram do Grupo I e 3 do grupo II.
Os valores dos ângulos pré e pós intervenção do Grupo I e Grupo II são apresentados na
tabela 3 e 4, sendo que os tornozelos não lesados foram considerados como controle de
Tabela 1: Valores do ângulo transmaleolar pré e pós intervenção para o grupo de mobilização
MOBILIZAÇÃO CONTROLE MOBILIZAÇÃO
Pré Pós Diferença Pré Pós Diferença
27 24 -3 24 22 -2
23 23 0 29 29 0
19 19 0 25 25 0
31 29 -2 25 25 0
37 35 -2 23 23 0
27 21 -6 23 23 0
19 12 -7 31 31 0
21 19 -2 14 14 0
34 33 -1 35 35 0
21 19 -2 31 31 0
Tabela 2: Valores do ângulo transmaleolar pré e pós intervenção para o grupo de manipulação
MANIPULAÇÃO CONTROLE MANIPULAÇÃO
Pré Pós Diferença Pré Pós Diferença
32 29 -3 28 25 -3
22 22 0 21 21 0
20 20 0 21 21 0
16 16 0 22 22 0
33 16 -17 15 15 0
27 25 -2 36 36 0
28 25 -3 21 21 0
31 28 -3 30 30 0
21 11 -10 11 11 0
18 15 -3 21 21 0
intervenção com mobilização ou manipulação foi de 25,35 ± 6,14º e depois da intervenção esse
valor reduziu para 22,05 ± 6,57º, apresentando uma diferença média de 3,3º estatisticamente
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significante com p<0,01 (0,002); enquanto que no tornozelo não lesado a média dos dois grupos
foi de 24,3 ± 6,61º antes da intervenção no tornozelo contralateral e de 24,05 ± 6,58º após a
intervenção, representando uma diferença média mínima de 0,25º, sem significância estatística
Gráfico 1: Comparação da média do ângulo transmaleolar no tornozelo lesado e não lesado pré e
pós intervenção
40
30
20
10
Tratamento Controle
média do ângulo transmaleolar no tornozelo lesado antes da intervenção era de 25,9 ± 6,40º e
após a intervenção era de 23,4 ± 7,08º (Gráfico 2). Portanto houve uma redução média de 2,5 ±
Neste mesmo grupo no tornozelo não lesado (considerado como grupo controle de
intervenção no tornozelo lesado foi de 25,8 ± 5,95º, apresentando uma diferença média de apenas
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0,2º (p>0,05). Essa diferença no tornozelo não mobilizado ocorreu devido ao fato de um dos
indivíduos deste grupo ter apresentado além da redução esperada do ângulo transmaleolar no
No grupo tratado com manipulação osteopática dos ossos cubóide e navicular (Grupo II)
a média do ângulo de torção tibial no tornozelo lesado pré-intervenção foi de 24, 8 ± 6,16º e após
a manipulação reduziu para 20,7 ± 6,07º (Gráfico 2), apresentando uma diminuição média de 4,1
Neste grupo no tornozelo não lesado (considerado como grupo controle de manipulação)
a média do ângulo de torção maleolar antes da intervenção era de 22,6 ± 7,19º e após a
manipulação no tornozelo contralateral foi de 22,3 ± 7,00, observando-se uma diferença média de
0,3º com p>0,05, pois um dos indivíduos do grupo de manipulação também apresentou uma
redução do ângulo transmaleolar nos dois membros inferiores (de 3º no tornozelo não lesado)
40
30
20
10
Mobilização Manipulação
intervenção (p>0,05), bem como após a mesma com p>0,05 (0,4872), pois ambos apresentaram
redução do ângulo de torção tibial. Além disso, os grupos controles pré e pós-intervenção com
solo durante a fase de apoio da marcha e atuando como um absorvedor de impactos do peso
corporal e das rotações do membro inferior. Quando o equilíbrio entre as estruturas é rompido em
qualquer nível, por falha, insuficiência muscular, trauma ou alteração anatômica, sinais e
sintomas locais e à distância podem aparecer com piora progressiva ou por crises frente ao
esforço repetitivo.
Os relatos de que ixa mais referidos nesta pesquisa foram dor e instabilidade, os quais
Tokars et al. (2003), afirmam que uma dor, sobretudo na região das zonas de apoio dos
pés, pode levar a uma postura antálgica com adaptações posturais no joelho, quadril, pelve e
coluna vertebral. De acordo com Hamill e Knutzen (1999), a articulação do tornozelo é elaborada
mais para a estabilidade do que para a mobilidade, contudo se qualquer uma das estruturas de
suporte da articulação do tornozelo for lesada, esta pode se tornar uma articulação bastante
instável.
Albuquerque e Silva (2004) observam que o aumento das cargas compressivas sobre as
ser adaptados na cinemática dos membros inferiores pelve e coluna durante a marcha.
pesquisa, sendo que destes nenhum realizou tratamento fisioterapêutico para a entorse na fase
aguda da lesão. Este resultado vem de encontro à citação de Wolfe, Uhl, e Mattacola (2001), que
afirma que mais de 40% das entorses de tornozelo apresentam potencial para o desenvolvimento
de problemas crônicos. Thacker et al. (1999), descrevem ainda que o fator de risco mais comum
para a entorse de tornozelo nos esportes é história prévia de entorse, que ocorreu de 1 a 4 vezes
Diante desses dados torna-se clara a importância da correção e prevenção destas lesões,
De acordo com Donatelli (1996), uma rotação externa da tíbia, medida através do ângulo
de torção tibial pode ser evidenciada durante um deslocamento lateral do tornozelo. Este ângulo
em indivíduos adultos com o pé normal mede aproximadamente 23º e pode estar aumentado após
O aumento deste valor corrobora com nossos resultados que demonstraram um ângulo
de torção tibial em média de 25,35º no tornozelo lesado antes da intervenção. Enquanto que o
tornozelo não lesado apresentou em média um valor 24,3º também antes da intervenção,
confirmando a rotação externa da tíbia evidenciada pelo aumento do ângulo no tornozelo que
sofreu a entorse.
Como não há nenhuma articulação no tornozelo que permita o equilíbrio horizontal das
articulação subtalar, o que provoca uma rotação externa da cabeça do tálus sobre o navicular, o
qual roda internamente em relação ao tálus, e este com o antepé interno em rotação interna leva o
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cubóide e o antepé externo em rotação externa. Devido às adequações a esta rotação o antepé se
posiciona em inversão e o peso do corpo é levado para o bordo externo do pé, o que corresponde
a uma pressão para rotação externa da perna a qual é compensada por uma rotação interna do
fêmur e por um giro para o lado oposto da pelve homolateral, que é o ponto de partida de todas as
base sacra do lado homolateral e altera as informações proprioceptivas. Neste caso é produzida
Baseando-se nisso, surgiu a hipótese de que através da correção das lesões em rotação
neutralização da rotação externa da tíbia. A realização desta pesquisa pode confirmar que isto é
possível por meio da análise dos resultados que mostraram uma redução em média de 3,3º
(estatisticamente significante, com p<0,01) do ângulo de torção tibial no membro inferior lesado
da vida são influenciadas por modelos imperfeitos (lesões) com os quais se convive, que acabam
sendo integrados, logo, só é possível manter uma boa postura se tivermos um bom conhecimento
Portanto, para que a neutralização destas rotações fosse mantida, após a intervenção nos
ossos cubóide e navicular o paciente deveria usar uma palmilha confeccionada conforme
avaliação prévia dos arcos e apoio dos pés, com a finalidade de manter a posição de neutralidade
desses ossos, proporcionando assim a correção dos estímulos proprioceptivos, que associada a
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um tratamento de conscientização corporal poderia prevenir as compensações degenerativas
ascendentes.
manipulação pode-se verificar que houve uma diminuição estatisticamente significante deste
ângulo nos dois grupos após a intervenção, enquanto que no tornozelo controle não houve
diferença estatisticamente significante em nenhum dos grupos, pois houve uma pequena
contralateral ao que sofreu a intervenção, pode ser perfeitamente justificada pela correção da
contralateral à lesão citada por Bienfait (1995, 1997), a qual altera a descarga de peso nos
foram comparados não existiu diferença estatisticamente significante entre eles tanto antes como
após a intervenção, pois houve uma redução significante do ângulo transmaleolar em ambos os
grupos, apesar de o grupo I ter apresentado maior significância que o grupo II.
de mobilização oscilatória são eficazes na correção das lesões dos ossos cubóide e navicular,
tibial.
Porém não houve diferença estatisticamente significante entre os dois grupos, apesar de
o grupo tratado com mobilização oscilatória ter apresentado maior significância que o grupo
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selecionados para esta pesquisa serão selecionados conforme critérios de inclusão e exclusão e
receberão tratamento apenas uma vez. Todos os voluntários serão submetidos à avaliação inicial
Diagnóstico:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
Queixa Principal:
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
HDA:
Obs:__________________________________________________________________________
História Clínica:
Obs.: ______________________________________________________________________________
Tipo:
_____________________________________________________________________________
Exame Postural:
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
Exame Físico:
Plantiflexão:
Pronação:
Supinação:
Dorsiflexores:
Plantiflexores:
Pronadores:
Supinadores:
MID MIE
Inicial:
Final:
TÉCNICA:
Objetivos:___________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________
Avaliador