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O principal objetivo dos programas de reabilitação car- Figura 1. Resposta do duplo produto a um teste de es-
díaca é permitir aos cardiopatas retornar, o quanto antes, à forço com aumento de cargas a cada 3 minutos, em um paci-
vida produtiva e ativa, a despeito de possíveis limitações ente com angina do peito antes ( ) e após (′) intervenções.
impostas pelo seu processo patológico, pelo maior período Após programas convencionais de condicionamento físico
de tempo possível. ou β-bloqueadores (-′), o paciente tolera intensidades mais
Poderiam ainda ser apresentados outros objetivos es- elevadas sem apresentar angina. O início da angina (limiar
pecíficos: 1) restaurar, em pacientes com doença cardiovas- de angina) ocorre no mesmo duplo produto quando compa-
cular, sua melhor condição fisiológica, social e laborativa; rado a antes da intervenção. Após revascularização miocár-
2) prevenir a progressão, ou reverter o processo ateroscle- dica com angioplastia ou cirurgia (--), o paciente tolera inten-
rótico, nos pacientes coronariopatas, 3) reduzir a morbimor- sidades mais elevadas sem angina, por aumento do fluxo
talidade cardiovascular e melhora da sintomatologia de an- sangüíneo miocárdico. Após programa de condicionamen-
gina de peito, isto é, aumentar a quantidade e a qualidade de to intenso e prolongado, com intervenção dietética (--≤), o
vida com relação a custo/efetividade conveniente. paciente tolera intensidades mais elevadas, sem sintomas,
tanto por uma redução da demanda de oxigênio pelo
miocárdio quanto por aumento do fluxo sanguíneo miocár-
dico (reproduzido de Moraes e Ribeiro, 1999).
Quadro I – Efeitos deletérios do repouso prolongado no leito
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clínicas que caracterizam evolução estável, consideradas a Teste ergométrico na fase aguda do infarto
partir da classificação de Killip > I .
Grau de recomendação B1 Nível de evidência 1
Quadro II – Contra-indicações para reabilitação cardíaca
Habitualmente, realiza-se um teste ergométrico na fase
aguda do infarto por ocasião da alta hospitalar em pacientes
Angina instável sem complicações cardiovasculares. Esse teste objetiva,
Pressão arterial sistólica em repouso > 180 mmHg ou pressão arterial
diastólica de repouso > 110 mmHg primariamente, a estratificação de risco e programação da
Hipotensão ortostática com queda sintomática da pressão sistólica > 20 mmHg atividade física. Para esse teste, devem ser utilizados proto-
Estenose aórtica grave colos especiais que se iniciem com pequena intensidade de
Enfermidade sistêmica aguda ou febre
Arritmias não-controladas trabalho e baixo gasto energético, quantificados em equiva-
Freqüência cardíaca de repouso > 100 bpm lentes metabólicos de repouso (METS). Para a esteira rolan-
Insuficiência cardíaca descompensada te sugere-se o protocolo de Naughton e o protocolo de
Bloqueio atrioventricular de segundo grau e avançados (sem marca-passo)
Pericardite ou miocardite em atividades Bruce modificado (tab. I sai a tabela I ) ou protocolo de rampa
Tromboembolismo embolismo recente adaptado às condições biomecânicas do paciente.
Trombose venosa profunda Em cicloergômetro recomendam-se cargas iniciais de
ECG com desnivelamento do segmento ST > 2 mm ao esforço
Problemas ortopédicos graves até 30 watts (freqüentemente é desejável começar com carga
Diabete melito não-controlado zero), com incrementos de 10 a 30 watts a cada estágio, com
Outros problemas metabólicos duração de 1 a 3min por estágio ou aplicando-se o protoco-
lo de rampa. As contra-indicações do teste ergométrico pre-
Fasesdereabilitação coce pós-IAM incluem as situações clínicas que caracteri-
zam evolução instável, consideradas a partir da classifica-
As clássicas fases da reabilitação pós-infarto, dividi- ção de Killip > I..
das em 1, 2 e 3, vêm atualmente sendo denominadas fase A partir dos resultados do teste de esforço, o risco
hospitalar e fase ambulatorial, em decorrência de novos para reabilitação cardíaca pode ser estratificado conforme a
conceitos de estratificação de risco e manejo. tabela 1.
Reabilitação-fase hospitalar são as atitudes de reabili- Alguns centros têm realizado a ergoespirometria que faz
tação tomadas durante o período compreendido desde o uma avaliação mais global do desempenho cardiopulmonar
início do evento coronariano até a alta hospitalar. A reabili- durante o exercício, permitindo, entre outros aspectos, iden-
tação ambulatorial corresponde à reabilitação após a alta tificar a origem pulmonar ou cardíaca para a dispnéia de esfor-
hospitalar. ço e a determinação do limiar ventilatório, facilitando a pres-
crição do exercício a partir da fase II da reabilitação cardíaca.
Reabilitaçãohospitalar
Muitos dos efeitos deletérios logo após o infarto po- Tabela 1 - Estratificação do risco para a reabilitação cardíaca
dem ser minimizados aplicando-se estresse gravitacional,
Pacientes de baixo risco
colocando o paciente sentado e em pé algumas vezes duran-
Classe I e II da New York Heart Association
te o 2º dia. Embora a redução da capacidade funcional se- Capacidade funcional > 6 METs
cundária ao repouso no leito possa ser evitada também com Ausência de insuficiência cardíaca
exercícios físicos do tipo aeróbio, não há necessidade de Função VE em repouso preservada
Ausência de sinais de isquemia no repouso e em intensidades < 6 METs
que a atividade física seja intensa. Portanto, a fase I de rea-
Elevação pressórica apropriada ao exercício
bilitação pós-infarto do miocárdio segue a estratégia de Ausência de extra-sistolia ventricular complexa
mobilização precoce, sentando o paciente e colocando-o Capacidade de auto-avaliação da intensidade de esforço.
em posição ortostática assistida, realizando movimentação Pacientes de risco moderado
passiva das articulações, complementada, no período mais Função VE em repouso limítrofe
tardio da internação hospitalar, por deambulação. O resumo Classe funcional I e II da New York Heart Association
Capacidade funcional > 6 METs
de um programa de reabilitação fase I, orientado para pacien- Isquemia ou taquicardia ventricular não-sustentada no teste ergométrico.
tes que não apresentam complicações, é apresentado na Pacientes de risco elevado
quadro II. Dois ou mais infartos do miocárdio
As atividades relacionadas no quadro II são supervi- Classe funcional > III da New York Heart Association
sionadas pela equipe de enfermagem e, em alguns centros, Capacidade funcional < 6 METs
Disfunção ventricular esquerda em repouso.
pelas equipes de fisioterapia, atentando sempre para sinais
Depressão do segmento ST > 3 mm ou angina durante o exercício
e sintomas como angina, dispnéia, tonturas, sinais de baixo Queda da pressão arterial sistólica durante o exercício
débito e arritmias. Recomenda-se que o pulso não aumente Episódio prévio de parada cardiorrespiratória
mais do que 20 bpm em relação ao repouso. Da mesma forma, Taquicardia ventricular durante o exercício em intensidade < 6 METs
Incapacidade de auto-avaliação de esforço.
a pressão arterial sistólica deve ser observada, evitando-se
Outras condições clínicas com risco de vida
hipotensão postural.
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A prescrição do exercício em detalhes encontra-se dis- dois subgrupos, quando bem-sucedidos em seus procedi-
ponível no I CONSENSO NACIONAL DE REABILITAÇÃO mentos e, se possuidores de TE sem evidências de isquemia
CARDIOVASCULAR (Fase Crônica). miocárdica, habitualmente demandam menor necessidade
Os efeitos de medicamentos no curso do programa de de programa de exercício supervisionado sob monitorização
reabilitação cardíaca encontram-se resumidos na tabela 2. eletrocardiográfica.
Aceita-se que os pacientes com infarto de parede ante-
Atendimento emergencial e material disponível rior não são mais sujeitos a efeitos deletérios do exercício do
nocentrodereabilitação que os pacientes com infarto em outras áreas do miocárdio.
Muito embora, no passado, tenha sido contra-indicado o
O material mínimo necessário ao atendimento de emer- exercício físico para pacientes com infarto prévio com disfun-
gências médicas, em especial a parada cardiorrespiratória, ção ventricular esquerda, existem evidências de que esses
segundo normatização do Consenso Nacional de Ergometria. pacientes não somente podem ingressar em programas de
reabilitação cardíaca, como são os que mais auferem benefí-
Situaçõesespeciais cios fisiológicos, notadamente da musculatura esquelética.
A prescrição do exercício físico para o paciente após
Alguns subgrupos de coronariopatas (revasculariza- infarto com insuficiência cardíaca é basicamente semelhan-
dos e pós-angioplastia) vêm sendo progressivamente in- te àquela feita para com boa função ventricular.
Idealmente, a prescrição do exercício nesses pacientes
corporados aos programas formais de reabilitação cardíaca,
pode ser mais bem quantificada a partir da determinação do
apresentando os mesmos benefícios fisiológicos e bases
limiar anaeróbio obtido através da ergoespirometria.
para prescrição do exercício físico discutidos anteriormente.
Em condições habituais, a observação clínica da pre-
Do ponto de vista prático existem, contudo, algumas parti-
sença de dispnéia induzida pelo esforço é útil para ajustes
culariedades que devem ser consideradas nessas situações na prescrição de exercício físico nesses pacientes.
específicas. Nos pacientes revascularizados deve-se ade-
quar os exercícios, na fase inicial, às condições da cicatriza- Reabilitação em populações especiais
ção cirúrgica do tórax e dos membros inferiores. Modifica-
ções significativas no comportamento fisiológico ou clínico Doença arterial periférica - O maior objetivo da reabili-
ao exercício físico, como por exemplo, sinais eletrocardio- tação nessa população é o alívio dos sintomas de claudica-
gráficos de isquemia ou precordialgia em nível de esforço ção intermitente. Recomenda-se incluir caminhadas diárias
previamente tolerado, sinalizam uma possível oclusão de intermitentes e progressivas em tempo e distância, tendo
ponte e devem ser prontamente reavaliadas. como fator limitante a dor. Exercícios dinâmicos de grupos
Enquanto a aderência a programa de atividade física, musculares específicos, bicicleta ergométrica, realizados
no paciente pós-angioplastia, não parece alterar a taxa de conjuntamente, são também empregados. Quando se utili-
reestenose, a possibilidade de ser freqüentemente visto por zam ergômetros para os exercícios e são mantidos protoco-
um médico e ter respostas fisiológicas e clínicas monitoriza- los definidos, se observa evolutivamente melhora significa-
das durante o exercício físico pode permitir uma rápida e tiva da capacidade funcional e da distância percorrida sem
objetiva identificação da presença de reestenose. Esses dor em membros inferiores.
Medicação Freqüência cardíaca Pressão arterial ECG (isquemia) Capacidade física Outras
Betabloqueadores - - - + (anginosos)
Nitratos + - - + (anginosos)
Diidropiridina + - - + (anginosos)
Diltiazem - - - + (anginosos)
Verapamil - - - + (anginosos)
Digital - 0 0 +(ICC)
Inibidores ECA e AT1 - 0 0 +(ICC)
Vasodilatador +Antiarrítmicos - 0 0 0
Em geral 0 0 (falso - ) 0
Quinidina + 0 0 + Arritmias
Broncodilatadores Derivados + + + 0 Arritmias
Tireoidianos 0 - 0 0
Ácido nicotínico Demais 0 0 0 0
Hipolipemiantes + 0 + - (anginiosos) Arritmias
Nicotina + + >40g 0 0 Arritmias
Álcool 0 - (falso +) doses altas
Diuréticos 0 0 0 0
Anticoagulantes
Anteagregantes 0 0 0 0
Plaquetários
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Diabete melito - Nessa doença com alta prevalência de nica muscular, em dinâmico e estático. Exercícios dinâmicos
isquemia silenciosa do miocárdio, mormente no pós-infarto, envolvem contrações musculares repetidas contra baixa
o treinamento regular tem sido também indicado como méto- resistência e são bem representados por atividades rítmicas
do não-farmacológico para diminuição da glicose sangüí- como caminhar, correr, pedalar e nadar. Por outro lado, exer-
nea e melhora da tolerância à glicose. Como resultado, tor- cícios estáticos envolvem contrações musculares com
na-se evidente a menor resistência à insulina, além da maior poucas repetições contra resistência elevada. Atividades
capacidade funcional. de força como levantamento de peso exemplificam ativida-
A prescrição do exercício para programas de condicio- des estáticas.
namento não difere usualmente da de pacientes não-diabé- Na prática, a maioria das formas de exercício inclui
ticos, a não ser que sejam classificados como grupos de ris- componentes estáticos e dinâmicos, habitualmente haven-
co, requerendo então programas supervisionados. do predomínio de um sobre o outro. A tabela 3 descreve as
Cuidados especiais em portador de retinopatia pro-
respostas cardiovasculares esperadas a exercícios com
gressiva (hemorragias e descolamento de retina) e neuro-
maior componente dinâmico ou estático.
patia periférica (traumatismo de extremidades insensíveis),
Também é importante salientar que as respostas he-
e neuropatia autonômica (maior risco de arritmias) evitando
modinâmicas são diferentes em exercícios que utilizam pre-
exercícios de alta intensidade e utilizando calçados e prote-
ção especiais. Levar em consideração também o uso de fár- dominantemente os membros superiores quando compara-
macos hipoglicemiantes orais e insulina em relação ao tempo dos àqueles que utilizam predominantemente os membros
de início do exercício e ao local de aplicação dos medica- inferiores16 . A tabela IV descreve essas respostas. A tabela
mentos (distante dos membros em exercício), no caso de V resume os valores de atividades físicas mais freqüentes e
diabetes tipo I. suas equivalências de gasto energético em METs.
Normalmente é mais prático ajustar metabolicamente Outra forma de classificação de exercício físico envol-
esses pacientes quando o exercício é feito no período da ve o tipo de metabolismo energético predominantemente
manhã. Ainda nos pacientes insulino-dependentes, reco- utilizado: aeróbio ou anaeróbio. Exercícios predominante-
menda-se a realização diária de exercícios, levando à maior mente aeróbicos envolvem atividades de baixa intensidade
facilidade para ajuste da dose. e longa duração, enquanto exercícios predominantemente
anaeróbios envolvem atividades de alta intensidade e curta
Insuficiênciacardíaca duração. Grande parte da literatura que dá suporte ao uso do
exercício físico na reabilitação de pacientes pós-infarto do
Procedimento Grau de Nível de miocárdio está baseada em estudos que utilizaram como for-
recomendação evidência ma de condicionamento físico exercícios dinâmicos, aeró-
Reabilitação na insuficiência cardíaca B1 1 bios, que utilizavam predominantemente os membros infe-
riores. Entretanto, a experiência atual indica que exercícios
Pacientes com insuficiência cardíaca por disfunção de componente estático com os membros superiores tam-
sistólica podem apresentar marcada redução da capacidade bém devem ser incorporados aos programas de reabilita-
funcional. Alterações hemodinâmicas acompanham essa ção, desde que utilizando intensidade baixa e número eleva-
redução da capacidade funcional, com incompetência cro- do de repetições.
notrópica e inotrópica, assim como redução do fluxo san-
güíneo para os músculos. As respostas ventilatórias tam-
bém estão alteradas, resultando em aumento custo energé-
Tabela 3 – Equivalentes metabólicos durante atividade física
tico para a ventilação.
Alterações na musculatura esquelética incluem acú- Atividade Mets Estresse mental
mulo de lactato em cargas baixas, redução do tamanho mito-
Vestir 2a3 *
condrial e capacidade oxidativa, atrofia de fibras tipo I, apop- Dirigindo 1a2 ***
tose e respostas metabólicas inapropriadas. Nesses paci- Refeição 1a2 *
entes, o treinamento físico aumenta a capacidade funcional Higiene sentado 1a2 **
Higiene em pé 2a3 **
máxima e submáxima e a magnitude desse aumento é similar Deitado 1a2 **
e adicional àquela obtida com terapia farmacológica. O con- Atividade sexual 3a5 ***
dicionamento físico também induz reversão parcial de alte- Banho 3
rações autonômicas e musculares esqueléticas. Finalmente, Sentado 1a2 **
Caminhada
dados recentes indicam que programas de reabilitação de 1,5km/h 1a2 *
pacientes com miocardiopatia isquêmica resultam em impor- 3km/h 2A3 *
tante aumento da sobrevida. 5km/h 3,3 a 3,5 *
6km/h 3,5 a 4,5 *
Subir escada 4a7 *
Tiposdeexercícios
OBS: variações ambientais amplas (temperatura, umidade e altitude)
modificam o gasto energético.
O exercício físico pode ser classificado, quanto à mecâ-
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Atividade esportiva após o infarto O retorno ao trabalho após episódio de infarto do mio-
cárdio tem importante efeito psicossocial positivo. Entre-
tanto, deve ser feita uma acurada avaliação de variáveis en-
Procedimento Grau de Nível de
recomendação evidência volvidas, como a segurança do paciente e de terceiros, os
requerimentos metabólicos, o grau de estresse emocional,
Atividade esportiva B1 1 os componentes estáticos e a análise de outras eventuais
após IAM condições adversas. O teste ergométrico máximo em esteira
ou cicloergômetro tem papel decisivo no estabelecimento
A decisão sobre a liberação para a atividade desporti- da permissão para o retorno ao trabalho em torno de 30 dias.
va após-IAM é baseada na avaliação clínica e nos resulta- Nos pacientes cuja ocupação envolve exercícios com
dos dos exames complementares, com destaque para a inter- os membros superiores, a avaliação poderá ser complemen-
pretação do resultado do teste ergométrico e para a estra- tada com teste ergométrico realizado com ergômetro especí-
tificação do risco (Tabela 1). fico. Pode ser necessária, em algumas ocasiões, uma com-
Pacientes de baixo risco poderão praticar alguns es- plementação da avaliação com o registro eletrocardiográfico
portes competitivos leves de baixa demanda física anaeró- contínuo pelo sistema Holter.
bia e aeróbia, conforme a tabela 3. Podem ser permitidos al- As atividades da vida de relação podem ser permitidas
guns esportes de maior demanda aeróbia, após reavaliação desde que o paciente tenha possibilidade, avaliada pelo teste
individualizada, como marcha atlética, corridas de média ergométrico, de dispender os requerimentos energéticos para
distância e tênis em dupla. Os pacientes considerados de execução, sem alterações limitantes. A atividade sexual com
moderado e alto risco devem evitar os esportes competiti- a(o) parceira(o) habitual pode ser permitida para os pacientes
vos. Esportes coletivos como voleibol modificado são reco- que no teste precoce apresentem capacidade funcional de
mendados apenas a nível recreativo. O futebol e a bola ao pelo menos 5 METS. Nos pacientes com disfunção erétil, o
cesto não são recomendados. Esportes individuais como o uso de fármacos específicos requer atenção à associação
tênis e squash não são recomendados inicialmente. com nitratos e possibidade de efeitos colaterais.
A prática da natação e hidroginástica merece alguns
cuidados; apesar de ideal para os obesos, pode gerar al- Aspectospsicológicosdareabilitação
guns problemas para o coronariano, como bradicardia refle-
Durante a recuperação de um IAM, o paciente e sua
xa vagal e arritmias complexas; o choque térmico causa es-
família são forçados a fazer um número de reajustes sociais
pasmos arteriais e risco de hipotermia que, para sua corre-
e psicológicos.
ção, causa grande aumento do fluxo sangüíneo para a peri-
A depressão que ocorre após o evento e a ansiedade
feria. A temperatura da água deve estar entre 25° e 27°C (di- são praticamente universais e podem se cronificar, a menos
minuições da FC de até 1 nas temperaturas entre 18° e 22°). que sejam previstos e prevenidos com orientação correta.
Zona-alvo da FC de treinamento, deve ser reduzida em 10 O pavor da morte, novo infarto ou incapacidade de reassu-
batimentos devido ao reflexo vagal de imersão da face. Paci- mir os padrões de vida anterior são comuns e isso deve ser
entes infartados que não possuam prévio domínio da técni- abordado também na reabilitação.
ca natatória devem ser desaconselhados à prática da nata- Em um terço dos pacientes os problemas psicológicos
ção, sendo-lhes permitido a hidroginástica. permanecem sendo uma grande barreira para a reabilitação,
Deve-se prestar atenção para as mínimas modifica- não obstante a melhora física.
ções nos sintomas e sinais ou alterações nos exames de O ambiente onde se realiza o programa de reabilitação
reavaliação indicativos da progressão da doença ateroes- deve proporcionar uma atmosfera adequada para motivar o
clerótica coronária. paciente a se adaptar a um estilo de vida mais saudável, no
A reestratificação pode modificar o nível de risco, controle da ansiedade e depressão. Quando da existência de
quantificando a outras possíveis atividades esportivas. Os situações graves ou limitações funcionais, o interesse da
pacientes com infarto prévio e submetidos a procedimentos equipe e motivação para oportunas intervenções auxiliam a
de revascularização devem ser considerados de moderado situação emocional. Ao ser liberado do hospital, o paciente
e alto risco para fins de atividade esportivas, sendo-lhes deverá receber informação sobre a doença, história natural e
indicado reavaliações periódicas entre 6 e 12 meses. as possibilidades de tratamento a longo prazo. O cônjuge deve
Aos pacientes, mesmo de baixo risco, deve ser desa- estar envolvido em todas as etapas da reabilitação. A melhora
conselhada a atividade competitiva, notadamente até 6 me- psicológica marcante pode ser o aspecto mais notável de um
ses após o evento. Após esse período, não há evidências programa de reabilitação e tem capacidade suficiente para inte-
grar o paciente no meio social o mais rápido possível.
que apoiem a contra-indicação.
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pação do médico assistente na cessação de fumar é de gran- O aumento da atividade física melhora à sensibilidade
de importância. a insulina, podendo previnir o diabete melito tipo II.
O sucesso de tratamento tem sido alcançado mesmo Dois estudos de coorte demonstraram que atividade fí-
naqueles indivíduos ditos refratários, utilizando ou não dis- sica regular previne o desenvolvimento de hipertensão (reco-
cos de nicotina transdérmica, mas sempre relevando a im- mendação grau B classe 4). Embora exercício físico seja reco-
portância desse fator de risco na progressão da aterosclero- mendado com o tratamento não-farmacológico da HAS, existe
se. A cessação de fumar após o infarto miocárdio pode redu- controvérsia quanto à sua eficácia (grau B2, classe 3).
zir a mortalidade em 50% dos casos. Evidências recentes su-
gerem que programas de atividade física associados a inter- Custo-efetividadedareabilitação
venções comportamentais facilitam a cessação de fumar.
A alocação de recursos de intervenção em saúde pú-
Eficáciadareabilitaçãocardíaca blica, como a reabilitação cardíaca após infarto agudo do
miocárdio, requer abordagem clínica e econômica. O benefí-
cio clínico da reabilitação inclui 25% de redução da mortali-
Procedimento Grau de Nível de
recomendação evidência dade global presumivelmente associada a alterações de con-
trole dos fatores de risco coronarianos. No nosso meio não
Eficácia da Reabilitação A 2 estão ainda disponíveis dados econômicos, porém as publi-
cações internacionais nos dão conta em classificar a reabilita-
A eficácia da reabilitação após infarto agudo do mio- ção cardíaca em intervenção < $ 5.000/ QUALY ( valor em
cárdio pode ser estimada através dos índices de qualidade US$ por ano de vida ganho ajustado) – (Grau A, classe 2).
de vida, de aptidão física estimada e mortalidade a qual, ava- Comparado com outras intervenções após infarto agudo do
liada por metanálise, mostra redução em torno de 25%. A miocárdio, como revascularização miocárdica, trombólise, tra-
capacidade funcional avaliada pelo pico do consumo de tamento com β-bloqueadores, inibidores da enzima de con-
oxigênio (VO2 pico), após em média oito semanas do início versão, estatinas e antiplaquetários, somente a cessação do
do programa de reabilitação, eleva-se entre 10 e 30%. Por- tabagismo é mais custo-efetiva do que a reabilitação cardíaca.
tanto, a indicação de reabilitação de reabilitação cardíaca
após infarto tem um grau de recomendação A-2. Adesão aos programas de reabilitação
Influênciadoexercícioregularnosfatoresde O sucesso do qualquer intervenção preventiva secun-
riscocoronarianos dária está diretamente relacionado à aderência ao tratamen-
to. Os índices de aderência aos programas de reabilitação
Procedimento Grau de Nível de cardíaca após infarto agudo do miocárdio excedem 80% nos
recomendação evidência três primeiros meses, caindo para 60 a 71% ao sexto mês,
Triglicerídeos A 2 60% aos 12 meses e 30 a 40% entre o 2º e 4º ano. A insistên-
Colesterol A 2 cia do médico assistente e a integração da equipe multidisci-
Hipertensão prevenção B 4
plinar ao atendimento aos pacientes através de esclareci-
Hipertensão controle B2 3
mento e controle dos vários fatores de risco têm mostrado
maior efetividade na adesão ao tratamento. Freqüentes do-
De importante aplicação na prevenção secundária da sagens do colesterol sanguíneo, levantamento de hábitos
doença arterial coronariana, o controle dos fatores de risco
alimentares através de entrevistas e questionários, controle
coronarianos através do exercício visa a melhorar o prog-
dietético e terapêutico da dislipidemia, controle do tabagis-
nóstico e retardar a progressão de patologias limitantes.
mo, da pressão arterial e do peso corporal ajudam a adesão
Como intervenção isolada, o condicionamento físico
ao tratamento.
pode afetar positivamente alguns dos mais importantes fa-
tores de risco.
Uma metanálise de 95 estudos, muitos dos quais não
Conclusões
eram estudos clínicos randomizados, concluiu que o exercí-
Aumento da capacidade funcional, redução de sinto-
cio determina uma redução de 6,3% do colesterol total,
10,1% do LDL colesterol e de aumento de 5% no HDL co- mas, benefício psicológico, auxílio no controle de fatores de
lesterol. Aparentemente, as intensidades de exercício ne- risco, retorno mais precoce ao trabalho 27 e aumento da so-
cessárias para melhoras modestas no perfil lipídico não são brevivência justificam o emprego sistemático da reabilita-
tão elevadas quanto aquelas necessárias para aumento da ção no tratamento do IAM, em todas as suas fases, consi-
capacidade funcional. derando sua excelente relação custo/efetividade.
Por outro lado, a atividade física regular associada à A orientação fundamental a ser dada pelo cardiologista
perda de peso corporal tem resultado em redução significa- ao seu paciente é de que reabilitação após o infarto não se li-
tiva de triglicerídeos ( recomendação A-2 ). Obesidade é um mita a programas formais e sofisticados, mas a uma mudança
fator de risco que influencia negativamente outros fatores do estilo de vida, abrangente em relação aos fatores de risco
de risco. O exercício, isoladamente, pode não afetar a perda controláveis, e marcada convivência com movimentos de
de peso, sendo a intervenção dietética mandatória. qualquer espécie em relação às atividades cotidianas.
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