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CARMA: Punição ou Reequílibrio?

03/01/2006

Nós sabemos o que seja carma? Por que, parece que carma virou
explicação para todo problema, toda situação triste ou infeliz na vida das
pessoas. Mas quem é esse tal de carma? De onde ele vem?
Inicialmente, é importante entender, que não devemos nos prender
demais ao conceito de carma. Essa é uma posição da filosofia oriental
que tem aproximações com a Lei de Causa e Efeito apresentada pelo
Espiritismo, mas há distinções em relação ao entendimento disso na
prática.
Quando se usa o termo carma, há uma conotação de fatalidade,
enquanto que a Doutrina enfatiza a possibilidade de minimizar ou até
eliminar as ocorrências de sofrimento, mediante uma ação positiva no
bem.
Carma, meus irmãos, ao invés de ser um castigo como muitos pensam,
é sinônimo de reequilíbrio.

E a vida material é a maravilhosa e insubstituível escola que possibilita


que aprendamos e tomemos consciência das nossas atitudes erradas
nesta e em vidas pretéritas.

Mas como é que o carma aparece? Do nada? Em um passe de mágica?


Não! O Princípio do Livre Arbítrio dá ao homem o direito de escolher
seus caminhos, de ser o autor de sua história, o construtor do seu
destino. Entretanto, o Princípio de Causa e Efeito, Plantação e Colheita,
torna o homem refém de seus atos, das suas escolhas.
Nós construímos nosso carma, no exercício do nosso livre arbítrio, na
escolha de nossas opções. E optar, não é o que sempre estamos
fazendo? Ajudo ou prejudico? Cuido da minha saúde ou me vicio em
drogas? Sou amigo ou inimigo? Prego a paz ou fico criando intrigas?
Elogio ou critico? Trabalho ou fico ocioso? Construo ou quebro? São as
nossas escolhas! Nossas decisões!

Nós, meus queridos irmãos, somos os únicos responsáveis pela escolha


do nosso caminho. O problema, é que, após a escolha, temos que trilhar
pelo caminho escolhido!

Útil, não é necessariamente aquele que quando está na erraticidade,


solicita reencarnar como um deficiente, para purgar atitudes
equivocadas. Muito mais importante é aquele que procura, quando está
encarnado, adquirir condições para, na próxima vez, reencarnar perfeito,
para auxiliar, construtivamente, os seus irmãos.
A expiação, muitas vezes, por conta de uma visão distorcida, soa como
castigo divino. Mas, nós, espíritas, sabemos e devemos demonstrar pelo
exemplo, que as deformidades físicas não estão punindo, mas
eliminando as deformidades perispirituais, que causamos anteriormente.
Podemos atenuar, ou mesmo eliminar, as situações cármicas? Sim, por
atos de amor.

Cabe a nós demonstrarmos “que o amor cobre uma multidão de


pecados”. As pessoas quando enfrentam uma situação difícil, seja ela
física, financeira ou psicológica e que não sabem, não conseguem, nem
desejam modificá-la, enfrentando-a, costumam dizer:

– Não posso mudar. É meu carma. Eu sou assim! É a anestesia da


consciência! É o famoso complexo de Gabriela! Sabem aquela música?
Eu nasci assim, eu cresci assim, eu vivi assim... E com isso, tenta
esquecer que a sua obrigação é mudar! É progredir!
Dentro desta verdade divina, não existe o perdão de Deus, pois
recebemos segundo o que obrarmos, ou seja, segundo o que fizermos.
Deus não nos criou para nos punir! Deus é amor... e o Carma não é
punição Divina: é conseqüência retificadora.

Considerando que a Lei de Causa e Efeito, é uma Lei Divina, e que as


Leis Divinas foram escritas por Deus, conclui-se que: “Na natureza não
há prêmios ou castigos. Há conseqüências”!

A falsa noção de carma inflexível, nos conduz a dois grandes erros. Um é


que o Espiritismo, prega ou endossa a necessidade da dor; isto não é
verdade.
A dor só seria uma necessidade, se o Espiritismo pregasse que todos
deveríamos ser um grupo de masoquistas! O que a Doutrina dos
Espíritos demonstra com clareza, é a utilidade da dor, quando
persistimos no egoísmo, no orgulho, na vaidade e demais defeitos
lesivos à comunhão de solidariedade com os semelhantes. A dor não é
uma criação divina. A dor é criação de quem sofre!

O outro erro é a crença de que a Doutrina Espírita, aconselha o


conformismo diante da “má sorte”; isto também não é correto; o que ela
ensina é a resignação, atitude bastante diferente, adequada para nos
fazer aceitar sem desespero aquilo que não podemos mudar.
Compreendamos, o carma como espécie de conta corrente das ações
que praticamos no Banco deste mundo, onde há séculos caminhamos
endividados, cadastrados no SPC da vida, pela constante emissão de
cheques sem os necessários fundos de bondade, caridade, amor, etc...
Resgatemos nosso débito, limpemos o nosso nome no SPC, emitindo
cheques com a devida provisão de fundos e isso é possível, através da
prestação de serviços de caridade ao próximo, e estejamos convencidos
de que, dessa forma, tanto economizaremos lágrimas, como
conquistaremos um bom saldo de felicidade!

“Aquele que muito amou foi perdoado, não aquele que muito sofreu.” O
amor é que cobriu, isto é, resgatou a multidão de pecados, não a
punição ou o castigo.

Transformar ações, amando, é alterar nosso carma para melhor,


atraindo pessoas e situações harmoniosas para junto da gente. É, em
última instância, a nossa indispensável e indelegável reforma íntima!
Nós decidimos, nós plantamos e nós colhemos!

Nossa vida é simplesmente o reflexo das nossas ações. Se queremos


mais amor no mundo, criemos mais amor no nosso coração.
Se queremos mais tolerância das pessoas, sejamos mais tolerantes.
Se queremos mais alegria no mundo, sejamos mais alegres.
Nossa vida não é uma sucessão de coincidências, de acasos, nossa vida
é a simples conseqüência de nós mesmos!!!

Agnaldo Cardoso

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