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CURSO PARA

CATECUMENOs
profissão de tée batismo
0 gue vocG prccis2 Saber antes.da

11
Ediçao

ADÃO CARLOS NASCIMENTO


teAMOISEO
KAe A tooe euss

CURSO PARA
CATECUMENOS

calton
CURSO PARA
CATECUMENODS
AUTOR
Adão Carlos Nascimento

EDITOR REPONSÁVEL
Alberto José Bellan

REVISÃO
Juana del Carmen C. Campos

CAPA, PRODUÇÃO E DIAGRAMAÇÃo

GRUPO z3
dTel. comunlcagh
19-3455.7422

IMPRESSAO E ACABAMENTO
Associação Religiosa
Imprensa da Fé SP -

Dados Internaclonais de Catalogação na Publcação (CIP)


(Camara Brasilelra do Livro, SP Brasi)

Nascimento, Adão Carlos


Curso paa catecúmenos:o que vocè precisa saber antes da prolis
sáo de fë batismo| Adão Carlos Nascimento. Santa Bárbara dOeste,
-

SP:23 Editora, 2008.


Bibliografia.

1. Batismo 2. CateCumenato 3. Catecumenos 4. Educação Crista


5. Fé 1. Titulo.

08-09661 CDD-265.1
Indice para catálogo sistemálico:
1. Catecumenato Iniciação Cristä : Cristianismo 265.1
.

FRaMeusco LABTDT
6: lo0RIGuCS

CURSO PARA
CATECUMENOS
O que você precisa saber antes da profissão dc fé e batismo

ADÃO CARLOS NASCIMENTO

23 eaitona
CURSO PARA
CATECUMENOS

11 EDiçAOo
SETEMBRO DE 2014

cOPYRIGHT 2008
por 23 Editora

Todos os direitos reservados e


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livro, sem autorização prévia por
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www.z3ideias.com.br
SUMÁR10
09
Como Utilizar Este Livro....
Abreviatura dos Nomes dos Livros da Biblia.. 10 12
Abreviaturas de Textos Bíblicos...

Estudo n1- PROFISSO DE F . 15


Oque é Profissão de Fe 16
O 17
Intelecto... ****"

A Emoção.. .8
A Vontade.. 20
Conclusão.. 22

Estudo n 2- A BIBLIA SAGRADA..


A Revelação.. 25
A Inspiração... 27
A Iluminação.. .29
Conclusäão. 30

Estudo n3 -
DEUS.. 33
Os Nomes de Deus.
A Trindade.. *****
. .34
36
37
Os Atributos de Deus.
Conclusão .. 39
Estudo n®4 O HOMEM.. 43
A Criação do Universo. 43
A Criação do Homem...*******. .45
A Queda do Homem.. .48
Conclusão ***** 49
Estudo n® 5 -OPLANO DE SALVAÇÃO.. 53
Pecado e Castigo... ****** 54
A Obra Redentora de Cristo.. 55
Arrependimento e Fé... .56
Conclusão.... 57
5
CURSO PARA CATECÚMENOS

Estudo n® 6 - OOUTRCO LADO DO PLANO


DE SALVAÇÃO .... *****. 61
A Predestinação
eo Chamado para a Salvação... "*******.. b1
A Regeneração e a Conversão
. 64
A Justificação e a Segurança do Salvo... 67
Conclusão... ********* .... 69
n
Estudo 7- COMO SURGIUO
PRESBITERIANISMO... ****** .73
A lgreja Primitiva..
A Reforma Protestante...
************
74
75
O Presbiterianismo... .76
Conclusão.. ****"*************** .78

Estudon8- A IGREJA PRESBITERIANA


DO BRASIL.. *************************************. .81
História. *** ************* *************
82
Sistema Doutrinário... ***************.*************u**** 85
Govern0.. **** ****. .85
Conclusão. a******.a* .89

Estudo n?9 O BATISMO CRISTAO. 93


-

O Significado do Batismo.
Batismo por Imersão.
******************************
.94
*****
******** .96
O Batismo por Aspersão.. .99
Conclusão... 101
Estudo n 10- O BATISMO DE CRIANÇA ********* 105
O Batismo e a Circuncis0.
O Batismo de Criança no
.105 *******************

Novo Testamento.. 108 ****************"

Os Benefícios do Batismo de Criança.. 111


Conclusão..
**************************** *i 112

Estudo n11 A SANTA


A Páscoa.
CEIA.. *. 117

A Instituição da Santa Ceia. . 117


119
SUMÁRIO

A Presença de Jesus
nos Elementos da Ceia.... ********120
Os Benefícios da Participação na Ceia.121
Conclusão .. .. 123

Estudo n12 DÍZIMO E OFERTAS.. 127


O Dizimo no Antigo Testamento.. 127
O Dízimo no Novo Testamento. 128
As Ofertas no Antigo e no
Novo Testamento... 129
Bênçãos Decorrentes do Dízimo e
das Ofertas.. 130131
Conclusão.

Estudo n 13 A VIDA DEPOIS DESTA VIDA... 135


135
A Segunda Vinda de Cristo
..
A Morte ea Ressurreição....
137 138
O Juízo Final e o Destino Eterno.
140
Conclusão..
Bibliograia .143
8
CURSO PARA CATECÚMENOS

COMO UTILIZAR ESTE LIVRO


Este livro contém um curso preparatório para os candi
datos à pública profissão de fé e batismo. Ele pode ser utilizado
para estudo em classe ou individual.
ESTUDO EM CLASSE

1. A classe poderá funcionar no horário da Escola


Bíblica Dominical ou em outro horário, a critério do pastor da
igreja.
Na primeira aula o professor ensina o conteúdo do
2.
primeiro estudo. Durante aquela semana o aluno estuda a
lição, os textos bíblicos indicados para leitura e faz o exercício
o
para fixação da matéria estudada. Na aula seguinte professor
corrige o exercício e ensinao conteúdo do estudo n° 2. E assim
sucessivamente até o estudo n° 13.
3. Os textos biblicos indicados para a leitura trazem a
base biblica do estudo. E o exercício para a fixação da matéria
estudada se constitui num resumo do estudo. Portarnto, o aluno
só terá umbom aproveitamento se estudar cuidadosamente os
textos bíblicos e responder às questões do exercicio. Se o aluno
tiver dificuldade para responder as questões, deve estudar
novamente a lição, pois todas elas estão bem claras no texto
do estudo.
respeitar a seguinte ordem: primeiro
4. Oprofessor deve
o conteúdo do estudo deve ser ensinado em classe, depois o
aluno estuda a lição e responde o questionári0.
CURSO PARA CATECUMENOS

ESTUDO INDIVIDUAL

Primeiro o aluno deve fazer a leitura de todo o con


1.
teúdo do estudo na1. A seguir, deve fazer uma segunda
leitura examinando as referências bíblicas.
2. Após estudar cuidadosamente a lição, o aluno deve
fazer o exercício para fixação da matéria estudada. Se tiver
dificuldade em alguma questão, deve estudar novamente a
lição.
indicados para leitura devem ser
3. Os textos bíblicos
estudados cuidadosamente, pois trazem a base bíblica da
lição.
4. O estudo deve ser feito na sequência em que aparece
neste livro: primeiro o estudo n 1; depois o n* 2; e assim, su-
cessivamente, até o último. Pois cada estudo é uma sequência
do anterior, embora o assunto seja diferente.
5. Caso tenha dúvida, consulte o pastor de sua igreja.

ABREVIATURA DOS NOMESS


DOS LIVROS DA BÍBLIA
Neste curso usamos a Biblia Sagrada, traduzida em
portugués por João Ferreira de Almeida, edição revista e
atualizada no Brasil, editada pela Sociedade Biblica do Brasil.
Se a sua Bíblia é de uma edição diferente, procure
adquirir a edição acima mencionada para acompanhar o
curso.
As abreviaturas dos nomes dos livros da Bíblia Sagrada,
edição revista e atualizada no Brasil, são as seguintes:

10
CURSO PARA CATECÜMENOS

ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTAMENTO


Abreviatura Nome do livro Abreviatura Nome do Livro
Ag Ageu Ap Apocalipse
Am Amós At Atos dos Apóstolos
Ct Cantares CI Colossenses
1 Cr 1 Crônicas 1 Co 1 Coríntios
2 Cr 2 Crônicas 2 Co 2 Coríntios
Dn Daniel Ef Efésios
Dt Deuteronômio Fm Filemomn
Ec Eclesiastes Fp Filipenses
Ed Esdras GI Gálatas
Et Ester Hb Hebreus
Ex Exodo Jo João (Evangelho)
Ez Ezequiel 1
Jo 1 João (Epístola)

Gn Gênesis 2Jo 2 João (Epístola)


Hc Habacuque 3 Jo 3 João (Epístola)
Is Isaías Jd Judas
Jr Jeremiass Lc Lucas
J6 J6 Mc Marcos
Joel Mt Mateus
Jn Jonas 1 Pe 1 Pedro
Js Josué 2 Pe 2 Pedro
Jz Juizes Rm Romanos
Lm Lamentações 1Ts 1 Tessalonicenses
Lv Levitico 2 Ts 2 Tessalonicenses
MI Malaquias Tg Tiago
Mq Miqueias 1 Tm 1 Timóteo
Na Naum 2 Tm 2 Timóteo
Ne Neemias Tt Tito
Nm Números
Ob Obadias
Os Oseias
Pv Provérbios
1 Rs 1 Reis
2 Rs 2 Reis
Rt Rute
SI Salmos
1
Sm 1 Samuel
2
Sm 2Samuel
Sf Sofonias
Zc Zacarias
11
GURSO PARA CATECUMENOS

ABREVIATURAS
DE TEXTOS BÍBLICOS
As abreviaturas de textos da Bíblia Sagrada, edição
revista e atualizada, são escritas assim:
1. Primeiro, a abreviatura do nome do livro. Por exemplo:
Gn (Gênesis)
2. A seguir, o número do capítulo, seguido do ponto.
Porexemplo: Gn 1. (Génesis, capítulo 1). Quando a abreviatura
indica apenas o capitulo, não é necessário colocar o ponto. Por
exemplo: Gn 1 (Gênesis, capítulo 1)
3. Após o ponto, vem o número do versículo. Por exem-
plo: Gn 1.26 (Gênesis, capitulo 1, versículo 26).
4. Se o texto citado contém mais de um versículo, a in-
dicação é feita assim:
a) se forem dois versículos, os números devem ser
separados por vírgula. Por exemplo: Gn 1.26,27
Gênesis, capitulo 1, versículos 26 e 27). A vírgula
deve ser lida como e.
b) se forem mais de dois versículos, um imediata-
mente depois do outro, os números devem ser
separados por um hífen(). Por exemplo: Gn 1.26-28
(Gênesis, capitulo 1, versiculos 26 a ou até 28). O
hífen deve ser lido como a ou até.
c) se os versículos estiverem longe um do outro, os
números devem ser separados por vírgula. Por
exemplo: Gn1.26,31 (Gênesis, capítulo 1, versículos
26 e 31).
5. Resumindo:
a) todo número seguido de ponto indica capítulo;
b) todo número seguido de vírgula ou de hifen indica
versículo;
ca virgula é lida como e;
d) o hifen é lido como a ou até.
12
CURSO PARA CATECUMENOS

6. Alguns exemplos
a) Gn 1 (Gênesis,capítulo 1)
b) Gn 1.2 (Gênesis, capítulo 1, versículo 2)
)Gn 1.2,3 (Gênesis, capítulo 1, versículos 2e3)
d) Gn 1.2-4 (Gênesis, capítulo 1, versículos 2 a 4 ou 2
até 4)
e) Gn 1.2-4,8 (Gênesis, capítulo 1, versículos 2 a 4 e
versículo 8)
f Gn 1.26-2.4 (Genesis, capítulo 1, versículo 26 até
capitulo 2, versículo 4).

AS respostas para as questões deste livro


estãono site da Z3 Editora
www.z3ideias.com.br/.cursoparacatecumenos

13
14
Estudo n1
PROFISSÃO DE FË

Texto básico: Atos 8.26-40

eus não foi surpreendido pelo pecado de Adão e


Eva. Deus é onisciente - ele conhece todas as
coisas do presente, do passado e do futuro.
Aguem, entao, pode perguntar: Se Deus sabia que o ho-
mem ia pecar, por que não impediu que isso acontecesse?
A resposta sincera é que no sabemos por que Deus no
impediu o homem de pecar. Mas sabemos que o riador
não ficou indiferente à triste situação da raça humana. Ele
providenciou os instrumentos necessários para a salvação
da humanidade. Ea Escritura Sagrada mostra que Deus pro-
videnciou a solução para o problema do pecado antes que o
ser humano se tornasse pecador. "O Pai, o Filho e o Espirito
Santo, antes que o mundo existisse, planejaram juntos a sal-
vação dos pecadores. Neste plano, Deus, o Pai, devia enviar
seu Filho ao mundo para resgatá-lo; Deus, o Filho, haveria de
vir voluntariamente ao mundo para se tornar merecedor da
salvação por sua obediência até à morte; e Deus, o Espírito,
aplicaria a salvação aos pecadores, instilando neles a graça
renovadora".1
O plano de Deus inclui tanmbém uma organização para
reunir e congregar seu povo. No princípio essa organização
era a família. Podemos citar como exemplo a família de Jó.
O patriarca, além de chefe, era também o lider religioso da
familia. Ele "... levantava-se de madrugada e oferecia holo-
causto segundo o número de todos" os seus filhos (dó 1.5).
Mais tarde surgiu a nação israelita, que passou a ser a insti-
tuição que reunia e congregava o povo de Deus. E, após a
1
R. B. Kuiper, Evangelização Teocêntrica, p.7.

15
CURSO PARA CATECUMENOS

vinda de Jesus ao mundo, a Igreja passou a ser a organização


que arrebanha e congrega o povo de Deu5.
Para fazer parte da lgreja a pessoa precisa tazer a sua
pública profissão de fé e receber o batismo.

O QUE E PROFISSÃO DE F
Mas, o que é profissão de fé?
Na mais simples e primitiva forma, profissão de fé é a
declaração pública, feita por aquele que crê que Jesus Cristo é2
o Filho de Deus./A primeira pessoa a fazer essa declaração foi
oapóstolo Pedro. Diante de Jesus, ele declarou: "Tu éso Cristo,
o Filho do Deus vivo" (Mt 16.16).
Na história de Filipe e o eunuco temos um exemplo da
profissão de fé e batismo. O eunuco era tesoureiro do reino da
Etiópia. Viera a Jerusalém adorar. E quando regressava ao seu
país, foi evangelizado por Filipe.
"Seguindo eles canminho fora, chegando a certo lugar
onde havia água, disse o eunuco: Eis aqui água; que impede
que seja eu batizado?" (At8.36). Certamente Filipe tinha falado
também sobre o batismo.
"Filipe respondeu: é licito, se crês de todo o coração. E,
respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de
Deus. Então mandou parar o carro, ambos desceram à água, e
Filipe batizou o eunuco" (At 8.37,38).
Todo aquele que crê deve confessar publicamente a sua
fé. Quanto a isto, o apóstolo Paulo deixou a seguinte instrução:
"Se, com a tua boca, confessares a Jesus como Senhor e, em teu
coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Porque como coração se crê para a justiça e coma boca
se confessa a respeito da salvação" (Rm 10.9,10).
As igrejas evangélicas, obedecendo ao ensino bíblico,
exigem que aqueles que desejam ser membros da igreja façanma
profissão de fé. Neste ato solene, a pessoa declara publicamente
crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que veio ao mundo
morrer numa crz para pagar pelos nossos pecados; afirma
sua convicção de que a Escritura Sagrada é a única regra de fé
e prática dada por Deus ao seu povo e assume compromissos
com a igreja. Se o professando ainda não foi batizado numa
16
ESTUDO N® 1
PROFISSÃO DE FE

igreja evangélica, ele recebe o batismo logo após a profissão de


fé; se já foi batizado, é declarado membro da igreja, com todos
os direitos e deveres.
Na profissão de fé estão presentes três elementos: inte-S
lecto, enmoção e vontade.
William Bright comparou o nosso relacionamento com
Jesus Cristo ao casamento. Na uniäo matrimonial, do ponto de
vista ideal, estão incluídos o intelecto, a emoção e a vontade. O
intelecto é usado para avaliar se a pessoa com quem se pretende
casar é a pessoa certa. A emoção envolve a pessoa levando-a
a amar o(a) escolhido(a) de todoo seu coração. E por um ato
de vontade os dois se comprometem, perante a autoridade
competente, a viver com0 maridoe mulher.
A seguir, veremos como esses três elementos se expres-
sam na profissão de fé e na identidade do verdadeiro cristão.

O INTELECTO

Quando os saduceus tentaram contestar a ressurreição


dos mortos Jesus lhes respondeu: "Errais, não conhecendo as
Escrituras nem o poder de Deus" (Mt 22.29). Em outra oca-
sião, Jesus desafiou os judeus, dizendo-Ihes: "Examinais as
Escrituras, ... são elas que testificam de mim" (Jo 5.39). E Lucas
declarou, no prefácio do seu evangelho, ter feito "acurada in-
vestigação de tudo desde sua origem," para que o leitor tenha
"plena certeza das verdades" registradas por ele (Lc 1.1-4). Isso
mostra que a fé cristé convicção baseada em fatos reais. Não
é salto no escuro.
O apóstolo Paulo citou a profecia de Joel de que "todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" g1 2.32); e,
a seguir, perguntou: "Como, porém, invocarão aquele em que
não creranm? E como crerão naquele de quem nada ouviram?
(Rm 10.14). Com isto ele estava afirmando que, para servir a
Deus, é necessário conhecé-io. A conversa de Jesus com a mu-
lher samaritana também aponta nessa mesma direção. Quando
a mulher quis tratar da questão relacionada com o lugar de
adoração, Jesus lhe disse: "Vós adorais o que não conheceis,
nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem
17
CURSO PARA CATECUMENOS

dos judeus" (Jo 4.22). Implicitamente Jesus estava declarando


que a adoração dos samaritanos não era correta porque eles a s
taziam na ignorância.
Para ser verdadeiramente crist a pessoa precisa saber
o que isto significa. Precisa conhecer pelo menos os pontos
fundamentais da fé crist.
Tentar servir a Deus na ignoråncia pode ser desastroso.
Jesus declarou que pessoas matariam seus servos, julgando com
isto estarem prestando um culto a Deus (Jo 16.2). E o apóstolo
Paulo testemunhou que os judeus de sua época tinham "zelo
por Deus, porém não com entendimento" (Rm 10.2). Aignorân
cia os levava a se afastarem de Deus, mesmo quando julgavam
servi-lo.
Certa vez um senhor me disse que gostaria de ser cren
te, mas não conseguia. E explicou a sua dificuldade, dizendo:
"Eu sei que para ser crente a gente precisa acreditar, mesmo
sabendo que aquilo não é verdade, mas eu no consigo fazer
isso". Ele estava inteiramente enganado. "Acreditar naquilo
que a pessoa sabe não ser verdade" é ser supersticioso, e não
Crente. "A fé éa certeza de cousas que se esperam, a convicção
de fatos que se não veem" (Hb 11.1). A fé vê o invisível, mas
não o inexistente. Nós somos chamados a crer naquilo que Deus
nos revelou em sua Palavra. Não podemos crer em nada que
va além dessa P'alavra, pois a recomendação biblica, através do
apóstolo Paulo, éesta: "Mas, ainda que nós, ou mesmo um anjo
vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos
temos pregado, seja anátema. Assim como já dissemos, e agora
repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele
que recebestes, seja anátema" (Gl 1.8,9). Por isto, quem deseja
ser membro da igreja precisa ter o conhecimento dos pontos
fundamentais da fé crist.

A EMOÇÃo

Oconhecimento intelectual dos fundamentos da fé crist


é muito importante, mas insuficiente paraa salvação. A Escri-
é
tura Sagrada fala muitas vezes sobre o conhecer, referindo-se
ao conhecimento experimental. Conhecer a Jesus, no sentido
bíblico, implica necessariamente em ter experiência com Jesus.
18
ESTUDO NO 1 PROFISSO DE FE

Este é o lado emocional do conhecimento de Deus. E ele que


nos leva a um envolvimento com Jesus. E através desse envol-
vimento que nós nos alegramos com o Senhor e no Senhor, e
também nos entristecemos com o que entristece o Senhor. 0
Salmo 119.136 e Atos 11.23 ilustram esse envolvimento emo-
cional do cristão nas vitórias e vicissitudes da causa de Deus
no mundo. No primeiro texto o salmista declara: "Torrentes
de água nascem dos meus olhos, porque os homens não guar
dam a tua lei". No segundo texto temos o registro da alegria
de Barnabé, ao ver que os gentios também se convertiam ao
Senhor.
Um outro aspecto desse conhecimento emocional e o
amor. Para ser verdadeiramente cristão, não basta saber que
Jesus é o Filho de Deus que veio ao mundo para nos salvar. E
necessário mais. E preciso anmá-lo de todo o coração. Ele mes-
mo disse: "Aquele que me ama, será amado por meu Pai, e eu
também o amarei e me manifestarei a ele" (Jo 14.21). E quanto
à intensidade deste amor, ele afirmou o seguinte: "Quem ama
seu pai ou sua me mais do que a mim, não é digno de mim;
quem ama seu ilho ou sua filha mais do que a mim, não é
digno de mim" (Mt 10.37).
Aqui também está uma área que deve ser tratada com
muito cuidado. O amor é um sentimento; portanto, faz parte
das nossas emoções. MaS a intensidade do nosso amor no
pode ser medida pela intensidade de nossas emoções.
A emoção é um sentimento ou reação a um evento ou
experiência. Emocionalmente as pessoas reagem de maneira
diferente. Assistindo ao mesmo acontecimento ou participando
da mesma experièência, as pessoas podem reagir de maneira
bem diferente. O eunuco, ao ouvir o Evangelho de Jesus Cris-
to, creu e pediu para ser batizado. Tudo naturalmente, sem
grandes emoções. Mas o carcereiro de Filipos experimentou
um turbilhão de emoções. Lucas registrou que ele "... entrou
precipitadamente e, trêmulo, prostrou-se diante de P'aulo e
Silas" (At 16.29). O eunuco e o carcereiro tiveram experiências
e emoções diferentes; mas a conversão de ambos foi autêntica.
Não existe um padrão para medir as emoções de uma
pessoa diante do Evangelho de Jesus Cristo. Algumas têm.
19
CURSO PARA CATECÜMENOS

uma experiência de conversão fortemente emocional. Outras


têm uma experiência sem grandes emoções, mas igualmente
real. Alguns têm uma vida crist cheia de manifestações
emocionais; outros têm uma vida crist sem grandes arroubos
emocionais, mas igualmente sincera e autêntica. O verdadeiro
crente tem um envolvimento emocional com o Senhor Jesus,
mas não vive de emoções. O crente que precisa de emoções
para manter a sua fé estará sempre insegurO, porque as emo
ções são muito instáveis e, também, porque sempre precisará
de emoções mais fortes para não cair na rotina, no trivial e no
desanumo.Oque de fato evidencia a intensidade do amor que2
a pessoa tem por Jesus Cristo, são os seus atos (Mt 7.15-23).
Quem ama a Jesus deve provar isto através de suas palavras
e seus atos.

A VONTADE

Além do intelecto e das emoções, o ser verdadeiro cristão


envolve também a vontade. Chamamos de vontade a faculdade
que leva a pessoa a querer alguma coisa e a se comprometer com
aquilo que quer. E a capacidade de agir com intencionalidade
definida.
Para ser verdadeiramente crist, a pessoa precisa assumir
com Jesus Cristo um compromisso de fé. Neste compromisso,
a pessoa crê que o sacrificio de Jesus é suficiente para perdoar
todos os seus pecados; por isso, entrega a Jesus o destino eterno
de sua alma, e se dispõe a, dia-a-dia, procurar viver de acordo
com os seus ensinos.
Mas a decisão de seguir a Jesus não é to simples como
possa parecer. Ela implica numa tomada de posição radical.
Jesus exige que ela seja radical. Lucas registra que Jesus "dizia
a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue,
dia a dia tome a sua cruze siga-me" (Lc9.23). Na instrução aos
doze apóstolos, Jesus declarou: "Quem ama seu pai ou sua mãe
mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama seu filho
ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim; e quem
não toma a sua cruz, e vem após mim não é digno de mim"
(Mt 10.37,38).
20
ESTUDO N91 PROFISSÃO DE FË

Essas declarações de Jesus foram colocadas em prática


várias vezes. Nicodemos, líder entre os fariseus, membro da
mais alta corte de justiça da Judeia, procurou Jesus fazendo-
Ihe os maiores elogios: "Rabi, sabemos que és Mestre vindo da
parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu
fazes se Deus não estiver com ele" (Jo 3.2). Mas Jesus não ficou
impressionado com os elogios, nem com a alta posição social
de Nicodemos, e respondeu-lhe: "Em verdade, em verdade te
digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino
de Deus Jo 3.3). Ao homem que queria primeiro sepultar seu
pai, para depois seguir a Jesus, o Mestre lhe ordenou: "Deixa
aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai
eprega o reino de Deus" (Lc 9.60). Aquele que queria primeiro
despedir-se de seus parentes, para depois seguí-lo, Jesus disse
"Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é
apto parao reino de Deus" (Lc 9.62). E a respeito da multidão
que o aplaudia, mas sem compromisso, Jesus declarou: "Este
povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe
de mim" (Mt 15.8). Em certa ocasião Jesus fez um discurso
muito duro, e por isto muitos deixaram de segui-lo. Diante
disto seria natural que ele abrandasse suas exigências. Mas
Jesus não voltou atrás; pelo contrário, confrontou os seus pró-
prios discípulos, dizendo-Ihes: "Porventura, quereis também
vós outros retirar-vos?" (Jo 6.67). Jesus não aceita crente pela
metade, porque ele não pode salvar o homem pela metade. Ou
somos inteiramente crentes, ou então estamos completannente
perdidos.
O apóstolo Paulo tinha conhecimento das exigências de
Jesus, por isto ele declarou: "Esmurro o meu corpo e o reduzo
à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu
mesmo a ser desqualificado" (1 Co 9.27).
Muitas pessoas se julgam crists, mas, na realidade, são
apenas admiradoras de Jesus Cristo. Outras gostam de Jesus e,
por isto, pensam sercrists. Mas o verdadeiro cristãoé aquele
que tem compromisso com Jesus.

21
CURSO PARA CATECUMENOS

CONCLUSÃOo

A profissão de fé não salva. Nem o batismo. O que vai


decidir o destino eterno de sua alma é o seu compromisso comn
Jesus Cristo. Se você recebeu Jesus como Salvador e Senhor,
você está salvo - quer tenha feito ou não a profissão de fé.
Mas, por outro lado, aquele que recebeu Jesus
como Salvador e Senhor deve fazer a sua protissão de fé.
Jesus exige uma tomada de posição pública de seus servos. 0
Ele afirmou: "Portanto, todo aquele que me confessar diante
dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que
está nós céus; mas aquele que me negar diante dos homens,
também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus"
(Mt 10.32,33).
Voce já recebeu Jesus como seu Salvador e Senhor. Você
nasceu de novo, é nova criatura. Você pertence a Jesus. Por
isto, você deve fazer a sua pública profissão de fé. E ordem de
Jesus..

TEXTOS BiBLICOS PARA LEITURA

1. Predito o nascimento de Jesus Lucas 1.26-38


-

2. O nascimento de Jesus - Lucas 2.1-7


3. OmeninoJesus no meio dos doutores Lucas 2.41-52
-

4. O testemunho de João Batista sobre Jesus João 1.19-31


-

5. O batismo de Jesus e os primeiros discípulos João 1.32-42


-

6. A crucificação, morte e sepultamento de Jesus-João 19.17-42


7. A ressurreição de Jesus João 20.1-29
-

ExERCiCIO PARA FIXAÇÃO DA MATÉRIA ESTUDADA

Após estudar cuidadosamente a lição, responda, por


escrito, às seguintes perguntas:

1. Que é profissão de fé?


R:

22
ESTUDO Ne 1
PROFIsSÃO DE FË

2. Quem foi a primeira pessoa a fazer profissão de fé emJesus


Cristo?
R:

3. Quais são os três elementos que estão presentes na profisso


de fé?
R:

4. Completar: "A fé crist é baseada


Não é
Lucas declarou no prefácio do seu evangelho, ter feito
"para que
o leitor tenha "
registradas por ele."

5. 1Por que a adoração dos samaritanos não era correta?


R:

6. Em que nós somos chamados a crer?


R:

7. A experiência de conversão de uma pessoa, pode ser me-


dida por suas emoções? Por quê?
R:

23
CURSO PARA CATECUMENOS

8.Que éque evidencia a intensidade do amor que uma pessoa


tem por Jesus Cristo?
R:

9. Por que é necessário assumir compromisso com Jesus


Cristo?
R:

10. Por que aquele que crê deve fazer a profissão de fé?
R:

24
Estudo n 2
A BIBLIA SAGRADA

Texto básico: 2 Timóteo 3.16,17

fé crist é convicção baseada em fatos reais.

O E estes fatos estão registrados na Bíblia


Sagrada. Por isto, a Bíblia éo manual do cristão.
Ela nos ensina, repreende, corrige e educa.
A Biblia Sagrada é uma coleção de 66 livros. Divide-se
em duas partes: Antigo Testamento, com 39 livros; e o Novo
Testamernto, com 27. A palavra testamento vem do latim, e seu
significado original é acordo, aliança, pacto. E é neste sentido que
ela é usada para dar nome às duas partes da Bíblia Sagrada. O
Antigo Testamento é assim chamado porque é formado pelos
livros que registram o antigo pacto feito por Deus com seu
povo. Esse pacto foi feito com Abraão, pai do povo israelita, e
ratificado por meio de Moisés quando foi dada a lei ou os dez
mandamentos. O Novo Testamento recebe este nome porque é
formado pelo conjunto dos livros que registram a nova aliança
que Deus fez como seu povo, por meio de Jesus Cristo. No
antigo pacto, o povo de Deus era formado pelos israelitas. Na
nova aliança é constituído por todos aqueles que creem em
Jesus Cristo como Salvador e Senhor.
A Bíblia Sagrada é nossa única regra de fé e prática.
Através dela Deus nos guia e orienta. Para compreend-la
melhor, vamos estudar a revelação, ainspiração eailuminação.

A REVELAÇÃO

O ser humano janmais conheceria a Deus, nem tomaria


conhecimento do seu plano de salvação, se o próprio Criador
não tomasse a iniciativa de se revelar à criatura. Felizmente,
Deus tomou a iniciativa de se revelar ao homenm. Esta revelação
25
CURSO PARA CATECÚMENOS

é um ato "consciente, voluntário e intencional, por meio do


qual o mesmo Deus revela ou comunica ao homem a verdade
referente a si mesmo, em relação com suas criaturas".2
Deus se revela através das obras da criação e da
providência, na preservação e no governo do universo. Davi
escreveu que: "Os céus proclamam a glória de Deus, e o
firmamento anuncia as obras das suas mãos" (SI 19.1). Eo
apóstolo Paulo, falando aos habitantes de Listra, afirmou
que Deus "no se deixou ficar sem testemunho de si mesmno,
fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas"
(At 14.17). E na Epístola aos Romanos ele tratou do mesmo
assunto de modo ainda mais claro, afirmando: "Porque os
atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como
também a sua própria divindade, claramente se reconhecem,
desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das
coisas que foram criadas" (Rm 1.20). "Deus fala ao homem
através de toda a sua criação, nas forças e nos poderes da
natureza, na constituição da mente humana, na voz da
consciência, e no governo providencial do mundo em geral
e das vidas dos indivíduos em particular"^ Esta revelação é
chamada de revelação geral, por ser dirigidaa todos os homens.
Ela é suficiente para deixar os homens indesculpáveis diante
de Deus. Mas é insuficiente para a salvação. Toda a criação foi
atingida pelo pecado. Tornou-se imperfeita. Como instrumento
da autorrevelação de Deus, ela deve ser considerada um
livro incompleto, com algumas páginas rasuradas. O homem
também foi atingido. Espiritualmente, ele ficou ignorante e
embrutecido como um irracional. E assim, ficou impossível
compreender corretamente o que Deus nos fala através da
natureza.
Mas o pland eterno de Deus inclui também a revelação
especinl, que tem o objetivo de levar o pecador de volta ao
Criador. O autor da Epístola aos Hebreus escreveu sobre esta
revelação especial o seguinte: "Havendo Deus, outrora, falado,
muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,
nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu
2Louis Berkhof- Introducción a la Teologla Sistemática- p. 126.
3 Louis Berkhof-Manual de Doulrina Cristá-p. 29.

26
ESTUDO Ne 2 A BÍBLIA SAGRADA

herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fezo universo"


(Hb1.1,2). Deus falou. Falou através de manitestações especiais.
Falou diretamente a alguns de seus servos, como, por exemplo,
a Moisés. Falou através dos profetas. Falou através de milagres.
A revelação especial é progressiva, atingindo o seu ápice
em Jesus Cristo. "As grandes verdades da redenção aparecem, a
principi0, apenas obscuramente, mas aumentam gradualmente
em clareza, e finalmente se destacam em toda a sua grandeza
na revelação do Novo Testamento".4

A INsPIRAÇÃO

Deus falou "muitas vezes e de muitas maneiras". "E


depois, para melhor preservação e propagaço da verdade,
para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra
a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi
gualmente servido tazë-la escrever toda"E assim surgiu a
Bíblia Sagrada, livro inspirado pelo Espírito Santo.
Quando falamos em inspiração da Biblia, estamos
afirmando que Deus levantou homens e os fez registrar, sem
erro, a sua revelação especial. Estes homens, sob inspiração
divina, escreveram os livros que compöem a Bíblia Sagrada.
". jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana;
entretanto, homens santos falaram, da parte de Deus, movidos
pelo Espirito Santo" (2 Pe 1.21). "Toda a Escritura é inspirada
por Deus" (2 Tm 3.16).
Os escritores dos livros da Biblia Sagrada escreveram
sob inspiração divina. Escreveram por determinação divina.
Alguns autores registraram ter recebido ordem direta de Deus
para escrever (Ex 17.14; 34.27; Nm 33.2; ls 30.8; Jr 30.2; 36.2).
Outros, certamente, sentiram-se impulsionados a escrever.
Era Deus agindo em suas mentes e corações. Mas não
devemos imaginar que Deus ia ditando e eles escrevendo.
Eles não foram meros escribas. Pelo contrário, Deus os usou
precisamente como eles eram. Deus certamente guiou-os na
escolha das palavras, na construço das frases, para que os

Louis Berkhof - Manual de Doutrina Crista - p. 36.


5Confissão de Fé de Westminster-Cap. I, Paragrafo 1.
27
CURSO PARA CATECÜMENOS

fatos e as ideias fossem corretamente registrados. Mas cada


um escreveu usando o seu próprio vocabulário e de acordo
com o seu próprio estilo. Por isto, cada livro, embora inspirado
por Deus, traz a marca pessoal de seu autor e as marcas do
tempo em que ele vivia.
A diviso em capítulos e versículos foi feita bem mais
tarde. "Não foi trabalho de uma só pessoa ou equipe. Os
massoretas (especialistas judeus que prod iziram unm complexo
e utilissimo sistema de sinais vocálicos e outros sinais para
a preservação da lingua hebraica, puramente consonantal),
fizeram também a divisão do Velho Testamento em versículos,
no século 9 da era crist. Entretanto, alguns atribuem ao cardeal
Hugo de São Caro, e outros atribuem a Stephen Langton,
arcebispo de Cantuária, Inglaterra, a divisão da Bíblia em
capítulos, no século 13. Essa divisão foi aplicada à Vulgata,
e por volta de 1440 foi aplicada à Biblia Hebraica pelo rabino
Nathan. A divisão em versículos apareceu pela primeira vez
na Vulgata em 1555, trabalho de Robert Stephen, em Gênova.
Em 1551 Robert Stephen tinha lançado em Gênova uma edição
do Novo Testamento grego. A primeira Bíblia inglesa, com
divisão em capítulos e versículos, foi publicada em Gênova,
em 1560"6
Os livros da Bíblia foram escritos por, no mínimo, 36
autores, num período que pode chegara1.600 anos. Mas existe
uma extraordinária harmonia em todas as suas partes. Milhões
de pessoas têm sido transformadas através da leitura da Biblia.
Ecada crente, ao ler a Bíblia, sente Deus falando com ele. Tudo
isto é evidência de que a Biblia Sagrada é realmente inspirada
por Deus. Mas a plena convicção desta inspiração divina é
questão de fé, e no de prova científica. Por isto, só a operação
do Espírito Santo em nós é que nos dá a convicção de que a
Bíblia é realmente a Palavra de Leus.
A Biblia editada soba chancela da Igreja Católica tem
sete livros a mais do que a Bíblia editada pelos evangélicos.
Até o inicio do século 16 não havia uma definição oficial
sobre a situação desses livros. Alguns os aceitavam como
6 -
Odayr Olivetti BAASL PRESBITERIANO- Ano 37- n° 499 - abril de 1996
p. 2.

28
ESTUDO Ne 2 A BIBLIA SAGRADA

inspirados; outro0s, não. Mas, no dia 15 de abril de 1546,


o Concílio de Trento anexou-os, por decreto, à
Biblia. Os
evangélicos chamam esses livros de apöcrifos e não oS aceitam
como inspirados por Deus.
Os livros apócrifos, comparados com os livros inspiradoos,
revelam uma grande pobreza de estilo e conteúdo. Além disso,
ensinam doutrinas e práticas que se contradizem com os livros
inspirados. Por exemplo: justificam a mentira (Judite 10.11-17;
11.1-23; 15.8-10) e o suicídio (2 Macabeus 14.37-46); ensinam
feitiçaria (Tobias 6.1-9) e oração pelos mortos (2 Macabeus
12.38-45). Uma simples leitura é suficiente para nos mostrar
que eles não são inspirados por Deuus.
A revelação especial está encarnada na Bíblia Sagrada.
Através dela Deus nos diz quem Ele é, quem somos nós, de
onde viemos e para onde vamos, e Seu plano geral para anossa
vida. No passado Deus falou a Moisés"boca a boca" (Nm 12.8).
Hoje Deus nos fala através da Bíblia Sagrada.

A lLUMINAÇÃO

e
Tudo que precisamos saber para a nossa salvação
para uma vida correta, justa, em comunhão com Deus, está
registrado na Bíblia Sagrada. Mas "o homem natural no aceita
as coisas do Espirito de Deus, porque Ihe são loucura; e não
pode entend-las, porque elas se discernem espiritualmente"
(1 Co 2.14). Isto significa que o homem, apenas com os seus
recursos naturais, sem a assistência do Espírito Santo, não pode
compreender a Biblia Sagrada. Ela só poderá ser compreendida
com a iluminação do Espírito Santo. Quando falamos em
iluminação estamos nos referindo à atuação de Deus na mente e
no coração do homem, através do Espírito Santo, capacitando-o
para compreender o ensino da Bíblia Sagrada.
A Confissão de Fé de Westminster ensina que: "Todo
O conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias

para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou


na Escritura ou pode ser lógica e
é expressamente declarado Mas acrescenta: "... reconhecemos,
claramente deduzido dela."
entretanto, ser necessária a intima iluminação do Espirito
29
CURSO PARA CATECÜMENOS

Santo para a salvadora compreensão das coisas reveladas


na palavra"
No registro da conversão de Lídia temos um exemnplo da
iluminação. Muitas mulheres ouviram a pregação, mas apenas
Lidia se converteu. E ela só se converteu porque "o Senhor lhe
abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia" (At
16.14).0Espirito Santo iluminou a mente e abriu o coração de
Lídia, levando-a a compreender e a aceitar a mensagem que
estava sendo pregada.
A iluminação, contudo, não dispensa o esforço sério
e piedoso para compreendermos corretamente a Palavra de
Deus. A Biblia Sagrada deve ser examinada com seriedade e
interpretada com fidelidade. "A regra infalível de interpretação
da Escritura é a própria Escritura. Portanto, quando houver
questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto
da Escritura -
o
qual não é múltiplo, mas único esse texto
pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem
mais claramente".8

CONCLUSÃO

Deus tomou a iniciativa de se revelar a nós. Através de


uma revelação especial ele nos deu a conhecer o seu plano
para a nossa vida e o modo como devemos vivere servi-lo.
Ele também inspirou homens para registrar, sem erro, a sua
revelação especial. E, pela iluminaço, através da atuação
do Espírito Santo em nossas mentes, ele nos capacita a
compreender a sua revelaço especial, registrada na Biblia.
A Biblia Sagrada é a nossa única regra de fé e
prática.
Por isso devemos examiná-la continuamente. E o estudo deve
ser seguido da prática. Pois viver o ensino bíblico resulta em
crescimento espiritual. Não que a Bíblia seja um livro mágico.
Mas, sendo ela a Palavra de Deus, somos aperfeiçoados na
medida de nossa prontidão em responder aos apelos que ele
nos faz através da sua Palavra.

7
Confissão de Fé de Westminster- Cap. I, Parágrafo6.
8Confissão de Fé de Westminster- Cap.1, Parágrafo 9.
30
ESTUDO 2 A BÍBLIA SAGRADA

TEXTOS EBiBLIcOS PARA LEITURA

1. O Pacto de Deus com Abraão - Gênesis 12.1-9; 17.9-14


2. Deus fala com Moisés - Exodo 3.1-10
3. Deus se revela através da criação -Salmo 19.1-6
4. A superioridade da Palavra de Deus - 2 Pedro 1.16-21
5. O ensino do Espírito Santo - 1 Coríntios 2.6-16
6. A inspiração da Biblia Sagrada - 2Timóteo 3.14-17
7. Jesus explica a sua misso - João 5.19-47

ExERCICIOs PaRa FixAÇÃO DA MATÉRIA EsTUDADA

Após estudar cuidadosamente a lição, responda, por


escrito, às seguintes perguntas:

1. Quantos livros tem a Bíblia Sagrada? Quantos no Antigo


Testamento? E no Novo Testamento?
R:

2. Como se chamam as duas partes da Biblia Sagrada? E por


que?
R:

3. Que é revelação?
R:

4. Completar: "O ser humano, se o


próprio Criador no tomasse a iniciativa de se revelar à
criatura.

31
CURSO PARA CATEGÜMENOS

5. A revelação feita por Deus na natureza, é suficiernte para a


salvação do pecador? Por que?
R:

6. Que é inspiração?
R:

7. O que nos dá plena convicção de que a Bíblia Sagrada éé

inspirada por Deus?


R:

8. Porque não aceitamos os livros apócrifos como inspirados?


R:

9. Que é iuminação?
R:

10. Como a Biblia Sagrada deve ser interpretada?


R:

32
Estudo n3
DEUS

Texto básico: Salmo 139

Biblia Sagrada afirma: "Ninguém jamais viu


a Deus" (Jo 1.18). Se ninguém jamais viu a
Deus, como podemos conhecê-lo? Devemos
saber, inicialmente, que a visão no é o único instrumento de
que dispomos para conhecer alguém ou algo. Ninguém jamais
viu a dor, nem a saudade, nem o amor. Mas não há dúvida
de sua existência. Não é possível vê-los com os olhos, mas há
outros meios através dos quais podemos tomar conhecimento
da dor, da saudade e do amor. No caso do Criador, se o próprio
Deus não tivesse tomado a iniciativa de se revelar, ninguém
jamais o conheceria. Mas, felizmente, ele se revelou "através
de toda a sua criação, nas forças e nos poderes da natureza,
na constituição da mente humana, na voz da consciência, e
no governo providencial do mundo em geral e das vidas dos
indivíduos em particular"s, Deus também falou "muitas vezes
e de muitas maneiras" (Hb 1.1). E hoje ele nos fala através da
Biblia Sagrada.
Mas, quemé Deus? Não é possível definir Deus. A mente
humana, embora prodigiosa, no dispõe de recursos para
captar toda a grandeza do Criador. O máximo que podemos
fazer é a descriço analítica de Deus, a partir do que ele nos
revela na Biblia Sagrada.
Deus não é uma ideia abstrata ou uma força impessoal
que atua no universo, comno afirmam algumas pessoas. Deus é
uma pessoa. Ele tem sentimentos. Ele nos ama. Ele nos sustenta
em nossas provações e dificuldades. Ele nos dá alegria e vitória.
Nós podemos compartilhar com ele nossas experiências.
29.
9Louis Berkhof- Manual de Doutrina Crist-p.
33
CURSO PARA CATECUMENOS

Podemos falar com ele, e estarmos certos de que ele nos ouve
e nos atende. Ele cuida de nós e quer o nosso bem. Mas Deus é
uma pessoa diferente de nós. Ele é espírito (Jo 4.24). Ele não tem
um corpo físico comoo nosso (Lc 24.39). Por isto não podemos
vê-lo, assim como não podenmos ver o nosso próprio espírito
ou o espírito das pessoas que estão ao nosso lado.

Os NoMES DE DEUS

Hoje os nomes das pessoas têm pouca importância.


Se alguém tem o nome de José, Jó ou Joaquim, não faz
diferença. Mas na época em que a Biblia foi escrita, era diferente.
Os nomes atribuídos a Deus, na Bíblia, são instrumentos ou
meios que o Criador usa para revelar a nós quem Ele é. Eles
devem ser estudados e compreendidos à luz dos costumes
da época em que foram escritos. O nome era unma descrição
da pessoa. Por isso, quando uma pessoa passava por uma
mudança significativa em sua vida ou em seu caráter, podia
também ter o seu nome mudado. Veja, por exemplo, o caso
de Jacó. Ele era um enganador astucioso. E era exatamente
isto o que significava o seu nome (Gn 27.36). Mas ele passou
por uma grande transformação. Deixou de ser um enganador.
E o seu nome foi mudado para Israel (Gn 32.28; 35.10). No
Novo Testamento temos o caso de Pedro. Ele se chamava
Simão, mas Jesus Ihe deu o nome de Pedro (Cefas, em
aramaico), antecipando assim que ele passaria por uma grande
mudançae ocuparia um lugar de destaque entre os apóstolos.
Assim também os nomes ou títulos atribuídos a Deus na
Escritura Sagrada são instrumentos da providéncia divina
para nos revelar qualidades, atributose modos de agir doo
nosso Criador. Vejamos, agora, alguns desses nomes, as
circunstàncias ou situações em que aparecem e o que eles nos
revelam sobre Deus.
a) Deus
O primeiro versículo da Bíblia Sagrada diz que:
"No princípio criou Deus os céus e a terra" (Gn 1.1). O nome
Deus (Elohin, em hebraico, plural de Elonh), descreve o Criador
como um ser forte e poderoso, que deve ser temido ecultuado.
34
ESTUD0 Ne 3 DEUS

"O plural deve ser considerado como intensivo e, portanto,


serve para indicar plenitude de poder"0.
b) Deus Altissimo
Quando Melquisedeque abençoou a Abraão (Gn 14.18-
20), ele o fez em nome do Deus Altíssimo (Elyon, em hebraico).
Este nome descreve Deus como um ser supremo, que está acima
das divindades locais.
c) Deus Todo-Poderoso
A Abraão (Gn 17.1) Deus se apresentou como o Deus
Todo-Poderoso (El-SIhnddai, em hebraico). Este nome descreve
Deus como um ser poderoso, que tem poder no céu e na terra
o sustentador, nutridor, aquele que é capaz de satisfazer.
d) Sou o que Sou
Deus apareceu a Moisés, no monte Horebe, e lhe disse:
"Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu
povo, os filhos de Israel, do Egito" (Ex 3.10). Disse Moisés
a Deus: "Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes
disser:O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me
perguntarem: Qual é o seu nome? Que Ihes direi? Disse Deus
a Moisés: EU SOU OQUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos
filhos de lsrael: EU SOU me enviou a vós outros. Disse Deus
ainda mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR,
o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de lsaque e
o Deus de Jacó, me enviou a vós outros; este é o meu nome
(Ex 3.13-15). O nonme SENHOr (com todas as letras maiúsculas,
Yalweh, em hebraico) significa "Eu Sou o que Sou". Através
dele Deus se revela como o Deus da graça, que sempre existiu
e sempre existirá, que não fica velho, não muda, é eternamente
o mesmo.
e) Senhor
Quando convocou o povo para atravessar o Jordão,
e entrar na terra prometida, Josué lhes disse: "Tomai, pois,
agora, doze homens das tribos de Israel, um de cada tribo;
porque hà de acontecer que, assim que as plantas dos pés dos
sacerdotes que levama arca do SENIHOR, O Senhor de toda a terra,
10 Louis Berkhof- Teologia Sistemática - p. 50.

35
CURSO PARA CATECÜMENOS

pousem nas águas do Jordão, serao elas cortadas, a saber. as


que vém de cima, e se amontoarão" (Is 3.12,13). O nome SenhOr
(com a inicial maiúscula e as demais letras minúsculas, Adonai,
em hebraico) descreve Deus como o dono e o governador
de
todos os homens.
Deus (Elolhim), Deus Altíssimo (Elyon), Deus Todo-
Poderoso (El-Shaddat), SENHOR (Yalweln) e Senhor (Adonai)
são nomes ou títulos do Criador, registrados na Biblia
Sagrada. Eles são meios usados por Deus para nos
revelar
quem ele é. Através deles sabemos que Deus é um
ser
supremo, forte e poderoso, tem poder no céu e na terra,
é o
dono e o governador de todos os homens. Mas ele é
também
o Deus da graça, sustentador, nutridor, capaz de
satisfazer
todas as nossas necessicdades. Ele sempre existiu e
sempre
existirá. Ele não fica velho, não muda, não sofre variação,
é
eternamente o mesmo.

A TRINDADE
A Bíblia Sagrada ensina que há um só Deus, mas Ele
subsiste em três pessoas.
Em Deuteronômio 6.4 está escrito: "Ouve, Israel, o Senhor
nosso Deus é o único SENHOR". E em Isaías 44.6 o
próprio Deus
declara: "Eu sou o primeiro e eu sou o útimo, e além de
mim
não há Deus". Mas, por outro lado, a Bíblia afirma
que Jesus
também é Deus: "No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava
com Deus, e o Verbo era Deus" (Jo 1.1). OVerbo é
Jesus Cristo.
A Biblia ensina que o Espírito Santo
também é Deus. Quando
Ananias mentiu a respeito da venda de sua propriedade, Pedro
o repreendeu, dizendo: "Ananias, por
que encheu Satanás teu
coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando
parte do valor do campo? (..) Não mentiste aos homens, mas
a Deus" (At 5.3,4). Mentir ao
Espirito Santo é mentir a Deus,
prova de que o Espírito Santo é Deus. O Pai é Deus; o Filho
é Deus; o Espírito Santo é Deus.
Três pessoas, um só LDeus.
Uma trindade, ou triunidade. A palavra
Trindade não está na
Biblia; mas é inegável que ela
ensina que existe um único Deus,
que subsiste em trés pessoas: Pai, Filho (Jesus
Cristo) e ESpirito
Santo.
36
ESTUDO N 3 DEUS

Adoutrina da Trindade é um mistério. Está além da nossa


compreensão. Mas podemos descrevê-la conforme é ensinada
na Biblia. Em síntese, a doutrina pode ser descrita assim: existe
um só Deus; Deus subsiste em três pessoas distintas: Pai,e Filho
(Jesus Cristo) e Espírito Santo; cada pessoa da Trindade Deus
completo, e não parte de Deus; as três pessoas da Trindade são
guais em poder e glória.
No registro do batismo de Jesus as três pessoas da
Trindade aparecem, distintamente. O Pai se manifesta do céu,
dizendo: "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo"
(Mt 3.17). O Filho estava sendo batizado. E o Espírito Santo
desceu sobre ele "como pomba" (Mt 3.16).
Muitas pessoas fazem uma grande confusão com as
três pessoas da Trindade. Tal confusão pode ser observada
especialmente nas orações. Num culto alguém orou assim:
"Senhor nosso Deus e Pai, nós te agradecemos Senhor Jesus
porque tu morreste na cruz em nosso lugar e porque tu habitas
em nós.Quanta confusão! O Pai não é o Filho. Não foi o Pai
quem morreu na cruz, foi o Filho. E quem habita em nós é o
Espírito Santo. Na oração nós nos dirigimos a Deus, o Pai, em
nome de Jesus, o Filho.

Os ATRIBUTOS DE DEUS

Os atributos são propriedades ou qualidades de Deus,


mencionadas na Biblia Sagrada, ou deduzidas de seus atos.
Como Deus é perfeito, seus atributos são chamados também
de perteições divinas.
Os atributos que só Deus possui, como, por exemplo, a
imutabilidade, são chamados de atributos incomunicáveis.
São assim denominados para caracterizar que eles não foram
concedidos aos homens. Aqueles que os homens também
possuem, como, por exemplo, o amor, são chanmados de
atributos comunicáveis. A diferença é que as qualidades
humanas são imperfeitas e os atributos de Deus são perfeitos.
Atributos Incomunicáveis
a)
A autoexistência ou independência é um atributo
incomunicável de Deus (Ex 3.13,14; Jo 5.26; At 17.25).
37
CURSO PARA CATECUMENOS

Deus não depende de nada e nem de ninguém para existir


ou agir. Um outro atributo è a eternidade (SI 90.2; 102.12;
2 Pe 3.8). Deus sempre existiu e sempre existirá, ele
não
está limitado pelo tempo. Outro atributo incomunicável é a
imensidade ou onipresença (1 Re 8.27; SI 139.7-10; Is 66.1).
Deus não está limitado pelo espaço, ele está presente ao mesmo
tempo enm todos os lugares. Outro atributo é a imutabilidade
(MI 5.6; 181.17). Deus nao,muda em seu ser, em sua essência,
em seus atos, nem em seus propósitos. Quando a Bíblia diz
ou dá a entender que Deus mudou, na realidade, a situação
é que mudou. A linguagem usada é a do observador, como,
por exemplo, quando alguém afirma que o sol saiu a tal hora,
dando a ideia de que o sol se movimenta, quando a terra é que
se move.
b) Atributos Comunicáveis
A bondade é um atributo comunicável de Deus
(SI 145.9,15,16; Jo 3.16,17; Ef 2.1-9; 1 Jo 4.7-10).
O homem
também recebeu do Criador esta qualidade. Mas a bondade
de Deus é diferente da borndade humana. Deus é absolu-
tamente bom. Ele trata benévola e generosamente todas as
suas criaturas. Esta bondade, em relaço às criaturas racionais,
chama-se amor. "Deus é amor" (1 Jo 4.8). Por causa do pecado,
o homem perdeu o direito de ser amado por Deus,
mas o
Criador continua a nos amar. Deus é misericordios0, por
isto ele tem compaixão de nós. Ele é longânimo, por isto nos
tolera. A santidade é outro atributo comunicável (Ex 15.11;
1 Sm 2.2; Is 6.3; Hc 1.13;
Ap 4.8). Deus é perfeitamente puro
em sua pessoa e em seus atos e, consequentemente, ele é
contra toda e qualquer forma de impureza. Um outro atributo
comunicavel é a justiça (SI 71.19; Mt 10.42; Rm 1.32). Deus
é absolutamente justo, ele governa o mundo com justiça,
recompensa todos os atos dos homens e pune os seus erros.
A soberania também é um atributo comunicável (SI 115.3;
Mt 10.29). Deus "faz todas as cousas conforme o conselho da
sua vontade" (Ef 1.11).
E importante conhecer Deus,
através do estudo da sua
autorrevelação registrada na Escritura Sagrada. Mas, além
desse conhecimento teórico, precisamos também de um
38
ESTUDO N° 3 DEUS

conhecimento espiritual. E tal conhecimento só se adquire


através de uma vida de comunhão com ele. "Só conhecemos
verdadeiramentea Deus em nossa alma, quando nos rendemos
a Ele, quando nos submetemos à Sua autoridade e quando os
Seus preceitos e mandamentos regulam todos os pormenores
da nosa vida".11
CONCLUsAO

Zofar perguntou a Jó: "Porventura, desvendarás os


arcanos de Deus ou penetrarás até à perfeição do Todo
Poderoso?" (Jó 11.7). Realmente o homem não tem condições
para desvendar os arcanos de Deus. E quando tentamos
compreender racionalmente muitos atos de Deus, registrados
na Biblia Sagrada, percebemos que eles estão além de nossa
compreensão.
A ponte que liga o Rio de Janeiro a Niterói tem pilares
gigantes e vãos de até 300 metros. Gigantescas vigas ligam
estes pilares. Mas quem está mergulhado na água, debaixo da
ponte, não vê que pilares tão distantes estão ligados uns aos
outros através das vigas. Assim também é a nossa situaçãoO.
Estamos mergulhados nas limitações cda natureza humana,
por isto não podemos compreender Deus, nem seus atos.
Contudo, aquilo que é necessário para a nossa salvação e para
a nossa vida em comunhão com Deus, ele nos revelou e está
registrado na Bíblia Sagrada, com tanta clareza que, qualquer
pessoa, culta ou não, no uso de suas faculdades mentais, pode
compreender.
Nas alegrias e nas lutas da vida, em todos os lugares
e em todos os momentos, nós não estamos sozinhos. Deus
está sempre condsco. "Como em redor de Jerusalém estão os
montes, assim o Senhor, em derredor do seu povo, desde agora
e para sempre" (SI 125.2).
"Ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e
glória pelos séculos dos séculos. Amém" (1 Tm 1.17).

11
Arthur W. Pink 0s Atributos de Deus
- p. 5.

39
CURSO PARA CATECUMENOS

TEXTOS BIiBLIcOS PARA A LEITURA

1. Deus fala a Moisés - Exodo 3.1-18


2. Os Dez Mandanmentos - Exodo 20.1-17
3. Todo bem procede de Deus Salmo 127
4. Deus oniscientee onipotente - Salmo 139
5. A Trindade no Batismo de Jesus Mateus 3.13-17
-

6. Deus é Espírito - João 4.1-30


7. Deus é Amor - 1 João 4.7-21

ExERCICIO PARA FIXAÇÃO DA MATÉRIA ESTUDADA

Após estudar cuidadosamente a lição, responda, por


escrito, as seguintes perguntas:

1. Podemos definir Deus? Por quê?


R

2. Os nomes ou títulos de Deus na Bíblia são importantes


porque eles revelam algo sobre o Criador. Vamos citar
alguns nomes e você deve colocar na frente de cada um o
que ele revela sobre Deus.

Deus

Sou o que Sou -


.

Senhor-

Deus Todo-Poderoso -

40
ESTUDO N9 3 DEUS

3. Descreva, em síntese, a doutrina da Trindade.

4 Você compreende a doutrina da Trindade? Por que?


R:

5. Que são atributos de Deus?


R:

6. Como se dividem os atributos de Deus? E Por quê?


R

7. Dos atributos mencionados neste estudo, qual Ihe chamou


mais a atenção? Por quê?
R:

8. Como entender os textos bíblicos que dizem que Deus


se arrependeu ou que parecem dar a entender que Deus
mudou o seu plano?
R:

9. Quem pode compreender oque é necessário para a salvação


e para a vida em comunhão com Deus?
R:

41
CURSO PARA
CATECUMENOS

10. Por que não podemos ver Deus?


R:

42
HAL14:
i ENvep

Estudo n* 4
O HOMEM

Texto básico: Gênesis 1.26-30

udo que existe tem um princípi0, um tempo


a
partir de onde passou a existir. Só Deus é
diferente. Ele sempre existiu e sempre existirá.
Ele não teve princípio nem terá fim. Ele é eterno, imutável,
infinito. Mas o homem e o universo tiveram um princípio,
foram criados por Deus. "Ao princípio aprouve a Deus o Pai,
o Filho e o Espírito Santo, para a manitestação da gloria do
seu eterno poder, sabedoria e bondade, criar ou fazer do nada,
e tudo muito bom, o mundo e tudo que nele há, visíveis ou
invisíveis. Depois de haver feito as outras criaturas, Deus criou
o homem, macho e fêmea, com almas racionais e imortais, e
dotou-as de inteligência, retidão e perfeita santidade, segundo
a sua própria imagem".12

A CRIAÇO DO UNIVERSO

O primeiro livro da Bíblia Sagrada começa assim:


"No princípio, criou Deus os céus e a terra" (Gn 1.1). A Bíblia
afirma que Deus é o criador, preservador e governador do
universo. No livro de Neemias está escrito: "Só tu és SENHOR,
tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra
e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; e tu
Os preservas a todos com vida, e o exército dos céus te adora"
(Ne 9.6). E Davi declarou: "Nos céus, estabeleceu o SENHOR O
seu trono, e o seu reino domina sobre tudo" (SI 103.19). As
declarações de que Deus criou, preserva e governa todas as
coisas, visíveis e invisíveis, estão presentes em todas as partes
da Biblia Sagrada.
12 Conlissão de Fé de Westminster- Cap. IV, Parágrafos 1 e2

43
CURSO PARA CATECÚMENOS

Existem inúmeras teorias filosóficas e científicas sobre


a origem do universo. Muitos livros apresentam essas teorias
como se fossem a últinma palavra da Ciéncia ou da Filosofia.
Mas não é possível dizer que a Filosotia ou a Ciência encampe
qualquer uma delas, pois não passamde teorias, isto é, elas não
foram comprovadas nem pelo método filosófico, nem pelo
-

método científico. Elas representam apenas o pensamento de


alguns filósofos ou cientistas Sobre a origem do universo. Mas
a Biblia Sagrada afirma categoricamente que Deus é o criador
do universo. Não é teoria, é revelação!
Todas as teorias cientificas e filosóficas sobre a origemn
do universo afirmam que ele surgiu por um acaso. Mas,
imagine a seguinte situação: você encontra um relógio e passa
a examiná-lo. Vê que as suas peças têm formas diferentes e
foram feitas de vários tipos de matéria prima. E todas elas se
encaixam e combinam de tal maneira que todas funcionam
harmoniosamente. E marcam as horas. E cumprem um papel
relevante. Formam um todo que tem sentido e propósito. Se
alguém Ihe dissesse que aquele relógio surgiu por um acaso,
você acreditaria? Então, como acreditar que o universo, muito
mais complexo do que um relógio, surgiu por um acaso?13
Merece mais crédito a afirmação bíblica de que Deus criou
todas as coisas.
Nem a Ciência nem a Filosofia dispöem de meios para
dizer como se originou o universo. Por que então muitos
homens da Ciência ou da Filosofia negam a existência de um
Criador? Christiano P. da Silva Neto, Mestre em Ciencia pela
Universidade de Londres, responde: "Talvez a principal razão
que leve tantos homens de ciência a rejeitaro modo criacionista
seja, na verdade, bem outra. Crer num Criador traz consigo um
compromisso... Via de regra, porém, as pessoas desejam viver
suas vidas segundo as suas próprias conveniências, e evitam,
portanto, este tipo de comprometimento".14
A Biblia é a Palavra de Deus. E, embora usando a
linguagem do observador, a linguagem comum do dia-a-dia,

Versão simplificada do clássico argumento do relógio, formulado por William


Paley (1743-1805), filósofo moral e teólogo britânico.
14 Origens do Universo e da Vida - Módulo 1 - p. 24.

44
ESTUDO N° 4 0 HOMEM

sem entrar em detalhes técnicos, ela afirma que Deus criou


todas as coisas, visíveis e invisíveis.

A CRIAÇÃO DO HoMEM

O registro da criação do homem, na Bíblia Sagrada,


começa assim: "Também disse Deus: Façamos o homem
à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha
ele
domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre
os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os
répteis que rastejam pela terra" (Gn 1.26). E continua assim:
"Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus
o criou; homem e mulher os criou" (Gn 1.27). Os vegetais e os
animais foram criados "segundo a sua espécie", mas o homen
foi criado à imagem e semelhança do Criador.
A imagem e semelhança de Deus no homem, no sentido
restrito, consiste no verdadeiro conhecimento, retido e
santidade, com que o homem foi dotado na criação. E num
sentido mais abrangente, irnclui também o fato de o homem
ser um ente espiritual, racional, moral e imortal.
Após a queda, por causa do pecado, o homem perdeu
a imagem de Deus no sentido restrito, ficando apenas com a
imagem no sentido mais abrangente. Isto é, o homem perdeu o
verdadeiro conhecimento, retidão e santidade, mas continuou
sendo um ente espiritual, racional, moral e imortal, embora
imperfeito em todas essas áreas.
Detalhando mais a criação do homem, a Biblia Sagrada
afirma que "formou o SENHOr Deus ao homem do pó da terra
e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou
a ser alma vivente" (Gn 2.7). O corpo do homem foi feito de
material que Deus havia criado antes, que no texto bíblico é
chamado de "pó da terra". Mas a alma surgiu como resultado
do sopro divino. O primeiro homenm era formado por um
elemento material, o corpo, e por um elemento imaterial, a alna.
E todos os demais seres humanos também são constituídos de
corpo e alma.
A doutrina que afirma que o homemé constituído de duas
partes distintas, a saber, corpo e alma, é denominada dicotomia.
Existe, também, uma outra doutrina denominada tricotonuia,
45
CURSO PARA CATECUMENOS

segundo a qual o homeméconstituído de três elementos: corpo,


alma e espírito. De acordo com esta doutrina, o corpo é a parte
material do ser humano; a alma é o principio da vida animal;
é
eo espírito o elemento racional, imortal, através do qual o
homem se relaciona com Deus.
Os dicotonistas defendem seu ponto de vista afirmando
que a Escritura Sagrada usa as palavras alma e espírito,
"umas pelas outras, em permuta recíproca, para referir-se
ao elemento superior ou espiritual do homem. Logo, alna e
espirito, quando descrevem o elemento espiritual do homem,
na Escritura Sagrada, são sinôninmos.
Os ricotomistas citam dois textos biblicos, onde aparecem
alma e espirito, como os elemnentos superiores do ser humano.
O primeiro é1 Tessalonicenses 5.23, que diz: "O mesmo Deus
da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo
sejam conservados íntegros e irrepreensiíveis na vinda de nosso
SenhorJesus Cristo". Eo outro éHebreus 4.12: "Porque a palavra
de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada
de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espirito,
juntas e medulas,e é apta para discernir os pensamentos e
propósitos do coração". Os dicotomistas respondem a esse
argumento afirmando que: "A simples menção dos termos
espirito e alma um ao lado do outro no prova que, segundo
a Escritura, são duas substâncias distintas, como também
Mateus 22.37 não prova que Jesus considerava o coração, a
alma e o entendimento como três substâncias distintas. Em 1
Tessalonicenses 5.23 o apóstolo deseja simplesmente fortalecer
a afirmação: 'O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo',
como uma declaração epizegética,13 na qual se resumem
Os diferentes aspectos da existência do homem, e na qual o
apóstolo se sente perfeitamente livre para mencionar os termos
alma e espírito um ao lado do outro, porque a Bíblia distingue
entre ambos. ... (O que o texto diz é que a palavra de Deus)
produz uma separação entre os pensamentos e as intenções
no coração"O teólogo Louis Berkhof afirma que a tricotomia
3 Epizeuxe é uma figura de retórica pela qual há repetição de palavras, ou de
seus sinónimos, para maior veeméncia ou ênfase.
16
Louis Berkhof- Teologia Sistemática -p. 194 e 195.
46
ESTUDO N9 40 HOMEM

"não resultou do estudo da Escritura, mas nasceu com o estudo


da filosofia grega"7
Deus criou o homem com capacidade de reprodução, e
lhe ordenou: "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei terra a
(Gn 1.28). Mas aqui surge uma pergunta: A capacidade humana
de se reproduzir inclui também a alma? Ou apenas o corpo?
Este assunto não está claro na Bíblia Sagrada. Por isto, existem
várias teorias sobre a origem da alma em cada individuo. As
principais teorias são: pré-existencialismo, criacionismo e
traducianismo.
A teoria pré-existencialista afirma que a alma de cada
pessoa já existia antes que o seu corpo fosse formado. A teoria
criacionista afirma que Deus cria uma alma para cada pessoa
que é gerada. Esta teoria se baseia especialmente em Eclesiastes
12.7, onde está escrito que, logo após a morte, "o pó volta à
terra, como o era, e o espírito volta a Deus, que o deu; e em
Hebreus 12.9, onde está registrado o seguinte: "Além disso,
tínhamos os nossos pais segundo a carne, que nos corrigiam,
e os respeitávamos; não havemos de estar em muito maior
submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos?". A teoria
traducianista afirma que a alma é gerada junto com o corpo,
e, portanto, é transmitida pelos pais aos filhos. Segundo essa
teoria, quando Deus capacitou o homem para se reproduzir,
deu-lhe a capacidade para gerar seres humanos conmpletos,
e não apenas corpos que deviam receber uma alma para se
completarem. Os seus defensores argumentam que, quando
Deus criou a mulher, usou uma parte do honmem, e no soprou
lhe nas narinas o fôlego de vida. Portanto, o corpo e a alma de
Eva procederam de Adão. Assim também o corpo e a alma dos
filhos procedem de seus pais.
A teoria pré-existencialista é rejeitada por quase todos os
evangélicos. As teorias criacionista e traducianista são aceitas
por muitos. Mas todas elas apresentam algumas dificuldades.
Isto significa que este é um assunto que só será esclarecido
quando estivermos com o Senhor.

17
Louis Berkhof- Manual de Doutrina Crist - p. 110.

47
CURSO PARA
CATECMENOS

A QUEDA DO HOMEM

Na criação Deus estabeleceu uma aliança com o homem.


que os teólogos chamam de pacto ou aliança das obras. o
Criador o colocou no jardim do Eden, e Ihe deu esta ordem:
"De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore
do conhecimento do bem e do mal nao comerás; porque, no
dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gn 2.16,17).
A ameaça de morte, no caso de desobediência, deixa implicito
que havia também uma promessa de vida. "Adão foi, de fato.
realmente criado num estado de santidade positiva, e não
estava sujeito à lei da morte. Mas não possuía ainda os mais
elevados privilégios à espera do homem; ainda não havia
sido elevado acima da possibilidade de errar, de pecar e de
morrer. Ainda não possuía o mais alto grau de santidade, nem
gozava a vida em toda a sua plenitude".5 Se ele obedecesse
alcançaria a plenitude de vida, ou seja, estaria acima de
qualquer possibilidade de errar, pecar ou morrer. A promessa
tinha uma condição: perfeita obediência. Se o homem falhasse, a
penalidade seria a morte. A obediência consistia em no comer
do fruto da árvore do beme do mal. Era o teste para provar se
Adão estava disposto a submeter a sua vontade à vontade de
Deus.
Eo homem não passou no teste. Caiu. Deus lhe havia
dado uma variedade enorme de frutas, verduras, legumes e
cereais para sua alimentação (Gn1.29). Mas ele preferiu comer
da árvore proibida, desobedecendo ao Criador. Assim, rejeitava
a vontade de Deus, e fazia a sua própria vontade. Abandonava o
Criador, e tomava o seu próprio caminho. A sentença de morte
pairava sobre o homem. Morte, na Bíblia Sagrada, significa
basicamente separação. Ao pecar, o homem separou-se de
Deus. Morreu espiritualmente. E as sementes da morte física
começaram imediatamente a agir no seu corpo. Ele passou a
vIver sob a tirania da morte, que finalmente o alcançaria.
Adão arrastou para o pecado toda a sua descendência.
Ele era o cabeça e o representante de toda a raça humana. Por
isto, todos se tornaram pecadores quando ele pecou. Nós não

2 Louis Berkhof -Manual de Doutrina Crista - p. 118.


48
ESTUDO NP 4 0 HOMEM

somos responsáveis pelo pecado de nosso pai ou de nossa


mãe. "O filho não levará a iniquidade do pai" (Ez 18.20). Mas
somos responsáveis pelo pecado de Adão, porque ele era nosso
representante. O apóstolo Paulo escreveu que "por uma só
ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação
(Rm 5.18).
Além de herdarmos a culpa do pecado de Adão,
herdamos também a corrupção moral. Por isto, temos uma
inerente disposição para o pecado. O próprio apóstolo
Paulo confessou: "... vejo, nos meus membros, outra lei que,
guerreando contraa lei da minha mente, me faz prisioneiro da
lei do pecado que está nos meus membros" (Rm 7.23). "Porque
nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois
não faço o que prefiro, e sim, o que detesto. Porque não faço
o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm
7.15,19).

CONCLUSsÃO

Felizmente Deus não executou de imediato a sentença


de morte que pairava sobre o homem. Ao invés de eliminar
o homem, Deus Ihe fez uma promessa de restauração.
O descerndente da mulher feriria a cabeça da serpente (Gn
3.15). E o proto-evangelho. E a promessa bendita de que o
inimigo seria vencido, e o homem restaurado à comunhão
com o Criador.
O primeiro livro da Bíblia Sagrada mostra o homem
sendo expulso do paraíso, da presença de Deus. Mas o último
livro, o Apocalipse, mostrao homem de volta ao paraíso. No
primeiro livro está escrito que Deus disse ao homem: "Visto
que atendeste à voz de tua mulher e comeste da árvore que eu
te ordenara não conmesses, maldita é a terra por tua causa; em
fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida. Ela
produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do
campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à
terra, pois dela foste formado; porque tu és póe ao pó tornarás"
(Gn 3.17-19). Mas no último livro está escrito que Deus habitará
com os homens. "Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo
49
CURSO PARA CATECÚMENOS

estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a


morte já näo existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor,
porque as primeiras coisas passaram" (Ap 21.3,4). O plano de
Deus para o homem não se esgotava no Eden.
"O profundidade da riqueza, tanto da sabedoria, como
do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus
juízos, e quão inescruláveis, os seus caminhos! Quem,
pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu
conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que ihe venha
a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são
todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!"
(Rm 11.33-36).

TEXTOS BiBLicos PARA LEITURA

1. A criação dos céus e da terra Gênesis 1.1-2.3


-

2.
-
A formação do homem e da mulher Gênesis 2.4-25
-
A queda do homem Gênesis 3.1-24
3.
4. Adão e Cristo - Romanos 5.12-21
5. Livres do pecado pela graça Romanos 6.1-14
-

6. O novo céu e a nova terra Apocalipse 21.1-8


-

7. A justificação pela fé e paz com Deus - Romanos 5.1-11

ExERciCIO PARA FixAÇÃO DA MATÉRIA ESTUDADA

Após estudar cuidadosamente a lição, responda, por


escrito, às seguintes perguntas:

1. Oque merece mais crédito: as teorias cientificas e filosóficas


sobre a origem do universo ou a declaração bíblica de que
Deus criou todas as coisas? Por quê?
R:

50
ESTUDO N° 4 0 HOMEM

2. Em que consiste a imagem e semelhança de Deus no


homem?
R:

3. Ohomem ainda é a imageme semelhança do Criador? Por


gue?
R:

4. Existem três teorias sobre a origem da alma em cada


indivíduo. Escreva na frente de cada teoria oque ela ensina:
PRE-EXISTENCIALISMO -

CRIACIONISMO -

TRADUCIANISMO -

5. Qual delas você julga mais correta? Por que?


R:

6. Que é pacto das obras?


R:

51
CURSO PARA CATECUMENOS

7. Em que consistia o pacto das obras?


R:

8. Por que somos responsáveis pelo pecado de Adão?


R:

9. Além da culpa, o que mais herdamos do pecado de Adão?


R:

10. No dia em que pecou, o homenm morreu? Explique


a sua
resposta?
R:

52
tALT WALACE

Estudo n® 5
O PLANO DE SALVAÇÃO

Texto básico: Lucas 15.11-32

eus criou o homem à Sua imagem, conforme a


Sua semelhança. "Homem e mulher os criou"
(Gn 1.27). E os cercou de tudo o que necessitavam
para uma vida feliz. Deu-lhes uma enorme variedade de
frutas, verduras, legumes e cereais para sua alimentação. E
os uniu num casamento tão perfeito, numa identidade tão
completa, que os dois se tornaram uma só carne (Gn 2.23,24).
Mas o homem toi reprovado no teste da perteita obedi
ência. Afastou-se de Deus. Escolheu o seu próprio caminho.
Tornou-se pecador.
Algumas pessoas perguntam: Já que Deus é onisciente
e, portanto, sabia que o homem ia pecar, por que não impediu
que isso acontecesse? A resposta honesta é que não sabemos
por que Deus não impediu o homem de pecar. Mas sabemos
que o Criador não estava alheio à situaço da criatura. Antes
decriar o mundo, ele já havia estabelecido uma aliança com
Filho para salvar o homem. Nessa aliança, que os teólogos cha-
mam de pacto ou aliança da redenção, o Filho "se colocou no
lugar do pecador e incumbiu-se de fazer a expiação do pecado,
suportando o castigo necessário, e de satisfazer as exigências
da lei em lugar de todo o seu povo". Baseado nesse pacto ou
aliança da redenço, Deus estabeleceu com o homem, agora
pecador, um pacto de amizade e salvação, denominado pelos
teologos de pacto ou aliança da graça. Nesse pacto, Deus ofere-
ce ao pecador a salvação e a vida eterna através de Jesus Cristo.
Felizmente, o plano de Deus parao homem não se esgotava no
Eden.
19
Louis Berkhof -Manual de Doutrina Crist -p. 140.
53
CURSO PARA CATECUMENOS

PECADO E CASTIGO

Por causa do pecado de Adão, todas as pessoas nascem


pecadoras. Davi reconheceu isso e declarou: "Eu nasci na
iniquidade, e em pecado me concebeu minha me" (SI 51.5).
Herdamos do primeiro casal a culpa e a corrupção. Não con-
seguimos fazer o bem que queremos, mas fazemos o mal que,
às vezes, até detestamos.
Mas, o que é pecado? "E qualquer falta de conformidade
com a lei de Deus, ou qualquer transgressão dessa lei" 20 Se
analisarmos algumas palavras gregas usadas pelos escritores
do Novo Testamento para designar o pecado, fica mais fácil
compreender a sua extensão e abrangências. Veja algumas
destas palavras: hamartia (Rm 5.12; Tg 2.9; 1 Jo 1.7) significa
errar o alv0; paraptoma (Rm 5.15-18; 2 Co 5.19; Ef 2.1) significa
escorregar ou cair, desviar da verdade e da justiça; adikia (Rm 9.14;
1 Co 13.6; 1 Jo 5.17) significa injustiça; parabasis (Rm 2.23; GI
3.19; Hb 2.2) significa transgressão, ato de passar além da linha;
anomia (1 Jo 3.4) significa desobediencia e desrespeito à lei.
Pocdemos afirmar, portanto, que o pecado consiste em
errar o alvo da vida, não ser o que devia ou poderia ser, desviar-
se da verdade e da justiça, praticar a injustiça, ultrapassar a
linha que limita os nossos direitos e liberdade, desobedecer e
desrespeitar as leis. Mas, como o pecado sempre tem relação
com Deuse sua vontade, podemos dizer que pecar é ser, pensar,
falar, desejar ou fazer o que desagrada a Deus.
O homem trata o pecado levianamente, mas Deus o
trata de modo severo. O pecado é uma violação da justiça de
Deus e um insulto à Sua santidade. Por isto Deus o castiga
nesta vidae na futura. "O pecado é a desgraça do homem.
Todo o seu sofrimento e miséria são devidos ao pecado. O pe-
cadoé acausa básica das dores, perdas, angústias de coração
e frustrações."21
Cada pecado recebe a justa puniço. Podemos ver na
Biblia Sagrada castigos naturais e disciplinares. Mas nenhum
pecado fica impune. Os castigos naturais consistem em

2BreveCatecismo de Westminster- resposta pergunta 14.


21
Manford George Gutzke - Palavras Chaves da Fé p. 57.
Crist
54
ESTUDO N° 5 0 PLANO DE SALVAÇÃO

consequencias diretas das fal tas cometidas. "Aquilo que o


homem semear, isto também ceifará" (GI 6.7). Cada homem
colhe os frutos do seu pecado. O preguiçoso passa privações.
O mentiroso cai em total descrédito e, muitas vezes, paga caro
por suas mentiras. A lei de causa e efeito aplica-se também aos
pecados Cometidos por nós. Mesmo que a pessoa tenha sido
agraciada com o arrependimento eo perdão divino, ainda assim
sofreráasconsequências naturais de seu pecado. Mas há, tam-
bém, os castigos disciplinares, que são impostos diretamente
por Deus. Quando tais castigos são aplicados aos crentes, o
objetivo é discipliná-los para que eles abandonem o pecado e
se voltem para o Senhor. Podemos citar como exemplo o caso
de Himeneu e Alexandre, os quais, "tendo rejeitado a boa cons-
ciência, vieram a naufragar na fé", pelo que oapóstolo Paulo os
entregou "a Satanás, para serem castigados, a fim denao mais
blasfemarem" (1 Tm 1.19,20).Quandoos castigos disciplinares
são aplicados aos ímpios, o objetivoé refrear o ma.
O castigo na vida futura consiste num sofrimento eterno
no inferno. Jesus pintou este lugar de tormento com cores vivas,
quando falou sobre ele ao povo. O Mestre não deu muitos de-
talhes, mas deixou claro que o inferno é um lugar de terriveis
sofrimentos.Jesus o chamou de inferno de fogo (Mt5.22;18.9),
fogo eterno (Mt 18.8; 25.41), castigo eterno (Mt 25.46) e fogo
inextinguível, que nunca se apaga (Mc 9.43,44).

A OBRA ReDENTORA DE CRISTo

Deus nutre um grande amor por nós. Mas ele no pode


transigir com sua justiça. Ele não podia simplesmente fechar
Os olhos para o pecado do homem. A justiça exige reparaçao.
Alguém precisa pagar pelo erro cometido.
Mas Deus mesmo, movido pelo seu grande amor, provi
denciou um meio para a salvação do pecador. "Deus amou ao
mundo de tal maneira que deu oseu Filho unigènito, para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo
3.16). "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo
fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores"
(Rm 5.8).
55
CURSO PARA CATECUMENOS

Chegada a hora própria, o Filho assumiu a natureza


humana para sofrer em nosso lugar e nos redimir. "Vindo.
porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido
de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob
a lei, a fim de que recebessemos a adoçao de filhos (GI 4.4).
Jesus ofereceu ao IPai a perfeita obediência. Viveu uma vida
absolutamente santa. E se entregou å morte na cruz para a
nossa salvação. Ele não foi vitima, nem mártir. Pelo contrário.
entregou-se livremente ao sacriticio para a nossa salvação. Ele
mesmo declarou:"...eu dou a minha vida... Ninguém a
tira de
mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho auto-
ridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato
recebi de meu Pai" (lo 10.17,18).
O sacrificio de Jesus Cristo em nosso lugar, foi um sacri-
fício completo. E Deus aceitou o seu sacrifício, ressuscitando-o
dentre os mortos. "Ele foi traspassado pelas nossas transgres-
sões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz
a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados"
(Is 53.5).

ARREPENDIMENTO E FE

Jesus sofreu o castigo que nós devíamos sofrer. Ele pagou


pelos nossos pecados. Ele é o único meio de salvação, o único
caminho para o Pai. "E não h salvação em nenhum outro; por-
que abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre
0s homens, pelo qual importa que sejamos salvos (At4.12). Mas
a salvação não é automática. Para ser salvo, o pecador precisa
arrepender-se de seus pecados e crer em Jesus Cristo.
Manford George Gutzke afirma que "A expressão tantas
vezes usada - arrepender-nos dos pecados transmite uma
ideia incorreta. A razão é que ninguém 'se arrepende de seus
pecados, mas arrepende-se de si mesmo. Arrependimento e
umjulgamento da pessoa acerca de si mesma, pelo qual admite
que não vai bem" 22
Overdadeiro arrependimento causa um sentimento
de tristeza e pesar pelo erro cometido, e leva a pessoa a

Manford George Gutzke- Palavras Chaves da Fé Cristã- p. 138.


56
ESTUDO N95 0 PLANO DE SALVAÇÃO

mudar de vida. Os rabinos judeus diziam que o verdadeiro


penitente (arrependido) é aquele que, se voltar a ter a oportuni
dade de cometer o mesImo pecado, nas mesmas Circunstâncias,
não o faz.
Mediante o arrependimento, o pecador se desvincula da
velha vida, dos tempos da ignoráncia. O filho pródigo, antes
de vestir a melhor roupa, dada pelo pai, teve que tirar a roupa
suja, rasgada e mal cheirosa, que trazia da terra distante. Se-
melhantemente, o pecador precisa desvestir-se da imundícia
do pecado, por meio do arrependimento, para revestir-se da
nova vida em Cristo.
Além de se desvincular da velha vida, através do
arrependimento, o pecador precisa crer em Jesus Cristo e
recebê-lo como Salvador e Senhor. Esta fé implica numa
completa renúncia de toda tentativa para se alcançar a
salvação através de obras, e numa entrega total a Cristo, na
firme convicção de que o seu sacrifício na cruz é suficiente
para nS salvar.
Mediante o arrependimento, o pecador se desvincula
da velha vida, e mediante a fé se vincula à nova vida em
Cristo.
Após reconciliar-se com Deus, mediante o arrependi-
mento e a fé, o homem precisa viver do modo como Deus quer
que ele viva. Ou, como escreveu o apóstolo Paulo, praticar as
boas obras, "as quais Deus de antemo preparou para que an-
dássemos nelas" (Ef 2.10). Deve, também, tornar-se membro
de uma igreja, para somar-se a outros servos de Jesus Cristo.
Pois ele precisa testemunhar isto perante o mundo, com pa-
lavras e ações. E para isto precisa se instruir e se fortalecer
espiritualmente. E ao lado de outras pessoas que têm a mesma
experiência e a mesma fé, fica mais fácil ser fiel ao Senhor. Por
outro lado, há também aspectos da vida crist que só podem
ser vividos coletivanmente. Como exemplo podemos citar a
celebração da Ceia do Senhor.

CONCLUSÃO

Quem se arrepende de seus pecados e crê em Jesus Cris-


to como Salvador e Senhor tem a vida eterna. Jesus garantiu:
57
CURSO PARA CATECUMENOS

"Em verdade, em verdade vos digo:Quem ouve a minha pala-


vra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra
em juízo, mas passou da morte para a vida" (Jo 5.24). Observe
que Jesus disse: "tem a vida eterma"e não "terá a vida eterna".
Ele usou o presente, e não o futuro. Eo apóstolo João escreveu
o seguinte: "Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que
não tem o Filho de Deus näo tem a vida. Estas cousas vos es-
crevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros
que credes em o nome do Filho de Deus" (1 Jo 5.12,13).
A Bíblia Sagrada é muito realista; ela não esconde a
fraqueza e a miséria do homem. Ela diz que somos fracos,
frágeis, incapazes até de entender as coisas de Deus. Mas,
apesar de tudo isto, ela nos garante que em Cristo podemos
ter a certeza da salvação. Jesus atirmou categoricamente:
"As minhas ovelhas ouvenm a minha voz; eu as conheço, e
elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão,
e ninguém as arrebatará da minha mão. Aquilo que meu Pai
me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode
arrebatar" Jo 10.27-29).
Podemos ter certeza completa e absoluta do cumpri-
mento das promessas que Deus nos faz em sua Palavra. "OO
caráter de Deus paira acima de toda a suspeita. Ele é justo.
Ele é santo. E a Palavra de Deus é tão digna de confiança
quanto o seu caráter".3 "Deus não é lhomem, para que min-
ta, nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura,
tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cum-
prirá?" (Nm 23.19).
Graças a Deus, podemos ter a certeza ea segurança da
salvação. A nossa certeza não se baseia nos nossos méritos,
mas em Jesus Cristo que afirmou: "... o que vem a mim, de
modo nenhum o lançarei fora" (Jo 6.37).

TEXTOS BiBLICOS PARA LEITURA

1. A queda do homem Gênesis 3.1-24


-

2. Todos os homens na condição de pecadores- Romanos 3.9-20


3. A misso do Filho -João 3.16-21

23 Clyde M. Narramore -Como Ser Feliz - p. 187.

58
ESTUDO N°5 0 PLANO DE SALVAÇÃO

4. Arrependimento e fé - Marcos 1.1-15


5. O sofrimento de Cristo - Isaías 53.1-12
6. Nenhuma condenaço para os que estão em Cristo
Romanos 8.1-11
7. Certeza de salvação - 1 João 5.10-13

ExERCiCIo PARA FixAÇÃO DA MATÉRIA EsTUDADA

Após estudar cuidadosamente a lição, responda, por


escrito, às seguintes perguntas:

1. Por que Deus não impediu que o homem pecasse?


R:

2. Que é pacto da redenção?


R:

3. Que é pecado, de acordo com o Breve Catecismo?


R:

4. Em que consiste o castigo na vida futura pelos pecados


cometidos nesta vida?,
R:

5. Que é que Jesus falou sobre o inferno?


R:

59
CURSO PARA CATECÜMENOS

6. Complete: Jesus ofereceu ao Pai


Viveu uma vida
E se entregou å morte na cruz para
Ele não foi
nem Pelo contrário, entregou-se
para a nossa salvação.
7. Que éo verdadeiro arrependimento?
R:

8. Em que implica a fé em Jesus Cristo para a salvação?


R:

Por que o verdadeiro cristão precisa ser membro de uma


igreja crist?
R:

10. Quem aceita Jesus como Salvador e Senhor, pode ter a


certeza da salvação? Por quê?
R:

60
KEtLA, WALACE

Estudo 1126

O OUTRO LADO DO PLANO


DE SALVAÇÃO

Texto básico: Efésios 1.3-14

oda pessoa que se arrepende de seus pecados


e crê em Jesus Cristo como Salvador e Senhor,
pode ter certeza e segurança de sua salvação.
Esta certeza se baseia nas promessas que Deus nos az em sua
Palavra a Bíblia Sagrada. E "Deus não é homem, para que.
-

minta, nem filho de homem, para que se arrependa. Porven-


tura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o
cumprirá?" (Nm 23.19).
As constantes exortações que a Biblia faz aos homens
para que se arrependam e creiam em Jesus Cristo, podem dar
a ideia de que o homem é capaz de arrepender-se e crer por
si mesmo. A verdade, todavia, é que o verdadeiro arrepen-
dimento e a fé salvadora são dádivas de Deus. Os crentes de
Jerusalém, ao ouvirem a explanação que Pedro fez sobre a
conversão de Cornélio e de seus familiares, glorificaram a Deus,
dizendo: "Logo, também aos gentios foi por Deus concedido
0 arrependimento para a vida" (At 11.18). E o apóstolo Paulo
escreveu aos efésios: "Porque pela graça sois salvos, mediante
a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus" (Ef 2.8).
E Deus quem concede ao homemo verdadeiro arrepen-
dimentoea fé salvadora. Este é o assunto desta lição.

A PREDESTINAÇÃO E o CHAMADO PARA A SALVAÇÃO

O apóstolo Paulo escreveu aos efésios que Deus "nos


predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de
Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade" (Ef 1.5).
61
CURSO PARA CATEGÜMENOS

E que esta escolha foi feita "antes da fundaço do mundo


1.4)
para sermos santos e irrepreensíveis perante ele" (Ef
A Biblia Sagrada ensina que Leus, antes da fundação
do mundo, escolheu as pessoas que seriam salvas.
A doutrina da predestinação, à semelhança da
doutrina da Trindade, está alèm da nossa cormpreensão. Por
isto, muitos erros tênm sido cometidos em relação a esta dou-
trina. Veja, a seguir, alguns destes erros:
a) Algumas pessoas simplesmente rejeitam a doutri-
na da predestinação, afirmando que ela é incompatível com
o ensino bíblico de que Deus "deseja que todos os homens
sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade"
(1 Tm 2.4). Quantoa isto devemos lembrar que o raciocínio
de Deus não funciona como o raciocinio do homem. "Porque
os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, (..)
diz o SENHOR; porque, assim como os céus são mais altos
do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do
que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos
do que os vossos pensamentos" (ls 55.8,9). Não podemos
submeter as ações de Deus ao juízo_da lógica humana.
Se quisermos submeter os ensinos da Bíblia à lógica
humana, deixaremos também de orar, pois Deus conhece
todas as coisas e não haveria necessidade de falarmos com ele
sobre as nossas necessidades. Contudo, a Bíblia, ao mesmo
tempo que ensina a onisciência de Deus, afirma que deve-
mos orar "sem cessar" (1 Ts 5.17). Logo, devemos observar
aquilo que Deus nos diz em sua Palavra, e no o que nos diz
o nosso raciocinio que é imperfeito, além de corrompido
pelo pecado.
Outras pessoas rejeitam a doutrina da predestinação,
b)
afirmando que Deus é justo, e não escolheria uns deixando
de escolher outros. Quanto a isto, o apóstolo Paulo resporn
de: "Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De
modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de
quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei .

de quem me aprouver ter compaixão" (Rm 9.14,15). To-


dos os homens são pecadores e, por isto, estão perdido5,

62
ESTUDO NO6 0OUTRO LADO DO PLANO DE SALVAÇÃO

condenados ao sofrimento eterno. E ninguém pode alegar que


Deus é injusto, pelo fato de haver escolhido alguns pecadores
para serem salvos em Cristo.
c) Existem, também, pessoas que afirmam que Deus
escolheu para a salvação aqueles que ele sabia que iam crer
em Jesus Cristo. Mas não é assim. A base da predestinação
éo amor de Deus, e não o seu conhecimento prévio de que a
pessoa ia crer em Cristo.
d) Mas a pior situaço é a daqueles que usam da dou-
trina da predestinação para dar lugar ao pecado. Eles afirmam:
"Posso viver como quiser, pois se eu for um predestinado, serei
salvo de qualquer maneira". Quem pensa e age assim desconhe-
ce o ensino bíblico de que fomos predestinados "para sermos
santos e irrepreensíveis" (Ef 1.4). Tais pessoas vão pagar muito
caro pelo mau uso que estão fazendo da misericórdia divina!
e) Por fim, existem aqueles que dizem que a doutrina da
predestinação anula a pregação do evangelho. Quantoa isto,
basta lembrar o que aconteceu com o apóstolo Paulo em Co-
rinto: "Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor
lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; por
quanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mai, pois
tenho muito povo nesta cidade" (At 18.9). Deus tinha muitos
escolhidos em Corinto, e Paulo devia continuar pregarndo ali
para que eles fossem alcançados com a mensagem de salvação.
A predestinação no elimina a pregaço do evangelho. Pelo
contrário, ela exige a pregação, pois os predestinados precisam
ouvir o evangelho para crer. A fé, que é um dom de Deus, "vem
pela pregação" (Rm 10.17).
Deus usa a sua Palavra e a atuação do Espírito Santo
para chamar aqueles que Ele predestinou. Foi o que aconte-
ceu com Lídia. Paulo pregava. Ela e outras mulheres ouviam.
E Deus, através do Espirito Santo, abriu o coração dela
para atender às coisas que Paulo dizia" (At 16.14). Os
teólogos chamam isto de vocação eficaz, que é a atração
irresistível que Deus, por meio da Palavra e do Espírito
Santo, exerce sobre o pecador levando-o a aceitar a Cristo
como seu único Salvador.
63
CURSO PARA CATECÜMENOS

A REGENERAÇÃO E A CONVERSÃO

A regeneração consiste na implantação do princípio da


nova vida espiritual na pessoa que foi predestinada e que está
sendo chamada, pela Palavra, para a salvação. Pocdemos definir
regeneração como a ação do Espirito Santo, na nnente e no coração
do pecador, dando-lhe uma disposição santa de servir Deus emes- a
pírito e em verdade. Esta definição é compartilhada por grandes
teólogos e confirmada pela Biblia Sagrada. Strong ensina que a
"regeneração é aquele ato de Deus pelo qual a disposição domi-
nante da alma é tornada santa e o primeiro exercício santo da
disposição é assegurado"4 Gordon definiu regeneração comoo
"um ato drástico, operado sobre a natureza humana caída, por
parte do Espírito Santo, que produz uma alteração na atitude
inteira do individuo"E Berkhof ensina que "regeneração é o
ato de Deus pelo qual o princípio da nova vida é implantado no
homem, ea disposição dominante da alma é tornada santa eo
primeiro exercício santo desta nova disposiço é assegurado" 26
Esse primeiro exercício de que falam Strong e Berkhof é o novo
nascimento. Este novo nascimento o nascer do Espírito (Jo
-

3.5,6), o nascimento espiritual entroniza Jesus Cristo na alma


-

do pecador e o leva a se mover em direção a Deus.


O diálogo de Jesus com Nicodemos mostra claramen-
te o que é a regeneração. Nicodemos, um dos principais dos
judeus, disse a Jesus: "Rabi, sabemos que és Mestre vindo
da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais
que tu fazes, se Deus não estiver com ele. A isto, respondeu
Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não
nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-
Ihe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo
velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer
segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te
digo: quem não nascer da água e do Espírito não pocde entrar
no reino de Deus. O que é nascido cda carne é carne; e o que
é nascido do Espírito é espírito." (Jo 3.2-6). Nascer da águn ou

4 Augustus Hopkins Strong- Systematic Theology-p. 809.


25 Ctado em Novo Dicionário da B/ibla, verbete Aegeneração- p. 1379
26 Louis Berkhof- Teologia Sistemática-p. 471.

64
ESTUDO Ne 6 0 0UTR0 LADO DO PLANO DE SALVAÇÃO

nascer da carne eram expressões usadas pelos judeus para falar


do nascimento fisico. E Jesus afirma que, para entrar no reino
de Deus é preciso nascer mais unma vez: nascer do Espírito.
O processo de mossa vida iniciou-se no momento de nossa
concepção. ASsim tambem, o processo da aplicaço da obra
de Cristo em nós, se inicia com a nossa concepção espiritual,
isto é, no momento em que o Espírito Santo implanta em nós
a sennente da nova vida. Ea regeneração, isto é, somos gerados
de novo pelo Espírito Santo.
Antes da regeneração a atração pelo pecado domina o
pecador. A partir da regeneração, ele passa a desejar o que é
bom, reto e justo.
Este toque regenerador do Espírito Santo leva o pecador
à conversão. "Esta conversão é apenas a expressão externa da
obra da regeneração, ou a mudança que a acompanha, efetu-
ada na vida consciente do pecador. Esta conversão tem dois
aspectos, um ativo, o outro passivo. No primeiro, a conversão
é contemplada como a mudança efetuada por Deus, na qual
Ele muda o curso consciente da vida do homem. E no último,
é considerada como o resultado desta ação divina. ... (E) aquele
ato de Deus pelo qual Ele faz o regenerado, na sua vida cons-
ciente, voltar para Ele com fé e arrependimento".27 Conversão,
portanto, é o resultado da ação do Espírito Santo que leva o
pecador a arrepender-se de seus pecados e a crer em Cristo
como Salvador e Senhor.
Não podemos confundir arrependimento com remorso.
O remorso não é tanto um lamento pelo que fizemos, mas o
medo das consequências do que fizemos. Já o arrependimento
é um sentimento cle tristeza e pesar pelo erro cometido, acomn-
panhado da disposição de mudar de vida. Os rabinos judeus
diziam que o verdadeiro penitente (arrependido) é aquele que,
se voltar a ter a oportunidade de cometer o mesnmo pecado, nas
mesmas circunstâncias, não o fará. Mas o ponto fundamental
no arrependimento dos pecados é a volta para Deus. Judas
Iscariotes reconheceu o seu pecado, pois ele mesmo declarou:
"Pequei, traindo sangue inocente". Sentiu tristeza pelo pecado
cometido. E, quando ele atirou para o santuário as moedas de
27 Louis Berkhof Manual de Doutrina Crist - p. 220.

65
CURSO PARA CATECÜMENOS

prata que recebera para trair o Mestre, estava abominando o


erro cometido; mas não voltou para Deus. Foi suicidar-se (Mt
27.3-5). Pedro, por sua vez, arrependeu-se, voltando para Jesus.
As constantes exortaçõies que a Biblia az aos homens
para que se arrependam e creiam em Jesus Cristo, podem dar
a ideia de que o homem é capaz de arrepender-se e crer por
si mesmo. A verdade, todavia, é que o verdadeiro arrepen-
dimento ea fésalvadora são dádivas de Deus. Os crentesde
Jerusalénm, ao ouvirem a explanação que Pedro fez sobre a
conversão de Cornélio e de seus tamiliares, glorificaram a Deus,
dizendo: "Logo, também aos gentios foi por Deus concedido o
arrependimento para a vida" (At11.18). Eles reconheciam que
o verdadeiro arrependimento é concedido por Deus, mediante
a atuação do Espírito Santo. Por meio do profeta Jeremias, Deus
disse a seu povo: "Pode, acaso, o etíope mudara sua pele ou o
leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estan-
do acostumados a fazer o mal" (Jr 13.23). O homem, morto em
transgressões e pecados ou em consequência do pecado é -

incapaz de arrepender-se; ele só se arrepende quando é tocado


pelo Espírito Santo.
Mediante o arrependimento, o pecador se desvincula
da antiga vida de pecado; e, através da fé, ele se vincula à nova
vida em Cristo.
A fé que leva à salvaço pode ser definida como "uma
confiante entrega a Cristo para a salvação". 28 Calvino afirmou
que podemos ter uma definição perfeita da fé, se afirmamos
que é um conhecimento firme e certo da vontade de Deus a
nosso respeito, fundado na verdade da promessa gratuita feita
em Jesus Cristo, revelada ao nosso entendimento e selada em
nosso coração pelo Espírito Santo". Berkhof define a fé salva
dora como "uma firme convicção, efetuada no coração pelo
Espírito Santo, quanto à verdade do evangelho, e uma confiança
Sincera e entusiástica nas promessas de Deus em Cristo."20
apóstolo Paulo deu testemunho de sua fé, afirmando: "Eu sei
em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para
guardar o meu depósito até aquele Dia" (2 Tm 1.12).
28
José Martins-0 Homem e a Salvação p.100.
-

29 Louis Berkhof -Manual de Doutrina Cristá - p. 227.

66
ESTUDO N° 60 OUTRO LADO D0 PLANO DE SALVAÇÃO

A semelhança do verdadeiro arrependimento, a fé


salvadora também procede de Deus, através da atuação do
Espírito Santo. O apóstolo Paulo escreveu: "Porque pela gra-
ça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus" (Ef 2.8). A fé é dom de Deus!

A JuSTIFICAÇÃO E A SEGURANÇA DO SALVO

Quando o pecador recebe Jesus Cristo como Salvador,


ele é justificado diante de Deus, mediante a obra redentora de
Cristo. "A justificação é um ato judicial de Deus, no qual Ele
declara, com base na justiça de Jesus Cristo, que todas as rei-
vindicações da lei são satisfeitas com vistas ao pecador".30 Isto
significa que todos os seus pecados do passado, do presente
e do futuro são perdoados, ele é restaurado como filho de
Deuse passa a ter direito à herança da vida eterna. O apóstolo
Paulo ensinou: "Nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus" (Rm 8.1). Esta justificação, embora operada fora
do homerm, isto é, no tribunal de Deus, se faz sentir também
no interior do homem. "Justificados, pois, mediante a fé, temos
paz com Deus" (Rm 5.1).
A justificação, contudo, não impede o homem de conti-
nuar pecando. Todo ser humano é pecador. Nasce em pecado,
pecou no passado, peca no presente e continuará pecando até
o momento de sua morte. O apóstolo João, escrevendo a cren-
tes, afirmou: "Se dissermos que não temos pecado nenhum, a
nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se
dissermos que no temos cometido pecado, fazemo-lo menti-
roso e a sua palavra não está em nós" (1 Jo 1.8,10). E o apóstolo
Paulo declarou: "Não faço o bem que prefiro, mas o mal que
não quero, esse faço" (Rm 7.19). Por isto Jesus nos ensinou a
orar "perdoa-nos as nossas dívidas" (Mt 6.12). Eo apóstolo João
escreveu: "Se confessarmos os nossos pecados, ele éfiel ejusto
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça"
(1 Jo 1.9).
Aquele que recebe Jesus como Salvador e Senhor,
com toda a certeza chegará ao céu. Isto não significa que o
30 Louis Berkhof- Teologia Sistemática - p. 517.

67
CURSO PARA CATECUMENOS

crente não esteja sujeito a pecar e a quebrar sua comunhão com


Deus. Mas o verdadeiro crente jamais cairá completamen-
te; isto significa que sua fë e seus habitos cristãos jamais
desaparecerão inteiramente. Mlas essa perseverança também
é obra do Espírito Santo. Os teólogos chamam isto de perse-
verança dos santos e a definem "como a contínua operação
do Espirito Santo no crente, pela qual a obra da graça divina,
iniciada no coração, tem prosseguimento se completa".3
O apóstolo Paulo declarou a mesma coisa, porém, com pala-
vras diferentes: "Estou plenamente certo de que aquele que
começou boa obra enm vós há de completá-la até ao Dia de
Cristo Jesus" (Fp 1.6).
ORev. José Martins, em seu livro O Homemea Salvnço2,
aponta sete razões bíblicas para a nossa segurança de salvação.
Duas se relacionam com o Pai, três com o Filho e duas com o
Espírito Santo. Essas razões são as seguintes:
a) Opropósito e o poder do Pai garantem a nossa sal-
vaçao.
Paulo escreveu aos efésios que "fomos também feitos
herança, predestinados segundo o propósito daquele que
faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade" (Ef
1.11). E João escreveu: "Filhinhos, vos sois de Deuse tendes
vencido os falsos profetas, porque maior é aquele que está em
vós do que aquele que está no mundo" (1 Jo 4.4). O Pai tem
o propósito de nos salvar. Como ele não muda, podemos ter
segurança da salvaço. Satanás tem um propósito diferente.
Ele quer nos levar para o inferno. Mas o poder do Pai garante
a nossa salvação. Nós venceremos porque maior é aquele que
está em nós do que aquele que está no mundo.
b) A morte, a ressurreição e a intercessão de Cristo
garantema nossa sailvação.
Oapóstolo Paulo escreveu: "Quem intentará acusação
contra os eleitos de Deus?...Quem os condenará? E Cristo quem
morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de
Deus e também intercede por nós" (Rm 8.33,34). Jesus morreu
em nosso lugar, ressuscitou como prova de que o Pai aceitou
31 Louis Berkhof- Teologia Sistemática - p. 550.
32
José Martins 0 Homem e a Salvação - p. 137-143.
-

68
ESTUDO N2 6 0 OUTRO LADO DO PLANO DE SALVAÇÃO

o seu sacrificio e está constantemente intercedendo por nós.


Ele é o nosso advogado diante do Pai. Por isto podemos ter a
certeza da salvação.
c) O seloeopenhor do EspíritoSanto garantemanossa
salvação.
O apóstolo Paulo ensinou também que "depois que
ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação,
tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito daa
promessa;o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da
sua propriedade, em louvor da sua glória" (Ef 1.13,14). Na an-
tiguidade, uma das funções do selo era garantir a propriedade
de um objeto ou de um escravo. O selo era uma marca ou uma
tatuagenm, eo penhor era um objeto que garantia o pagamento
de uma dívida. O Espírito Santo vem habitar em nós, a partir
do momento em que recebemos Jesus como Salvador, assim
ele nos sela como propriedade de Deus e, ao mesmo tempo, é
o penhor de que o Pai cumprirá a promessa de nos salvar.

CONCLUSÃO

A nossa salvação depende da graça divina, e não dos


esforços humanos. Se dependesse de nós, não poderíamos ter
segurança; pois somos fracos, imperteitos, instáveis. Mas como
depende só da graça de Deus, a situação é diferente. "Quando
o próprio Deus é o guardiäo de nossa alma, podemos ficar
tranquilos, na certeza cde que estamos de fato seguros -sem o
mínimo resquício de dúvida".33
"Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação
santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de pro-
clamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para
a sua maravilhosa luz" (1 Pe 2.9).
Deus nos escolheu, nos chamou, nos regenerou, nos
converteu e nos justificou, para sermos o seu povo.
"Ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus
Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania,
antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém."
(Jd 25).

33 Clyde M. Narramore -Como Ser Feliz -p. 191.

69
CURSO PARA CATECUMENOS

TEXTos BiBLICOs PARA LETURA

1. Exortação à firmeza na fé -2Tessalonicenses 2.13-17


2. Paulo em Corinto - Atos 18.1-11
-
3. A conversão de Lídia Atos 16.11-155
4. A mulher samaritana - João 4.1-30
b. Zaqueu, o publicano - Lucas 19.1-10
6. Jesus, o bom pastor - João 10.1-18
7. As provas e a certeza do amor de Deus Romanos 8.31-39
-

EXERCICIO PARA A FiXAÇÃO DA MATÉRIA ESTUDA

Após estudar cuidadosamente a lição, responda, por


escrito, às seguintes perguntas:

1. Cite dois versículos que mostram que o verdadeiro arre-


pendimento e a fé salvadora são dádivas de Deus:
R:

2 Que é que ensina a doutrina da predestinação?


R:

3. A doutrina da predestinação é incompatível com a declara


ção bíblica de que Deus deseja que todos os homens sejanm
salvos? Por que?
R:

70
ESTUDO N6 0OUTRO LADO DO PLANO DE SALVAÇÃO

4. Deus cometeu injustiça ao predestinar algumas pessoas


para a salvação? Por quê?
R:

5. A doutrina da predestinação dispensa a necessidade de


uma vida santa? Por quê?
R:

6. A predestinação anula a pregação do evangelho? Por quê?


R:

7. Que é regeneração?
R:

8. Que é conversão?
R:

9. Que é justificação?.
R:

71
CUASO PARA CATECUMENOS i i
10. Por que podemos ter segurança e certeza da nossa salvacão?
R:

72
Estudo 12 7

COMO SURGIU O
PRESBITERIANISMO

Texto básico: Mateus 16.13-18

nossa salvação é um processo que começou


antes da fundaço do mundo, quando o Pai
eo Filho estabeleceram o pacto da redenção.
O Filho "se colocou no lugar do pecador e incumbiu-se de
fazer a expiação do pecado, suportando o castigo necessári0,
e de satisfazer as exigências da lei em lugar de todo o seu
povo"34
O plano de Deus para a nossa salvaço inclui uma
organização para nos arrebanhar. Na antiga aliança feita com
Abraão e ratificada quando Deus deu a lei, através de Moisés,
esta organização era constituída pelos israelitas. Deus havia
prometido a Abraão: "... de ti farei uma grande nação, e te
abençoarei, e te engrandecerei o nome" (Gn 12.2).
Mas Israel quebrou a aliança com o SENHOR. E negou-
se a receber o Messias. Rejeitaram o Filho de Deus. "Veio
para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a to-
dos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus; a saber, aos que creem no seu nome (Jo
1.11,12). Felizmente Deus fez uma nova aliança, através de
Jesus Cristo. E, "a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder
de serem feitos filhos de Deus". E com estes Jesus edificou à
sua igreja, conforme ele mesmo prometeu: ".. edificarei a
na igreja, e as portas do interno não prevalecerão contra
ela" (Mt 16.18). Assim a nação de Israel, como organização
34 LOuis Berkhol -Manual de Doutrina Cristã - p. 140

73
CURSO PARA CATECUMENOS

instituída para congregar o povo de Deus, foi substituida


pela igreja.
A igreja se ramificou em vários grupos.

A lGREJA PRIMITIVA

Historicamente a igreja crist nasceu no dia de Pen-


tecostes. A princípio ela era considerada apenas uma seita
do judaísmo (At 24.14; 28.22). Mas, com o passar do tempo,
adquiriu identidade própria.
Os cristãos foram violentamente perseguidos pelos
judeus e pelos romanos. A perseguição, contudo, ajudava a
igreja. Os crentes tornavam-se mais ousados, e os falsos cristãos
não suportavam a pressão e saíam. Assim a igreja ia, ao mesmo
tempo, se fortalecendo e se purificando.
No século 4 cessaram as perseguições. No ano 313,
Constantino e Licínio, concorrentes ao trono imperial, se
encontraram e assinaram o Edito de Milio, concedendo plena
liberdade ao cristianismo. Em 323 Constantino finalmente
derrotou Licínio, tornando-se o único governante do mundo
romano. Com seu tino político sentiu a necessidade de unificar
o Império. "Havia uma só lei, um só imperador e uma única
cidadania para todos os homens livres. Era necessário que
houvesse também uma sóreligião".3 Eo cristianismo passou
a ter proteção do Império Romano.
A partir daí, a igreja crist passou a receber un gran-
de número de adesões. Muitas pessoas, sem a verdadeira
conversão, entraram para a igreja. A atuação de tais pessoas
e a influência do mundo pagão levaram a igreja a adotar
doutrinas e práticas que se chocam brutaimente com os ensinos
biblicos. Eis alguns exemplos: no ano 375, foi instituido o culto
aos santos; no ano 431, instituiu-se o culto a Maria, a partir
do Concilio de Efeso, cidade em que pontificava a grande
Diana dos Efésios, divindade feminina pag; em 503, surgiu
a doutrina do purgatório; em 783, foi adotada a adoração
de imagens e relíquias; em 1090, inventou-se o rosário;
em 1229 foi proibida a leitura da Bíblia. Há muitas outras
35 Williston Walker - História da lgreja Cristá-
Volumel- p. 154.
74
ESTUDO N° 7 COMO SURGIU O PRESBITERIANISMO

inovações que seria long mencionar aqui.


Algumas pessoas afirmam que a igreja organizada pelos
apóstolos é a lgreja Católica Romana. Quanto a isto devemos
esclarecer o seguinte:
a) A igreja dos apóstolos no adotou nenhum nome
especifico. Ela é chamada no Novo Testanento simplesmente
de igreja. Historicamente ela é denominada lgreja Primitivn,
por ter sido a primeira.
b) O sistema de governo e a organização da Igreja Pri
mitiva, suas doutrinas e sua liturgia, eram bem diferentes do
que é praticado pela Igreja Católica Romana.
c)A verdade é que a lgreja Católica Romana surgiu das
transformações ocorridas na lgreja Primitioa. Transformações
que, lanmentavelmente, só afastaram a igreja dos ensinos de
Jesus Cristo.
As heresias mencionadas, aliadas à corrupção e imo-
ralidade do clero, levaram a igreja a perder suas principais
características de igreja crist. Mas ainda existiam pessoas
sinceras, tementes a Deus, que clamavam por uma reforma.

A REFORMA PROTESTANTE

A partir do ano 1300, o mundo ocidental experimen-


tou um sentimento crescente de nacionalismo. Os povos não
queriam sujeitar-se a Roma. Aspiravam ver surgir uma igreja
nacional. Esse clima favoreceu o surgimento dos Precursores da
Reforma. Eram homens cultos, de vida exemplar, que tinham
prazer na leitura e na exposição da Bíblia Sagrada. São cha-
mados precursores porque antecederam aos reformadores e,
principalmente, porque não conseguiram superar o legalismo
religioso não descobriram a graça salvadora. Queriam fazer
alguma coisa para alcançar a salvação, quandoa Biblia afirma:
Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós;
é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Et
2.8,9).
Os principais precursores da Reforma foram: João
Wyclif (1328?-1384), professor na Universicdade de Oxtord, na
Inglaterra; João Huss (1373?-1415), professor na Universidade
75
CURSO PARA
CATECUMENOS

de Praga, que foi queimado por causa de sua fé; e Girolano Sa.
vonarola (1452-1498), monge dominicano, que foi enforcado e
queimado por ordem do Papa Alexandre VI, em Florença, na
Itália.
Alem dos movimentos liderados pelos Precursores da
Reforma, ocorreram outras tentativas de retormar a igreja, mas
sem êxito.
No século 16 a situação era bastante propicia a uma
reforma da igreja. A Europa estava no limiar de uma nova
época politica e social. Gutemberg revolucionara o processo
de impressão de livros; Colombo descobrira a Amêrica. E o
descontentamento com a igreja persistia. Tudo isso preparava
o terreno para a retorma.
No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero (1483-
1546), monge agostiniano, afixou na porta da capela de Witten-
berg, na Alemanha, as suas 95 teses. Era o início da Reforma
Religiosa do Século 16.
Lutero tentou reformar a igreja, mas Roma não quis se
reformar. Antes, o perseguiu violentamente. Em 1521 ele foi
excomungado. Neste mesmo ano teve que se esconder durante
10 meses no castelo de Wartburgo, perto de Eisenach, para não
ser morto. Depois voltou para Wittenberg, de onde comandou
a expansão do movimento de reforma.

O PRESBITERIANISMo

Paralela à reforma de Lutero, surgiu na Suíça um refor


mador chamado Ulrico Zwínglio (1484-1531). Era mais novo
do que Lutero apenas 50 dias, mas tinha formação e ideias
diferentes do reformador alemão.
Em 1525 Zurique, na Suíça, tornou-se, oficialmente,
protestante. Outros cantöes (estados) suíços também aderiramn
ao protestantismo. As divergências entre esses cantões e os que
permaneceram fiéis a Roma iam-se aprofundando. Em 1531
estourou a guerra entre os cantões católicos e os protestantes,
derados por Zurique. Zwínglio, homem de gênio forte, tam-
bém foi para o campo de batalha, onde morreu no dia 11 de
outubro de 1531.
76
ESTUDO N 7 COMO SURGIU O PRESBITERIANISMO

Zwínglio morreu, mas o movimento iniciado por ele


não morreu. Outros líderes deram continuidade ao seu traba-
Iho, entre eles destacam-se Guillherme Farel (1489-1565) e João
Calvino (1509-1564).
Em 1526, Farel iniciou o seu trabalho de pregação na
Suiça de fala francesa. Ligou-se aos seguidores de Zwinglio.
Conseguiu implantar o protestantismo em vários cantões
(estados) suíços. E, em 1532, entrou em Genebra pela
primeira vez. Sua pregação causou tumulto na cidade.
Teve que se retirar. Mas voltou logo depois. E no dia 21 de
naio de 1536, a Assembleia Geral declarou a cidade oficial-
mente protestante.
Em julho le 1536, Calvino chegou a Genebra. Farel foi
ao seu encontro e o convenceu a permanecer ali para ajudá-lo
na reorganização da cidade.
João Calvino foi o mais culto e o mais organizado
entre todos os reformadores. "Ele moldou o pensamento e
s
Inspirou ideais do protestantismo da França, Países Baixos,
Escócia e dos puritanos ingleses. Sua influência penetrou na
Polônia e na Hungria, e antes de sua morte o calvinismo lançara
raízes na própria Alemanha. Os homnens seguiam seus pensa-
mentos. O sistema dele foi o único que a Reforma produziu
que se pôde organizar poderosamente em face da hostilidade
governamental, tal como na França e na Inglaterra. Preparou
homens fortes, certos de sua eleição para colaboradores de
Deus na execução de Sua vontade, corajosos na luta,
exigentes quanto ao caráter, confiantes de que Deus dera
nas Escrituras a norma de toda a conduta humana e culto
adequado".36 Escreveu grandes obras, entre as quais se des-
taca Instituição da Religião Crist, conhecida como lnstitu tas
cde Calvino, a mais completa e importante obra produzida no
período da Reforma.
Em 1559, Calvino fundou a Academia Genebrina - a Uni-
versidade de Genebra. Jovens de vários países vieram estudar
ali e levaram a semente do evangelho na volta à sua terra. Esses
jovens se espalharam pela França, Países Baixos, Inglaterra,
Escócia, Alemanha e Itália.
38 Williston Walker, História da igreja. Crist, volume lI, p. 79

77
CURSO PARA CATECUMENOS

Entre os jovens discipulados por Calvino estava


George Wishart, que se tornou pregador na Escócia, onde foi
queimado em 1546. John Knox (15147-1587), que também estu-
dara em Genebra, deu prosseguimento ao traballho de Wishart.
De lá, o evangelho foi levado para a Inglaterra e para os Estados
Unidos, de onde se difundiu por vários países, inclusive para o
Brasil. Foi na Escócia que surgiuo nome "presbiteriano", pelo
fato de a igreja ser governada por presbiteros. Por isso, em
alguns paises, a igreja que surgiu como resultado do trabalho
e da influência de Calvino chama-se Igreja Reformada, e em
outros, Igreja Presbiteriana.

CONCLUSÃO

"Edificarei a minha igreja" disse Jesus "e as portas


- -

do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16.18). Homens


fraudulentos e a influência do mundo pago desviaram a igreja
dos ensinos de Jesus. Mas sempre existiram servos fiéis, que
não se conformavam como erro e clamavam por uma reforma.
Lutero deu início ao movimento vitorioso. Outros continuaram
seu trabalho. E assim surgiu a igreja evangélica.
Cada igreja crist é um lado visível da invisivel Igreja
de Cristo. Uma igreja local é uma organização eclesiástica.
Como organização, ela necessita de princípios e normas para
se conduzir. Mas a igreja é mais do que uma simples organi-
zação. Ela é um organismo. E o Corpo de Cristo. "Ora, vós sois
corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo" (1
Co 12.27).
Jesus Cristo é a cabeça do corpo, da igreja. Por isso,
cada membro, como parte desse corpo, deve ser obediente ao
Senhor Jesus Cristo.

TEXTOS EBiBLIcos PARA LEITURA

1. A Grande Comissão - Mateus 28.18-20


2. A primeira perseguição - Atos 8.1-3
3. A Igreja de Antioquia - Atos 11.19-26
4. Elimas, o mágico - Atos 13.4-12
78
ESTUDO NO7 COMO SURGIU O PRESBITERIANISMO

5. A controvérsia sobre a circuncisão dos gentios - Atos 15.1-29


6. Paulo fala aos presbíteros de Efeso - Atos 20.17-35
7. A universalidade do evangelho - Apocalipse 7.9-17

ExERCÍCio PARA A FiXAÇÃO DA MATÉRIA ESTUDADA

Após estudar cuidadosamente a lição, responda, por


escrito, às seguintes perguntas:

1. Na nova aliança, estabelecida por Jesus Cristo, qual é a


organização que reúne e congrega o povo de Deus?
R:

2. Quando nasceu a Igreja Crist?


R:

3. Qual era o seu nome? Por quê?


R:

4.Como surgiu a Igreja Católica Romana?


R:

5. Quando foi que o cristianismo passou a ter proteção do


Império Romano?
R:

79
CURSO PARA CATECUMENOS

6 Quais foram os precursores da Reforma?


R:

7. Como começou a Reforma Religiosa do Século Dezesseis?


R:

8. O que você sabe sobre Martinho Lutero?


R:

9.O que você sabe sobre Ulrico Zwínglio?


R:

10. O que você sabe sobre João Calvino0?

R:

80
Estudo 8

A IGREJA PRESBITERIANA
DO BRASIL

Texto básico: 1
Coríntios 12.12-27

plano de Deus para a nossa salvação inclui uma


organização para nos arrebanhar. Na antiga
aliança, feita com Abraão e ratificada no Sinai
quando Deus deu a lei, esta organização era constituída pelos
israelitas. Deus havia prometido a Abraão: "... de ti farei uma
grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome" (Gn
12.2). Mas Israel quebrou a aliança com o SENHOR. E negou-se
a receber o Messias. "Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam" (Jo 1.11).
Felizmente, Deus fez uma nova aliança, através de Jesus
Cristo. E "a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus" (Jo 1.12). E com estes Jesus edifi-
cou a sua igreja, conforme ele mesmo prometeu:. edificarei
a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela" (Mt 16.18). Assim, a naço de Israel, como organização
instituída para congregar o povo de Deus, foi substituída pela
igreja.
Mas, que é igreja?
Etimologicamente, a palavra igreja vem de ekklesia,
palavra grega usada para designar a assembleia da popula-
ção das cidades gregas, que se reunia para tratar das questões
administrativas. No Novo Testamento a palavra igreja é usada
com vários significados; os principais são:
a) Um grupo de crentes de uma determinada loca-
idade, uma igreja local. Por exemplo: "igreja que estava em
81
CURSO PARA CATECUMENOS

Jerusalém" (At 11.22); "igreja de Antioquia (At 13.1). Veja


também Atos 5.11 e11.26.
b) Um grupo de crentes que se reunia na casa de
uma determinada pessoa, uma igreja doméstica (1 Co 16.19:
CI 4.15; Fm 2).
c) Vários grupos de crentes, em diferentes lugares,
unidos pela mesma fé (At 9.31).
d) A totalidade daqueles que, no mundo inteiro, pro-
fessam a Cristo e se organizam para fins de culto, chamada
genericamente de igreja de Deus (1 Co 10.32; 11.22; 12.28).
e) A totalidade dos crentes, quer no céu quer na terra,
que se uniram ou ainda se unir a Cristo como Salvador e
Senhor, chamada de corpo de Cristo (Ef 1.22; 3.10,21; 5.23-32;
CI 1.18,24).

HiSTÓRIA

A primeira tentativa de implantação do presbiterianis-


mo em nosso país foi feita pelos franceses, que invadiramo Rio
de Janeiro em 1557. Villegaignon, líder dos franceses, pediua
João Calvino que enviasse colonos protestantes para participar
da implantação da colônia francesa no Brasil. O pedido foi
atendido, e foi enviado um grupo de crentes sob a liderança
dos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier. O grupo
chegou ao Rio de Janeiro no dia 7 de março de 1557. E no dia
10 deste mesmo més dirigiram o primeiro culto e celebraram
a Ceia do Senhor pela primeira vez no continente americano.
Pouco tempo depois surgiram conflitos entre Villegaigon e os
evangélicos; por isso eles foram expulsos da colônia. Mas a
invasão também fracassou e os franceses foram expulsos do
Brasil em 1567.
Uma segunda tentativa foi feita com os holandeses,
que invadiram o nordeste de nosso país. Em 1624 uma
esquadra holandesa chegou a Salvador, na Bahia, onde
cou ate março de 1625. Expulsos da Bahia, os holandeses se
reorganizaram e invadiram Pernambuco em 1630. A lgreja
Reformada da Holanda era a religião oficial daquele pais,
82
ESTUDO N8 A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

"Essa igreja reformada veio para o Brasil com a bandeira


holandesa, e foi expulsa com ela. Na medida em que a
conquista se alargava foram implan tadas as congregações
reformadas, e, na medida em que os luso-brasileiros recap-
turavam o terreno, estas desapareceram, porque não havia
lugar para qualquer igreja evangélica debaixo da hegemonia
ibérica. Ao todo existiram durante algum tempo vinte e duas
igrejas reformadas no Nordeste".37 Em 1654 os holandeses
foram definitivamente expulsos de nosso país, e as comuni-
dades reformadas que eles haviam implantado no nordeste
desapareceram.
A implantação do presbiterianismo em nosso país se
deu através do trabalho de missionários, que vieram especial-
mente para evangelizar os brasileiros.
O primeiro missionário presbiteriano a vir para o
Brasil se chamava Ashbel Green Simonton. Ele chegou ao Rio
le Janeiro no dia 12 de agosto de 1859. Tinha apenas 26 anos
de idade. Era fornmado pelo Seminário de Princeton e ordenado
pastor pelo Presbitério de Carlisle. Embora tivesse estudado
portugues em Nova York, Simonton não tinha domínio de
nossa língua suficiente para pregar aos brasileiros. Por isso,
enquanto aprendia melhor o português, ele se dedicava ao
trabalho de evangelização dos estrangeiros que aqui residiam
ou que por aqui passavam.
No dia 22 de abril de 1860, Simonton dirigiu o primeiro
trabalho em portugus. Era uma escola dominical. A assistència
total somava cinco pessoas: três crianças e duas moças. Dois
anos depois, recebia os dois primeiros membros: um norte-
americano e um português. O primeiro brasileiro a se tornar
membro da lgreja Presbiteriana se chamava Serafim Pinto
Ribeiro. Ele foi recebido por profissão de fé e batismo, no dia
22 de junho de 1862.
O segundo missionário presbiteriano a chegar ao
Brasil foi Alexander Blackford, que era casado com uma irm
de Simonton. Ele e a esposa chegaram ao Rio de Janeiro no
dia 25 de julho de 1860. O terceiro missionário era alemão,
37 Alderi Souza de Malos-ndios Evangélicos no Brasil Holandés - site: www.
thirdmil.org.

83
CURSO PARA CATECUMENOS

naturalizado norte-americano, chamado Francis Schneider. Ele


chegou no dia 7 de dezembro de 1861. A missão estabeleceu
sua sede no Rio de Janeiro, mas os missionários viajavam pelo
Brasil todo, procurando conhecer o país e, ao mesmo tempo,
divulgar o evangelho.
Em 1863 o Rev. Alexander Blackford foi para São Paulo,
com o objetivo de evangelizar a capital e o interior.
Os missionários consideravam que uma igreja es-
tava organizada a partir do dia do batismo dos primeiros
convertidos. Dentro desse critério, a primeira Igreja Presbi-
teriana brasileira a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro
-

- foi organizada no dia 12 de janeiro de 1862, quando foram


batizados os dois primeiros convertidos. A lgreja Presbite-
riana de São Paulo foi organizada no dia 5 de março de 1865;
a lgreja Presbiteriana de Brotas, interior de São Paulo, no dia
13 de novembro de 1865; a Igreja Presbiteriana de Lorena,
também no interior de São Paulo, no dia 17 de maio de 1868;
e a lgreja Presbiteriana de Borda da Mata, interior de Minas
Gerais, em 23 de maio de 1869. Essas foram, em ordem cro-
nológica, as primeiras igrejas presbiterianas organizadas em
nosso país.
Em 1865 foi organizado o primeiro Presbitério - Presbi
tério do Rio de Janeiro. Na primeira reunião desse Presbitério
foi ordenado o primeiro pastor brasileiro, um ex-padre, cha-
mado José Manoel da Conceição. No dia 14 de janeiro de 1867
começou a funcionar o primeiro seminário, localizado no Rio
de Janeiro, fundado para preparar os pastores brasileiros.
O Rev. Simonton faleceu em São Paulo, no dia 8 de
dezembro de 1867. Mas o trabalho de evangelização e organi-
zação de igrejas continuou -
segundo Presbitério Presbitério de São Paulo foi
-

organizado no dia 13 de janeiro de 1872. E, em 1888, foi orga-


nizado o Sínodo. Nesse ano já havia igrejas organizadas em
quatorze Estados. Havia quatro Presbitérios e trinta e dois
pastores, sendo vinte estrangeiros e doze brasileiros.
No dia 7 de janeiro de 1909 foi organizada a Assem
bleia Geral que, a partir de 1937, passou a se chamar Supremo
Concílio da lgreja Presbiteriana do Brasil.
84
ESTUDO N 8A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

SiSTEMA DoUTRINÁRIO

A lgreja Presbiteriana do Brasil adota, como exposição


das doutrinas bíblicas, a Confissão de Fé de Westnninster, o Ca
tecismo Maior e o Catecismo Menor ou Breve Catecismo. Nossa
única regra de fé e prática é a Biblia Sagrada. Mas, em virtude
de a Biblia não trazer as doutrinas já sistematizadas, adotamos
a Confissão de Fé e os Catecisnnos como exposição do sistema de
doutrinas ensinadas na Escritura.
A Confissão de Fée os Catecismos são conhecidos, histori-
camente, como Sínbolos de Westminster. Eles foram preparados
or uma assembleia de clerigos anglicanos, congregacionais,
independentes, batistas e presbiterianos. Essa assembleia foi
convocada pelo Parlamento Inglês para elaborar os principios
de governo, doutrina e culto que deviam reger as atividades
religiosas na Inglaterra, Escócia e Irlanda. A assembleia foi
instalada no dia 1° de julho de 1643, com a presença de 69
membros. Fez 1.163 sessões, sem contar as reuniões de comis-
sões e subcomissões. A participação média variava entre 60 e
80 membros. A maior presença foi de 96 membros. O local da
reunião foi a Abadia de Westminster e, por isso, ficou conhecida
como Assembleia de Westminster.
A Confissão de Fé e os Catecisimos foram aprovados pelo
Parlamento Inglês em 1648. A Igreja Presbiteriana da Escócia,
a da Inglaterra e a dos Estados Unidos da América adotaran
a Confissão de Fé e os Catecismos como padrão doutrinário. A
Igreja Presbiteriana do Brasil, na organização do Sínodo em
1888, tanmbém fez o mesmo.

GoVERNO

A Igreja Presbiteriana do Brasil, como organização


eclesiástica, adota um sistenma representativo de governo.
E um meio termo entre o sistema de governo episcopal, onde
o governo é exercido pelo bispo, e o sistema congregacional,
onde as decisões são tomadas em assembleias ou sessões, com
a participação de todos os membros. No sistema episcopal
uma só pessoa decide e, por isso, os erros são mais frequentes.
No sistema congregacional todos tomam parte em todas as
85
CURSO PARA CATECUMENOS

decisões; e os erros lambém são mais requentes, pois nenm


todos estão preparados para todos os níveis de decisão. No
sistema presbiteriano, os membros reurnidos em assembleia
elegem os seus representantes. E estes formam os conciílios,
que são assembleias formadas por pastores e presbiteros,
que cuidam do governo da igreja em todos os níveis.
Cada concílio cuida de assuntos de sua competência
e supervisiona, orienta, inspeciona e disciplina o concílio
imediatamente inferior. Um concilio no poderá determinar a
maneira do concilio imediatamente inferior agir em nenhuma
matéria de sua exclusiva competência. Mas poderá fazê-lo
retroceder, reformar ou anular qualquer deliberação que
fira algunm princípio doutrinário ou constitucional da lgreja
Presbiteriana do Brasil. Por exemplo: a admissão de membros
da Igreja é assunto de competência exclusiva do Conselho.
Portanto, o Presbitério que é o concilio imediatamente su-
-

perior ao Conselho não poderá determinar que o Conselho


-

receba ou deixe de receber alguma pessoa como membro da


Igreja; mas pode fazer o Conselho retroceder, reformar ou
até anular uma recepção de membro, caso essa fira algum
princípio doutrinário ou constitucional da Igreja Presbi-
teriana do Brasil.
De toda reunião de um concilio lavra-se ata porme-
norizada, que periodicamente é submetida à apreciaço do
concilio imediatamente superior. Isto é as atas do Conselho
são submetidas ao Presbitério; as do Presbitério, ao Sínodo;
e as do Sínodo, ao Supremo Concílio. Através do exame das
atas, o concíilio verifica se o concílio imediatamente inferior está
agindo dentro das normas da lgreja Presbiteriana do Brasil.
Os concilios, em ordem crescente, são: Conselho, Pres-
bitério, Sinodo e Supremo Concilio.
1) O Conselho da Igreja Local
Ogoverno, a disciplina e a administração de uma lgreja
Presbiteriana são exercidos pelo Conselho, que é constituído
pelo pastor ou pastores, quando a igreja tiver mais de um
-

pastor e pelos presbíteros. O Conselho é auxiliado pela Junta


Diaconal, constituída pelos diáconos. Os membros da igreja,
reunidos em assembleia, elegem os presbíteros e os diáconos
86
ESTUDO N°8 A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

para um mandat de cinco anos; o pastor é designado pelo


Presbitério. A Junta Diaconal cuida da ordem no templo e
seus arredores e da assisténcia social. Alguns atos do Conselho
dependem da aprovação dos membros da igreja, reunidos em
assembleia. Por exemplo: o Conselho só poderá "adquirir, per
mutar, alienar, gravar de ônus real, dar em pagamento imóvel
de propriedade da igreja e aceitar doações ou legados onerosos
ou não," mediante aprovação da assembleia.
2) O Presbitério
Toda Igreja Presbiteriana pertence a um Presbitério,
que é o segundo concílio, em ordem crescente, da Igreja Pres-
biteriana do Brasil. O Presbitério é uma assembleia de pastores
e presbiteros. Os pastores são membros natos do Presbitério
e os presbiteros são representantes das igrejas que integramn
o Presbitério. Cada igreja, independentemente do número de
seus membros, é representada no Presbitério por um presbítero,
eleito para isso pelo Conselho.
O Presbitério supervisiona o trabalho dos pastoresse
dos Conselhos. As principais funções do Presbitério são: a)
organizar ou constituir as igrejas locais; b) ordenar os pastores,
dar-Ihes transferência para outros Presbitérios e receber por
transterencia os que vierem de outros Presbitérios; c) designar
os pastores para as igrejas por iniciativa própria ou atenden-
do a solicitação dessas igrejas; d) julgar os atos dos Conselhos,
podendo aprová-los ou não.
Qualquer membro da igreja poderá impetrar recursos
no Presbitério contra deciso do Conselho. Em caso de neces-
sidade, o Presbitério poderá intervir na igreja interditando ou
dissolvendo o Conselho. No caso de dissolução do Conselho,
os membros da igreja serão oportunamente convocados para
eleger novos presbiteros.
3) O Sínodo
Todo Presbitério pertence a um Sínodo, que é o ter-
ceiro concilio, em ordem crescente, da Igreja Presbiteriana do
Brasil. O Sinodo é uma assembleia de pastores e presbíteros,
que representam os Presbitérios de uma determinada região.
As principais funções de um Sínodo são: a) organizar, constituir
87
CURSO PARA CATECUMENOS

ou dissolver os Presbitérios; b) julgar os atos dos Presbitérios,


podendo aprová-los ou não.
4) O Supremo Concílio
O Supremo Concílio, como o próprio nome indica, é
o maior concílio da lgreja Presbiteriana do Brasil. O Supre-
mo Concilio é uma assembleia de pastores e presbiteros, que
representam todos os Presbitérios. As principais funções do
Supremo Concílio são: a) "formular sistemas ou padrões de
doutrina e prática, quanto à fé; estabelecer regras de governo,
de disciplinae de liturgia" para a lgreja Presbiteriana do Brasil;
b) organizar, constituir ou dissolver os Sínodos; c) definir os
termos de relação da Igreja Presbiteriana do Brasil conm orga-
nismos e organizações eclesiásticas, estatais etc.; d) julgar os
atos dos Sínodos, podendo aprová-los ou não.
Os concílios exercem funções administrativas e
judiciárias. Os membros da igreja e os oficiais estão sujeitos
à disciplina, aplicada pelo Conselho. "Toda disciplina visa

edificar o povo de Deus, corrigir escândalos, erros ou faltas,


promover a honra de Deus, a glória de Nosso Senhor Jesus
Cristo e o próprio bem dos culpados"3 As penas podem
ser: admoestação, que consiste em chamar à ordem o culpado,
verbalmente ou por escrito, de modo reservado, exortando-o
a corrigir-se; afastamento da comunlão, que consiste no impedi-
mento de participar da Santa Ceia, das assembleias e de exercer
qualquer atividade na igreja; exchusão, que consiste na elimi-
nação do membro do rol da igreja. Os pastores estão sujeitos à
disciplina, aplicada pelo Presbitério.
O Conselho e o Presbitério, quando vão tratar de
disciplina de seus membros, transformam-se em tribunais.
A pessoa denunciada tem total liberdade para se defender
e se for disciplinada e julgar a disciplina injusta, poderá
recorrer ao concílio imediatamente superior, pedindo anu-
lação de sua disciplina. Se o recurso for encaminhado ao
Presbitério, este se reunirá em tribunal para julgá-lo. O Si-
nodo e o Supremo Concílio têm o seu tribunal de recursos,

Codigo de Disciplina da lgreja Presbiteriana do Brasil Art. 2- Parágralo


únlco.

88
ESTUDO N8 A 1GREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

cuja função é julgar em nível de recurso os processos de


disciplina que subirem a eles
Os concilios também podem sofrer disciplina quando
agem fora das normas da lgreja P'resbiteriana do Brasil. As
penas dos concílios podem ser: a) reprecnsão, que consiste na
reprovação formal de faltas ou irregularidades com ordem
terminante de serem corrigidas; b) interdição, que consiste na
privação temporária das atividades do Concílio; e, c) dissolução,
que extingue o concílio.39
Para se orientar no governo e na disciplina, os concílios
têm a Constituiço, o Código de Disciplina e os Princípios
de Liturgia da Igreja Presbiteriana do Brasil. A Constituição
traz as normas administrativas; o Código de Disciplina, as
normas para disciplina eclesiástica dos membros da igreja, dos
pastores e dos concilios; e os Princípios de Liturgia, as normas
para o culto, a ministraço dos sacramentos e das cerimônias
eclesiásticas. Compete a cada concílio observar essas normas
em seus próprios atos e verificar se elas esto sendo observadas
pelos concilios que estão sob Sua jurisdição.

CONCLUSÃO

Cada igreja crist é uma face visível da invisível Igreja


de Cristo. Uma igreja local é uma organização eclesiástica.
omo organizaçao, ela necessila de principios e normas para
se conduzir. Mas a igreja é mais do que uma simples organi-
zação. Ela é um organismo. Eo Corpo de Cristo. "Ora, vós sois
corpo de Cristo; e, individualmente, menmbros desse corpo
(1 Co 12.27). A Igreja Presbiteriana do Brasil é parte da Igreja
de Cristo; mas é também uma organizaço, com principios e
normas para se conduzir.
A lgreja Presbiteriana do Brasil é constituida de
muitos membros, com funções diferentes. Mas todos cons
tituem um só corpo. Por isso não pode haver divisão, dis-
cordia ouu porfia entre os membros da igreja. Inimizades,
porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissenções, facções e coisas
semelhantes a estas näão podem existir na igreja. A comunhão
9 Código de Disciplina da lgreja Presbiteriana do Brasil - ArtL 10

89
cURSO PARA CATECÜMENOS

entre os membros de uma igreja cieve gerar tanmbém conmunhão


entre as igrejas.
Jesus Cristo é a calbeça do corpo, da igreja. Por isso,
cada membro, como parte desse corp0, deve ser obediente ao
Senhor Jesus Cristo.

TEXTOS BiBLICOS PARA LEITURA

1. A lgreja de Antioquia - Atos 11.19-26


2. Deveres e qualificações dos presbiteros ou bispos Tito
1.5-10
3. A instituição dos diáconos - Atos 6.1-7
4. Qualificações dos diáconos 1 Timóteo 3.8-13
-

5. Recomendações aos presbíteros 1 Pedro 5.1-4


-

6. As obras da carneeofruto do Espírito Gálatas 5.16-26


-

7. Jesus, o cabeça da igreja - Efésios 1.15-23

EXERCÍCIO PARA A FixAÇÃO DA MATÉRIA ESTUDADA

Após estudar cuidadosamente a lição, responda, por


escrito, às seguintes perguntas:

1 Qual e como foi a primeira tentativa de implantação do


presbiterianismo no Brasil?
R:

2. Como foi a tentativa holandesa de implantar a igreja refor


mada no Brasil?
R:

3. Cite o nome dos três primeiros missionários presbiterianos


que vieram para o Brasil.
R:

90
ESTUDO N?8 A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL

4.Como e quando começou o trabalho presbiteriano no


Brasil?
R:

5 Quais foram as primeiras igrejas presbiterianas a serem


organizadas no Brasil? Quando foram organizadas?
R:

6. Por que a Igreja Presbiteriana do Brasil adota, como exposi


ção das doutrinas bíblicas, a Confissão de Fé e os catecismos
Maior e Menor de Westminster?
R:

7 O que é um concílio e qualéa sua função?


R:

8. Quais são, em ordem crescente, os concílios da Igreja


Presbiteriana do Brasil?
R:

91
CURSO PARA CATECUMENOS

9. Quais são as penas a que estao sujeitos os membros da


Igreja Presbiteriana quando cometem alguma falta?
R:

10. Onde estão as normas de govern0, de disciplina e de culto


da lgreja Presbiteriana do Brasil?
R:

92
Estudo n29

O BATISMO CRISTÃO

Texto básico: João 1.19-28

igreja é a organização instituída por Deus para


arrebanhar o seu povo. E o batismoé a porta de
O entrada na igreja.
"O batismo é um sacramento do Novo Testamento,
instituído por Jesus Cristo, não só para solenemente admitir
na igreja a pessoa batizada, mas também para servir-lhe de
sinal e selo do pacto da graça, de sua união com Cristo, da
regeneração, da remissão dos pecados e também da sua con-
sagração a Deus por Jesus Cristo a fim de andar em novidade
de vida".40
A palavra sacranento não está na Bíblia. Ela foi usada
relação ao batismo e à Ceia do Senhor, pela primeira vez,
por Tertuliano, um teólogo que viveu muitos anos após a morte
de Cristo e dos apóstolos. Mas isso não significa que ela seja
imprópria para designar as duas ordenanças deixadas por
Jesus para serem observadas por seus servos. Sacranento era
o nome dado ao juramento que o soldado fazia de fidelidade
ao imperador, até à morte. E é neste sentido que nós usamos
esse termo. No batismo o crente faz um juramento de fideli-
dade a Cristo até à morte; e quando participa da Santa Ceia, o
crente reafirma este juramento. Portanto, quando falamos em
sacramento estamos nos referindo a uma ordenança sagrada,
instituída por Jesus Cristo, para simbolizar, selar e aplicar ao
crente os benefícios da salvação.
Jesus instituiu dois sacramentos: o batismo e a Santa
Ceia. Vamos, estudar, agora, o batisnmo.
40 Confissáo de Fé de Westminster XXVI.1.

93
CURSO PARA CATEGUMENOS

O SiGNIFICADO DO BATiSMO

O batismo foi instituído por Jesus risto após a sua


ressurreição. Ele ordenou aos discípulos: "Ide, portanto, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo" (Mt 28.19). "Quem crer e for
batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado".
(Mc 16.16).
O batismo corresponde à circuncisão praticada na
antiga aliança. A circuncisão foi instituida como sinale selo
do pacto estabelecido com Abraão (Gn 17.9-14; Rm 4.11-13). E
o batismo é o sinal e o selo da nova aliança, estabelecida por
Jesus Cristo. Mas o batism0, por ser um sacramento da nova
aliança, é ainda mais rico de significado do que a circuncisão.
Após ouvir o sermão de Pedro, no dia de Pentecostes, quase
três mil pessoas se sentiram tocadas e lhe perguntaram: "Que
faremos?" (At 2.37). E a resposta foi: "Arrependei-vos, e cada
um de vós seja batizado" (At 2.38).
a) O batismo significa e sela a nossa união com Cristo
No capítulo 5 da Epístola aos Romanos, Paulo traça um
paralelo entre Adão e Cristo. Ele mostra que, quando nasce-
mos, nos identificamos com Adão. E, em virtude da queda de
nossos primeiros pais, nascemos pecadores; "(..) por um só
homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte,
assim também a morte passou a todos os homens, porque to-
dos pecaram" (Rm 5.12). Mas quando recebemos Jesus como
nosso Senhor e Salvador, nós nos identificamos com ele. "Por-
que, como, pela desobediência de um só homem, nuitos se
tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência
de um só, muitos se tornaram justos" (Rm 5.19). Por isso, a
Biblia afirma que fomos crucificados (Rm 6.6), morremos (Km
6.8; CI 3.3; 2 Tm 2.11) e ressuscitamos (Ef 2.6; CI 2.12; 3.1) com
Cristo. ".) Um morreu por todos; logo, todos morreram" (2
Co 5.14), afirmou o apóstolo P'aulo. E o batismo significa e sela
a nossa união com Cristo. "Fomos, pois, sepultados com ele
na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado
dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos
nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na.

94
ESTUDO N° 9 0 BATISMO CRISTAO

semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na


semelhança da sua ressurreição" (Rm 6.4,5).
b) O batismo significa e sela a nossa participação nas
bênçãos do pacto da graça
Antes da fundação do mundo, o Pai e o Filho estabe-
leceram o pacto da redengão. O Filho "'se colocou no lugar do
pecador e incumbiu-se de fazer a expiação do pecado, supor-
tando o castigo necessário, e de satisfazer as exigéncias da lei
em lugar de todo o seu povo" Baseado neste pacto, Deus
estabeleceu com o homem o pacto da graça. "Pode-se definir
a aliança (pacto) da graça como o acordo feito com base na
graça, entre o Deus ofendidoe o pecador ofensor, porém eleito,
no qual Deus promete a salvação mediante a fé em Cristo, e o
pecador a aceita confiantemente, prometendo uma vida de fé
e obediência" 42 A promessa principal do pacto da graça é que
Deus será o nosso Deus e também da nossa descendência. Esta
promessa inclui bênçãos temporais e eternas. Através dela Deus
garante nos conduzir nesta vida e nos receber no céu, após a
Ssa morte. Eo batismo significae sela essas promessas. "De
sorte que já não és escravo, porém filho: e, sendo filho, também
herdeiro por Deus" (GI 4.7).
c)o Batismo significa e sela a promessa de pertencer-
mos ao Senhor
Na cerimônia de recepção de membros, o celebrante
costuma dizer às pessoas que estão professando a fé: "A profis-
são de fé e as solenes promessas que acabais de fazer diante de
Deus e desta igreja, sendo sinceras, importam em uma aliança
entre vós e Deus, na qual Ele promete ser o vosso único Deus,
e vós prometeis pertencer-Lhe. No batismo que agora vai ser
ministrado, Deus vos dá um penhor desta santa aliança".43
Nós pertencemos ao Senhor. "Vós, porém, sois raça eleita, sa-
cerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de
Deus" (1 Pe 2.9). Eo batismo é o selo da propriedade divina.
41
Louis Berkhof-Manual de Doutrina Cristã - p. 140.

42 Louis Berkthof- Teologia Sistemática- p. 278.


43 Manual do Cultlo p. 18.

95
ESTUDO N99 0 BATISMO CRISTÃO0

sua força, pois, O seu pressuposto, é que batizar significa


sempre inmergir.
b) Os imersionistas argumentam também que o verbo
batizar deriva do grego bapto e baptizo, que significam imergir.
Vamos examinar dois textos onde aparecem estes
verbos. O primeiro é Daniel 4.25: "(..) e serás molhado do
orvalho do céu". Na versão grega do Antigo Testamento, cha-
mada Septuaginta, o verbo mo!hado é bapto. E possível imergir
alguém no orvalho do céu? Claro que não é. Logo, aqui bapto
não significa, em hipótese nenhuma, imergir. O segundo texto
é Lucas 11.38: "O fariseu, porém, admirou-se ao ver que Jesus
não se lavara primeiro, antes de comer". No texto grego, Iavara
é o verbo baptizo. Os judeus se lavavam antes das refeições.
Mas, se lavavam como? Marcos registrou esse costume assim:
"Os fariseus e todos os judeus, observandoa tradição dos an-
ciãos, não comem sem lavar cuidadosamente as mos; quando
voltam da praça, não comem sem se aspergirem" (Mc 7.3,4).
Comparando estes dois textos, podemos afirmar que em Lucas
11.38 o verbo baptizo significa aspergir e não imergir. Em alguns
textos bapto e baptizo significam imergir; em outros significam
mollar, tingir e aspergir. Novamente o argumento imersionista
perde a sua força, pois eles partem do pressuposto de que bapto
e baptizo significam imergir, e so imergir.
c) Os imersionistas afirmam também que o fato de
João Batista batizar no Rio Jordão significa que ele batizava
por imersão.
A expressão bíblica "João batizava no Rio Jordão" ape
nas identifica a região onde João batizava, sem ter nada a ver
com o modo ou a forma como João batizava. Isto fica compro-
vado pelo registro de João 10.40: "Novamente, se retirou para
além do Jordão, para o lugar onde João batizava no princípio;
e ali permaneceu"
d) Argunmentam também que, se João Batista batizava
em Enom, "porque ali havia muitas águas", isto prova que
ele batizava por imersao.
Quanto ao registro de que "João estava também bati-
zando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas ááguas,
97
CURSO PARA CATECÚMENOS

e para lá concorria o povo e era batizado" (Jo 3.23), D. J.


Wiseman, professor de Assiriologia na Universidade de Lon-
dres, afirma que Enom é, em árabe, Aiu, que significa fonte,46
Muitas águas aqui, portanto, significa muitas fontes de água.
Enom erao lugar apropriado para João batizar, já que multidões
iam até ele, e essas multidões precisavam de água para beber
e para higiene pessoal.
imersionistas afirmam que Jesus foi batizado
e) Os
por imersão, porque o registro biblico afirma que, após ser
batizado, Jesus saiu da água.
O fato de Jesus ter saído da água após o batismo no
significa que ele tenha sido batizado por imersão. Nem todas
as vezesque uma pessoa entra e sai da água materializa-se uma
imersão. As vezes uma pessoa entra e sai da água sem molhar
nada mais além dos pés.
f No batismo do eunuco, ele e Filipe desceram à água.
Poristo os imersionistas afirmam queo eunuco foi batizado
por imersão.
No caso do eunuco, ele seguia pelo caminho. E este,
normalmente, fica num nível acima da água. Logo, para ir até
onde havia água ele teria que descer. Se descer à água signi-
ficasse imersão, teríamos que concluir que Filipe também foi
imerso, pois o texto bíblico afirma que "ambos desceram à
água" (At 8.38).
g) Paulo compara o batismo a um sepultamento. Logo,
concluenm os imersionistas, o batismo deve ser feito por
imers0.
Quando Paulo afirmou que fomos sepultados com
Cristo na morte pelo batismo (Rm 6.4; CI 2.12), ele estava se
referindo ao significado do batismo, e não ao modo de ministrá-
lo. Nos mesmos capítulos Paulo afirma também que fomos cin-
cuncidados (CI 2.11) e crucificados (Rm 6.6) com Cristo, prova
de que ele está tratando da nossa identificação com Cristo, na
sua morte, e não da forma de se ministraro batismo.
Além do que já foi exposto, temos outras dificuldades
para aceitar obatismo por imersão. Por exemplo: João Batista
46 Novo Dicionário da Blblia - p. 1451.

98
ESTUDO N° 9 0 BATISMO CRISTAO

batizava multidões (Mt 3.5,6), além de pregar. Será que ele


dispunha de tempo e energia física para imergir tanta gente?
No dia de Pentecostes foram batizadas quase trés mil pessoas
em Jerusalém. No havía rio na cidade; apenas reservatórios de
água para uso dapopulação. Seriam tais reservatórios suficien-
tes para imergir três mil pessoas? E se fossem, as autoridades
deixariam os apóstolos imergir pessoas em tais reservatórios?
O carcereiro de Filipos foi batizado logo depois da meia-noite,
provavelmente no pátio da própria prisão, onde residia, depois
de um terremoto que fendeu as paredes da prisão (At 16.23-
33). E possível pensar em imersão num caso como este? Uma
pessoa doente ou muito idosa não dispõe de condições físicas
para ser batizada por imersão; será que Jesus adotaria uma
forma de batismo que excluiria os doentes e os idosos?

O BATISMo PoR ASPERSÃO

Embora a forma do batismo não esteja clara na Biblia,


cremos que muitas evidências apontam para a aspersão, ou
seja, para o derramamento de água sobre a cabeça da pessoa
que está sendo batizada.
Vamos examinar algumas destas evidências:
a) O profeta Malaquias escreveu o seguinte: "Eis que
eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante
de mim" (MI3.1). E Jesus afirmou que esta profecia se refere a
João Batista (Mt 11.10). A mesma profecia diz queomensagei-
ro "purificará os filhos de Levi" (MI 3.3). Esta purificação era
feita aspergindo água sobre eles (Nm 8.5-7). A inguagem da
profecia é simbólica, mas a figura usada é a aspersão. Muitos
sacerdotes, filhos de Levi, foram batizados por João Batista.
Eo mais provávelé que tenham sido batizados por aspersão,
conforme dá a entender a profecia de Malaquias.
b) O profeta Ezequiel, profetizando sobre a restaura-
ção de Israel, disse: "Então, aspergirei água pura sobre vós,
e ficareis purificados" (Ez 36.25). E o profeta Isaías, quando
profetizou que o SENHOR derramaria o seu Espirito, afirmou
também que ele derramaria água "sobre o sedento" (ls 44.3).
Novamente trata-se de linguagem figurada; mas a figura
99
CURSO PARA CATECÜMENOS

é a aspersão. Isto nos leva a concluir que a aspersão de úgua é


o modo escolhido por Deus para marcar o seu povo. O batismo
de João era, entre outras coisas, a marca de uma nova era. Era
o selo colocado sobre as pessoas que se arrependiam de seus
pecados. Logo, provavelmente era feito por aspersão.
c) Jesus falou aos discípulos sobre o batismo com o
Espírito Santo, que eles receberiam, usando a mesma cons-
trução gramatical usada para falar sobre o batismo com água.
Ele disse: "João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis
batizados com o Espírito Santo" (At 1.5). No dia de Pente-
costes eles receberam este batismo: "Ao cumprir-se o dia de
Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; (...)
Todos ficaram cheios do Espírito Santo" (At 2.1,4). Pedro
usou esta experiência ao defender-se por ter batizado Cornélio
e seus familiares. Ele disse: "Quando, porém, comecei a falar,
caiu o Espírito Santo sobre eles, como também sobre nós,
no princípio. Ento, me lembrei da palavra do Senhor,
quando disse: João, na verdade, batizou com água, mas vós
sereis batizados com o Espírito Santo" (At 11.15,16). Observe
que no batismo com o Espírito Santo, o Espírito caiu sobre as
pessoas. Já que a construção gramatical é a mesma, no batismo
com água esta (água) deve cair sobre a pessoa que está sendo
batizada.
d) Ainda que ficasse provado que João Batista bati-
zava por imersão, que Jesus foi batizado por imersão e que
os apóstolos batizavam por imersão, poderíamos continuar
batizando por aspersão, sem desobedecer a Biblia Sagrada.
Pois no batismo a água é simbolo; logo, não importa a quan-
tidade. Se na Santa Ceia podemos substituir o pedaço normal
de pão por um pequenino pedaço de pão, e vinho em quan-
tidade normal por um pequenino cálice de vinho ou de suco
de uva, logo, poderíamos substituir no batismo muita água
por pouca água. E nem por isso estaríamos desobedecendo
ao Senhor.
Como a Bíblia não diz explicitamente a forma como o
batismo deve ser feito, praticamos a aspersão, pois ela é mais
prática pode ser praticada em qualquer lugar, em qualquer
100
ESTUDO Ne 9 0 BATISMO CRISTAO

circunstância e com qualquer pessoa, mesmo que o batizando


seja um enfermo, uma pessoa muito idosa ou um paralítico
Nós cremos que Deus não determinaria uma forma de batisnmo
que discriminasse qualquer pessoa por deficiência física; e a
aspersão não discrimina ninguém.

CONCLUSÃO

A pessoa que recebeu Jesus como Salvador e Senhor está


salva, quer tenha sido batizada ou não. Quem salva é Jesus,
e não o batismo. Mas quem recebe Jesus deve também receber
o batismo. Jesus e os apóstolos falaram do batismo como uma
obrigação, e não como uma opção. A nossa Confissão de Fé
afirma que é "grande pecado desprezar ou negligenciar esta
ordenança".
A experiência tem mostrado que, assim comoo
sedento anseia pela água, o verdadeiro convertido anseia pelo
batismo.

TEXTOS BiBLIcOS PARA LEITURA

1. A pregação de João Batista Mateus 3.1-10


-

2. O batismo de Jesus Mateus 3.13-17


-

3. Três mil batizados Atos 2.37-41


-

4. Filipe e o eunuco Atos 8.26-40


-

5. A conversão do carcereiro Atos 16.27-34


-

6. Adão e Cristo Romanos 5.12-21


7. Livres do pecado pela graça - Romanos 6.1-14

EXERCÍCIo PARA A FXAÇÃO DA MATÉRIA ESTUDADA

Após estudar cuidadosamente a lição, responda, por


escrito, às seguintes perguntas:

1. Que é sacramento?
R:

101
CURSO PARA CATECUMENOS

2. Quantos e quais são oS sacramentos instituidos por Jesus


Cristo?
R:

3. Obatismo correspondeaque ordenança da antiga aliança?


R:

4. Cite três significados do batismo.


R:

5. Overbo batizar significa imergir? Por que?


R:

6. O fato de João Batista batizar no rio Jordão, significa que


ele batizava por imersão? P'or qu?

R:

7. O fato de Jesus ter saído da água após o seu batismo,


significa que ele foi batizado por imersão? Por que?
R:

102
ESTUDO No 9 0 BATISMO CRISTO

8. Cite algumas de nossas dificuldades para aceitar o batismo


por imersão.
R:

9. Se ficasse provado que Jesus foi batizado por imersão,


poderíamos continuar batizando por aspersão, sem deso
bedecer a Bíblia Sagrada? Por quê?
R:

10. Quais são as vantagens práticas da aspersão?


R:

103
104
Estudo n10

O BATISMO DE CRIANÇA

Texto básico: Atos 2.39

eus faz tudo perfeito. Quando ele fez o plano para


a nossa salvação, incluiu uma organização para nos
arrebanhar. Na antiga aliança essa organizaço era
a congregação de Israel, formada pela naço israelita. Nanova
aliança e a igreja, formada pelos servos de Jesus Cristo.
Na igreja da antiga aliança a congregação de Israel
-

- a situação da criança era bem definida. Os filhos eram


"herança do Senhor" (SI 127.3) e, como tais, recebiam o sinal
e o selo da aliança: a circuncisão. E agora, na nova aliança,
qual é a situação das crianças? Elas herdarama culpa de Adão
e já nasceram pecadoras. E ainda não dispõem de condições
mentais e psíquicas para entender o evangelho e receber
Jesus como Salvador e Senhor. Qual é a situação espiritual
das crianças?
A Biblia Sagrada mostra que as crianças são herdeiras
espirituais de seus pais.Quando os pais se rebelam contra Deus,
as crianças também sofrem as consequências. Mas, quando os
pais são fiéis, elas também são beneficiadas.
AS crianças, filhas de crentes, são herdeiras espirituais
cde seus pais. Pertencem ao Senhor. Por isso têm o direito de

receber o batismo e pertencer å 1greja.

O BATISMO E A CIRCUNCISÃO
A situação das crianças na nova aliança é idêntica à
Situação delas na antiga aliança. Na antiga aliança elas eram
Circuncidadas; na nova aliança são batizadas.
105
CURSO PARA CATECUMENOS

No passado, Deus fez uma aliança com Abrao. "Ora.


disse o SENHOR a Abrao. Sal da tua terra, da tua parentela e
da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei
uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome.
Se tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e
amal-
diçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas
todas
as familias da terra" (Gn 12.1-3). Mais tarde, Deus instituiu
a
circuncisão como sinal e selo desta aliança: "Disse mais Deus
a Abraão: Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência
no decurso das suas gerações. Esta é a minha aliança, que guar-
dareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre
vós será circuncidado. Circuncidareis a carne do vosso prepú-
cio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós. O que
tem
oito dias será circuncidado entre vós, todo macho nas vossas
gerações, tanto oescravo nascido em casa como o comprado a
qualquer estrangeiro, que não for da tua estirpe. Com efeito,
será circuncidado o nascido em tua casa e o comprado por teu
dinheiro; a minha aliança estará na vossa carne e será aliança
perpétua. O incircunciso, que não for circuncidado na carne
do prepúcio, essa vida será eliminada do seu povo; quebrou a
minha aliança" (Gn 17.9-14).
QuandoJesus veio ao mundo, os israelitas, herdeiros da
aliança feita por Deus com Abraäo, quebraram definitivamente
esta aliança. Ísso aconteceu quando rejeitaram Jesus e não o re-
ceberam como o Messias prometido. "Veio para o que era seu,
e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam,
deu-Ihes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que
Creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (Jo
1.11-13). Até ento, para fazer parte da aliança de Deus como
homem e, consequentemente, ser filho de Deus, o homem tinha
que pertencer à descendência de Abraão - por nascimento, por
adesao ou por ter sido comprado. Mas, a partir dessa rejeiçao,
os filhos de Deus já não seriam mais os descendentes raciais
de Abraão, mas aqueles que recebessem Jesus como o Salva
dor prometido. A consanguinidade seria substituída pela te.
Oapóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, mostrou que,
106
ESTUDO Ne.10 0 BATISMO DE CRIANÇA

nesta nova aliança, a descendência de Abraão ocorre mediante


a fé, e não mediante laços consanguíneos. Ele escreveu: "Sa-
bei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão. Ora, tendo
a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios,
pré-anunciou o evangelho a Abraäo: Em ti, serão abençoados
todos os povos. De modo que os da fé são abençoados com o
crente Abraão. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-
se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito:
-

Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro; - para


que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo,
a fim de que recebèssemos, pela fé, o Espírito prometido" (GI
3.7-9, 13-14).
A antiga aliança tinha o seu sinal e selo: a circuncisão.
A nova aliança tambem tem o seu sinal e selo: o batismo. Na
antiga aliança, o SENHOR mandou circuncidar (Gn 17.9-14);
na nova aliança, o Senhor mandou batizar (Mt 28.18-20; Mc
16.15-18; Lc 24.44-49). Se os filhos dos crentes da antiga aliança
recebiam o sinal e selo da aliança, somos levados a concluir que
os filhos dos crentes da nova aliança devem receber o batismno,
que é o sinal e selo dessa aliança.
Oapóstolo Paulo demonstrou que o batismo equivale à
circuncisão. Ele escreveu: "Nele, também fostes circuncidados,
não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo
da carne, que é a circunciso de Cristo; tendo sido sepultados,
juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes
ressuscitados meciante a fé no poder de Deus queo ressuscitou
dentre os mortos" (CI 2.11,12). A circuncisão, por sua natureza,
se aplicava apenas às pessoas do sexo masculino. Na cultura dos
descendentes de Abraão, as mulheres não tinham autonomia
para tomar as suas próprias decisões. Elas eram sempre repre-
sentadas por um homem: quando solteiras, pelo pai; quando
casadas, pelo marido. Por isso, elas no precisavam receber
nenhum sinal do pacto. Mas a nova aliança incluiria pessoas
cde todas as raças, tribos e povos; e em alguns povos a situação
SOcial e legal da mulher era diferente. A circuncisão, portanto,
nao era mais um sinal e selo apropriado para marcar aqueles
107
CURSO PARA CATECÜMENOS

que pertenciam ao Senhor, já que ela se aplica apenas aos ho-


mens. Por isso, ela foi substituida e sucedida pelo batismo.
Quando Jesus estabeleceu a nova aliança, ele instituiu o
batismo como sinale selo deste novo pacto. Ele ordenou: "Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a
guardar todas as coisas que vos tenho ordenado (Mt 28.19-20).
"Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer
será condenado" (Mc 16.16).
A equivalência entre circunciso e batismo é bem cla
ra. Mas algumas pessoas perguntam: Se o batismo equivale
à circuncisão, por que Jesus e os apóstolos foram batizados,
se eles tinham sido circuncidados? A resposta é que Jesus se
submeteu ao batismo na condição de Cordeiro de Deus, isto
é, daquele que havia assumido o nosso lugar para pagar pelos
nossos pecados. João Batista não queria batizá-lo, mas Jesus
disse-lhe: "Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém
cumprir toda a justiça" (Mt 3.15). Quanto ao batismo dos
apóstolos, devemos lembrar que eles viveram n0 período de
transição entre a antiga e a nova aliança. Eles foram circunci-
dados porque eram descendentes de Abraão e pertenciam à
antiga aliança; e foram batizados porque pertenciam à nova
aliança. Eles pertenceram às duas alianças e receberam o sinal
e selo de ambas: a circuncisão eo batismo. Da mesma forma,
eles celebravam a páscoa, que fazia parte da antiga aliança, e
a Ceia do Senhor, que faz parte da nova aliança.

O BATISMOo DE CRIANÇA NO Novo TESTAMENTo

Apesar de todas essas evidências, algumas pesso-


as ainda rejeitam o batismo de crianças. Geralmente, tais
pessoas perguntam: Onde está escrito na Escritura Sagrada
que as crianças devem ser batizadas? Explicitamente não está
escrito em lugar nenhum. Mas a auséncia de tal determinação
explicita não anula aquilo que se pode deduzir através de
outros ensinos. Caso dependéssemos de uma ordem explícita,
108
ESTUDO N 10 0 BATISMO DE CRIANÇA

registrada na Escritura, para estabelecermos práticas na igreja,


não poderíamos permitir que as mulheres participassem da
Ceia do Senhor, pois quando a Ceia foi instituída só homens
participaram, e não existe nenhum texto que afirme explicita
mente que as mulheres também devem participar da Ceia. No
entanto, ninguém questiona o direito que as mulheres têm de
participar desse sacramento.
O Novo Testamento não diz explicitamente que as
crianças devem ser batizadas. Mas implicitamente ensina o
batismo de criança. Veja estas três inferências berm claras:
a) Oapóstolo P'aulo relaciona o batismo com a circunci
são, sem afirmar que as crianças estão excluídas do batismo. A
equivalência entre batismo e circuncisão é muito clara, confor-
me já vimos. Na antiga aliança, as crianças que nasciam dentro
do pacto, isto é, os descendentes de Abraão, eram circuncidadas
ao oitavo dia. Já que o batismo é, na nova aliança, "a circuncisão
de Cristo" (C1 2.11), seria necessária uma ordem explícita para
que as crianças que nascem no pacto, isto é, filhos de crente,
sejam impedidas de recebê-lo.
b) ONovo Testamento registra o batismo de pelo menos
três familias inteiras, sem mencionar que as crianças não foram
batizadas. Lídia foi batizada juntamente com toda a sua casa
(At 16.15); o carcereiro foi batizado, e também todos os seus
(At 16.33). Paulo declara ter batizado "a casa de Estéfanas" (1
Co 1.16). Será que nessas famílias não havia crianças?
c) No batismo da casa de Lídia está claro que as crianças
foram batizadas. "Certa mulher, chamada Lidia, da cidade de
Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava;
o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo
dizia. Depois de ser batizada, ela e toda a sua casa, nos rogou,
dizendo: Se julgais que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha
casa, e aí ficai. E nos constrangeu a isso" (At 16.14,15). Lidia e
toda a sua casa receberam o batismo. Nesse mesmo capitulo
está registrado o batismo do carcereiro e de todos os seus.
No caso do carcereiro, está registrado que "ele, com todos os
109
CURSO PARA CATECUMENOS

seus, manifestava grande alegTia, por terem crido em Deus"


(At 16.34). Logo, entre os filhos do carcereiro havia adultos
que também creram e foram batizados. Mas no caso de Lidia,
o registro bíblico fala apenas da sua conversão. E ela e todos
os seus foram batizados. Se seus fillhos eram adultos, então
foram batizados sem conversão. Paulo não faria isso. Logo, os
filhos de Lidia eram crianças, que foram batizadas juntamente
com sua me.
Mas existe ainda uma outra objeção a ser respondida.
Esta se refere à necessiclade de fé para se receber o batismo.
Jesus afirmou: "Quem crer e for batizado será salvo". E algumas
pessoas, baseadas nesse texto, afirmam que as crianças não
podem ser batizadas porque elas não têm condições mentais
e psíquicas para exercer a fé. Só que tais pessoas se esquecem
de que o texto diz também: "(.) quem, porém, não crer será
condenado". Se o texto se referisse também às crianças, tería-
mos que concluir que elas serão condenadas. Mas Jesus disse
que delas "é o reino de Deus" (Mc 10.14). Logo, o texto se re
fere aos adultos que iam ouvir o evangelho; se eles cresseme
recebessem o batismo, estariam salvos. Se não cressem, seriam
condenados.
O batismo de criança é praticado na igreja cristä desde
o seu início, como parte da doutrina dos apóstolos. Existem
registros históricos da maior confiabilidade mostrando a prá-
tica do batismo infantil na igreja, desde o seu início. Origenes,
grande teólogo e escritor cristão, nascido no ano 185, em suas
Homilias em Lucas, afirma: "portanto, as crianças são também
batizadas"; em seus Sernoes sobre Levítico ensina que "as crian-
ças também, segundo o costume da igreja" eram batizadas; e
em seu Comentario de Komanos registra que "a igreja recebeu dos
apóstolos a tradição de batizar também as crianças". Hipólito,
outro grande teólogoe escritorcristão do século 2, em sua obra
Tradigão Apostólica, testemunha que a igreja crist daquela época
batizava crianças. Tertuliano, considerado o primeiro teólogo
latino, em sua obra De Baptisnno, escrita por volta dos anos
200-206, embora tenha cometido alguns desvios doutrinários,
110
ESTUDO Ne 10 0 BATISMO DE CRIANÇA

também testemunha que a igreja crist batizava criança 17 Só a


partir do eculo 16, Com o surgimento dos anabatistas, é que o
batismo de criança passou a ser contestado.

Os BENEFÍCIOS D BATISMO DE CRIANÇA

Alguns pais perguntam: O que vou ganhar batizando


meus filhos? Quais são os benetícios que eles poderão receber
se nem consciência têm do que está acontecendo? Na antiga
aliança, as crianças eram circuncidadas no oitavo dia de vida.
Nessa idade, poderia uma criança ter consciência do que estava
acontecendo? Mas foi Deus quem ordenou que as crianças de-
viam ser circuncidadas. Estaria Deus equivocado? A pergunta
correta que cada pai crente deve fazer é esta: O que meu filho
ou minha filha vai perder se no for batizado?
Na antiga aliança, a criança que não fosse circuncidada
era excluída do pacto, não pertencia ao SENHOR (Gn 17.14). Por
analogia, somos levados a concluir que os pais que não apre-
sentam seus filhos para o batismo esto excluindo-os da nova
aliança. Isto não significa que esses pais estão condenando seus
filhos ao inferno, pois não é o batismo que salva. Quem salva
é Jesus independentemente da pessoa ser ou no batizada.
Mas os pais que não apresentam seus filhos para o batismo
estão colocando-os na mesma condição dos filhos daqueles que
não têm Jesus como Salvador e Senhor. E idêntica à situação
de um pai muito rico que deixa de reconhecer um filho. Esse
filho fica excluído da herança, a não ser que ele provoque esse
reconhecimento por via judicial. Em Cristo, nós temos uma
grande herança de bênçãos espirituais; e no éjusto privarmos
os nossos filhos dessa herança. Nossos filhos, como nossos
herdeiros espirituais, têm direito às mesmas bênços que nos
estão reservadas. Eles pertencem ao Senhor, por isso são guia-

dos e protegidos pelo Senhor. Eles perderão o direitoa tais
bênçãos se nós os excluirmos do pacto.
O'batisnmo não garante a salvação de crianças, nem de
adultos. Que nenhum pai julgue que, ao apresentar seus filhos
março de 1998-p. 14.
Aureo Rodrigues de Oliveira 0 Estandarte
111
CURSO PARA CATECUMENOS

para o batismo está garantindo a salvação deles. E que ninguém


alimente a falsa esperança de que está salvo simplesmente por
que foi batizado. Quem foi batizado na infância, ao tornar-se
adulto terá de decidir se vai permanecer na té em que foi criado
e confirmar isso atraves da aceitaçc0 de Jesus como Salvador
pessoal e Senhor, ou se vai renunciar às bênçãos de pertencer
ao Senhor. Não existe meio termo. Jesus afirmou: "Quem não
é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha"
(Mt 12.30).
Alguns pais alegam que no apresentam seus filhos
para o batismo porque religião é algo muito pessoal, cuja esco-
ha deve ser feita pelo próprio indivíduo. Preferem instruir seus
filhos e deixar que eles mesmos, na idade própria, escolham
o caminho que devem seguir. Mas esses mesmos pais "não
sentem o mesmo embaraço quando Ihes escolhem um nome,
vestuario, alimento, medicamentos, educação etc. Qual pai ou
mae que espera o filho ou a filha crescer para decidir sozinho
se quer ir à escola, comer determinado alimento indispensável
à saúde, decidir se toma ou não vacina, se quer ou não ir ao
médico? Ora, se nós, no propósito de fazer o melhor para o
bem-estar dos filhos, tomamos decisões que irão afetá-los por
toda a vida, por que não consagrá-los a Deus pelo batismo,
quando Deus tem promessas e deseja salvar toda a família?"48
Mas as bênçãos espirituais que nossos filhos vão rece-
ber como nossos herdeiros no dependem apenas do batismo,
mas também da nossa fidelidade ao Senhor. Ac tinha sido
Circuncidado, circuncidara seus filhos, mas se tornou intiel
ao Senhor. Como resultado, ele morreu juntamente com toda
a sua família (Is 7.16-26). Crentes infiéis não têm herança de
bênçãos espirituais para legar aos seus filhos, mesmo que os
apresentem para receber o batismo.

CONCLUSÃO

O povo de Deus é formado por adultos e crianças. Os


adultos receberam Jesus como Salvador e Senhor. São filhos
43 Aureo Rodrigues de Oliveira
0 Estandarle fevereiro de 1998 p. 14.

112
ESTUDO N 10 0 BATISMO DE CRIANÇA

de Deus. Pertencem ao Senhor. As crianças, seus filhos, são


herdeiras espirituais de seus pais. Como herdeiras espirituais
têm direito às mesmas bençãos reservadas para seus pais. Por
isso devem ser batizadas. Deixar de batizá-las, é excluí-las dessa
herança bendita.
O nosso Deus étambém o Deus de nossos filhos.

TEXTOS BiBLIcoS PARA LEITURA

1.Institui-se a circuncisão - Gênesis 17.9-14


2.Pratica-se a circuncisão Gênesis 17.23-27
-

3. A história de Ac - Josué 7.1-26


4. Abraão justificado pela fé Romanos 4.1-25
-

5. A circuncisão substituída pelo batismo- Colossenses 2.8-15


6. Lídia convertida -Atos 16.11-15
7. A conversão do carcereiro Atos 16.27-34
-

ExERcÍCIO PARA A FixAÇÃO DA MATÉRIA ESTUDADA

Após estudar cuidadosamente a lição, responda, por


escrito, às seguintes perguntas:

1. Qual é a situação espiritual das crianças na nova aliança?


R:

2. Qual é o destino da alma das crianças que morrem na


infância)? Por quê?
R:

3. Por que as mulheres não recebiam nenhum sinal ou selo


na antiga aliança?
R:

113
CURSO PARA CATECÜMENOS

4. PorqueJesus e os apóstolos foram circuncidados e também


batizados?

5 Marcos 16.16 se refere a crianças? Por qu?


R:

6. Se a criança não sabe que está sendo batizada, o batismo


tem alguma importância para ela?
R:

7. Quando e com quem surgiu a contestação do batismo de


criança?
R:

8. Qualéo grande prejuízo que os pais crentes causam a seus


filhos quando deixam de apresentá-los para o batismo?
R:

9. Os nossos filhos, como nossos herdeiros espirituais, estão


automaticamente salvos? Por que?
R:

114
ESTUDO NO 10 0 BATISMO DE CRIANÇA

10. Além do batismo, de que mais dependem as bênçãos espi-


rituais que nossos filhos podem receber?
R:

115
116
Estudo n 11

A SANTA CEIA

Texto básico: 1 Coríntios 11.23-29

esus Cristo instituiu dois sacramentos: o batismo


ea Ceia do Senhor. O batismo a porta de
entrada na igreja. E a Ceia do Senhor tem como
é
objetivo fortalecer espiritualmente os crentes e
manter a unidade da igreja. "Os crentes comungam receben-
do juntos o emblema do corpo partido do Senhor e bebendo
do vinho, símbolo do seu sangue derramado, significando
com isso que lhes cumpre como igreja pensar unanime-
mente na fonte Cristo de onde promana a salvação".4*
-

Assim como o batismo éo sucessr da circuncisão, a


Ceia do Senhor é a sucessora da páscoa.

A PAScoOA

Quando Deus chamou Abraão para servi-1O, fez-lhe


várias promessas:"... de ti farei uma grande naço, e te abenço-
arei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei
os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem;
em ti sero benditas todas as famílias da terra" (Gn 12.2,3).
Mais tarde Jacó, a quem Deus dera o nome de Israel,
neto de Abraão, foi com sua familia para o Egito. Eram apenas
setenta pessoas (Gn 46.27). "Mas os filhos de Israel foram fecun-
dos, e aumentaram muito, e se multiplicaram, e grandenmente
se fortaleceram, de maneira que a terra se encheu deles" (Ex
1.7). Eo rei, Faraó, resolveu escravizá-los.
Quando Deus ordenou a Moisés que retirasse os is-
raelitas do Egito e os conduzisse para Cana, o rei se opôs.

49 Manford George Gutzke - Palavras Chaves da Fë Crist-p. 244.

117
CURSO PARA CATECUMENOS

Não queria perder a mão de obra gratuita. Então Deus mandou


uma série de pragas sobre o Egito. A última delas foi a morte
dos primogênitos. "Moisés disse: Assim diz o SENHOR: Cerca
da meia-noite passarei pelo meio do Bgito. E todo primogênito
na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que
se assenta no seu trono, até ao primogénito da serva que está
junto à mó, e todo primogènito dos animais. Haverá grande
clamor em toda a terra do Egito, qual nunca houve, nem ha-
verá jamais; porém contra nenlum dos fillhos de Israel, desde
os homens até aos animais, nem ainda um cão rosnará, para
que saibais que o SENHOR fez distinção entre os egipcios e os
israelitas" (Ex 11.4-7).
Os israelitas deviam sacrificar um cordeiro sem defeito,
macho de um ano, e, com o seu sangue, marcar as ombreiras e
a verga da porta de sua casa. Cada família devia sacrificar um
cordeiro. Se a familia fosse pequena, podia convidar o vizinho
mais próximo.
O que Deus prometeu realmente se cumpriu.
"Aconteceu que, à meia-noite, feriu o SENHOR todos os pri-
mogênitos na terra do Egito, desde o primogênito de Faraó,
que se assentava no seu trono, até ao primogênito do caivo
que estava na enxovia; e todos os primogênitos dos animais.
Não havia casa em que não houvesse morto" (Ex 12.29,30).
Mas na casa dos israelitas nada acontecera, nem o rosnar de
um cão.
Deus deu a este acontecimento o nome de páscoa (pesal,
em hebraico, que vem de um verbo que significa passar por cima,
poupar). E ordenou que ela fosse comemorada todos os anos.
"Páscoa significa, naturalmente, duas coisas: o acontecimento
histórico e sua posterior comemoração repetida"50
Mas a páscoa tem ainda um terceiro significado: o cor
deiro sacrificado era um tipo de Jesus Cristo, "nosso
ordeiro
pascal" (1 Co 5.7). Assim como o sangue do cordeiro livrou os
primogênitos dos israelitas da morte, o sangue de Jesus, "nosso
Cordeiro pascal", nos livra da morte eterna, da condenação ao
inferno.

50 Novo Dicionário da Biblia - p. 1206

118
ESTUDO N9 11 A SANTA CEIA

A INSTITUIÇÃO DA SANTA CEIA

Nos dias de Jesus, a páscoa era comemorada com o


sacrifício do cordeiro, com os pes asmos (sem fermento) e
mais quatro elementos:
a) uma taça de água salgada, para relembrar as lágrimas
derramadas no Egito e as águas salgadas do mar Vermelho,
que os israelitas atravessaram de pés enxutos;
b) várias ervas amargas, para recordar a amargura da
escravidão e o hissopo usado para borrifar o sangue do cor-
deiro nas ombreiras e na verga da porta da casa dos israelitas,
quando Deus mandou a praga da morte dos primogênitos;
C)uma massa feita de maç, rom, támara e nozes,
chamada carosheti, para recordar o barro que usavam no Egito
para fazer tijolos; pedaços de casca de canela eram colocados
na sopa para lembrar a palha que usavam para secar e queimar
os tijolos;
d) quatro copos de vinho, para recordar-lhes as quatro
promessas registradas em Exodo 6.6,7: "Eu sou o SENHOR, e
vos tirarei de debaixo das cargas do Egito, e vos livrarei da sua
servidão, e vos resgatarei com braço estendido e com grandes
manifestações de julgamento. Tomar-vos-ei por meu povo e
serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o SENHOR, voSso Deus,
que vos tiro de debaixo das cargas do Egito" (grifos da citação).
Durante a celebraço cantavam os Salmos 113 a 118 e, para
encerrar, o Salmo 136.
Lucas registra que Jesus, aos doze anos de idade, partici-
pou da comemoração da páscoa, em Jerusalém, em companhia
de seus pais (Lc 2.41-50). Provavelmente esta participação se
repetiu durante toda a vida terrena de Jesus.
Numa quinta-feira, possivelmente no dia 6 de abril
doano 30, Jesus celebrou a páscoa pela última vez e instituiu
a Santa Ceia. "Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e,
abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: To-
mai, conmei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e,
tendo dado graças, o deu aos discipulos dizendo: Bebei dele
todos; porqueisto é meu sangue, o sangue da (nova) aliança,
119
CURSO PARA CATECUMENOS

derramado em favor de muitos, para remissão de pecados"


(Mt 26.26-28).
A páscoa apontava, ao mesmo temp, para o passado
e para o futuro. Era a comemoração da saída do Egito e a pre-
figuração do sacrifício do Messias. Ocordeiro pascal apontava
para Jesus. Mas o futuro tinha chegado. Jesus seria sacrificado
no dia seguinte, como "o cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo" (Jo 1.29). Seria estabelecida uma nova aliança entre
Deus e seu povo, onde os laços de sangue seriam substituídos
por laços de fé. Na antiga aliança, o povo de Deus era constituí-
do pelos descendentes de Abraão; na nova aliança, é constituído
por todos aqueles que recebem Jesus como Salvador e Senhor
Jo1.11,12;GI3.7-9). Portanto, era necessário substituir a páscoa
por uma celebração que representasse a nova situação. E, por
isto, Jesus instituiu a Santa Ceia.
"A Ceia do Senhor é o sacramento que comemora e
proclamao sacrifício único, perfeito ecompleto que Cristo fez,
para a nossa redenção. Ela se caracteriza por apresentar uma ou
mais verdades espirituais mediante sinais visíveis e externos.
A Ceia do Senhor uma representação simbólica da morte de
Cristo (1 Co 11.24-26), um símbolo da nossa participação no
sacrifício e na vitória de Cristo (Jo 6.53) e, também, um símbolo
da união espiritual de todos os crentes (1 Co 10.17; 12.13). A
Ceia do Senhor é um meio de graça, isto é, um meio que Deus
usa para nos alimentar espiritualmente, promovendo assim o
nosso crescimento espiritual".51

A PRESENÇA DE JEsUS NOS ELEMENTOS DA CEIA

As palavras de Jesus "isto é omeu corpo" e "isto éo meu


sangue" têm sido interpretadas de quatro maneiras diferentes:
a) A lgreja Católica Romana afirma que, mediante a
consagração dos elementos, pelo sacerdote, a substância do pão
(hóstia) se transforma em corpo de Cristo, e a substância do
vinho se transforma em sangue de Jesus. Por isso, esta doutrina
é chamada !ransubstanciação.

51
Adão Carlos Nascimento -A Razão de Nossa Fé - p. 35.
120
ESTUDO N? 11 A SANTA CEIA

b) Os luteranos e afins rejeitaram a transubstanciação.


Eles entendem que o pão continua sendo pão e o vinho conti-
nua sendo vinho. Mas, junto com as substâncias do pão e do
vinho estão, no ato da celebração, as substâncias da carne e
do sangue de Jesus. Por isso essa doutrina é chamada consubs-
tanciação.
c) Zwinglio rejeitou a transubstanciação e a consubstan-
ciação. Para ele a Ceia é um memorial do que Cristo fez pelos
pecadores e um ato de reatirmação de fë do participante. Esta
doutrina chama-se memorial. E a doutrina adotada por várias
igrejas evangélicas.
d) Calvino, embora herdeiro do movimento de reforma
iniciado por Zwínglio, não concordou coma interpretação me-
morial. Para ele, o påoeo vinho não se transformam em outra
substância, como afirma a transubstanciação. A substància do
corpo e do sangue de Jesus não se soma à substância do pão
e do vinho, como interpreta a consubstanciação. Mas, também,
a Ceia não é um simples niemorial. Jesus está presente espiri-
tualmente no pão e no vinho. Esta presença espiritual é tão
real como o pão e o vinho. Por isto, ao participar do pão e do
vinho, o crente participa espiritualmente do corpo e do san-
gue deJesus. E assim como pão e vinho alimentamo corpo, a
presença espiritual de Jesus nos elementos da Ceia alimenta
espiritualmente o participante. Esta é a doutrina que nos parece
aproximar-se mais do sentido das palavras de Jesus.

Os BENEFICIOS DA PARTICIPAÇÃO NA CEIA

A doutrina da presença espiritual de Jesus nos elemen-


tos da Santa Ceia, que está intimamente ligada à concepção dos
benefícios da participação na Ceia, foi resumida pelo teólogo
Charles Hodge, da seguinte forma: "As virtudese os efeitos do
sacrificio do corpo do Redentor na cruz se fazem presentes no
sacramento e, neste, são comunicados ao participante, digno
pelo poder do Espírito Santo, que utiliza o sacramento como
seu instrumento, segundo sua vontade soberana".2

52 Citado por Louis Berkhof-Teologia Sistemática- p. 660.

121
CURSO PARA CATECUMENOS

Reconhecemos que é muito mais cómodo adotar o en-


sino de Zwinglio de que a Santa Ceia apenas um memorial.
e
Mas não é possível sustentar tal doutrina diante do ensino de
Paulo em 1 Corintios 11.23-32. Se a Ceia é apenas um memo-
rial, como sustentar que "aquele que comer o pão ou beber o
cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue
do Senhor"? E que "quem come e bebe sem discernir o corpo,
come e bebe juízo para si"? E como entender que, em Corinto,
havia muitas pessoas fracas e doentes, e algumas até tinham
falecido, pelo fato de haverem participado da Santa Ceia de
maneira indevida? Tudo isso evidencia quea Santa Ceia é mais
do que unm memorial do que Cristo fez pelos pecadores, e um
ato de reafirmação de fé do participante. Jesus está presente,
espiritualmente, no pãoeno vinho da Santa Ceia. E assim como
pão e vinho são alinmento para o corpo, a presença espiritual
de Jesus alimenta a nossa alma.
A Ceia do Senhor é um meio de graça, isto é, um meio
que Deus usa para nos nutrir e fortalecer espiritualmente. Por
isto, devemos participar dela regularmente. Na antiga aliança, o
israelita que deixasse de participar da páscoa, senm justificativa,
era eliminado do povo de Deus (Nm9.13). Na nova aliança, o
crente que deixa de participar da Ceia do Senhor, sem justifi-
cativa, está fechando um canal de bênçãos para a sua vida e se
aniquilando espiritualmente.
Mas não basta participar, é necessário também que a
participação seja correta. O apóstolo Paulo escreveu aos corin-
tios que a causa de existir entre eles "muitos fracos e doentes" (1
Co 11.30), era a falta de discernimento na participação na Ceia
do Senhor. O crente deve examinar-se a si mesmo, preparar-se
e participar da Ceia do Senhor.Quem se examina e deixa de se
preparar e de participar, está negando o Senhor Jesus Cristo
está dizendo "sim" ao pecado e "não" à Cristo.
"Qual é pois, a funço da Santa Ceia? A de um balanço
nas contas, a de uma limpeza na casa, a de um banho no corpo..
Isso tudo não pode ser adiado, segundo interesses pessoais,
sem graves prejuízos."53
53 Júlio Andrade Ferreira Antologia Teológica- IIl Volurme p. 91.

122
ESTUDO Ne 11 A SANTA CEIA

CONCLUSÃO

Os dois sacramentos instituídos por Jesus Cristo o


batismo e a Ceia do Senhor são sinais e selos do pacto da
-

graça. Eles são, também, o instrumento que Deus usa para fazer
uma diferença visível entre os que pertencem à igreja e os de
fora. Por isto, os que são de Cristo devem receber o batismo e
participar regularnmente da Ceia do Senhor.

TEXTOS BiBLICOS PARA LEITURA

1. A instituição da Páscoa - Ëxodo 12.1-28


2. A morte dos primogênitos Exodo 12.29-36
-

3. -
Aos doze anos Jesus participa da Páscoa Lucas 2.41-52
4. Jesus, o Cordeiro de Deus João 1.29-31
-

5. Profecia sobre o sacrifício de Jesus Isaías 53.1-12


-

6. A última Páscoa eainstituição da Ceia do Senhor Mateus -

26.17-30
7. Instrução quanto à celebração da Ceia do Senhor-1 Corintios
11.17-34

EXERCÍCIO PARA A FixAÇÃO DA MATÉRIA ESTUDADA

Após estudar cuidadosamente a liço, responda, por


escrito, às seguintes perguntas:

1. Qual éo objetivo da Ceia do Senhor?


R:

2. Que é que os israelitas deviam fazer para marcar suas casas


na noite da morte dos primogênitos?
R:

123
CURSO PARA CATECUMENOS

33. Que é Páscoa?


R:

O cordeiro sacrificado na Páscoa, era um tipo de quem?


R:

Que é Ceia do Senhor?


R:

6. Que é transubstanciaço?
R:

7. Que é consubstanciação?
R:

8. Qual era o pensamento de Zwínglio sobrea Ceia do Senhor?


R:

124
ESTUDO N9 11 A SANTA CEIA

9. Qual era o pensamento de Calvino sobre a Ceia do Senhor?


R:

10. Que acontece com o crente que deixa de participar da Ceia


do Senhor, sem justificativa?
R:

125
126
Estudo n 12
DiZIMOS E OFERTAS

Texto básico: Malaquias 3.8-10

ntes da fundação do mundo, Deus estabe-


leceu um plano para a nossa salvação. E esse
plano inclui uma organizaço para nos arre-
banhar. A congregação de Israel, constituída dos cidados da
nação israelita, era a instituição que reunia o povo de Deus
na antiga aliança. Quando Jesus estabeleceu a nova aliança,
ele instituiu a igreja para arrebanhar e congregar o seu povo,
substituindo assim a congregação de Israel.
Todas as organizações necessitam de recursos financeiros
para funcionar. E a instituição que congrega o povo de Deus,
não é uma exceção. A congregaço de Israel precisava de re-
cursos para manter o santuárioe sustentar os levitas. A igreja
necessita de recursos para manter o templo e suas instituições
e para sustentar aqueles que se dedicam ao seu serviço. Por
isso, Deus requer do seu povo o dízimo e as ofertas.

O DiziMo NO ANTIGO TESTAMENTO

Abraão foi o primeiro crente a dar o dízimo. Ele encontrou


Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo, e "de tudo lhe
deu o dízimo" (Gn 14.20). Mais tarde o seu neto, Jacó, após uma
experiência da presença de Deus, fez um voto ao SENHOR em
que incluiu o compromisso de entregar o dízimo (Gn 28.18-22).
Quando Deus deu a lei, através de Moisés, a entrega do
dízimo foi incluida entre as obrigações do povo de Deus. O
que antes era estabelecido pelo costume, foi incorporado à lei.
"Também todas as dízimas da terra, tanto dos cereais do cam-
po como dos frutos das árvores, são do SENHOR; santas são ao
SENIHOR" (Lv 27.30). Os dizimos seriam usados para o sustento

127
CURSO PARA CATECUMENOS

da tribo de Levi, que se dedicava ao serviço do santuário. "Aos


filhos de Levi dei todos os dizimos em israel por herança, pelo
serviço que prestam, serviço da tenda da congregação" (Nm
18.21). Em Deuteronômio 14.28,29 está escrito que o dízimo
seria usado também para amparo dos órfos, das viúvas e de
pessoas carenteS.
"O dizinmo era uma espécie de termômetro da vida es-
piritual do povo de Deus. Nos tempos em que se mantinham
fiéis a Deus, davam também o dizimo. Quando, porém, vinham
períodos de pecado e desobediência, negligenciavam o paga-
mento do dízimo"54
O último livro do Antigo Testamento traz uma repre-
ensão severa àqueles que não entregavam o lizimo, e um
apelo veemente para que contribuíssem fielmente. "Roubará
o homema Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te
roubamos? Nos dizimos e nas ofertas. Com maldição sois amal-
diçoados, porque a mim me roubais, vós, a naço toda. Trazei
todos os dizimos à casa do Tesouro, para que haja mantimento
na minha casa; e provai-me nisto, diz o SENHOR dos Exércitos,
se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós
bênção sem medida" (M1 3.8-10).

O DiziMO NO Novo TEsTAMENTO


Jesus sancionou a doutrina do dizimo. Ele disse: "Ai de vós,
escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortel,
do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos
mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis,
porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!" (Mt 23.23). Ele
condenou os escribas e fariseus porque negligenciavam os
preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a
fé; mas reafirmou o dever da entrega do dízimo. Observe que
Jesus afirmou:"... devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir
aquelas! Isto é, eles deviam praticar a justiça, a misericórdia
ea fé, sem omitir a fiel entrega do dizimo.
A congregação de Israel, como organização instituída
para arrebanhar o povo de Deus, foi substituída pela igreja.
54 Walter Kaschel - Não Sou Meu p. 57.

128
ESTUDO N 12 DIZIMOS E OFERTAS

Mas esta tambèm tem pessoas a seu serviço, que devem ser
sustentadas por ela. "Não sabeis vós que os que prestam ser-
vicos sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve
a0 altar do altar tira o seu sustento? Assim ordenou também o
Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho"
(1 Co 9.13,14).

As OFERTAS NO ANTIGO E NO Novo TESTAMENTO

Além do dízimo, Deus exige de seu povo ofertas.


Quando Deus determinou que os israelitas fizessem três
grandes festas anuais de ação de graças, ordenou que em todas
elas houvesse ofertas: ". ninguém apareça de mãos vazias
perante mim" (Ex 23.15).
Os israelitas receberam ordens para dedicar ao SENHOR
vários tipos de ofertas. Havia as ofertas pelo pecado, ofertas
votivas, as primícias da colheita e do rebanho, ofertas pelo
nascimento e resgate dos primogênitos, vários outros tipos
de ofertas e também as ofertas voluntárias. A ordem era bem
clara: "Honra ao SENHOR COm os teus bens e com as primícias
de toda a tua renda" (Pv 3.9).
"A apresentação das várias ofertas e sacrifícios, com os
hinos e as orações de arrependimento e gratidão, contribuíam
para lembrar ao povo o Deus que lhe era invisível, e para ajudá-
lo a não se tornar escravo das coisas que via e com que lidava
diariamente. Fazendo ofertas, apresentando seus dízimos,o
povo sentia melhor a presença de Deus e o fato de ser povo
seu. Sentia o dever que tinha de prestar lealdade a este Deus
que sempre atendia às suas necessidades e que sempre estaria
bem perto para guiá-lo e abençoá-lo. Que melhor meio de evitar
as tentações de egoísmo e desobediência? Era esta a finalidade
das ofertas e dízimos" 55
Jesus também deu grande importncia às ofertas.
ASsentado diante do gazofilácio, observava Jesus comoo
povo lançava ali o dinheiro. Ora, muitos ricos depositavam
grandes quantias. Vindo, porém, uma viúva pobre, depositou
duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante.
55 Paul R. Lindholm Mordomia Cristá e Finanças da lgreja - p. 107.

129
CURSO PARA CATECÚMENOS

E, chamando os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade v0s


digo que esta viúva pobre depositou no gazofilácio mais doque
o fizeram todos os ofertantes. Porque todos eles ofertaram do
que Ihes sobrava; ela, porém, da sua pobreza deu tudo quanto
possuia, todo o seu sustento" (Me 12.41-44).
Algumas pessoas afirmam que não do ofertas porque são
dizimistas. Pensanm que entregando o dízimo fielmente estão
cumprindo todas as suas obrigações financeiras com a obra
de Deus. Mas o dízimo é o minimo. Quem entrega fielmente o
dízimo está apenas cumprindo a sua obrigação de devolver ao
Senhor a parte que Ihe cabe em nossa renda. Além do dizimo,
devemos consagrar ao Senhor as nossas ofertas, pois são elas
que demonstram a nossa gratidão a Deus e o nosso amor à sua
igreja e à sua obra.

BENÇÃOs DEcORRENTES Do DizimoE DAS OFERTAS

Contribuir com o dízimo e com as ofertas é dever de


todo membro da igreja. Mas não se pode esquecer que a nossa
contribuição é uma fonte de bênçãos.
Quando a igreja dispöe de mais recursos, mais pessoas
são beneficiadas. Com mais recursos haverá mais evangelização
e mais assistência aos necessitados. Mas, as maiores bênçãos
estão reservadas para quem contribui. Quando Deus fezo
apelo veemente aos israelitas para serem fiéis na entrega do
dizimo, fez-lhes também um desafio: "... provai-me nisto, diz
o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu
e não derramar sobre vós bênços sem medida" (MI 3.10). E
Deus não faiha em suas promessas.
A simples condição de poder contribuir jáé uma bênção.
Escrevendo sobre a oferta das igrejas da Macedônia, o apóstolo
Paulo declarou: "Também, irmãos, vos fazemos conhecer a
gTaça de Deus concedida ås igrejas da Macedônia; porque, no
meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância
de alegria, e a profunda pobreza deles superabundou em gran-
de riqueza da sua generosidade" (2 Co 8.1,2).
Os crentes da Macedônia, apesar de pobres, glorificavam
a Deus pela graça de poderem contribuir. Eles entendiam que
130
ESTUDO N° 12 DiZIMOS E OFERTAS

era uma bênção ter alguma coisa para ofertar. Muitas pessoas
gostariam de contribuir, mas não têm com que contribuir. Mui-
tos gostariam de entregar 0 seu dizimo, mas não têm dízimo a
entregar porque nada ganharam. Se vocè tem dizimo a entregar,
porque você ganhou alguma coIsa. Se o seu dízimo representa
uma importância muito elevada, é porque você ganhou muito.
Portanto, poder contribuir já é uma bênção.
A contribuição leva o crente a ser mais consagradoe a ter
mais interesse na obra de Deus. E isto é mais uma bênção. Jesus
afirmou que onde estiver o nosso dinheiro, aí também estará
o nosso coração (Mt 6.19-21). Os crentes que contribuem mais
para a igreja, geralmente demonstram também mais interesse
para com a obra de DeuIS.
Por fim, Jesus afirmou que receberemos a recompensa
até por um copo de água fria que dermos a alguem, por este
alguém ser seu discípulo (Mt 10.42). A nossa contribuição será
recompensada com as bênçãos de Deus. E a experiência tem
mostrado que os dizimistas fiéis e os ofertantes generosos são
crentes abençoados, bem-sucedidos e felizes.

CONCLUSÃO

Todos nós, naturalmente, queremos que a nossa igreja


tenha um templo bonito, bem construido, bem mobiliado, bem
cuidado. Se o templo está feio, sujo, mal conservado, nós não
gostamos. Se os bancos estão cobertos de poeira, se a aparelha
gem de som não funciona bem, se os instrumentos são velhos e
ultrapassados, nós reclamamos. Mas, às vezes, nos esquecemos
de que a igreja necessita de dinheiro para manter o templo como
desejamos. A igreja precisa de dinheiro tambem para pagar
seus funcionários, socorrer as pessoas carentes, manter suas
obras sociais e educacionais. Enfim, toda instituição precisa de
dinheiro para funcionar, e a igreja não é uma exceção. Foi por
isto que Deus determinou que os seus servos contribuam com
o dízimo e com as ofertas.
O dinheiro que ganhamos é bênção de Deus. O Senhor
nos dá inteligência, saúde e energia para trabalhar, produzir
e ganhar. E ele nos ordena que devemos entregar o dízimo
131
CURSO PARA CATECUMENOS

de tudo, para o sustento da igreja onde ele nos colocou


Deixar de entregar o dízimo é desobedecer a Deus e menos-
prezar a igTeja.

TEXTOS BíBLIcos PARA LEITURA

1. O dízimo de Abraão Gênesis 14.18-24


-

2. O voto de Jacó Gênesis 28.10-22


-

3. O dizimo incorporado à lei Levitico 27.30-34


-

4. Os dizimos e os levitas Números 18.21-32


-

5. Os dízimos e os pregadores 1 Coríntios 9.1-14


-

6. A oferta das igrejas da Macedònia - 2 Coríntios 8.1-15


7. As recompensas Mateus 10.40-42
-

EXERCÍCIO PARA A FXAÇÃO DA MaTÉRIa ESTUDADA

Após estudar cuidadosamente a lição, responda, por


escrito, às seguintes perguntas:

1. Quem foi o primeiro crente a entregar o dízimo?


R:

2. Para que seria usado o dízimo dos israelitas?


R:

. Qual é o texto do Antigo Testamento que traz o apelo


mais veemente aos servos de Deus para que entreguem o
dízimo?
R:

132
ESTUDO Ne 12 DizIMOS E OFERTAS

Qual é a prova, em Mateus 23.23, de que Jesus sancionou


a doutrina do dízimo?

R:

5. Qual é o texto do Novo Testamento que mostra o dever da


igreja de sustentar os pregadores do evangelho?
R:

6. Que é que Jesus afirmou sobre a oferta da viúva pobre?


Por que?
R:

7. Quem recebe as maiores bênçãos decorrentes da entrega


do dizimo e das ofertas?
R:

8. Cite algumas bênçãos recebidas por aquele que contribui.


R:

9. Qual é a finalidade dos dízimos e das ofertas?


R:

133
CURSO PARA CATECÜMENOS

10. Completar: "Toda instituição precisa de dinheiro


para funcionar; e a 1greja naoe uma exceção. A igreja
precisa de dinheiro para construir o templo, mantê-lo,
mobiliá-lo, equipá-lo. Precisa de dinlheiro também para
seus funcionários, socorrer
manter

134
Estudo n 13
A VIDA DEPOIS DESTA VIDA

Texto básico: 1 Tessalonicenses 4.13-18.

nossa salvação resulta de um processo que se


iniciou antes da fundação do mundo, antes
de existir o tempo, portanto, na eternidade, e
que se consumará também na eternidade. Deus nos contem-
plou com a sua graça, "assim como nos escolheu, nele, antes
da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis
perante ele;e em amor nos predestinou para ele, para a adoção
de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de
sua vontade" (Ef 1.4,5). E o processo se consumará quandob
estivermos vivendo nos "novos céus e nova terra, nos quais
habita justiça" (2 Pe 3.13).

A MORTE E A REssURREIÇÃO

Deus criou o homem para viver para sempre. Adão


foi criado num estado de santidade positiva e era imortal, nO
sentido de não estar sujeito à lei da morte. Se ele não pecasse,
sua imortalidade seria confirmada. Mas o homem pecou,e
passou a viver sob ojugo da morte. "Por um só homem entrou
pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim tambéma
morte passou a todos os homens, porque todos pecaram" (Rm
5.12).
Mas, que é morte? Morte é "a separação (seja natu
ral ou violenta) da alma do corpo, separação essa pela qual
é terminada a vida neste mundo".35 Logo que ocorre essa
separação, o corpo entra em processo de decomposição. "Já
Cumpriu a necessidade que dele tinha o espírito e, cumpricda a

56 J.H. Thayer - A Greek-Engalish Lexicon of the New Testament p. 282.

135
CURSO PARA CATECÜMENOS

necessidade, é posto de lado" Mas a alma ou espirito


continua vivo e consciente. Na morte dormimos aquie acor-
damos imediatamente n outro lado desta vida. Se a pessoa.
durante a sua vida, aceitou a salvação que Deus oferece em
Jesus Cristo, logo após a morte a sua alma entra num estado
de bem-aventurança consciente. Se rejeitou a oferta de salva-
ção, a sua alma entra imediatamente num estado de castigo
consciente.
A Biblia Sagrada ensina, de modo bem claro, que a alma
do verdadeiro crente, logo após a morte entra imediatamente
num estado de bem-aventurança consciente. Quando o ladrão
suplicou: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu rei
no. Jesus Ihe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no paraíso" (Le 23.42,43). Eo apóstolo Paulo, quando
sentiu que a sua morte se aproximava, declarou que morrer é
"partir e estar com Cristo" (Fp 1.23). Os mortos estão vivos. Os
crentes estão no céu, com Cristo; os ímpios estão no inferno.
Ocorpo volta ao pó, mas não desaparecerá para sempre.
Ele entra em decomposição, mas um dia se levantará do túmu-
lo. "Todos os mortos serão ressuscitados com os seus mesmos
corpos e não outros, posto que com qualidades diferentes,
ficarão reunidos às suas almas para sempre" 35
A doutrina da ressurreição do corpo faz surgir em
nossas mentes muitas interrogações. Uma delas é sobre as
pessoas que foram sepultadas mutiladas. No caso de pessoas
que morem em desastre de avião, é possível que partes de
seu corp0 sejam sepultadas muito distantes uma da outra. E,
como será a ressurreição dessas pessoas? No grande capítulo
da ressurreição dos mortos-1 Coríntios 15 o apóstolo Paulo
-

responde: "Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos?


E em que corpo vém? Insensato! O que semeias não nasce, se
primeiro não morrer; e, quando semeias, não semeias o corpo
que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qual-
quer outra semente. Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve
dare a cada uma das sementes o seu corpo apropriado.... Pois
assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo
S7 Ray Summers-A Vida no Alen-p. 21.
58 Conlissão de Fé de VWestminster XXXIl.2.

136
ESTUDO NO 13 AVIDA DEPOIS DESTA VIDA

na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em deson-


ra, ressuscita em glória. semeia-se em fraqueza, ressuscita em
poder. Semeia-se corpo atural, ressuscita corpo espiritual"
(1 Co 15.35-38, 42-44). A ressurreição será operada pelo poder
cle Deus, e ele sabe como resolver esse e outros problemas. O
corpo ressuscitado será o nmesmo que foi sepultado, porém de
substância diferente. O corpo que temos corresponde às neces
sidades deste plano fisico de existência; o corpo ressuscitado
será um corpo perfeitamente adaptado às necessidades do tipo
de vida que teremos na outra existência.
Devemos lembrar também que nem todas as pessoas
passarão pela morte. Os que estiverem vivos na segunda vinda
de Cristo não morrerão, mas serão transformados num abrir
e fechar de olhos. O apóstolo Paulo explicou este assunto as-
sim: "Eis que vos digo um mistério: Nem todos dormiremos,
mas transformados seremos todos, num momento, num abrir
e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta
soará, os mortos ressuscitarão incorruptiveis, e nós seremos
transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível
se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista
da imortalidade" (1 Co 15.51-53).

A SEGUNDA VINDA DE CRISTOo

A Biblia Sagrada relaciona a ressurreição dos mortos


com a segunda vinda de Cristo. O apóstolo Paulo escreveu:
"Não queremos, porém, irmãos que sejais ignorantes com
respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como
os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus
morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus,
trará, em sua companhia, os que dormem. .. Porquanto o
Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz
do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus,
e os nmortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os
VIvos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com
eles, entre nuvens, para o encontro do Senhornos ares, e, assim,
estaremos para sempre com o Senhor." (1 Ts 4.13,14,16,17).
Jesus prometeu voltar ao nundo para consumar sua
obra. Ele disse aos discípulos: "Não se turbe o vosso coração;
137
CURSO PARA CATECUMENOS

credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai


há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois
vou preparar-vos lugar. E, quando eu for, e vos preparar lugar,
voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu
estou, estejais vós tanmbém" (Jo14.1-3). Esta promessa foi repe-
tida várias vezes, de várias maneiras. No nmomento da ascensão
de Jesus, estando os discípulos "com os olhos fitos no céu, eis
que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles,
e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para
as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim
virá do modo como o vistes subir" (At 1.10,11).
A segunda vinda de Cristo será um fato maravilhoso
para os seus servos. Mas será terrível para os ímpios. "Haverá
sinais no sol, na lua e nas estrelas; sobre a terra, angústia entre
as nações em perplexidade por causa do bramido do mar e das
ondas; haverá homens que desmaiarão de terror e pela expec-
tativa das coisas que sobrevirão ao mundo; pois os poderes dos
céus serão abalados. Então se verá o Filho do Homem vindo
numa nuvem, com poder e grande glória" (Le 21.25,26).
A promessa da segunda vinda de Cristo é uma fonte de
conforto e esperança para o cristão. Billy Graham escreveu que
"cristão algum tem o direito de andar por ai torcendo as mãos,
imaginando o que devamos fazer diante da atual situação do
mundo. A Escritura diz que em meio à perseguição, confusão,
guerras e boatos de guerra, devemos reconfortar-nos mutua-
mente como conhecimento de que Jesus Cristo está voltando
em triunfo, glória e majestade".59
Quando se dará a segunda vinda de Cristo? Ninguém
sabe. Jesus afirmou que nem os anjos sabem o diaeahora, mas
apenas o Pai (Mt 24.36). Por isto, a recomendação de Jesus é
esta: "Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o
vosso Senhor" (Mt 24.42).

O Juizo FINAL E O DESTINO ETERNO

Jesus declarou também que, na sua segunda vinda,


julgará os homens: "Porque o Filho do Homem há de vir na
59 Billy Graham - Mundo em Chamas p. 234.

138
ESTUDO N9 13 A VIDA DEPOIS DESTA VIDA

glória de seu Pai, com os seus anjos, e então, retribuirá a cada


um conforme as suas obras" (Mt16.27).
Algumas pessoas perguntam: Se os salvos estão no
céu e os ímpios no inferno, por que haverá um juízo final?
A resposta é que o juízo final no tem como objetivo definir
o destino eterno dos homens. A Bíblia ensina que este destino
é determinado na hora da morte de cada pessoa. Quem mor-
re firmado em Jesus Cristo, esta salvo; quem morre em seus
pecados, está eternamente perdido. O propósito do juízo final
é expor, diante de todas as criaturas racionais, a glória de.
Deus, num ato formal que engrandecera a sua santidade,
justiça, graça e misericórdia. No juízo final Deus manifestará
a Sua graça e misericórdia, salvando os pecadores que se
arrependeram e aceitaram risto; e a Sua justiça, condenan-
do aqueles que permaneceram rebeldes e que morreram em
seus pecados.
No juízo final serão julgados os anjos decaídos, isto
é, Satanás e seus demônios, e todos os individuos da raça
humana. Algumas pessoas entendem que os crentes não
serão julgados, já que Jesus prometeu que aquele que dá ou-
vidos à Sua palavra tem a vida eterna, no entra em juízo,
"

mas passou da morte para a vida" (Jo 5.24). Mas o contexto


mostra que as palavras de Jesus indicam que os salvos não
entrarão em juizo condenatório, ou seja, não serão condenados.
Os ímpios serão julgados e condenados; mas os salvos serão
julgados e absolvidos, porque Jesus já sofreu na cruz o castigo
que merecemos, "o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de
nós todos" (Is 53.6).
Os impios sofrerão eternamente. Não sabemos, com
precisão, em que consistirá o castigo dos ímpios. Mas é pos-
sivel entender, pela Bíblia Sagrada, que eles serão privados
totalmente do favor divino, experimentarão uma perturbação
infindável, sofrerão dores reais no corpo e na alma, e estarão
sujeitos às dores de consciência, à angústia, ao choro e ao
desespero.
Os salvos herdarão o céu e também a nova criação.
A Biblia não diz claramente como será esta nova criaço. Mas
0 apóstolo Pedro afirmou que Jesus ficará no céu "até aos

139
CURSO PARA CATECÚMENOS

tempos da restauração de todas as coisas" (At 3.21). E


que "esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita
justiça" (2 Pe 3.15). Sabemos que toda a criação foi atingida
pelas consequências do pecado. E cremos que Deus restaura-
rá a criação após o juiz0 final. Mutos teólogos acreditam que
Deus vai restaurar o universo às condições originais em que
ele foi criado. E os servos de Deus, com corpos imortais e almas
inteiramente aperfeiçoadas, habitarão na terra e servirão ao
Criador eternamente, em espírito e em verdade.

CONCLUSÃO

A perspectiva de habitarmos a terra, totalmente res-


taurada, enche o nosso coração de grande alegria. Contudo, a
Biblia não diz claramente que este é o futuro que nos espera.
Mas, graças a Deus, afirma que o nosso futuro será glorioso.
O apóstolo João descreveu a visão que lhe foi dada do nosso
futuro assim: "Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo:
Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com
eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E
lhes enxugará dos olhos toda lágrima, ea morte já não existirá,
já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras
coisas passaram" (Ap 21.3,4). Eo apóstolo Paulo registrou que
"nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou
em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles
que o amam" (1 Co 2.9).

TEXTOS BíBLIcos PARA LEITURA

1. A velhice e a morte - Eclesiastes 12.1-7


2. A ressurreição de Cristo, penhor da nossa ressurreição
Coríntios 15.1-19
1

5. 0s ressuscitados terão corpoS 1 Coríntios 15.35-49


4. Os vivos serão transformados -1 Coríntios 15.50-58
5. A segunda vinda de Cristo - Mateus 24.3-14, 29-31
6. O grande julgamento - Mateus 25.31-46
7. O novo céu e a nova terra Apocalipse 21.1-8
-

140
ESTUDO N° 13 A VIDA DEPOIS DESTA VIDA

ExERcICIO PARA A FIXAÇÃO DA MATÉRIA ESTUDADA

Após estudar cuidadosamente a lição, responda, por


escrito, às seguintes perguntas:

1. Quando se iniciouo processo da nossa salvação?


R:

2. Equando se consumará esse processo?


R:

3. Que é morte?
R:

4. Que acontece com a alma do crente logo após a morte?


R:

5. Todas as pessoas vão morrer? Por que?


R:

6. Quando se dará a segunda vinda de Cristo?


R:

141
CURSO PARA CATECUMENOS

7. Qual é o propósito do juízo final?


R:

8. Quem será julgado no juízo final?


R:

9 Por que os servos de Jesus Cristo serão absolvidos no juízo


final?
R:

10. Qual será a situação dos salvos, após o juízo final?


R:

142
CURSO PARA CATECMENOS

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Nascimento, Adão Carlos Revista do CURSO POPULAR
-
- São
Paulo, Casa Editora Presbiteriana, 1983
143
CURSO PARA CATECUMENOS

-
Ribeiro, Américo J. INICIAÇÃO DOUTRINÁRIA
- Campinas, Sp
Luz Para o Caminho, 1987.
Ribeiro, Boancrges - A IGREJA PRESBITERIANA NO BRASIL, DA
NOMIA AOCISMA -São P'aulo, Livraria O Semeador,
1987.

Shedd, R. P, Editor em Português O NOVO DICIONÁRIO DA


BIBLIA São Paulo, Ediçoes Vida Nova, 1966.

Kaschel, Walter NO SOU MEU - São Paulo, Editora Mundo


Cristão, 1970.
Summer, Ray A VIDA NO ALEM
- - Rio de Janeiro, Casa Publica-
dora Batista, 1971.
Thayer, Joseph Henry A GREEK-ENGLISH LEXICON OF THE
NEW TESTAMENT New York, American Book Company,
-

1889.

Walker, Williston -
HISTÓRIA DA IGREJA CRIST - São Paulo,
ASTE, 1967.

144
CURSO PARA
CATECUMENOS

A fé cristä é convicção baseada em fatos reais. Tem


bases sólidas. Tentar servir a Deus na ignorância
pode ser desastroso. O apóstolo Paulo
testemunhou que os judeus de sua época tinham zelo por
Deus, porém não com entendimento" (Romanos 10.2).
Aignorancia os levavaase afastarem de Deus, mesmo quando
julgavam servi-lo
Por este e outros motivos, a lgreja Presbiteriana exige
daqueles gue vão professar a fé, o conhecimento básico das
doutrinas cristas. Este livro foi escrito para ajudar os pastores
e os professores da classe de catecúmenos a preparar os
candidatos à pública profissão de fé para darem, conscien
temente, este importante pasSO.

Adão Carlos Nascimento


éDoutor em Ministério (D.Min)
Pós-Graduado em Gestäo Educaclonal
Especialista em Educação a Distància,
Bacharel em Administração de Empresas
e Bacharel em Teologia.
Escritor. Membro da Academia
Campinense de Letras

|SON

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