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Converted by convertEPub
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subcapa
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Esse espaço deveria conter os dados da editora e
outras informações relativas a obra. No entanto, esta é
uma obra produzida de forma totalmente independente
pela própria autora do livro. Ou seja, por mim! Prazer em
ter você aqui :)
Essa nova versão atualizada é uma comemoração aos
5.000 exemplares vendidos. Além de escrever minhas
histórias, eu também cuido de cada detalhe e empreendo
para que esse livro chegue com muito amor até você.
Esse livro não está a venda em livrarias. A venda dele é
feita somente pela lojinha online no meu website,
diretamente comigo em algum dos meus
eventos/encontros pelo mundo ou de alguma outra
maneira criativa que encontramos para fazer com que
ele chegue até meus leitores.
Cada vez mais será comum a compra de livros
diretamente pela internet. O mercado literário tradicional
passa por grandes desafios e optei pelo caminho
independente porque ele me deu liberdade criativa para
ser eu mesma e não depender do interesse de terceiros
para colocar minhas histórias no mundo.
Gostaria que você soubesse que seu apoio ao
comprar esse livro ou simplesmente multiplicá-lo para
mais pessoas significa muito para mim. Você está
apoiando uma escritora independente a realizar o sonho
de viver da sua arte. A internet e as novas tecnologias
estão permitindo cada vez mais que novos escritores
tenham a oportunidade de compartilhar suas histórias e
chegar até mais pessoas.
Obrigada pela confiança e pelo carinho, te desejo
uma ótima leitura!
10. No good
SIM, É POSSÍVEL…
Notas
“A minha eterna gratidão a todas as pessoas
que acreditaram nesse projeto junto comigo,
desde o princípio, quando tudo ainda era um
mero sonho! Ele é feito de pessoas incríveis e
de muito amor.”
1. Veja o invisível,
acredite no inacreditável,
conquiste o impossível
...
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Beijão,
Teacher Le ;)”
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Era hora de ir embora. Mamma Lilly e as crianças me
aguardavam. Estranhei a falta de Sí e descobri que ela
tinha acordado antes do sol nascer e foi andando os
muitos quilômetros de terra para me encontrar na
cidade. Ela disse para Mamma Lilly que queria ser a
última a se despedir de mim.
Me despedi com beijos, abraços e algumas fotos.
Escrevi uma recomendação no caderninho da Mamma
Lilly para os futuros estrangeiros que a encontrariam,
dizendo o quanto eles seriam sortudos de ter a
oportunidade de conhecer aquela família encantadora.
Subimos a trilha até a estrada principal onde um
grupo de mulheres da mesma etnia H’Mong estavam
reunidas. Todas conheciam Mamma Lilly. Eu disse “olá”
no dialeto delas e todas ficaram surpresas, perguntando
sobre mim. Mamma Lilly explicou quem eu era enquanto
eu sorria. Elas sorriam de volta e pareceram felizes com
o que ouviam.
Somente uma moto havia chegado e aguardávamos a
outra, quando as mulheres fizeram um sinal óbvio de que
fossemos todos em uma moto apenas. Eu não achei que
seria uma boa ideia, mas elas insistiram com frases que
eu não entendia e gestos, como se fosse a coisa mais
normal do mundo uma moto com uma branquela com
um mochilão de 17kg nas costas no meio de um
motorista vietnamita e uma mulher H’Mong com sua
cestinha de palha.
Nós nos equilibramos todos na moto sob os aplausos
das mulheres com suas roupas coloridas, enquanto gotas
de chuva começaram a cair. Eu pedi para ser a última,
para que pudesse segurar no ferro atrás, mas acho que
eles estavam com medo de me perder no caminho e
insistiram que eu fosse no meio. Achei um pedaço de um
suporte e segurei o objeto como quem segura a vida.
Morro acima, morro abaixo e a estrada sumia em meio
à névoa. Com o vento, um bafinho de álcool se revelou
vindo do motorista, que acelerava em meio àquela névoa
e desviava porcos e galinhas que apareciam na estrada.
Tinha esquecido de ajustar o meu capacete, que
estava quase caindo e levava junto meus óculos. Fechei
os olhos e rezei. Senti uma leve freada e, quando abri os
olhos, vi um caminhão bloqueando a estrada.
O vietnamita jogou para a estreita faixa de terra entre
o caminhão e o morro e passou tirando fininho. Vi uma
placa mostrando que Sapa estava a apenas 1,8km.
Calma, falta pouco, falta pouco. Minha mão doía de
segurar o ferro.
Nunca foi tão bom chegar em algum lugar como
chegar em Sapa nesse dia. Quando desci da moto,
estava atordoada, o cabelo todo embaraçado e a chuva
havia aumentado. Sentia alívio por ter chego inteira
depois dessa aventura não planejada.
Encontramos com Sí no mercado local. Ali, levei-as
para um almoço de despedida e aproveitei para comprar
botas de inverno para Sí, já que ela usava a sua única
sandália de plástico rasgada, que com certeza não a
protegia do frio. Queria comprar mais presentes para as
outras meninas, mas não aceitavam cartão e o meu
dinheiro não dava para mais nada.
Fiquei chateada e tentei várias lojas em vão. Mamma
Lilly me acalmou dizendo que não tinha problema, pois Sí
era a mais velha de todas e assim ela poderia passar a
bota para as mais novas quando não a servisse mais.
Agradeci o carinho.
Sí e Mamma Lilly esperaram junto comigo o ônibus,
que dessa vez me levaria direto até Hanói. Apesar de ser
uma viagem mais perigosa, era mais rápida do que o
trem e eu precisava chegar bem cedo para embarcar
direto no meu tour para Halong Bay.
O ônibus chegou e com ele a nossa despedida. Não
haveria internet ou telefone para nos conectar. Perguntei
se havia algum endereço para enviar presentes ou
cartas, mas não havia. Aquela era uma despedida
diferente. Assim que entrei no ônibus, Mamma Lilly me
pediu para um dia voltar. Sí me olhava sorridente
segurando sua bota nova contra o peito.
Pela janela do ônibus, eu dava tchau para elas, que
aguardaram ali até o ônibus partir. Quando o ônibus
acelerou, Sí correu por alguns metros, me mandando
beijos e se despedindo. A perdi de vista quando fizemos
a curva, mas essa memória ficaria guardada comigo. Um
dia eu voltaria. Um dia.
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50. Para cada
tristeza uma
alegria
“Alguém vai gostar de você pelo que você é”. Parece tão
simples, mas estamos sempre nos enganando, usando
fórmulas prontas para agradar. Em um mundo cheio de
vaidades, com garotas lindas, com o cabelo perfeito e a
pose impecável do Instagram, como alguém que não se
encaixa nesse perfil entra nesse jogo desleal? Garotos
que querem a gata dos sonhos e que tem como
referência fotos alteradas no Photoshop. Se ninguém está
querendo conhecer a fundo ninguém, parece muito difícil
você ser quem você é.
Para isso, precisamos partir do princípio de que
sentimos medo, porque, mais do que tudo, queremos ser
aceitos e amados. A mudança só será possível a partir do
momento em que enfrentamos nossos medos e
acreditamos em nós mesmos. Não há nada de errado
com o medo, o problema é a falta de coragem para
agirmos.
Se tomarmos como referência o que há de ruim ao
nosso redor, vamos nos tornar pessoas fúteis, previsíveis
e indiferentes usando a desculpa de que são todos assim.
Mas, a partir do momento em que mudamos e amamos a
nós mesmos, atraímos amor. Passamos a ter luz própria.
Passamos a ser fonte de ideias e inspirações, nos
tornamos seres viscerais.
Eu tinha aprendido que a minha vaidade não me
definia, que eu não dependia dela para ser quem eu era.
Não precisava dela para me auto afirmar. O cabelo que
eu fazia questão de pintar, as curvas do meu corpo e o
esmalte da unha não diziam nada a meu respeito. Eu
tinha aprendido a viver bem com ou sem esses
elementos. Quando estivesse com eles, eu saberia que
esses apetrechos não deveriam jamais alimentar o meu
ego, porque eu não sou eles, eu sou as experiências que
vivi, as ideias que acredito e o amor que sinto. E isso
ninguém tira de mim.
E foi em Koh Phangan que um britânico charmoso
confirmou todas essas minhas teorias. Ele, ao contrário
de mim, estava apenas começando a sua viagem pelo
mundo e mantinha toda a sua vaidade.
Estava sempre vestindo roupas bonitas em um corpo
no qual eu via músculos que eu nem sequer sabia que
existiam. Olhos azuis, cabelo loiro bem cortado, deixando
os cachinhos caírem perfeitamente na altura dos olhos.
Nos conhecemos a caminho de uma cachoeira em Koh
Phangan e não, não foi amor à primeira vista.
Ele me chamou a atenção pela sua beleza, digna de
uma capa da Men’s Health, mas no mesmo momento eu
o julguei pelo que vi. Considerei que alguém com tanta
vaidade jamais seria interessante, que ele era mais um
daqueles caras que comem frango com batata doce a
cada três horas e procuram a versão humana da Barbie.
Eu estava infinitamente enganada.
Ele viajava com o irmão e os dois se juntaram ao
nosso grupo, que era predominantemente britânico.
Seguimos todos juntos para diversas praias, exploramos
outras cachoeiras e passamos o dia todo juntos andando
de motoca pela ilha.
Nos perdemos, comemos em lugares estranhos e não
tínhamos pressa para nada. A sensação era de que nós
seis já nos conhecíamos há anos tamanha a afinidade
que existia entre nós. Por ser a única brasileira, em
pouco tempo me familiarizei com as piadas e o sotaque.
As meninas diziam que eu estava fazendo um intensivo
de “como me tornar britânica” e que já poderia me
considerar uma também.
De forma muito natural, eu e o britânico nos
aproximamos em conversas longas que duravam muitas
horas. Ele me contou que havia deixado um emprego
estável em um banco para viajar pelo mundo e estava
investindo em um negócio online para que pudesse ter a
flexibilidade de viajar e trabalhar de qualquer lugar.
Eu falei das aventuras da minha viagem, do meu
interesse em voluntariar e do meu sonho de escrever um
livro. Falamos sobre os relacionamentos atuais, baseados
na posse e dependência. Questionamos o medo das
pessoas de viver um momento de cada vez. Na
dificuldade que temos em acreditarmos em nós mesmos.
Ele me incentivou a escrever o livro. Nenhuma
conversa nossa terminava em menos de duas horas e
gostávamos de reflexões profundas e de piadas
inteligentes. Seu humor me atraía. Nem sempre
concordávamos, mas sempre aprendia ou ensinava algo.
Via nele o desapego com a opinião dos outros: ele
sinceramente não se importava. Via nele tanta coisa que
ainda precisava aprender.
Entre tantas conversas, nos aproximamos e fazíamos
tudo juntos. Durante o dia, nos divertíamos explorando a
ilha, fazíamos lutinhas dentro da água, jogávamos bola,
tirávamos fotos engraçadas, tomávamos banho de
chuva. Toda noite, tínhamos uma programação diferente.
Ele e o irmão vinham até o nosso hostel ou nós íamos até
a praia deles, que era a praia mais badalada.
Me sentia à vontade na companhia do britânico:
fazíamos coisas idiotas o tempo todo e ele me fazia rir
com suas tiradas. Era como se tivéssemos nos tornado
melhores amigos. À noite, saíamos para os bares e nos
divertíamos pela praia.
Corríamos pela praia enquanto brincávamos de
carregar um ao outro nas costas. Quando paramos por
um instante, percebi que estava toda suada e com calor.
Lembrei-me de que aquela era a praia que tinha
plânctons e que minha viagem chegava ao fim.
Sem avisar, fiquei de calcinha e sutiã e corri em
direção ao mar chutando a água e a sentindo gelar meu
corpo. A garotinha dentro de mim vibrava com a
sensação. Eu estava me permitindo viver e sentir: não
queria me importar mais com o que os outros
pensassem.
Mergulhei. Mexia os braços e as pernas para ver os
pontos verdes luminosos aparecerem. A natureza era
perfeita. De repente, o britânico se juntou a mim.
Pulamos ondas juntos, jogamos água um no outro,
mostrei para ele os plânctons e continuamos as nossas
conversas intermináveis.
Saímos da água porque já estava tarde e as meninas
estavam me esperando para irmos embora. Colocamos
as roupas escondidos, rindo sem parar, quando o vento
levou a minha blusa embora em direção as pedras e um
tailandês que andava pela redondeza me ajudou a achá-
la com uma lanterna.
O riso do britânico me fazia bem. Eu me sentia livre ao
lado dele como poucas pessoas já haviam feito eu me
sentir. Eu sempre vivi muitas aventuras sozinha, porque
poucas vezes as pessoas têm coragem de pegar a minha
mão e de vivê-las comigo.
“Sinto como se eu não precisasse de mais nada na
minha vida além disso” – Disse ele, enquanto analisava o
horizonte.
Olhei para ele e reparei como estava bonito com os
cachinhos molhados.
“Os últimos dias da minha viagem não poderiam estar
sendo melhores.”. – Eu realmente me sentia feliz e
realizada.
Eu não imaginei que nos envolveríamos, até ele me
olhar fixamente por alguns segundos e me beijar.
...
CAPA
Arthur Brognoli
FOTO DA CAPA
Victoria Shao
DIAGRAMAÇÃO
Arthur Brognoli
REVISÃO
Claudio Mello
Arthur Leite de Godoy
Notas
[1]
Lady boy é uma gíria comumente utilizada na Tailândia que se refere aos
transexuais asiáticos.[Voltar]
[2]
GAARDEN, Jostein. O Mundo de Sofia. São Paulo, Cia. das Letras, 4 ed., 1995.
[Voltar]
[3]
“Você nasceu para resistir ou para ser abusado? Tem alguém tirando o
melhor de você?"[Voltar]
[4]
Agora que você faz parte do meu mundo, te faço um convite super especial:
traga essas experiências da leitura para sua vida. O capítulo de ponta-
cabeça é um convite para te tirar do lugar comum, pensar fora do padrão e
não se importar com o que os outros vão pensar; as fotos ao final do livro
tem uma linha pontilhada para você cortar as fotos e usá-las, uma maneira
divertida de colocar o desapego em prática. As mudanças que desejamos na
nossa vida começam com desafios pequenos e gostaria que essa leitura te
ajudasse de alguma forma. Esse livro tem vida própria e acredito muito que
ele chega até cada pessoa na hora certa. Então fique a vontade: empreste o
livro, passe-o adiante ou presenteie alguém especial com um exemplar.
Precisamos de cada vez mais pessoas vivendo suas verdades e
influenciando de forma positiva o mundo ao seu redor. Meu desejo é que
essa leitura te faça refletir, questionar e realizar seus sonhos. Afinal, qual é
o seu Do For Love? [Voltar]