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bereianos.blogspot.com.br /2013/11/o-estupro-dos-canticos-de-salomao-24.html
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Por John MacArthur
Os Cânticos de Salomão são deliberadamente velados em eufemismos que, em qualquer medida, mostram-se
belos. Algumas das imagens são absolutamente óbvias, outras altamente discutíveis. Em muitos lugares o
significado é indistinto o bastante para permitir uma grande dose de imaginação hermenêutica, e a sabedoria
parece ensinar que aqui —especialmente aqui — é melhor para o pregador não ser muito mais explícito do que o
foi o Espírito Santo.
E encaremos isto: em geral, o Cântico está tão longe do explícito quanto pôde o escritor fazê-lo.
Além disso, desde que o simbolismo trata obviamente acerca de paixão, romance, amor, desejo e ternura, sua
ambigüidade seve a um propósito deliberado: ela fala em termos secretos aquilo que deveria ser mantido em
secreto. A linguagem é claramente concebida para comunicar afeições de privacidade íntima através de termos
velados, confidenciais e quase clandestinos.
Este é um ponto vital: O estilo da comunicação entre aqueles dois amantes oculta belamente o significado mais
essencial de suas canções de amor, de um modo que preserva a profundidade da privacidade pessoal (e
divinamente pretendida) do leito conjugal.
O Cântico de Salomão é incrivelmente belo precisamente por ser tão cuidadosamente velado. É a perfeita
descrição da maravilhosa e terna descoberta da intimidade que Deus designou que acontecesse entre um jovem
homem e sua noiva num lugar de segredo. Nós não somos informados em termos vívidos o que todas as
metáforas significam, porque a beleza da paixão conjugal está no olho do expectador — onde deve permanecer.
Tom Gledhill sabiamente resume este ponto em seu comentário sobre os Cânticos de Salomão (pp. 29-31):
Ao desempacotar metáforas e desembrulhar eufemismos [nos Cânticos de Salomão] pode acontecer que nossos
pensamentos espiralem fora de controle, e acabemos por cometer adultério em nossas imaginações. E o que fazer
então se a interpretação das Escrituras se mostrar ser uma pedra de tropeço, e uma causa de ofensa para alguns
que crêem? ... Uma vez que uma linha particular de interpretação tem sido sugerida, é difícil não ver explícitas
alusões sexuais em todos os lugares, até que todo o trabalho se torna saturado de referências a genitália, relações
sexuais e sexo explícito.
... A resposta do Novo Testamento é muito clara e direta. Jesus disse, “Se teu olho direito te faz pecar, arranca-o...
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É melhor perder uma parte do corpo do que ter todo o corpo lançado no inferno”. Em outras palavras, não andemos
em tentação de olhos abertos quando conhecemos nossas áreas específicas de fraqueza.
... A linguagem que usamos para descrever várias partes da anatomia humana (o que o apóstolo Paulo descreve
como nossas ‘partes decorosas’) é um assunto para delicada sensibilidade... Quando [explicitadas
inapropriadamente] palavras são usadas em discurso verbal, uma profunda desorientação toma lugar nos ouvintes,
a qual tem uma tendência de bloquear, em grande medida, qualquer capacidade adicional para uma discussão
racional. Eles agem, por assim dizer, como granadas de mão. Seu uso é uma atividade terrorista, causando
destruição desenfreada.
Tremper Longman III diz o seguinte acerca dos pregadores e comentaristas que interpretam as imagens poéticas
dos Cânticos em termos abertamente explícitos: “A livre associação [deles] com as imagens dos Cânticos é tão
prevalecente que aprendemos muito mais sobre os interpretes que sobre o texto” (NICOT, p. 14).
Considere, por exemplo, a seguinte passagem de Cânticos de Salomão 4:12-16. Aqui Salomão descreve sua noiva
com uma metáfora complexa empregando símbolos florais, e ela responde fazendo eco as imagens:
Jardim fechado é minha irmã, minha noiva, Sim, jardim fechado, fonte selada. Os teus renovos são
um pomar de romãs, Com frutos excelentes; a hena juntamente com nardo, O nardo, e o açafrão, o
cálamo, e o cinamomo, Com toda sorte de árvores de incenso; A mirra e o aloés, com todas as
principais especiarias. És fonte de jardim, poço de águas vivas,correntes que manam do
Líbano! Levanta-te, vento norte, E vem tu, vento sul; Assopra no meu jardim, espalha os seus
aromas. Entre o meu amado no seu jardim, E coma os seus frutos excelentes!
Salomão descreve assim sua noiva como um jardim fechado e selado. Para ele, ela é um lugar agradável, cheio de
aromas encantadores e substâncias tranqüilizantes. A descrição desenhada por ele é bela em todos os níveis. Os
detalhes (“frutas escolhidas, hena com nardo, o nardo e o açafrão, o cálamo e o cinamomo... árvores de incenso,
mirra” etc.) podem ou não possuir significados específicos que teriam sido conhecidos pela noiva.
O que todo interprete cauteloso pode dizer com certeza é que Salomão considera sua noiva aprazível a todas as
suas percepções sensoriais. Ele, então, a compara à imagem mais agradável e bela que pode imaginar —
ungüentos, fragrâncias e deleites visuais — tudo concentrado em um único e bem cultivado local. Um jardim. O
jardim está “fechado”, o que, novamente, enfatiza a privacidade íntima do amor conjugal puro. Nada requer que o
exegeta vá além disto. A própria Escritura não vai além disto.
“É franco, mas não é grosseiro”, disse Mark Driscoll num Domingo, a uma congregação escocesa, a menos de 18
meses atrás. Mas então ele continuou a parafrasear Salomão de uma maneira que foi totalmente grosseira e nem
remotamente próxima daquilo que o Espírito Santo pretendeu. (Uma cópia em CD desta mensagem chocante,
intitulada Sexo: Um Estudo das Partes Boas dos Cânticos de Salomão , me foi enviada por alguns cristãos do Reino
Unido, profundamente ofendidos e preocupados. Esta é a razão primária de eu estar fazendo esta série).
Na mente de Driscoll, não é a noiva em si que é um jardim, mas uma parte específica de sua anatomia. Da maneira
que ele recria a passagem, não é um poema sobre o deleite da privacidade que os cônjuges usufruem entre si; é
uma maneira sorrateira de expor abertamente essa intimidade para que todos possam ver.
Em essência, ele trata os Cânticos de Salomão como a velha lenda urbana acerca das letras de “Louie, Louie”.
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Apenas aqueles com um conhecimento secreto podem realmente entender; e, portanto, seu verdadeiro
significado deve ser algo sujo.
Esta abordagem satisfaz ouvidos lascivos. É difícil vê-lo como algo diferente de mero exibicionismo. O pior de tudo
é que isto inverte todo o propósito dos Cânticos de Salomão.
Tremper Longman estava certo: eisegesi como esta não revela nada acerca do livro, mas tudo acerca do interprete.
Continua...
***
Fonte: Grace to you
Tradução: Nelson Ávila
Via: Em defesa da graça
Leia também:
O Estupro dos Cânticos de Salomão - 1/4
O Estupro dos Cânticos de Salomão - 3/4
O Estupro dos Cânticos de Salomão - 4/4 (em breve)
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