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A autora fala da sedução das palavras. Para ela, as palavras têm uma sedução
secreta, exercida durante o ato da leitura. Ela acredita que as pessoas que
escrevem participam de um “diabólico jogo”: o da sedução das palavras. Ela
confessa que hoje, como escritora, seduz porque foi seduzida, ou seja, escreve
porque leu. Sabe que a leitura é “passagem” para outros novos caminhos, é como
entrar num “jardim encantado”, onde cada palavra é uma flor de nome
maravilhoso.
Você sabe o que é um texto?
Você está no ensino médio e com certeza já passou por muita coisa em sua
vida escolar. Tudo o que leu, ouviu, tudo a que assistiu, os elogios e broncas
que recebeu, estão aí, na sua formação. Sua vida pessoal, afetiva, suas dores,
seus amores, deixaram marcas. Seu país, sua cidade, seu bairro, seu canto,
estão sempre presentes em você.
Hoje seu texto (o seu tecido) é fruto de toda essa história, de sua
sensibilidade, de sua maneira de ser, ou seja, no trabalho de tecelão que você
faz, estão presentes todos os fios da sua vivência. E, já que a formação nunca
termina, saiba que novas águas passarão, outros livros virão, mais TV, mais
filmes, mais música, mais viagens, mais gente. E seu texto irá aos poucos
mudando. Se está contente com o que tem produzido, poderá produzir
sempre melhor. Se está insatisfeito com seu desempenho, acredite em
mudança, em vontade de mudar, para melhor, é claro.
TIPOS DE TEXTO
(Rubem Fonseca, “A arte de andar nas ruas do Rio de Janeiro” in Romance negro e
outras histórias, São Paulo: Cia. Das Letras, 1992, p.11-50)
A DESCRIÇÃO
Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração
tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara,
incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco
palmos. O chão inundava- se. As mulheres precisavam já prender as saias entre
as coxas para não as molhar; via- se- lhes a tostada nudez dos braços e do
pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os
homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a
cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas,
fossando e fungando contra as palmas da mão(…)
A NARRAÇÃO E O NARRADOR
A narrativa está muito ligada ao que conhecemos como ficção. Essa palavra
provém do latim fictionem, cuja raiz pertence ao verbo ingere, que significa
fingir. É, então, evidente a relação da palavra ficção com o ato de criar, de
inventar, de dar vida.
A NARRAÇÃO E A PERSONAGEM
A criação de uma personagem não implica o simples desenho
de suas características, é preciso dar-lhe vida, gestos,
intenções e traços que a tornem única, inconfundível, em tudo
semelhante à realidade.
O discurso indireto livre ocorre quando o narrador insere, em sua fala, a fala
ou os pensamentos da personagem. O foco narrativo é em terceira pessoa
(trata-se do narrador onisciente); o narrador está, portanto, fora da história,
mas, ao fazer uso do discurso indireto livre, instala-se dentro de suas
personagens, confundindo sua voz com a delas.
O que a personagem diz revela muito do que ela é. Por isso, é preciso um
cuidado especial do narrador com relação à montagem de diálogos ou
monólogos, pois eles revelarão elementos psicologicamente significativos para
a construção da narrativa como um todo. Veja se o que você quer demonstrar
nas palavras de sua personagem é ironia, generosidade, paixão, frieza, hábito,
desprezo ou qualquer outro tipo de emoção ou sentimento, antes de elaborar
seus discursos. Escolha sempre a palavra mais adequada àquela situação, a
frase mais expressiva, o ritmo correto das falas, para que, com tudo isso, sua
personagem ganhe vida e credibilidade.
Pode-se dizer que o enredo, é o conjunto dos fatos de uma história. Nele estão
envolvidas a apresentação das personagens e das situações, além das
sucessivas transformações pelas quais elas vão passando, ao longo do tempo
transcorrido.
(Cândida V Gancho. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 1995, p.10)