Você está na página 1de 2

KIKO, O Poeta

Cercando o prado havia um velho muro de pedra. Nesse muro, no muito longe do estbulo e do celeiro, uma grande famlia

de burrinhos, ovelhitas, coelhinhos e gatinhos tinha feito a sua casa. E, como o inverno estava a chegar, comearam a recolher cenouras, cereais, couves, mas, alfaces e montes de palha e erva. Todos trabalhavam dia e noite. Todos menos um, o ratinho Kiko. E tu, porque no trabalhas, Kiko? Perguntavam os outros. Eu estou a trabalhar dizia o Kiko Apanho dias com cu claro, muito azul, para os dias frios e escuros de inverno. E quando viam o Kiko ali sentado, olhando o prado, os outros diziam-lhe: E agora, Kiko? Ele respondia, simplesmente: Recolho energia para os dias sonolentos do inverno. Noutra ocasio, o Kiko parecia meio-adormecido. Ests a sonhar, Kiko? Perguntaram-lhe em tom reprovador. Mas ele respondeu-lhes: Ah, no! Estou a juntar felicidade, carinho e amor para os dias em que houver tristeza, brigas e zangas. E tambm apanho brincadeiras para os dias de inverno em que no h nada para fazer! E procuro sade para os dias frios em que aparecem as constipaes! Chegaram os dias de inverno e, quando caiu a primeira neve, esta grande famlia abrigou-se no seu esconderijo. No incio havia muito que comer e contavam-se histrias de belas e de monstros. Eram uma famlia feliz. S que, aos poucos, foram comendo todas as suas reservas. Fazia muito frio e ningum tinha vontade de

conversar. Ento lembraram-se daquilo que o Kiko tinha dito sobre o que recolhia no vero. E as coisas que tu armazenaste, Kiko? perguntaram eles. Fechem os olhos disse Kiko, enquanto subia uma pedra muito alta. - Agora vou mandar-vos os dias de cu claro, muito azul. Deixem-se envolver pelo seu brilho - E a energia, ratinho Kiko? perguntaram-lhe ansiosamente. Fechem os olhos outra vez disse ele. E quando lhes falou da energia e das brincadeiras, os seus amigos foram perdendo a sua sonolncia e viram o aborrecimento a desaparecer! Quando falou da sade, as dores de garganta e o pingo dos focinhos, parava como que por magiaComearam todos a ficar felizes, por partilharem amor e carinho No guardaste mais nada, Kiko? Kiko aclarou a voz, esperou um momento, e ento, como se estivesse num palco, comeou: - L esto os burrinhos, Os gatinhos e coelhinhos. Tambm a apanhar frio, No inverno, Os ursinhos e as ovelhitas. Todos juntos No aborrecimento

Cheios de sono E sem alimento. Cooperaram juntos procura de alimento, Uns guardaram palha, Outros juntaram cereais, algumas cenouras e ervas. No final Todos juntos Encararam o inverno Cheios de alegria Comida e energia Felicidade e partilha1 Quando Kiko acabou, todos aplaudiram. Mas, Kiko Tu s um poeta! Kiko corou, fez uma vnia e disse timidamente: - Eu sei! EB1 do Carand, 3. Ano, Turma A

Você também pode gostar