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Escola Secundária de Alcanena

Às demais Entidades
Exma. Senhora Ministra da Educação
Exmo. Senhor Primeiro-ministro
Exmo. Senhor Presidente da República
MOÇÃO
1. Considerando que:
a) a acção dos docentes se deve centrar nos alunos e nas suas aprendizagens, tudo
o que seja feito com vista a potenciar e a melhorar esse processo educativo será
bem recebido pelos docentes desta escola.
b) a profissão docente sempre impôs aos professores a dupla condição de
avaliadores e avaliados, na medida em que a todo o momento somos confrontados com
a necessidade de emitir juízos sobre a prestação dos nossos alunos e, ao mesmo
tempo, reflectirmos, sobre o trabalho que realizamos.
c) a formalização da avaliação é um processo natural inerente à função de
professor que sempre admitimos numa perspectiva formativa, capaz de optimizar
constantemente a acção educativa.
d) os professores concordam com o princípio de que "uma avaliação dos professores
justa, séria e credível, (…) realmente capaz de distinguir, de estimular e de
premiar o bom desempenho, constitui (…) um instrumento essencial para a
valorização da profissão docente e um contributo decisivo para a qualificação da
escola pública", tal como vem referido no Preâmbulo do Decreto Regulamentar nº 1-A
/2009 de 5 de Janeiro de 2009.

2. Considerando que:
a) a análise do Decreto Regulamentar nº 1-A /2009, de 5 de Janeiro, permite
verificar que, ao contrário do que se esperaria, esta tentativa de simplificação
está longe de responder às dúvidas e preocupações anteriormente manifestadas, na
medida em que agravou o processo burocrático exigido aos vários intervenientes,
com a obrigatoriedade de reformulação de:
- a maioria dos instrumentos de registo inerentes ao processo;
- do cronograma;
- das directivas da Comissão Coordenadora de avaliação de desempenho;
- dos despachos de delegação de competências;
- dos horários dos professores avaliadores;
- da categoria da carreira de alguns professores;
- dos Projectos Curriculares de Turma e
- do capítulo de avaliação de desempenho já aprovado em sede de conselho geral
transitório;

b) o referido decreto regulamentar continua a ignorar que, a par da


implementação de um novo modelo de avaliação de desempenho, a escola vive momentos
de mudança com a implementação simultânea do novo regime de gestão e autonomia das
escolas. De acordo com este regime, o processo concursal para o director tem que
estar concluído a 31 de Maio do corrente ano, isto é, exactamente a meio do
processo avaliativo, causando grande instabilidade nos professores, que vivem com
a possibilidade de serem classificados em 50% ou 100% da sua avaliação por alguém
que não conhece o seu desempenho e muito menos a dinâmica da escola.

d) o Ministério continua imerso na publicação de normativos e de guias sobre os


mesmos que, em algumas situações, chegam a contrariar o disposto na lei, o que ao
invés de clarificar, cria mais tensão, obrigando os agentes a leituras e
releituras dos normativos e dos esclarecimentos dados oficialmente.

e) o referido normativo entrou em vigor no início do segundo período sem estar


acompanhado do despacho de aprovação das novas fichas de avaliação homologadas
pelo Ministério de Educação;
f) é ilícito proceder a qualquer acto deste processo sem estar em presença de
todos os elementos que o compõem;

g) é injusto a pressão agora exercida aos Presidentes dos Conselhos Executivos, a


quem, por força do referido despacho, tudo compete decidir;

h) a ambiguidade do referido normativo põe em causa o princípio da universalidade,


podendo os docentes ser beneficiados por trabalharem nesta ou noutra escola,
consoante a interpretação que os seus dirigentes fizerem da lei, dado a falta de
esclarecimento acerca de situações específicas;

i) a contradição presente na lei, entre outros, quando mantém como item de


referência para a fixação dos objectivos individuais, um sub parâmetro – prestação
de apoio às aprendizagens - que, pela sua natureza, pode não ser seleccionado pela
escola, pelo que não faz sentido a sua manutenção;

j) a injustiça face aos professores das regiões autónomas, cujos governos


suspenderam o processo, sendo a avaliação, durante o presente ano lectivo,
meramente administrativa, criando espaço para a construção de um novo modelo de
avaliação partilhado.

Por último, considerando a difícil exequibilidade do processo por se tratar de uma


tarefa complexa, que implica um esforço árduo não isento de frustração face à
impossibilidade de concretização de uma avaliação objectiva e justa, onde não
existe qualquer garantia da correspondência efectiva entre a competência do
professor enquanto agente educativo, a sua classificação e os ganhos que, com esta
avaliação, reverterão a favor dos alunos.
Assim, os professores da Escola Secundária de Alcanena subscritores deste
documento, com os direitos que os assistem, consagrados no Decreto-lei n.º
15/2007, no Artigo 5.º, ponto 2, alíneas a), b) e d) que passamos a citar:
O direito de emitir opiniões e recomendações sobre as orientações e o
funcionamento do estabelecimento de ensino e do sistema educativo;
O direito a participar na definição das orientações pedagógicas ao nível do
estabelecimento de ensino ou das suas estruturas de coordenação;
O direito a propor inovações e a participar em experiências pedagógicas, bem como
nos respectivos processos de avaliação.”
vêm declarar às entidades competentes, sustentados pelos signatários da presente,
não participar nos diferentes momentos do processo de avaliação de desempenho,
solicitando simultaneamente:

1. a suspensão do actual modelo de avaliação do desempenho, superando, dessa


forma, a situação de grande instabilidade que a sua aplicação, ainda que de forma
simplificada, está a causar ao funcionamento das escolas, ao desempenho
profissional dos docentes;
2. a revisão do Estatuto da Carreira Docente, de modo a que se proceda a
alteração da estrutura da carreira, acabando com a divisão entre professores e
professores titulares, a par da substituição do modelo de avaliação, incluindo a
eliminação das quotas.
Alcanena e Escola Secundária, 21 de Janeiro de 2009

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