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Pesquisa inserida no Grupo de Pesquisas em Paradigmas Assistenciais em Terapias
Alternativas (NEPATA) da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás
(UFG).
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Arteterapeuta, Profª Drª da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás
(FEN/UFG), Presidente da Associação Brasil Central de Arteterapia (ABCA), membro do
conselho diretor da UBAAT, integrante da rede PsicoArte, coordenadora do Conselho Editorial
da Revista Científica de Arteterapia Cores da Vida (www.brasilcentralArteterapia.org). E-mail:
aclaudiaval@terra.com.br
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Arteterapeuta do CAPS – Novo Mundo da Secretaria Municipal da Saúde de Goiânia/GO.
Cordenadora-local e Docente do Curso de Especialização em Arteterapia do Alquimy Art,
membro do Conselho Diretor da ABCA e da UBAAT. Membro do Conselho Editorial da Revista
Científica de Arteterapia Cores da Vida Mestranda da Universidade de Los Pueblos (Espanha).
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Graduanda de Psicologia da UFG e relatora do trabalho
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Graduanda de Design Gráfico da UFG
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Graduanda de Enfermagem da UFG
trocas com os usuários. As características expressas nos desenhos do CAPS
sugerem um atendimento que tem esperança inerente ao processo de
reabilitação e desenvolve-se buscando a valorização da positividade e
subjetividade dos usuários. Considerações Finais: este trabalho trouxe
contribuições importantes para a área de saúde mental, pois os desenhos
permitiram fazer uma análise comparativa e reflexiva dos ambientes
terapêuticos de atendimento ao doente mental.
Introdução
As estratégias de intervenções da Reforma Psiquiátrica, que após a
década de 70, têm representado um dos grandes desafios da atenção em
saúde mental e é caracterizada pela reabilitação psicossocial e
desinstitucionalização, no qual proporciona transformações de saberes e de
práticas em lidar com a loucura e reinventar modos de lidar com a realidade
(KANTORSKI, 2004).
A reabilitação psicossocial, uma das intervenções da Reforma Psiquiátrica
envolve ações que favoreçam aumentar as possibilidades de recuperação dos
doentes mentais e diminuir os efeitos desabilitantes da cronificação dos
indivíduos com ações envolvendo o indivíduo, a família e a comunidade em
cuidados complexos e delicados (PITTA, 2001).
O co-envolvimento dos locais terapêuticos de atendimento em saúde
mental constitui um importante aspecto a ser considerado nos projetos de
reabilitação na Reforma Psiquiátrica, tornando-os protagonistas e responsáveis
pelo processo de tratamento e reabilitação do doente mental.
O paciente portador de transtorno mental severo e persistente apresenta
repercussões negativas em diferentes aspectos de sua vida, por isso é
importante re-pensar sobre o cotidiano dos serviços de saúde mental e os
cuidados que vem recebendo os pacientes destas instituições ao longo dos
últimos anos, em especial na cidade de Goiânia/GO, com a incorporação dos
novos paradigmas da reabilitação psicossocial e da Reforma Psiquiátrica
(VALLADARES, 2004a e b; VALLADARES et al, 2003).
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e os Hospitais Psiquiátricos
são considerados locais de atendimento em níveis de alta complexidade em
saúde mental e objetivam reduzir a gravidade do transtorno mental, com a
identificação precoce dos casos, rastreamento e tratamento, estabelecendo um
programa de reabilitação psicossocial, com a possibilidade de acolhimento, de
cuidado, de construção de vínculos e de sociabilidade ao sujeito em sofrimento
psíquico; oferecendo espaços de inclusão da diferença, de superação de
medos e preconceitos; propondo formas mais humanizadas e integradoras e
ainda a reinserção social do paciente (VALLADARES, 2006a, b, c e d;
VALLADARES & FUSSI, 2003).
Metodologia
Escolheu-se como percurso metodológico a pesquisa qualitativa, que
privilegiou analisar o conteúdo e a comparação das produções gráficas
envolvendo os locais de cuidado em Saúde Mental sob a visão de alunos de
enfermagem.
Este projeto possibilitou a representação gráfica e temática – desenho
projetivo dos ambientes de tratamento terapêutico em Saúde Mental: CAPS
(Centro de Atenção Psicossocial) e Hospital Psiquiátrico privado, ambos em
Goiânia/GO, desenvolvidos por alunos do curso de enfermagem de uma
instituição pública de Goiânia/GO que cumpriram as aulas-práticas de
enfermagem psiquiátrica e visualizaram as duas realidades (CAPS e Hospital
Psiquiátrico). Os alunos eram jovens, de ambos os sexos e aquiescentes ao
trabalho.
Foi sugerido desenhos temáticos em uma contextualização livre. A
representação gráfica foi desenvolvida por meio de estratégias vivenciais em
grupos rotativos, quatro grupos de onze/doze alunos e coordenados por uma
arteterapeuta no ano de 2007 e compreendendo um total 45 desenhos
projetivos.
Os materiais plásticos foram fornecidos pela arteterapeuta-coordenadora
e incluiram: lápis preto e borracha, lápis coloridos, giz de cera, canetinhas
coloridas, giz e papel sulfite tamanho A4. Os alunos eram livres para escolher
os materiais gráficos que melhor projetassem suas projeções.
Para análise dos dados, buscou-se como guia, os parâmetros
estabelecidos pelo Roteiro de Avaliação dos Aspectos de Análise Qualitativa da
Representação Plástica em Arteterapia (VALLADARES, 2005) – em ANEXO A,
com os itens:
a) Comentários subjetivos dos avaliadores (arteterapeuta etc)
b) Descrição geral do trabalho
c) Criatividade
d) Cores
e) Outras características do desenho
f) Nível de desenvolvimento
g) Omissões ou inclusões de elementos
h) Outros: a figura humana (expressão da integração da personalidade), a
casa (representação do desenvolvimento do sujeito) e a árvore (representação
da expressão da integração da personalidade).
Posteriormente, utilizou-se à análise qualitativa para compreender os
dados encontrados por meio do Roteiro de Avaliação (VALLADARES, 2005).
Os dados por sua natureza subjetiva, foram apresentados de maneira
descritiva, levando-se em consideração a qualidade dos desenhos dos alunos,
comparando e fazendo uma análise compreensiva à luz da Psicologia Analítica
dos dois ambientes terapêuticos.
Utilizaram-se os autores referenciais dos dicionários de símbolos ou
junguianos (CHEVALIER & GHEERBRANT, 2003; CIRLOT, 2005; FINCHER,
1991; FURTH, 2004; LEXIKON, 1994) para auxiliar na análise do simbolismo
dos elementos vigentes.
Para a compreensão simbólica geral deste trabalho não se apoiou
exclusivamente nestes livros, levou-se em consideração o processo histórico e
evolutivo da saúde mental no Brasil.
Resultados
Simbolismos vigentes nos desenhos projetivos de forma geral:
Conclusões
Este trabalho trouxe contribuições importantes para a área de saúde
mental, pois os desenhos dos Centros de Atendimento em Saúde Mental
permitiram fazer uma análise comparativa dos ambientes terapêuticos de
atendimento ao doente mental (CAPS X Hospital Psiquiátrico) sob a visão de
alunos-cuidadores de enfermagem. Possibilitou-se fazer uma reflexão crítica
acerca dos atendimentos que estão recebendo os doentes mentais, com suas
distintas filosofias de “cuidar” em saúde mental.
O estudo reforça a necessidade de reestruturação da assistência
psiquiátrica goiana com a substituição progressiva dos Hospitais Psiquiátricos
por novos dispositivos de tratamento e acolhimento ao sofrimento mental como
os CAPS, que atendem aos postulados da reforma psiquiátrica oferecendo
serviços de melhor qualidade de atendimento aos seus usuários e um local
mais propício ao desenvolvimento saudável do doente mental.
Enfim, acredita-se que este estudo venha auxiliar os profissionais da área
de saúde mental e também sugere continuar a pesquisa analisando e
comparando os desenhos dos usuários e/ou de profissionais ou alunos de
outros cursos das duas instituições, buscando compreender a visão de outras
pessoas e categorias profissionais.
Referências
CHEVALIER, J.; GHEERBRANT, A. Dicionário de símbolos: mitos, sonhos,
costumes, gestos, formas, figuras, cores, números. 11. ed. Rio de Janeiro: José
Olympio, 2003.