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Assuntos tratados

1º Horário
 PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS (CONTINUAÇÃO)
 Expressos (continuação): Impessoalidade; Moralidade; Publicidade
 Demais Princípios (reconhecidos, implícitos): Supremacia do Interesse
Público sobre o Interesse Particular; Indisponibilidade do Interesse Público;
Motivação; Tutela; Autotutela; Especialidade; Presunção de Legitimidade dos
Atos Administrativos; Finalidade

2º Horário
 PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS (CONTINUAÇÃO)
 Demais Princípios (continuação): Responsabilidade Civil do Estado pela
prática de atos administrativos; Unidade da Jurisdição ou Controle Judicial
dos atos administrativos; Continuidade dos Serviços Públicos; Razoabilidade
e Proporcionalidade; Ampla Defesa; Contraditório ou Paridade de Armas;
Segurança Jurídica
 Poderes da Administração
 Conceito
 Características: Poder-dever; Irrenunciáveis; Coercibilidade; Condicionados;
Abuso de Poder
 Conceito
 Espécies
 Modalidades
 Poder Vinculado e Poder Discricionário

1º HORÁRIO

PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS (CONTINUAÇÃO)

Expressos (continuação)

Impessoalidade

Proíbe a existência de subjetivismo no exercício da atividade administrativa. É


aplicação da lei sem favorecer e perseguir ninguém.

Obs. Hely Lopes chama esse princípio de Princípio da Finalidade. Quando a CF/88
trouxe o Princípio da Impessoalidade só inovou em seu nome, pois, apenas, mudou o
nome do Princípio da Finalidade.

Obs. Celso Antônio Bandeira de Melo vincula o princípio da Finalidade ao Princípio da


Legalidade. A finalidade da lei é inseparável da própria lei.

Obs. Maria Silvia vincula o Princípio da Impessoalidade ao disposto no parágrafo


primeiro do art. 37 da CF. A vontade do Estado só pode ser manifestada pelos
agentes públicos, pessoas físicas. Os atos que eles praticam são impessoais, pois
exprimem a vontade do Estado.

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Moralidade

A Administração deve obedecer aos padrões da boa-fé, da ética, da probidade, da


moral – não é suficiente obedecer à lei.

Obs. súmula vinculante n º 13 proíbe a prática do nepotismo. Essa súmula baseia-se


no Princípio da Moralidade. Para o STF, os princípios da Administração Pública que
estão expressos no art. 37, caput da CF, são auto aplicáveis, não precisando de lei
regulamentadora. Atenção: A prática do nepotismo não alcança agentes políticos
(Auxiliares imediatos dos chefes do poder executivo – cargos de livre nomeação e
exoneração), mas apenas os agentes administrativos (posição do STF).

Obs. Segundo Maria Silvia, moralidade enquanto princípio do direito administrativo é


sinônimo de probidade (é a mesma coisa que Princípio da Probidade). Mas, ao falar
em imoralidade enquanto ato ilícito é diferente de improbidade. A noção de
improbidade é mais técnica, pois os atos qualificados como atos de improbidade
administrativa estão indicados em lei. A imoralidade é só uma conduta que leva à
improbidade. É a lei 8.429/92.

- São atos que causam enriquecimento ilícito;


- Atos que causam dano ao erário, aos cofres públicos;
- Atos que atentam contra os princípios da Administração Pública.

Obs. patrimônio público é o conjunto de bens da Administração – a moralidade é um


desses bens que integram o patrimônio público, embora não seja patrimônio
econômico.

Publicidade

A administração deve divulgar, amplamente, os seus atos. A idéia é dar transparência


para possibilitar o controle. Administrar é cuidar do que é do outro no interesse do
outro, por isso deve prestar contas, divulgar. A publicidade deve ser a mais ampla o
possível – não é sinônimo de Diário Oficial, que é apenas um dos mecanismos de
divulgação (há várias formas de dar publicidade).

Alguns atos administrativos só produzirão seus efeitos após certas formalidades,


certas solenidades. Ex. art. 61, pu da lei 8.666 – para o contrato administrativo ser
eficaz deverá dar publicidade.

Exceções ao Princípio da Publicidade: art. 5, XXXIII da CF – para assegurar a


segurança da sociedade e do Estado veda-se a publicidade.

Eficiência

Foi introduzido na CF pela EC 19 (reforma da Administração – tinha como bandeira a


eficiência).

- Eficiência interna: na gestão dos recursos administrativos;


- Eficiência externa: na atuação frente à sociedade.

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Obs. a EC é de meados dos anos 90: a Administração era
cara, demorada e ineficiente – modelo burocrático de gestão (ficava-se muito preso à
forma e ao procedimento, eram muito importantes para possibilitar o controle, mas o
resultado ficava em segundo plano). Com a EC buscou-se romper com esse modelo
burocrático, passou-se ao modelo gerencial, que não desprezou a forma e o modelo,
contudo é focalizado no resultado, isto é, modelo rápido, que busca resultados sem
desrespeitar a forma. Mas, não significa alcançar a finalidade a qualquer custo, pois os
outros princípios administrativos, como a legalidade, têm que ser observados.
Princípio da Eficiência que se traduz no dever da boa administração.

Demais princípios (reconhecidos, implícitos)

São princípios que podem estar expressos em alguma lei, mas não estão no caput do
art. 37 da CF.

Supremacia do interesse público sobre o interesse particular

Em qualquer Estado existe esse princípio, pois ele decorre de sua supremacia.

Na CF/88 não há nenhuma referência expressa a ele, mas vários institutos baseam-se
nele. Ex. desapropriação.

É o ordenamento jurídico que delimita concretamente este princípio: não pode o


Estado agir de qualquer forma fundamentando-se, abstratamente, nele.

- Interesse público primário: é o interesse da sociedade como um todo; é ele que a


administração tem que proteger e guardar.

- Interesse público secundário: é o interesse do aparelho estatal enquanto ente


personalizado. O Estado tem interesses próprios. Não é legítimo quando não
coincidir com o interesse público primário (só é legítimo quando corresponder com
o interesse primário).

Indisponibilidade do interesse público

São limitações impostas pelo ordenamento jurídico à Administração, pois ela gere a
coisa pública, que não é dela.

Motivação

A Administração deve expor as razões de fato e de direito que ensejaram a prática do


ato administrativo. Motivar é justificar, esclarecer.

Ela é obrigatória ou é facultativa?

Para a doutrina moderna a motivação é sempre obrigatória e decorre do Estado


Democrático de Direito. Motivar é uma exigência, um dever de uma administração
pública democrática.

Mas a lei diz que a motivação só é obrigatória nos casos por ela previstos – art. 50 da
lei 9.784/99 (lista os casos em que a motivação é obrigatória).

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Tutela

Os órgãos da Administração direta exercem controle sobre as pessoas da


Administração indireta (órgão: controla pessoa; Administração direta: controla
Administração indireta).

Autotutela

É poder da Administração Pública de rever seus próprios atos, a pedido ou de ofício,


para anular (pressupõe ilegalidade) ou para revogar (pressupõe oportunidade e
conveniência). Esse princípio está consagrado nas súmulas 346 e 473, ambas do
STF.

Especialidade

A pessoa da administração indireta está vinculada à finalidade que justificou a sua


criação. Quando o Estado cria uma pessoa da administração indireta, ele dá a essa
pessoa uma capacidade administrativa específica (fica vinculada à finalidade, à razão
que justificou a sua criação).

O Estado tem capacidade administrativa genérica.

Presunção de legitimidade dos atos administrativos

Os atos Administrativos presumem-se praticados conforme a lei. Há uma presunção


relativa de legitimidade.

Ele produz todos os seus efeitos, até uma declaração formal de invalidade.

Finalidade

Vide Princípio da Impessoalidade.

2º HORÁRIO

PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS (CONTINUAÇÃO)

Demais princípios (continuação)

Responsabilidade civil do Estado pela prática de atos administrativos – Art. 37, §


6º da CF (Esse princípio será visto em aula específica).

Unidade da jurisdição ou controle judicial dos atos administrativos – Art. 5º,


XXXV da CF

É o sistema inglês adotado no Brasil: Poder Judiciário sempre exerce o controle de


legalidade dos atos administrativos.

Continuidade dos serviços públicos

O serviço público é de interesse público e, portanto, não pode ser interrompido (não
pode parar).

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Obs. vide o art. 6º, § 3º da lei 8.987/95 que lista os casos em que o serviço pode ser
interrompido sem que isso configure descontinuidade do serviço público:

- Em caso de emergência;
- Após prévia notificação pode interromper: Para realizar reparação (ordem técnica e
segurança das instalações); O serviço do usuário inadimplente, considerando o
interesse público (não pode violar o interesse público. Ex. não pode ser cortado
quando é a própria administração que está inadimplente). Para o STF só não pode
cortar serviços que prejudiquem serviço público essencial.

Razoabilidade e proporcionalidade

A maioria dos doutrinadores diz que se trata de expressões sinônimas, pois não existe
conduta razoável que não seja proporcional. Significa que a administração pública
deve estabelecer critérios de proporcionalidade. Não pode agir de forma desarrazoada
sob o pretexto de cumprir a lei. Serve, assim, para conter os excessos da
Administração. Deve existir congruência entre o que a lei impôs à Administração e os
meios por ela utilizados (adequação entre fins e meios). Controlar o poder
discricionário do Estado, evitando-se a arbitrariedade.

Obs. Vide art. 2º, pu, VI da lei 9.784/99 (processo administrativo federal).

Ampla defesa

Vide art. 5º, LV da CF

É garantir à parte, no processo administrativo, todos os meios de defesa postos no


Ordenamento Jurídico.

Obs. súmula 343 do STJ: é obrigatória a presença de advogado em todas as fases do


processo administrativo disciplinar. Só com a defesa técnica será assegurado o direito
à ampla defesa.

Mas a súmula vinculante nº 5 diz que não ofende a garantia da ampla


defesa a ausência de advogado em processo administrativo
disciplinar. Isso, por si só, não ofende a garantia. Ela é contrária à
súmula do STJ, que não vale mais.

Contraditório ou paridade das armas

No processo devem-se garantir, às partes, direitos iguais.

Segurança jurídica

As regras do jogo não podem ser mudadas durante o jogo para quem estiver jogando.
O direito existe para garantir estabilidade, previsibilidade, a não surpresa.

A coisa julgada administrativa é a qualidade de imutabilidade de uma decisão


administrativa no âmbito da administração. A mudança da decisão só pode ocorrer
judicialmente.

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Poderes da administração

Conceito

São prerrogativas ou competências de direito público que a ordem jurídica reconheça


em favor da administração como instrumentos para garantir a supremacia do interesse
público e a preservação do bem comum.

Características

Poder-Dever

Não se traduzem em faculdade, mas, sim, em poder-dever. O poder fica submetido ao


dever.

Irrenunciáveis

A administração não pode deixar de exercê-los em virtude da indisponibilidade do


interesse público.

Coercibilidade

Os poderes são coercitivos, impõem-se ao destinatário independente de sua


aceitação.

Condicionados

A Administração não utiliza os poderes de qualquer maneira. Existem limites para


atuar:
- Legalidade (são utilizados em conformidade com a lei);
- Razoabilidade e Proporcionalidade;
- Responsabilidade pessoal do agente público (o agente que age em nome do
Estado pode responder pessoalmente se não observar os limites).

Abuso de poder

Conceito

É o uso ilegítimo das prerrogativas administrativas.

Espécies

- Excesso de poder

O ato é praticado por um agente público que exorbitou a sua competência – é vício de
competência.

- Desvio de poder (ou de finalidade)

Ocorre quando o ato é praticado por um agente competente, mas que o pratica
visando finalidade diversa da prevista em lei – é vicio de finalidade.

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Obs. ato praticado com abuso é ato inválido,
independentemente da espécie.

Modalidades

Poder vinculado e poder discricionário

Para a doutrina, na verdade, eles não são poderes autônomos; eles são
características de outros poderes.

Quanto à liberdade da Administração Pública para atuar, os poderes da administração


podem ser classificados em:

- Poder Vinculado: é aquele em que a Administração não tem liberdade de atuação.


Presentes os requisitos legais, a administração limita-se a constatá-los e praticar o
ato.

Ex. concessão de aposentadoria voluntária a servidor público.

Obs. Toda licença é ato vinculado.


Obs. Nos atos vinculados, o móvel (vontade) do agente é irrelevante, pois não há
liberdade de escolha. Ex. ato vinculado praticado por servidor demente é válido.

- Poder Discricionário: é aquele que a lei dá à Administração liberdade para agir e


levar em consideração critérios de oportunidade e de conveniência que melhor
atendam ao interesse público no caso concreto (discricionariedade é a liberdade
dentro da lei).

Obs. Toda autorização é ato discricionário.


Obs. Nos atos discricionários o móvel do agente é relevantíssimo, pois a lei dá à
Administração liberdade para agir.

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