E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A , 2 0 D E D E Z E M B R O D E 2 0 0 4

18 GERAIS

MATÉRIA DE CAPA

Programa de Recuperação e Desenvolvimento Ambiental da Pampulha, aprovado ontem,

na Câmara, prevê melhoria da qualidade da água e educação ambiental dos moradores

Combate a esgoto e erosão

Com uma população estima- monitoramento e controle da O proprietário do bar Redondo,
MARCOS MICHELIN

da em 140 mil habitantes, 43 bair-
ros, 25 clubes recreativos, 12 pos-
tos de saúde e 12 escolas, a Pam-
pulha, um dos mais importantes
e conhecidos cartões-postais de
Belo Horizonte, convive com im-
pactos ambientais negativos em
córregos, nascentes e na própria
lagoa, assoreada e poluída ao lon-
go dos anos pelo lançamento
clandestino de esgoto em seu lei-
to. Além de uma série de melho-
rias, como recuperação de ruas e
avenidas, o projeto de lei que insti-
tui o Programa de Recuperação e
Desenvolvimento Ambiental da
Bacia da Pampulha (Propam) pro-
mete despoluir as águas da lagoa
e seus afluentes, educação am-
biental para a comunidade e con-
templa a ampliação da rede de
drenagem em toda a bacia.
O objetivo é ampliar a coleta
de esgotos sanitários por meio de
redes coletoras convencionais e
da adoção de tecnologias alterna-
tivas, para pôr fim ao lançamento
clandestino de esgoto nas redes
de drenagem e cursos d’água. O
projeto prevê ainda que seja feito
qualidade ambiental dos recursos
hídricos, fauna e flora da região,
bem como tratamento de focos
de erosão do solo.
O Propam integra o Programa
de Recuperação Ambiental e Sa-
neamento dos Córregos em Leito
Natural de Belo Horizonte (Dre-
nurbs). “A cidade só tem a ganhar
se o projeto de lei for sancionado.
Tanto a prefeitura quanto os mo-
radores serão atenciosos e cuida-
dosos sobre o cumprimento da le-
gislação, principalmente no que
diz respeito ao Código de Postu-
ras”, complementa o vereador Tar-
císio Caixeta (PT).
TURISMO Para o empresário Mar-
celo Braz, de 48 anos, que mora na
Cidade Nova, Nordeste de BH, fre-
qüentador da Pampulha há mais
de 40 anos, a instalação de atrativos
turísticos, de lazer e serviços na or-
la e em outras áreas até então proi-
bidas vai ser ótimo. “Como cartão
de apresentação da capital e um
dos lugares mais bonitos de BH, a
Pampulha não é explorada por tu-
ristas e está muito apagada”, diz.
que completa 60 anos na orla da la-
goa, em janeiro, Hilton Villar, de 38,
acredita que qualquer benefício na
região vai atrair mais turistas e in-
vestimentos. “Mas, para ampliar o
comércio é necessário que haja in-
vestimento na segurança também.
A Pampulha fica totalmente erma
à noite. A questão ambiental tam-
bém precisa de atenção: a água da
lagoa ainda é muito suja e a cada
chuvinha desce lixo de tudo quan-
to é tipo para cá. Outra questão é
colocar uma linha de ônibus para
circular na orla. Muitas pessoas
querem passear aqui, mas não têm
transporte”, aponta.
Na opinião da professora Lu-
ciana Patrícia de Souza, de 28, que
mora na região, permitir a instala-
ção de serviços na Pampulha, prin-
cipalmente na orla, é uma faca de
dois gumes. “Eu já peguei peixe
nessa lagoa, hoje, nem chego per-
to. A cidade está perigosa e as pes-
soas cada vez mais em casa. É ne-
cessário oferecer novas atrações e
opções de lazer, desde que haja res-
peito ao meio ambiente, sem lixo
na orla ou na lagoa e segurança.” Assoreamento é um dos maiores problemas enfrentados pela lagoa, que deve ser solucionado pelo Propam

TRAGÉDIA PROJETO

Família morre em Trânsito muda

acidente na estrada
ANA CAROLINA SELEME
Alta velocidade e pistas mal
conservadas podem ter sido res-
ponsáveis pela morte de 11 pes-
soas em acidentes de trânsito,
ontem. Entre as vítimas estão
cinco pessoas de uma mesma fa-
mília, que iam passar as festas de
fim de ano no Espírito Santo, en-
volvidas em batida entre um veí-
culo de passeio e um caminhão,
na Zona da Mata.
Um buraco na pista pode ter
provocado o acidente que matou
cinco parentes, no km 101 da
MG- 285, próximo ao município
de Piraúba, a 270 quilômetros de
BH, em local conhecido como a
curva da morte. A família, de Bar-
bacena, seguia para Piúma (ES),
quando o Gol, dirigido por Maria
Aparecida Moreira, de 44 anos,
rodou na pista. O automóvel foi
atingido pelo caminhão, placa
GSH2900, de Bicas, que vinha em
sentido contrário. Morreram,
além da motorista, seu marido,
Haroldo Fernandes da Costa, de
64, os filhos gêmeos do casal, Lú-
cio e Luciano, de 11, e a sobrinha,
Luciene Moreira Araújo, de 23.
Na BR-040, três pessoas morre-
ram. No km 694, em Barbacena, a
Saveiro, placa GEG 1879, dirigida
por Tiago José Coelho, de 20, saiu
da pista e capotou. O motorista
morreu na hora. Já o caminhão
KTY 2573, de Petrópolis (RJ), tom-
bou, no km 153, município de Ew-
bank da Câmara, depois de o mo-
torista Luiz Vanderlei de Souza Sil-
va, de 43, perder o controle da dire-
ção. Ele também morreu. No km
587, em Itabirito, uma Sprinter de
Nova Friburgo (RJ) rodou na pista e
bateu no Ford Cargo, de Nova Lima.
Morreu o motorista do utilitário,
Batida entre Chevette e Caravan congestionou o trânsito na BR-381
José Carlos Nunes Veiga, de 41.
Na BR-381, perto de Nova
União, na Grande BH, a batida
entre um Chevette e uma Cara-
van congestionou o trânsito,
mas as vítimas tiveram apenas
ferimentos leves.
Em Montes Claros, Norte de
Minas, duas pessoas morreram
e outras quatro ficaram feridas
em um acidente, na madruga-
da de ontem. De acordo a Polí-
cia Militar, os motoristas de
dois dos veículos envolvidos
(Renault, placa GTE 9650, e o
Passat, placa GYM 4322), esta-
BETO NOVAES
riam fazendo um “pega”. O con-
dutor do Renault, o operador de
máquinas Rodrigo Fernando
Aguiar, chegou a ser levado pa-
ra a delegacia, mas foi solto de-
pois de pagar R$ 400 de fiança.
No terceiro veículo, o Santana,
placa GMB 5526, estavam o
condutor Milton Librelon, de
70, e sua mulher, Wanita Libre-
lon, que não resistiram. Ficaram
feridos Fredy Librelon, Andrey
Librelon e Andréa Athaide Fi-
gueiredo. Fábio Soares, passa-
geiro do Renault, teve ferimen-
tos leves. (com Luiz Ribeiro)
na madrugada
A Câmara Municipal pode
oficializar na próxima quinta-
feira um procedimento que a
BHTrans vem adotando aos
poucos na tentativa de aumen-
tar a segurança no trânsito du-
rante a madrugada: o desliga-
mento dos semáforos, man-
tendo-os em amarelo intermi-
tente, sinal de que os motoris-
tas devem estar alertas ao pas-
sar pelo cruzamento. Além dis-
so, o projeto aprovado ontem
em primeiro turno, e que vai a
segundo turno em quatro dias,
prevê o aumento do limite de
velocidade aferido pelos rada-
res, em 20 quilômetros.
Segundo o autor do PL
1.994/04, Antônio Carlos Perei-
ra, o Carlão (PT), ficaria a cargo
da BHTrans a definição sobre
em quais vias e durante que ho-
rário a medida seria adotada.
“Regras são criadas para enfren-
tar determinados problemas. O
semáforo serve para organizar
o trânsito e proteger o pedestre.
Se na madrugada isso não con-
figura um problema, então não
há porque os semáforos fica-
rem ligados”, explica.
Segundo ele, temendo as-
saltos, muitas pessoas simples-
mente avançam o sinal verme-
lho na madrugada. “Pensando
apenas na própria segurança,
acabam colocando em risco a
segurança de outras pessoas.
Afinal, a tendência de quem vê
um sinal verde é avançar sem
preocupação. Com o amarelo
piscante, as pessoas ficam aler-
tas”, afirma. O projeto também
aumenta em 20 quilômetros
por hora o limite estabelecido
para registro de radares. “A Câ-
mara não tem competência
técnica para dizer em quais re-
giões isso seria possível, ficaria
a cargo da BHTrans estabelecer
essas especificidades, de acor-
do com o fluxo durante a ma-
drugada”, esclarece.
Na última semana a
BHTrans ampliou o número
de semáforos que serão manti-
dos em amarelo intermitente
durante a madrugada, de 41
para 66 em toda a cidade. Eles
ficam piscando durante o pe-
ríodo das 23h às 5h30. A orien-
tação aos motoristas é que,
nesses casos, diminuam a ve-
locidade, olhem para todos os
lados antes de passar pela in-
terseção e não buzinem. Outra
dica importante é sempre dar
preferência para o veículo que
estiver trafegando pela direita.
As mudanças foram colocadas
em prática nos principais cor-
redores da capital, como as
avenidas Amazonas, Raja Ga-
báglia, Antônio Carlos e Cris-
tiano Machado. A BHTrans
destacou que o avanço de si-
nais vermelhos permanece co-
mo alvo de punição, mesmo
de madrugada.