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Tempo não é dinheiro. Tempo é vida.

Depender do dinheiro é ter sua vida roubada.


“Está claro que as vítimas do sistema corrente são aqueles que vivem no Terceiro
Mundo e na Natureza. Eles continuarão sendo explorados sem piedade para que
este sistema, que não pode funcionar sem consumir e crescer, possa continuar. (...)
O que eu posso fazer a esse respeito é dizer a eles para não repetirem os mesmos
erros e pensar novas idéias. E esta sociedade irá mudar. O mundo não irá ruir, mas
os seres humanos sofrerão um grande trauma que durará por séculos. Eles acham
que não podem mudar o dinheiro, mas isso não é verdade. Nós podemos, porque
nós o fizemos.” – Michael Ende

→ A madeira de áreas “reflorestadas” na verdade vem de monoculturas de


eucalipto, que destroem o solo da região, transformando-a num “deserto verde”.
→ A cada cinco carros novos numa cidade é preciso asfaltar uma área equivalente
a um estádio de futebol. A poluição dos automóveis causa gastos relacionados à
saúde que superam em muito todo dinheiro gasto em combustível.
→ Metade das florestas do mundo já foi devastada. Elas produzem 400 bilhões de
dólares por ano. Nós ultrapassamos o limite sustentável de consumo em 25%.
→ Os países pobres geram 1 bilhão de toneladas de lixo por ano. Se eles
consumissem tanto quanto os países ricos, gerariam 3 bilhões de toneladas. Menos
da metade desse lixo é reciclável.
→ A indústria farmacêutica é uma das mais rentáveis do mundo, e os remédios
mais vendidos são para “doenças de primeiro mundo”, como doenças do coração,
pressão alta, indigestão e obesidade. A maior causa dessas doenças é a dieta
altamente gordurosa dos “fast-foods”.
→ A cada vinte minutos nascem 3500 pessoas, e uma espécie de animal ou planta
é extinta. 90% das mortes em guerras modernas são de civis.
Fonte: http://www.populationconnection.org

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Exemplos de efeitos ouroboros

Ouroboros é uma cobra mítica que come o próprio


rabo. Essa imagem aparece na mitologia egípcia,
chinesa, nórdica e ocidental. Semelhantes aos
chamados efeitos borboleta, efeitos ouroboros são
tiros pela culatra que ocorrem dentro de um
sistema que está sendo corrigido. Isto é, são
soluções que agravam o problema. São mais
comuns do que se imagina, ocorrendo com grande
freqüência em modos de pensar mecanicistas e
reducionistas. Aqui estão alguns exemplos reais de
efeitos ouroboros:

1. O uso de computadores nos escritórios foi promovido como um meio


de aumentar a eficiência e reduzir custos com papel. Hoje em dia, o uso de papel
aumentou, a exigência de treinamento deixou muitos desempregados e a
incidência de stress e lesões por esforço repetitivo aumentou os custos humanos.
2. Quando um projeto está atrasado, é natural adicionar mais
trabalhadores para completá-lo mais rápido. Porém o tempo perdido com
entrosamento, erros de interpretação, propostas cruzadas, duplicação de esforço e
confusão de papéis e instruções fazem o processo ficar ainda mais lento e cheio de
falhas, além do que diminui o comprometimento dos envolvidos.
3. Existe um paradoxo na engenharia de tráfico que diz que adicionar
novas rotas pode na verdade diminuir a velocidade do tráfico. Isso acontece
porque os carros se juntam na estrada mais direta, causando engarrafamentos e
aumentando a emissão de monóxido de carbono no ar.
4. O boxe americano era considerado muito violento, por isso foram
criadas as luvas e as rodadas de 3 minutos. Isto permitiu um maior número de
golpes, numa intensidade muito maior. O resultado é que o número de danos
permanentes devido a lesões internas aumentou dramaticamente.
5. A introdução do aspirador de pó permitiu uma maior facilidade para
limpar a poeira de tapetes, onde geralmente se encontram vários causadores de
problemas respiratórios. O resultado é que alguns deles, como os ácaros, ficam
suspensos no ar ou caem nos móveis, agravando muito mais os problemas de
asma.
6. Antigamente era bem difícil começar um novo negócio. Com o
incentivo a pequenas empresas, especialmente graças à Internet, agora é mais fácil
abrir seu próprio negócio, mas a chance de um novo negócio ser bem sucedido
diminuiu bastante: 2 em cada 3 falham antes de 2 anos. Embora o capital inicial
de cada um seja menor, o total das perdas em investimento aumentou
consideravelmente.
Fontes: Dorner, D. (1989). The logic of failure. e Tenner, E. (1997). A vingança
da tecnologia.
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Crescimento sustentável é uma contradição

“Em 1944, 29 renas foram importadas para a ilha de St. Mattew, no mar de
Bering. Especialistas calcularam (bem corretamente) que a ilha poderia suportar
entre 1600 e 2300 renas, e em 1957 a população havia crescido para 1350. Mas
em 1963, sem controle natural ou predadores, a população alcançava 6000, e nos
próximos três anos essa população exauriu os recursos da ilha e despencou,
deixando apenas 42 espécimes lutando de modo precário pela vida” – David R.
Klein

Sustentabilidade é a capacidade de um sistema continuar funcionando


sem que ele esgote as capacidades do meio de prover matéria e energia. Já
estamos excedendo a capacidade de regeneração da terra há 20 anos. Criamos um
novo período de extinção em massa. A reciclagem apenas ameniza os efeitos,
mas não é capaz de nos livrar de todos os efeitos negativos do crescimento da
produção. A superpopulação e a fome não podem ser combatidas com
desenvolvimento econômico, ainda que as maiores taxas de natalidade se
encontrem nos países subdesenvolvidos, não podemos ter desenvolvimento com
sustentabilidade no atual sistema econômico, que depende de crescimento.

Uma prisão para sua mente

“Naturalmente, uma prisão deve ter uma indústria. Isto ajuda a manter os presos
ocupados. Distrai a mente deles da chatice a da futilidade de suas vidas. Nós
vivemos numa grande prisão chamada civilização. Nossa indústria? Consumir o
mundo. (...) Os homens brancos não são os carcereiros, são prisioneiros assim
como todos nós. Apesar de todos os seus privilégios, eles não têm a chave da
prisão. O crucial para nossa sobrevivência não é a redistribuição de poder e
riqueza dentro da prisão, mas o fim da prisão em si. (...) Os prisioneiros
reconstroem a prisão para si mesmos a cada geração. Ninguém os obriga a isso,
nossos governantes não governam a prisão, apenas organizam os prisioneiros.” –
Daniel Quinn

Era uma vez um grupo de pessoas que foi colocada num campo de
concentração, e assim ficaram por tantas gerações que tinham se esquecido do
porque foram colocadas lá. Com o passar do tempo começam a achar que sempre
viveram num campo de concentração, e que nenhuma outra vida é possível, a não
ser num paraíso mítico. Começaram a tratar as cercas como proteções necessárias
e benéficas. Começaram a tratar a tortura como deveres morais. Os guardas
também se esqueceram de como isso começou, e passaram a ser vistos não como
inimigos, mas como membros de status elevados, cuja função é essencial para a
organização e o funcionamento adequado da sociedade.
Mas algumas pessoas se perguntaram se a vida humana foi sempre
assim, ou se um dia houve vida fora do campo de concentração, sem os guardas,
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as cercas e as torturas. E o que as pessoas responderam foi: "É claro que não.
Seria um caos se vivêssemos fora das cercas, sem os guardas para nos organizar e
a tortura para nos educar. Lá fora é perigoso. Estamos bem melhor aqui". Alguém
encontrou um diário muito antigo, que estava enterrado bem fundo na terra. O
diário descrevia a vida de alguém que viveu antes do campo de concentração.
Apesar de não ser uma vida perfeita, as pessoas não viviam confinadas e não
havia cercas. Mas as pessoas disseram: "Essas pessoas eram primitivas e
atrasadas, não queremos voltar a viver como elas! Naquele tempo, antes dos
guardas rasparem nosso cabelo, nós vivíamos cheios de piolhos. Ninguém quer ter
piolhos. É bem melhor com o cabelo raspado, não suportaríamos ter cabelos
novamente. Nós abandonamos essa vida atrasada, somos avançados agora, não
podemos voltar atrás. Veja como nossa indústria é avançada agora, você poderia
viver sem as coisas que construímos agora, graças ao trabalho forçado? Quem te
protegeria de predadores e da maldade humana, fora da cerca?".
Mas alguns disseram: "Se já vivemos em bem antes, podemos viver
novamente. Não precisamos das cercas e dos guardas, podemos viver de uma
outra maneira". E o que as pessoas responderam foi: "Vocês são utópicos. Como
esperam sobreviver sem cumprir as regras do campo? Imagine se parássemos de
cavar as covas coletivas? Onde colocaríamos os cadáveres das execuções? E se
parássemos com as execuções, como manteríamos as pessoas na linha? Essa
proposta é completamente absurda".

“Grandes males vêm sendo perpetrados ao longo da história da humanidade, por


indivíduos que executam, obedientemente e sem qualquer crítica, o que lhes é
ordenado. Muitas vezes apenas sugerido. São os chamados normopatas, sem
dúvida causadores de maiores danos à coletividade que os psicopatas. A
normopatia está associada à aceitação de uma ordem natural, ditada por sabedoria
divina, e isto é marcante na cultura ocidental. (..) A primeira questão que se nos
apresenta é se há crenças intelectuais universais, que atravessam tempo e espaço.
Não há. Crenças intelectuais são relativas e resultado de um elaborado processo de
geração, organização e transmissão e difusão de maneiras de explicar, de
entender, de lidar com o entorno natural e social.” – Ubiratan D’Ambrosio

A mentira que contamos a nós mesmos

Somos mais evoluídos porque somos civilizados. Mas o desenvolvimento de


ferramentas não leva necessariamente à domesticação de animais e plantas, que
não leva ao crescimento das cidades, que não leva ao desenvolvimento da escrita.
Tudo isso ocorreu no nosso modo de organização, mas não é conseqüência
necessária da evolução. A idéia de que toda sociedade coletora se torna agrícola e
toda sociedade agrícola se torna industrial é uma mentira. Não há nada
determinando que tenha que ocorrer assim. Essa idéia progressista vem do mito de
que a evolução leva a um único lugar, e que nós somos o “ápice” da evolução.

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Antes a civilização a mortalidade era alta, a expectativa de vida era baixa,
vivíamos inseguros e desesperados, sem tempo para criar arte e ciência. Mas a
população humana era estável, a mortalidade não era maior que dos outros
primatas. Agora temos estouro populacional, que é muito mais prejudicial. A taxa
de suicídio em sociedades industriais é claramente crescente, os tribais até hoje
vivem com muito mais tempo livre que nós. A expectativa de vida não pode
crescer além dos limites biológicos, estabelecidos por seleção natural. A
expectativa de vida despencou com a introdução deste modo de vida. O que
tivemos foi recuperação à base de drogas que agora ameaçam provocar epidemias.
Trocamos qualidade por quantidade. Estamos a salvo de predadores, mas muitas
vezes mais inseguros em relação a todo o resto, inclusive em relação a nós
mesmos. Colocamos em perigo todo nosso habitat, e procuramos salvação com
cada vez mais desespero.

“Uma geração inteira bombeando petróleo e servindo mesas. Ou sendo escravos


com colarinhos brancos. Propagandas nos fazendo correr atrás de caros e roupas.
Trabalhando em empregos que odiamos para comprar merdas que não precisamos.
Fomos criados pela televisão para acreditar que seríamos milionários ou deuses do
cinema ou astros de rock. Mas não seremos. Estamos lentamente aprendendo esse
fato. E estamos muito, muito zangados.” – Tyler Durden

Cultura cancerígena

Toda célula do seu corpo tem uma função importante. Quando uma
célula não tem mais função para o corpo, ela é expelida. Se ela continua se
reproduzindo, sem função para o corpo, ela é cancerígena. O câncer deste planeta
não é a humanidade. A humanidade viveu bem por 250 mil anos. O câncer desse
planeta é nosso modo de vida expansivo. Não precisamos nos livrar da
humanidade, só precisamos nos livrar deste modo de vida. Ele está em nossas
cabeças e em nossas mãos. É o que você pensa e é o que você faz, mas não é
quem você é. E isso é uma boa notícia, porque não podemos mudar quem nós
somos, mas podemos mudar o que pensamos e o que fazemos.

“Nossa mente é adaptada para os pequenos bandos coletores de alimentos nos


quais nossa família passou 99% de sua existência, e não para as desordenadas
contingências por nós criadas desde as revoluções agrícola e industrial” – Steven
Pinker

Mais humanos que os humanos?

O mito do “nobre selvagem” nasceu do livro Histoire de La Nouvelle


France, onde Lescarbot observou que os Mi’Kmaq eram “realmente nobres”, uma
vez que todos os membros da tribo, incluindo crianças e mulheres, podiam caçar.
Na França de sua época, a caça era um esporte restrito aos nobres adultos do sexo
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masculino. O mito do nobre selvagem é uma idéia que surgiu para explicar como
os selvagens podem viver bem sem uma sociedade civilizada. A idéia é que eles
seriam inocentes, como os animais, e logo não podem criar uma civilização.
Porém, para seres humanos que sabem demais, é preciso organização civilizada.
É preciso ir além do mito do nobre selvagem. Selvagens são exatamente
como nós, o que os faz viver bem é precisamente o fato de que eles têm uma
sociedade que está bem adaptada ao meio. Não somos nem mais nem menos
humanos que eles, nosso problema está no nosso modo de vida.
Animais domesticados apresentam diferenças em relação às suas
respectivas formas selvagens: se tornam estressados, medrosos, compulsivos... O
homem civilizado é o homem num estado não-selvagem, ou seja, é um homem
domesticado. Humanos, como os demais primatas, precisam de muito espaço para
viver e não estão adaptados para grupos grandes. A civilização força o homem a
viver em ambientes estressantes e tediosos, buscando constantemente por alívio e
consolo. Como um ciclo vicioso, o progresso exige a destruição do habitat natural
do homem para gerar conforto, o que apenas aumenta nossa carência.
A obsessão por acúmulo que alimenta nossa dependência civilizada é
induzida no aprendizado. A possessividade crescente é resultado de uma
insegurança crescente, uma forma de garantir para si o que não pode ser garantido
para todos. A competição interna nos distância e nos torna frios. O que é visto
como causa dos males sociais é na verdade a conseqüência de se tentar viver
numa sociedade civilizada. Não podemos nos adaptar a este modo de vida,
devemos ter um modo de vida adaptado a nós como nós somos. Vivemos numa
sociedade de escassez, onde o crescimento da produção apenas aumenta a miséria.
Qualquer sistema produtivo baseado no valor de objetos ao invés do valor dos
sentimentos irá inevitavelmente criar desigualdade.

“Os povos mais primitivos do mundo têm poucas posses, mas não são pobres.
Pobreza não é uma pequena quantidade de bens, nem é apenas uma relação entre
meios e fins. Acima de tudo, é uma relação entre pessoas. Pobreza é um status
social. Assim como é uma invenção da civilização” – Marshall Sahlins

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O dogma de Marx

“As forças produtivas à disposição da humanidade são ilimitadas; o rendimento da


terra pode aumentar indefinidamente através da aplicação de capital, trabalho e
ciência” - Engels

Marx acreditava ter encontrado as leis que governam as mudanças


sociais. Acreditava que o capitalismo era apenas um estágio avançado da
sociedade, e que o comunismo seria o próximo.
Em julho de 1980, Russell Means, um líder tribal, deu um discurso com
em que dizia que os povos nativo-americanos deveriam se livrar de toda tradição
européia: seja conservadora, seja liberal. O que Newton, Descartes, Locke e Adam
Smith fizeram foi transformar a natureza, a humanidade e a atividade humana em
coisas artificiais e manipuláveis. Marx era apenas mais um deles.
Destruir a vida da humanidade não significa matar os indivíduos.
Significa transformar a atividade natural numa atividade artificial, regulada por
humanos. Quando a sociedade humana é uma grande maquinaria, nós deixamos
de ser realmente vivos, porque não estamos mais integrados ao meio. Marx tem
pouco a oferecer porque ele jamais superou a crença na ciência e no iluminismo, o
dogma das ideologias européias.

A moralidade obrigatória

O fetichismo de commodities e a instituição do trabalho tem seus


defensores mesmo entre os que se consideram anti-capitalistas. Há uma tendência
a acreditar que por mais que outra sociedade seja possível, ainda será industrial.
Esta tendência surge da incapacidade de abandonar a moralidade desta sociedade.
Dois exemplos são os moralistas políticos e os moralistas de estilo de vida.
Os moralistas políticos separam as ações políticas de acordo com uma
moralidade própria, porém tendem a achar que todos os povos devem se
comportar do mesmo jeito. Se não o fazem, estão errados, são malignos, ou são
inimigos. Os EUA fazem isso ao dizer que governos não-democráticos são
inimigos da liberdade, assim justificando suas guerras. Os marxistas apresentam
uma forma de darwinismo social que é uma compreensão dialética da história,
onde estágios superiores decorrem da superação do mais fraco pelo mais forte, e
as coletividades são tratadas como os únicos atores sociais genuínos.
Os moralistas de estilo de vida elevam suas escolhas de consumo a
escolhas morais, sem criticar a lógica interna do consumo. Os projetos radicais
costumam a se tornar projetos moralistas quando, ao invés de criticar o modelo
como um todo, dividem o problema em diversas questões de escolha pessoal.
O moralismo é uma moralidade obrigatória. Uma moralidade que julga
correto interferir em outras moralidades. Moralistas geralmente apelam para uma
autoridade abstrata, como Deus, Estado, Ciência ou Natureza. O moralismo se
justifica ao instituir que não acreditar nessas autoridades é imoral. É apenas uma
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maneira de afirmar qualquer coisa, e desqualificar automaticamente a diversidade
de pensamento.

O espectro do capital

Um cozinheiro não faz a comida, apenas a prepara. Se todos fossem


cozinheiros todos morreriam de fome, por mais que os cozinheiros ganhem bem
mais que os trabalhadores do campo. O trabalho qualificado se sustenta no
trabalho desqualificado. Não produz nada por si só, só organiza a produção. Ele se
apropria do que é produzido por outros, porque supostamente ele permite que os
outros trabalhem mais efetivamente do que poderiam (ou gostariam).
Se tudo pode ser convertido em dinheiro e o dinheiro pode ser
convertido em qualquer coisa, então o dinheiro torna todas as coisas inter-
substituíveis, o que retira delas o seu valor qualitativo e intrínseco. Toda energia
vital vem do Sol. As plantas absorvem a energia solar que move a vida deste
planeta, e nós domesticamos plantas e animais e os transformamos em produtos.
Cerca de 40% da capacidade fotossintética da terra virou dinheiro. Estamos nos
apropriando da vida no sentido literal.
Hakim Bey compara os bancos aos templos. Em 1973 o alquimista
Nixon libertou as cédulas de dólar do seu equivalente em ouro, e desde então 95%
do nosso dinheiro se tornou virtual: não vem de riqueza material alguma. Se
tivéssemos que trocar todo nosso dinheiro por bens materiais, é bem possível que
não haveria produtos suficientes. Se o capital está liberto do detestável “mundo
sensível” que é a realidade material, ele se tornou uma idéia platônica, um ser
sobrenatural. Abandonar o capital agora é equivalente a destruir um deus, só é
possível se as pessoas deixarem de ter fé nele.

“Temos apenas uma coisa para desistir: nosso domínio. Não somos donos do
mundo. Não somos reis aqui, não somos deuses. Podemos desistir disso? É
precioso demais, todo esse controle? É tentador demais, ser um deus?” – Ethan
Powel

Goiânia, 24/04/08
E-mail: janosbirozero@gmail.com
Site: largue.wikispaces.com

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