espirituais consegue-se ver três cruzes lá no Gólgota e em cada uma delas um cadáver. Era véspera da páscoa dos judeus. É preciso sumir com estes corpos. Ora, corpo de malfeitor, morto na cruz, não reclamado por parente ou por algum amigo, tinha como destino algum lixão fora dos muros da cidade, evidentemente, ou seria cremado. Dificilmente, seria mumificado. Este era um processo mais caro. As vísceras eram extraídas com um instrumento apropriado. Depois de vazio, o cadáver era mumificado, com o uso de algumas especiarias. Pois bem. Depois da crucificação e da morte do Senhor Jesus, poder-se-ia contemplar os três corpos nas respectivas cruzes. O corpo de Jesus era o do meio. Véspera da páscoa, como já foi dito. Nenhum judeu tocaria em cadáver naquele dia, sob pena de se contaminar e não poder participar da festa. Além do mais, criminoso que morria na cruz não merecia sepultamento digno. O destino já foi dito: lixão da periferia de Jerusalém ou alguma vala. É bom lembrar que trabalho de sumir com o corpo era realizado pelos agentes de governo romano instalado em Jerusalém. Observe. Os soldados romanos estão descendo da cruz o corpo do Dimas, o que foi salvo por Jesus como um verdadeiro rabisco. Deus gosta demais de trabalhar ou aproveitar os rabiscos. Vão sumir com o corpo dele agora em algum lugar. Veja o que aconteceu depois que fizeram descer o cadáver do rebelde Gestas. Eles, os soldados romanos, iam se dirigindo ao do meio, mas na hora de tocar no corpo de Jesus, a conversa foi com um agente secreto de Deus chamado José de Arimatéia, que era rico e autoridade pública na cidade de Jerusalém, que se encontrava em companhia do Dr.Nicodemos, outro agente secreto de Deus. Dois homens poderosos naquele lugar. Dois judeus ricos. Dr.Nicodemos, além de rico, era membro do poderoso Sinédrio, o famoso tribunal religioso e civil do povo judeu nos tempos de Jesus Cristo. Ô amado. Você já viu o tamanho do susto que os dois aplicaram nos soldados romanos? Os soldados obedeceram. O corpo de Jesus ficou na cruz por mais um pouco de tempo, vigiado por Dr.Nicó, para que não fosse, eventualmente, molestado por alguém, enquanto Zé vai ao governador fazer uma surpreendente confissão, pois era crente secreto, e pedir o aludido corpo, a quem dariam funerais de rei. Agora veja a cara de besta do Pilatos querendo saber se Zé de Arimatéia era parente do Nazareno. Sem entender nada, Pilatos quis saber se Zé de Arimatéia era amigo do falecido. Zé esclareceu ao governador, dizendo que não era parente, mas era mais do que amigo dele, isto é, era discípulo de Jesus, acrescentando que tinha sido um crente oculto por medo dos judeus, que poderiam ter estragado aquele precioso momento planejado por Deus. Supõe-se que Pilatos ainda indagou sobre a páscoa, mas Zé não teve dúvida: disse ao governador que estava cuidando do pão da vida, ou seja, do Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo, de tal modo que não estava preocupado com essa conversa de contaminação coisa nenhuma. Pilatos ficou pelo menos uma noite sem dormir e perdeu todos os apetites quando soube que os dois ricaços deram ao Nazareno funerais de rei, pois quarenta quilos de mirra e aloés foram utilizados nos funerais do Salvador, quantidade suficiente para o sepultamento digno de um rei. Jesus foi posto num sepulcro novo, jamais seria colocado em uma vala qualquer. Nenhum osso lhe foi quebrado e nenhuma de suas vísceras arrancadas. Ele viveu como servo, mas teve funerais de rei. Zé e Nicó, como agentes de Deus, fizeram a parte difícil. A parte que estava reservada a eles. Fizeram a vontade do Deus Pai e se tornaram seus amigos. Souberam agir num momento único. Hoje também é assim: ou se faz a vontade de Deus ou se corre o risco de perder uma boa oportunidade de passar da sexta-feira para a novidade de vida gerada pela ressurreição no domingo de páscoa. Judas, o iscariote, ficou travado na sexta feira, porque não foi à cruz receber purificação. Judas também não foi ao Monte das Oliveiras para receber comissão, nem ao cenáculo, onde teria recebido revestimento do alto. O Senhor do crente Judas nunca foi Jesus, o Nazareno. Zé e Nicó, domingo de manhã bem cedo, viram o túmulo vazio. Eles sabiam que Jesus seria como foi, ressuscitado. Muitos já sabem que Jesus vive e viverá eternamente. Amém!