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PROCESSO-TC-02266/07
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADQs;~ ...•. ~:.;-k;;-<~~
Administração Direta Municipal. Prefeitura de Juru. Prestação de
Contas Anual relativa ao exercício de 2006 - Emissão de PARECER
CONTRÁRIO. Através de Acórdão em separado, atendimento parcial às
exigências essenciais da LRF, aplicação de multa, procedência de
denúncias.

RELATÓRIO
Tratam os autos do presente processo da análise da Prestação de Contas do Município de Juru/PB,
relativa ao exercício financeiro de 2006, de responsabilidade do Prefeito e Ordenador de Despesas, Sr.
Antônio Loudal Florentino Teixeira.
A Divisão de Acompanhamento da Gestão Municipal 1- DIAGM I, com base nos documentos insertos
nos autos, emitiu o relatório inicial de fls. 1345-1357, evidenciando os seguintes aspectos da gestão
municipal:
1. Sobre a gestão orçamentária, destaca-se:
a) o orçamento foi aprovado através da Lei Municipal n.? 384, de 23 de dezembro de 2005,
estimando a receita e fixando a despesa em R$ 8.924.000,00, como também autorizando
abertura de créditos adicionais em 50% da despesa fixada na LOA;
b) durante o exercício, foram abertos e utilizados créditos adicionais no montante de R$
2.372.795,47, todos com as devidas fontes de recursos;
c) a receita orçamentária efetivamente arrecadada no exercício totalizou o valor de R$
6.636.444,55, inferior em 25,63% do valor previsto no orçamento;
d) a despesa orçamentária realizada atingiu a soma de R$ 7.028.232,74, inferior em 21,24% do
valor previsto no orçamento;
e) o somatório da Receita de Impostos e das Transferências - RIT atingiu a soma de R$
3.578.428,91;
h) a Receita Corrente Líquida - RCL alcançou o montante de R$ 6.222.369,30.

2. No tocante aos demonstrativos apresentados:


a) o Balanço Orçamentário apresentou déficit equivalente a 9,98% da receita orçamentária
arrecadada;
b) o Balanço Financeiro registrou um saldo para o exercício seguinte, no valor de R$ 351.020,02;
c) o Balanço Patrimonial evidenciou déficit financeiro no valor de R$ 1.329.457,69;
d) a dívida municipal atingiu, ao final do exercício, a importância de R$ 4.642.186,57,
correspondendo a 69,95% da receita orçamentária total arrecadada.

3. Referente à estrutura da despesa, apresentou a seguinte composição:


a) o município realizou despesas com licitação no montante de R$ 1.441.215,06, correspondendo
ao montante de 20,50% da despesa orçamentária total;
b) as remunerações dos Vereadores foram analisadas junto com a Prestação de Contas da Mesa
da Câmara Municipal;
c) os gastos com obras e serviços de engenharia, no exercício, totalizaram R$ 530.662,30
correspondendo a 7,55% da Despesa Orçamentária Total (DOTR).

4. Quanto aos gastos condicionados:


a) a aplicação de recursos do FUNDEF na remuneração e valorização dos profissionais do
magistério (RVM) atingiu o montante de R$ 954.622,82 ou 65,82% das disponibilidades do
FUNDEF (limite mínimo=60%);
b) a aplicação na manutenção e desenvolvimento do ensino (MDE) alcançou o montante d~
868.960,42 ou 24,44% da RIT (limite mínimo=25%);
c) o Município despendeu com saúde a importância de R$ 672.447,67 ou 18,79% da RIT;
d) as despesas com pessoal da municiPa.,.li.dade
59,73% da RCL (limite máximo=60%); f;\
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alcançaram o mon.tant.ed+-$
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3.716.851,45 ou
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e) as despesas com pessoal do Poder Executivo alcançaram o montante de R$ 3.573.964,72 ou


57,44% da RCL (limite máximo=54%).

Foram registradas nesta Corte denúncias sobre possíveis irregularidades ocorridas no exercício de 2006,
anexas a esta PCA, a saber:
1. OOC-TC-10282/07 (fls. 174-182) - item denunciado e apontado como procedente, em parte,
pela Auditoria, referente à cessão de terreno público (área anexa ao campo de futebol
municipal) a comerciantes locais sem autorização do Poder Legislativo;
2. OOC-TC-21305/06 (fls. 717-719) - item denunciado e apontado como procedente pela
Auditoria, correspondente ao atraso de pelo menos 30 dias no pagamento dos salários dos
profissionais do magistério, a despeito da regularidade das transferências dos recursos do
FUNDEF ao município;
3. PROC-TC-06976/06 (fls. 706-715) - denúncia improcedente.

Tendo em vista que o Órgão de Instrução apontou irregularidades em seu relatório inicial, e atendendo
aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, o Relator determinou a notificação do
Sra. Antônio Loudal Florentino Teixeira, atual gestor do município, tendo este vindo aos autos e
apresentado documentos e esclarecimentos às fls. 1364-1556, devidamente examinados pela Auditoria
(fls. 1577-1584), concluindo pela permanência das seguintes irregularidades:
Gestão Fiscal:
1) Gasto com pessoal, correspondendo a 57,44% da RCL, em relação ao limite (54%) estabelecido
no art. 20, da LRF e não indicação de medidas em virtude da ultrapassagem de que trata o art.
55 da LRF.
Gestão Geral:
1) Ausência de escrituração da dívida fundada no exercício em análise (parcelamento com o INSS),
que, conforme apuração da Auditoria no final do exercício de 2005, alcançou o montante de R$
2.961.708,86;
2) Aplicação de 24,44% dos recursos de impostos mais transferências na Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino - MDE, quando o mínimo a ser aplicado no exercício seria de 25%;
3) Não repasse da contribuição dos servidores e da contribuição patronal ao Instituto de
Previdência do Município no montante de R$ 251.000,84, dos quais foram retidos R$ 109.534,22
dos servidores municipais;
4) Cessão de terreno público (área anexa ao campo de futebol municipal) a comerciantes locais
sem autorização do Poder Legislativo;
5) Atraso de pelo menos 30 dias no pagamento dos salários dos profissionais do magistério, a
despeito da regularidade das transferências dos recursos do FUNDEF ao município.

Foi anexado ao presente, Ofício encaminhado pela Secretaria de Políticas de Previdência Social, datado
em 29 de outubro de 2007, formalizado através do processo TC na 07086/07 (fls. 1558-1566), dando
conhecimento a este TCE/PB sobre a auditoria-fiscal realizada no Regime Próprio de Previdência Social
do Município de Juru/PB, a qual constatou que a Prefeitura Municipal de Juru não encaminhou a
avaliação atuarial inicial e nenhuma outra à Previdência Social, como também não repassou
contribuições previdenciárias ao Instituto Próprio de Previdência, exercício de 2006, no montante de R$
181.440,86 referentes à quota patronal.
Chamado a se manifestar, o Ministério Público emitiu o Parecer na 480108 (fls. 1585-1591), da lavra da
Ilustre Procuradora Geral Ana Teresa Nóbrega, acompanhou o posicionamento do Órgão de Instrução e,
ao final, pugnou no sentido de que esta Egrégia Corte decida pelota):
a) ACOLHIMENTO PRELIMINAR DAS DENÚNCIAS, julgando-as procedentes em parte, no
tocante à concessão de terreno público sem autorização legislativa; atraso no pagamento dos
salários dos profissionais do magistério e não repasse de contribuições previdenciárias ao
IPSEJ, tendo em vista restar ostensivamente configuradas as práticas discorridas acima,
conforme sublinhado pela d. Auditoria;
b) EMISSÃO DE PARECER CONTRÁRIO às contas do Sr. Antônio Loudal Florentino Teixeira,

c)
d)
relativas ao exercício de 2006;
ATENDIMENTO PARCIAL às exigências da Lei de Responsabilidade
APLICAÇÃO DE MULTA, conforme art. 56, 11 e 111, da LOTCE;
Fiscal; Vj /1!
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e) RECOMENDAÇÃO à Administração Municipal de Juru, no sentido de evitar toda e qualquer


ação administrativa que, em similitude com aquelas ora debatidas, venham. macular as contas de
gestão municipal.

O Relator fez incluir o feito na pauta desta sessão, com as notificações de PA.r.
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VOTO DO RELATOR
Tendo em vista as várias irregularidades apontadas pela Auditoria e ratificadas pelo MPjTCE, num total
de 6 eivas, gostaria de destacar irregularidades que me levam a concluir pela emissão de Parecer
Contrário, nos termos do Parecer Normativo PN TC nO 52/20041, Constituição Federal, Leis Federais nO
8.429/92, 8.666/93, 9.424/96 e a LRF:
1. Gastos com pessoal, correspondendo a 57,44% da ReL, em relação ao limite (54%)
estabelecido no art. 20, da LRF e não indicação de medidas em virtude da ultrapassagem de
que trata o art. 55 da LRF:
Os referidos gastos desrespeitam a Lei de Responsabilidade Fiscal em seu art. 20 que assim
dispõe:
"Art. 20 - A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes
percentuais:
/I - na esfera estadual:
b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo."
Mesmo diante da ultrapassagem dos limites legais em relação aos gastos com pessoal, o Poder
Executivo Municipal também não atendeu ao art. 55 da LRF, notadamente com relação às medidas
para o retorno das citadas despesas aos percentuais legalmente aceitos:

"Art. 55 - O relatório conterá (RGF):


/I - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos
limites;"

Esta irregularidade pode levar o município a um desequilíbrio financeiro, uma vez que os gastos
com pessoal do Poder Executivo suplantam a norma legal, configurando nítida transgressão aos
parâmetros fixados pela LRF no seu art. 20, inciso 111alínea "b", devendo o gestor nos
quadrimestres seguintes, adotar as providências previstas no art. 23 da referida lei e nos §§ 3° e 4°
2
do art. 169 da Constituição Federal , configurando, ainda, motivo de emissão de parecer contrário à
aprovação das contas, tendo em vista o Parecer Normativo nO52/2004 em seu item 2.111.

2. Aplicação de 24,44% dos recursos de impostos mais transferências na Manutenção e


Desenvolvimento do Ensino - MDE, quando o mínimo a ser aplicado no exercício seria de
25%:
A não aplicação mínima de 25% dos recursos de impostos mais transferências na Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino - MDE é um desrespeito frontal à Constituição Federal, a qual
determina em seu art. 212:
"Art. 212
A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e
os Municfpios vinte e cinco por cento, no mfnimo, da receita resultante de impostos,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino."

Reiterando o preceito constitucional anteriormente evidenciado, a Lei Nacional nO 9.424/96, que


trata do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (FUNDEF), em seu art.
8°, inciso 11,assevera:r
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1
2. Constituirá motivo de emissão, pelo Tribunal, de PARECER CONTRÁRIO á aprovação de contas de Prefeitos Municipais, independentemente de
imputação de débito ou multa, se couber. a ocorrência de uma ou mais das irregularidades a seguir enumeradas:
2.3. não aplicação dos percentuais minimos de receita em MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ENSINO (art. 212, CF) e em AÇOES E
SERViÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE (art. 198, CF);
2.5. não retenção e/ou não recolhimento das contribuições previdenciárias aos órgãos competentes (INSS ou órgão do regime próprio de
previdência, conforme o caso), devidas por empregado e empregador, incidentes sobre remunerações pagas pelo Municipio;
2.10. não realização de procedimentos Iicitatórios quando legalmente exigidos;
2.11. no tocante á Lei de Responsabilidade Fiscal. não adoção das medidas necessárias ao retorno da despesa total com pessoal e à recondução
dos montantes das dividas consolidada e mobiliária aos respectivos limites;
2 § 30 Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no caput, a União,
os Estados. o Distrito Federal e os Municipios adotarão as seguintes providências: (lncluido pela Emenda Constitucional nO 19 de 1998)
1- redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; (Incluido pela Emenda Constitucional
n° 19 de 1998)
11- exoneração dos servidores não estáveis. (lncluido pela Emenda Constitucional nO 19, de 1998)
§ 4° Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da lei
complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos Poderes
especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. Incluido ela Emenda C nstitucional nO 19 de
1998)
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''Art. 80
A instituição do Fundo previsto nesta Lei e a aplicação de seus recursos não isentam os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios da obrigatoriedade de aplicar, na manutenção e
desenvolvimento do ensino, na forma prevista no art. 212 da Constituição Federal:

11- pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) dos demais impostos e transferências. "
Assim, é fato grave o desrespeito aos ditames aqui apresentados, pois os mesmos visam a
manutenção primordial da educação pública nos municípios brasileiros, fator decisivo para o
desenvolvimento local, configurando, ainda, motivo de emissão de parecer contrário à aprovação
3
das contas, tendo em vista o Parecer Normativo n° 52/2004 em seu item 2.3 .

3. Não repasse da contribuição dos servidores e da contribuição patronal ao Instituto de


Previdência do Municipio no montante de R$ 251.000,84:
A não retenção e/ou não recolhimento das contribuições previdenciárias aos órgãos competentes é
motivo para emissão de parecer contrário por parte desta Corte de Contas, conforme preceitua o
Parecer Normativo PN TC nO52/04'. No caso em tela, a Auditoria verificou que não houve o devido
recolhimento integral da contribuição dos servidores, como também não houve o devido
recolhimento integral da contribuição Patronal ao instituto próprio de previdência municipal no
exercício de 2006.

Quando notificado para apresentar esclarecimentos e defesa, a parte interessada afirmou que o
município decidiu efetuar um levantamento geral e detalhado dos valores apontados por este
Tribunal e, após a conclusão deste levantamento, caso exista realmente valores significativos a
serem repassados, serão tomadas medidas para a devida regularização.
De acordo com os dados presentes no SAGRES, o valor retido dos servidores representados pelas
consignações para a previdência própria alcançaram o montante de R$ 109.534,22, todavia os
valores repassados ao instituto de previdência próprio do município totalizaram apenas R$
30.498,14, evidenciando assim retenção previdenciária sem o devido recolhimento no valor de R$
79.036,08, caracterizando apropriação indébita.
A falta de recolhimento previdenciário também foi detectada pela Previdência Social, conforme
documentação enviada a este Tribunal e presente aos autos.

4. Cessão de terreno público (área anexa ao campo de futebol municipal) a comerciantes locais
sem autorização do Poder Legislativo:
A Auditoria deste Tribunal verificou "in loco" que uma área anexa ao campo de futebol municipal foi
ocupada por comerciantes locais sem as devidas autorizações legais.
Quando o interessado se manifestou em sua defesa apresentada nos autos, afirmou que realmente
não houve a devida autorização legislativa para a ocupação dos terrenos pelos comerciantes, pois
esta ocorreu de forma provisória e precária sem a autorização formal, todavia a questão estaria em
vias de ser solucionada, pois o Poder Executivo já teria enviado um projeto de lei ao Poder
Legislativo, tendo como assunto principal a autorização para cessão dos terrenos aos comerciantes
locais, todavia nenhuma documentação foi apresentada sobre a matéria.
A Prefeitura Municipal ao permitir a ocupação e utilização de área pública sem autorização, deixou
de obedecer aos ditames legais, notadamente à Lei de Licitações que, em seu art. 17, assim
discorre sobre a matéria:
"Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de
interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às
seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração
direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades
paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência
dispensada esta nos seguintes casos:

(. . .)

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração


pública, de qualquer esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f e h;:{~' > (M
3 2. Constituirá motivo de emissão, pelo Tribunal, de PARECER CONTRÁRIO á aprovação de contas de Prefeitos Municipais, independentemente de

2.3. não aplicação dos percemuaís mínimos de receita em MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO


SER\IlÇOS PUBLICaS DE SAUDE " rt. 198, CF),
DO E~91~~.
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imputação de débito ou multa, se couber, a ocorrência de uma ou mais das irregularidades a seguir enumeradi/s:

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rt. 212'f~ e em AÇOES E
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o Órgão Ministerial cita em seu parecer, com muita propriedade, o ilustre Cretella Júnior a respeito
do tema, o qual transcrevo:

"Doação de imóveis nunca pode ser feita a particulares, mas, tão-só, e exclusivamente, a
outro órgão ou entidade da Administração. O princípio da indisponibilidade impede que o
administrador se transforme em dominus, doando ao particular o que não lhe pertence.
lncensurével o dispositivo, revelando aguda sensibilidade sócio-político-econômica do
legislador, ao proibir 'verdadeiro leilão', consiste na absurda doação de áreas a particulares,
amigos dos governantes, nas quatro esferas".

O Ministério Público, explorando ainda a fundamentação doutrinária acerca da matéria, destaca


citação do eterno mestre Hely Lopes Meireles:

"A concessão de direito real de uso é o contrato pelo qual a Administração transfere o uso
remunerado ou gratuito de terreno público a particular, como direito real resolúvel, para que
dele se utilize em fins específicos de urbanização, industrialização, edificação, cultivo ou
qualquer outra exploração de interesse social (...)

A concessão assim concebida substitui vantajosamente a maioria das alienações de


terrenos públicos, razão pela qual deverá ser sempre preferida, principalmente nos casos de
venda ou doação. A concessão de direito real de uso, tal como ocorre com a concessão
comum, depende de autorização legal e de concorrência prévia, admitindo-se a dispensa
desta quando o beneficiário for outro órgão ou entidade da Administração Pública (Lei
8.666/93, art. 17, § 2°)".

Assim sendo, a utilização da referida área pelos comerciantes locais não preenche os requisitos
exigidos pela lei geral de licitações e à existência prévia de lei autorizativa do Legislativo Mirim
mediante iniciativa do Poder Executivo Municipal.

5. Atraso de pelo menos 30 dias no pagamento dos salários dos profissionais do magistério, a
despeito da regularidade das transferências dos recursos do FUNDEF ao município:
A Auditoria deste Tribunal constatou que os profissionais do magistério só receberam suas
remunerações referentes ao mês de outubro de 2006 em 1° de dezembro de 2006, portanto em
atraso já que o referido pagamento deveria ter sua efetivação até o 5° dia útil do mês subseqüente
ao mês trabalhado. O repasse dos recursos do FUNDEF no exercício de 2006 foram feitos dentro
da normalidade.
Também foi constatado que o pagamento do 13° salário só se deu no exercício de 2007 mediante
empréstimo consignado em folha.
O Órgão de Instrução destaca que em razão do atraso no pagamento dos salários da maioria dos
servidores do município, a justiça determinou o bloqueio das contas bancárias da edilidade até a
regularização do referido pagamento, fato este providenciado pelo município, tendo o desbloqueio
das contas ocorrido no exercício de 2007.

Quando de sua defesa apresentada nos autos, o interessado afirmou que os atrasos no pagamento
do funcionalismo municipal se deram devido a dificuldades financeiras enfrentadas no período, mas
que o fato já foi superado e os pagamentos regularizados no início do exercício seguinte.

Os fatos acima evidenciados, bem como as demais irregularidades apontadas pela Instrução Técnica
desta Corte, inclusive ao analisar as denúncias anexadas aos presentes autos, com base no art. 6° da
4
Resolução RN- TC-02/06 , levam-me a votar em consonância com o Parecer Ministerial, nos seguintes
termos:
1. pelo atendimento parcial às exigências essenciais da LRF, porquanto ficaram evidenciadas as
seguintes irregularidades: gastos com pessoal desrespeitando o art. 20 da LRF e não indicação
de medidas em virtude da ultrapassagem de que trata o art. 55 da LRF;
2. pela emissão de Parecer Contrário à aprovação das Contas do Prefeito do Município de Juru,
srO. Antônio Loudal Florentino Teixeira, referente ao exercício de 2006;
3. pela aplicação da multa no valor de R$ 2.805,10 ao Sr", Antônio Loudal Florentino Teixeira,
por infração grave à norma legal, nos termos do art. 56, 11 da Lei Orgânica desta Corte (LC
18/93), assinando-lhe o prazo de 60 dias para o recolhimento voluntário;
5. pelo conhecimento e julgamento procedente, em parte, da denúncia formalizada através do
DOC-TC-10282/07 (fls. 174-182), no que se refere à cessão de terreno público (área anexa ao
campo de futebol municipal) a comerciantes locais sem autorização do Poder Leg slati~ ,;;
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Art. 60 _ A denúncia relativa a qualquer dos demais exercícios será anexada ao processo das c[ tas anuais do
correspondente ou a processo especifico relativo ao objeto da denúncia, se um ou outro estiver ramitando.
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PROCESSO- TC-02266/07 6

6. pelo conhecimento e julgamento procedente da denúncia formalizada através do DOC- TC-


21305/06 (fls. 717-719), correspondente ao atraso de pelo menos 30 dias no pagamento dos
salários dos profissionais do magistério, a despeito da regularidade das transferências dos
recursos do FUNDEF ao município;
7. pelo conhecimento e julgamento improcedente da denúncia formalizada através do PROC- TC-
06976/06 (fls. 706-715).

DECISÃO DO TRIBUNAL PLENO DO TCE - PB


Vistos, relatados e discutidos os autos do PROCESSO -TC-02266/07, os Membros do TRIBUNAL DE
CONTAS DO ESTADO DA PARAIBA (TCE-Pb), à maioria, com o impedimento do Conselheiro Antônio
Nominando Diniz Filho, na sessão realizada nesta data, decidem EMITIR E ENCAMINHAR ao
julgamento da Egrégia Câmara Municipal de Juru, este PARECER CONTRÁRIO à aprovação da
Prestação de Contas do Prefeito Municipal de Juru, Sra. Antônio Loudal Florentino Teixeira, relativa ao
exercício de 2006.
Publique-se, registre-se e cumpra-se.
TCE-Plenário Ministr o Agripino
João Pessoa, J f. de de 2008.

10 S\t/+;~~,brJ.,

Conselheiro Fábio Túlio Filgueiras Nogueira c:selheiro~arcos ~~reira


Relator

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conse,hrSé MarquésMariz

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Fui presente, J '" ,_
Ana Terêsa óbrega
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Procuradora Geral do Ministério Público junto ao TCE-Pb

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