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INTRODUÇÃO
RECORTES ESPACIAIS
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BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas. Ministério da Educação e do Desporto. Ensino -
matrículas, docentes e rede escolar 2008. Brasilia: Inep/mec, 2008.
MAPA 1 - Localização das Escolas
Fonte: Elaborado por Éverton de Moraes Kozenieski
Escola C: situa-se no bairro Vila Nova, município de Porto Alegre. Este bairro
apresenta algumas características relevantes que refletem as origens dos alunos que ali
estudam. Este bairro atualmente apresenta fortes características urbanas, com um grande
contingente de habitações em detrimento de outras formas de uso do solo, uma baixa
densidade populacional e também por uma pequena, mas importante centralidade
comercial. Por estar situada neste bairro, a escola atende aos alunos do próprio bairro,
assim como outros vindo de bairros vizinhos como Belém Velho e Aberta dos Morros.
Atualmente a escola atende a aproximadamente 1400 alunos, funciona nos
turnos da manhã, tarde e noite. O ensino fundamental é contemplado em dois turnos
(manhã e tarde) e o ensino médio apenas no período noturno. A escola possui estruturas
como: biblioteca; duas quadras para atividades desportivas, sendo uma voltada para a
prática de voleibol e outra para o futebol; refeitório, em que são servidas as refeições
disponibilizadas pela escola; lancheria particular nas dependências da escola e uma sala
de informática em fase de instalação.
A escola possui dois professores com a incumbência das aulas de geografia.
Destes dois, apenas um possui graduação em Geografia, a outra professora realizou a
sua graduação em História, cabe ressaltar que, mesmo não sendo graduada em
geografia, tem habilitação para docência nesta disciplina.
Escola B: Entre os dias cinco e quatorze de maio do ano de 2009 foram realizadas as
observações na Escola B. As turmas escolhidas foram de quinta, sexta, sétima e oitava
séries do ensino fundamental e terceiro ano do ensino médio. Foram observadas duas
horas aula por turma, totalizando dez horas aula de observação nessa escola. Três
professoras diferentes participaram das observações, para respeitar a identidade será
atribuído a elas os nomes de professora III, IV e V. A taxa de reprovação nessa
instituição é bastante baixa (menor que 5%) assim as turmas possuíam uma média de
idade adequada a série. Devido ao ingresso no colégio ser feito através de sorteio os
alunos possuem as mais diversas rendas e origens.
A atividade permitiu a percepção dos observadores da repetição de
determinados acontecimentos. Alguns conteúdos trabalhados em sala de aula como
origem do universo (quinta série), estudos de demografia (sexta série) e direitos
humanos (oitava série) realmente chamavam a atenção dos alunos, no entanto a
utilização majoritária do livro didático para explicar um conteúdo como a origem do
universo tornou a aula cansativa e os alunos dispersivos. Como nos diz
Kaecher (2003, p. 11):
Nosso problema não são os conteúdos (sua falta ou seu excesso).
Nem eles trazem, portanto, as soluções. A forma como trabalhamos e
construímos o conhecimento com os alunos é o cerne de uma educação mais
democrática e comprometida na luta contra a repetência e a exclusão social.
Sem dúvida, eram turmas com alunos muito ansiosos. Em muitos momentos o
professor teve que ser enérgico com ações como a troca de lugar de uma aluna. Segundo
ele, para dar aula nestas turmas “tem que ter preparo físico”.
Nas outras turmas com alunos adolescentes percebia-se também a agitação dos
alunos. Houve durante todas as aulas muitas conversas paralelas. Entretanto, este fato
não comprometeu a autoridade do professor, pois os alunos apesar de conversarem entre
si cumpriam o que ele determinava. Em uma aula da 7ª série, o professor inovou nos
seus procedimentos levando um mapa do mundo para a sala de aula. Soa estranho
utilizar a palavra inovar, uma vez que os mapas deveriam estar muito mais presentes na
realidade da escola, como nos diz Castrogiovanni (2003, p. 31):
O mapa causou uma grande curiosidade, e este simples recurso didático cativou
os alunos. Com os alunos “mais velhos” a metodologia das aulas do professor foi mais
efetiva, pois obteve maior participação. Apesar de tudo, ficou muito evidente o desgosto
pelas aulas e pelos conteúdos da geografia.
A falta de inovação da forma de dar aula do professor entrevistado pode ser
justificada através das informações obtidas na entrevista. O docente em questão tem 60
horas/aula por semana, dividida entre duas instituições (uma pública e outra privada).
Este professor tem pouco tempo para si e sua família, participa muito pouco ou menos
do que gostaria de atividades culturais e cursos de qualificação profissional. O tempo
escasso e a baixa remuneração são os principais argumentos para isso. Ficou evidente
também o desanimo com relação à profissão, apesar da afirmação dele que dar aula é
uma vocação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CALLAI, Helena Copetti. O ensino de geografia: recortes espaciais para análise. In:
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos et al (Org.). Geografia em sala de aula: práticas
e reflexões. 4. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2003. p. 57-64.