Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
081-TC-C3
12 de maio 2005
Resumo
Nos últimos anos, vem aumentando o número de instituições do Ensino
Superior em busca de credenciamento para operar na modalidade de
Educação a Distância, regulamentada pelo Ministério da Educação através da
Portaria nº 2.253 de agosto de 2002 e norteada pelos Indicadores de
Qualidade para a Educação a Distância (SEED/MEC) cuja abordagem
pedagógica é nitidamente de caráter construcionista. Estariam os professores
universitários preparados para atuar em ambientes virtuais desta natureza?
Para planejar, desenhar e implementar um curso construcionista é necessário
preparar os professores universitários para uma mediação pedagógica
construcionista de alta interação. E como formá-los? Esta pesquisa investigou
simultaneamente os aspectos a) metodológicos de conformação do espaço de
ensino e aprendizagem construcionista e b) formativos ao proporcionar a
formação inicial de um grupo de professores da Universidade Cidade de São
Paulo para atuar como mediadores em ambientes virtuais construcionistas de
ensino e aprendizagem. Os resultados encontrados demonstram ser possível
formar professores online para o ensino superior tendo como base os conceitos
de simetria invertida e a formação em serviço na abordagem do estar-junto-
virtual em ambiente construcionista de aprendizagem, ao conformar o que
denominamos REDE REFLEXIVA IN-VISÍVEL, que possibilitou aos docentes
assumirem novas práticas não só no virtual como no presencial.
Palavras-chave:
Mediação pedagógica; professores universitários – formação; construcionismo
Introdução
A introdução de computadores na educação catalisou mudanças nas
salas de aula, porém, ainda, persistem a desorientação, as crenças errôneas e
a falta de conhecimento pedagógico entre os professores para aplicar os
recursos de Informática na educação formal, em especial no nível Superior.
Treinamento operacional não resolveu e nem resolve a questão da mudança
da prática docente com o uso das tecnologias da informação e comunicação.
Formar docentes para atuar em educação a distância é a chave na
implementação desta modalidade no ensino superior, principalmente quando
se almeja mudança na qualidade na aprendizagem. A mudança requerida é
muito mais ampla e complexa: exige a compreensão pedagógica do processo
de ensino e aprendizagem mediada, demanda o desenvolvimento de
competências e habilidades ESPECIAIS dos docentes e, porque não dizer, dos
alunos. Em particular, a educação a distância exige que o docente saiba como
transpor sua prática do real para o ambiente mediado por redes telemáticas.
Assim, a formação dos docentes deve ser visto como um componente
estratégico da mudança na implementação de uma educação a distância de
qualidade, implica uma educação com foco no processo de aprendizagem de
cada aluno.
Na sociedade atual, a aprendizagem não pode ser encarada por alunos
e professores como uma atividade mecânica e simplista dada a diversidade e a
complexidade da realidade a que estamos inseridos. Os problemas exigem
tomada de decisão, criatividade e a busca por inovação. Para isso, não basta
utilizar recursos alternativos, tecnologias de ponta, se não se desenvolver as
3
Considerações Finais
Para ser professor online é preciso saber transpor. Isto é, não basta ser
professor enquanto profissional que se limita a executar de maneira idêntica
tarefas únicas e repetitivas. É necessário que o docente aprenda a utilizar suas
competências e habilidades comunicativas, pedagógicas, científicas e criativas
para ensinar em contextos diversos, conformando um novo.
No entanto, esse saber (a TOMADA DE CONSCIÊNCIA sobre a própria
prática) não se adquire em curto prazo. A construção do conhecimento sobre
MEDIAÇÃO E TRANSPOSIÇÃO PEDAGÓGICO no âmbito da educação a distância é um
processo lento, que se realiza num processo reflexivo contínuo de experiência
a experiência, a partir dos conhecimentos individuais dos participantes do
processo, ao longo de sua vida profissional, no contexto do ambiente
pedagógico e social, orientando o processo de transformação e apropriação.
Assim, sugerimos que a formação de professores online aconteça numa
abordagem inicial, introdutória, durante a qual se ofereçam condições para que
se realize não só a construção do conhecimento pedagógico adequado aos
pressupostos construcionistas, mas que propicie condições para que aconteça
a transformação de um processo interpessoal num processo intrapessoal [que]
envolva o ajustamento e a reelaboração entre o que o indivíduo traz e o que é
capaz de captar e aprender da atividade coletiva, no grupo, favorecendo essa
construção compartilhada (Bolzan, 2002, p. 154), gerando a mudança na ação
educativa do presencial ao virtual e conseqüentemente do virtual para o
presencial.
No curso de Formação de Professores online, desenvolvido pelo NeaD
da Universidade Cidade de São Paulo, o produto perde sua importância relativa
para o processo de aprendizagem. Ao docente-aluno foi mais prazeroso
perceber que aprendeu (o quê, porque e como fez para aprender) do que o
projeto final em si (plano de aula transformada). Assim, para que ocorra a
mudança da ação de ensinar e de aprender é necessário que haja condições
para tal. Implica a existência de um contexto político pedagógico administrativo
coerente com foco no processo de aprendizagem. Implica conformar ambientes
com características adequadas à aprendizagem, como o ambiente virtual
construcionista na abordagem do estar-junto-virtual.
Notas
1
Dissertação de Mestrado apresentada a 24 de outubro de 2004, no Mestrado
em Multimeios do Instituto de Artes da UNICAMP, sob a orientação do Prof. Dr.
José Armando Valente.
2
Sua ação deverá estar norteada pelas teorias de Piaget e Vigotsky para
ajudar o(s)aluno(s) a tomar consciência de seu processo de aprendizagem.
3
O software livre Teleduc, gerenciador de ambiente de ensino e aprendizagem
virtual, foi desenvolvido pelos pesquisadores do NIED e do Instituto de
Computação - UNICAMP. (http://www.nied.unicamp.br)
11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bolzan, D. (2002). Formação de professores: Compartilhando e reconstruindo
conhecimentos. Porto Alegre: Editora Mediação.
Cunningham, D. (1992). Assessing Constructions and constructing
assessments: a dialogue. In: Thomas Duffy e David Jonassen.
Constructivism and the Techonology of Instruction: A conversation.
Hillsdale, New Jersey: Lawrence Associates.
Furlanetto, E. C. (2002). A Formação do professor: O encontro simbólico com
matrizes pedagógicas como possibilidade de transformação. São Paulo:
PUC-SP.
Masetto, M. (2000). Mediação Pedagógica e o uso da tecnologia. In: José
Manuel Moran, Marcos T. Masetto, e Marilda Aparecida Behrens. Novas
tecnologias e mediação Pedagógica. Campinas: Papirus.
Mello, G. (2000). Formação inicial de professores para a Educação Básica:
uma revisão radical. Proinfo, MEC.
Mizukami, M. G. N. (1986). Ensino: as abordagens do processo. São Paulo:
Editora Pedagógica e Universitária - EPU.
Papert, S. (1994). A Máquina das crianças: repensando a escola na era da
informática. Porto Alegre: Artes Médicas.
Papert , S. (1988). Logo: computadores e educação. 3ª ed. São Paulo:
Brasiliense.
Perkins, D. (1996). Smart Schools: better thinking and learning for every child.
EUA, The Free Press.
Pozo, J. (2000). Aprendizes e Mestres: a nova cultura da aprendizagem. Porto
Alegre: Artmed.
Prado, M.E & Freire, F.M.P (2001). A Formação em serviço visando a
reconstrução da Prática Educacional In: José Armando Valente e
Fernanda M. Pereira Freire (org.). Aprendendo para a vida: os
computadores na sala de aula. São Paulo: Cortez.
Prado, M.E. & Valente, J. A. (2002). A Educação a Distância possibilitando a
Formação do Professor com base no ciclo da Prática Pedagógica. In:
Maria Cândida Moraes (org). Educação a Distância: Fundamentos e
Práticas. Campinas: Unicamp/NIED.
Prado, M.E (2003). Educação a Distância e Formação do professor:
redimensionando concepções de aprendizagem. Tese doutorado PUC/SP.
Valente, J. A. (org.) (1993). Computadores e Conhecimento, Repensando a
Educação. Campinas: Gráfica Central da UNICAMP.
Valente, J. A. (1999). Análise dos diferentes softwares usados na educação. In:
José Armando Valente (org.). O Computador na Sociedade do
Conhecimento. Campinas: NIED-UNICAMP
Valente, J. A. (2001). Diferentes abordagens de Educação a Distância.
Campinas: NIED-UNICAMP
Valente, J. A. (2002). A Espiral da Aprendizagem e as tecnologias da
informação e comunicação: repensando conceitos. In Joly, M.C. (org.)
Tecnologia no Ensino: implicações para a aprendizagem. São Paulo:
Casa do Psicólogo Editora, p. 15-37
Rezende, F.A (2004) Características do ambiente virtual construcionista de
ensino e aprendizagem na formação de professores universitários.
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de
Artes. Campinas, SP