Você está na página 1de 2

Neste ano em que comemoramos os 20 anos da criação do Curso de Medicina da UEM,

devemos parar e refletir sobre o caminho já trilhado e o quê podemos esperar nos anos
vindouros. Para fins de melhor compreensão desta trajetória, das incertezas iniciais até
chegar no reconhecimento atual, podemos dividir a nossa história em dois períodos de
10 anos, o primeiro de implementação e o segundo de consolidação.

O Curso da UEM foi criado em um momento de grande discussão sobre o modelo de


saúde no Brasil. Naquele período, o Brasil viveu a Constituinte, a criação do SUS, a
discussão dos novos rumos da Educação Superior e sobre novas Diretrizes Curriculares;
portanto, não é estranho que o nosso Curso tenha nascido com uma proposta de um
curso inovador com ênfase na formação humanística e no papel social do médico.
Apesar de bem intencionado, este projeto previa a formação de profissionais para um
sistema que sonhávamos mas que ainda não tinha concretude. Assim, ele foi muito
criticado e, por falta de apoio local e de condições macro-estruturais, acabou dando
lugar a um modelo tradicional de formação médica, mais de acordo com aquele
entendido pela sociedade da época como adequado para formar médicos.

No seus primeiros anos, o Curso beneficiou-se da estrutura e experiência dos


departamentos que oferecem as disciplinas do ciclo básico mas montou o ciclo
profissionalizante principalmente com profissionais da região, detentores do savoir
faire da prática médica mas com pouca ou nenhuma formação docente. Por ser um
Curso pequeno (na época, 20 vagas anuais), esta limitação foi compensada por uma
formação artesanal, mão-na-mão, com docentes muito próximos dos discentes
garantindo a transferência de informações técnicas e experiência. No entanto, outras
dimensões do corpo docente das áreas clínicas como titulação e produção em ensino,
pesquisa e extensão deixavam a desejar e comprometiam a avaliação global do curso.
Além disto, sabidamente não poderíamos manter o luxo de manter o único curso de
Medicina da região noroeste do Paraná, principalmente por ser em instituição pública,
oferecendo apenas 20 vagas.

Nos últimos 10 anos, o Curso de Medicina experimentou um avanço considerável.


Apesar de termos dobrado o número original de vagas – atualmente são oferecidas 40
vagas anuais – não houve prejuízo da qualidade dos nossos egressos e progredimos em
vários aspectos. Mantivemos a excelência do ciclo básico mas testemunhamos uma
mudança de perfil do corpo clínico do Departamento de Medicina. Como exemplo,
quando fui concursado em 1998, o DMD contava com 4 professores com doutorado e
um número pouco maior de mestres; hoje, o corpo docente conta com 30 doutores ( dos
quais 5 professores associados), 28 mestres e muitos cursando pós-graduações.
Somados aos dos outros departamentos, o Curso de Medicina hoje conta com 116
docentes, dos quais 53 ( 45,7%) doutores, 29 ( 25%) mestres, 15 ( 12,9%) especialistas
e 19 ( 16,4%) graduados.

- Residência médica

- Apesar de não contarmos ainda com pós-graduações strictu sensu na Medicina, nossos
docentes colaboram em vários programas de pós-graduação da UEM

- Pró-Saúde
Os 20 anos de Medicina da UEM devem nos deixar orgulhosos do quê conseguimos
construir coletivamente mas não podem fazer com que tenhamos um sentimento de
dever cumprido. Devemos continuar buscando sanar as nossas deficiências e formar
médicos cada vez melhores. Considerando os avanços do SUS desde sua criação e as
novas demandas de saúde do Brasil, talvez fosse o momento de tentar resgatar as
propostas visionárias do primeiro projeto pedagógico do Curso.

Você também pode gostar