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Existem diferentes formas de acesso à rede.

Conforme se observa na Figura 1, o


usuário final pode acessar a rede de telecomunicações a partir da residência (acesso
residencial), do escritório (acesso corporativo) ou, de outros lugares, através das redes de
acesso sem fio. Cada uma dessas tecnologias de acesso oferece uma QdS (Qualidade de
Serviço) diferente entre o usuário e o ISP (Internet Service Provider), causando um impacto
na qualidade dos serviços oferecidos na Web. A QdS oferecida por um ISP pode ser
especificada através de um contrato entre o ISP e o usuário final, denominado SLA (
Service Level Agreement).

SLA

PSTN

Residencial
Telefone Comum
ISDN (N e B)
ADSL
VDSL SLA

CATV
Rede Pública de
Residencial Cable Modem Comutação de Dados

Corporativo
SLA Internet
Rede (ATM, TCP/IP/X.25,
Corporativa Frame Relay, DiffServ,
Ethernet Fast/Giga Router IntServ, MPLS, etc...)
ATM
FDDI
Token
SLA
Acesso sem Fio Rede
Corporativa
Router
IEEE 802.11
Infravermelho
Bluetooth
HIPERLAN SLA

PLMN/PSTN
CDMA
ERB
GSM
GPRS
Ponto de acesso
EDGE
ao ISP
CDMA 2000

Figura 1 - Tecnologias de acesso à Internet. (elaborado pelo autor)


1.1 Acesso Residencial

Em relação à Figura 1, o acesso residencial está dividido em duas partes, pois as


quatro primeiras tecnologias podem utilizar a fiação de par trançado amplamente
disponível, enquanto que a última utiliza a infra-estrutura das operadoras de TV a cabo. No
acesso residencial via telefone comum, ISDN (Integrated Services Digital Network), ADSL
ou VDSL (Very High Speed Digital Subscriber Loop), e as demais tecnologias DSL, a taxa
de transmissão não é dividida pelo número de usuários ativos, pois o acesso é dedicado. O
mesmo não acontece com a rede cable modem, cujo acesso é compartilhado. Isso significa
que nas redes compartilhadas, a taxa máxima de transmissão é dividida pelo número de
usuários conectados à rede. Como conseqüência, a taxa de transmissão é degradada à
medida que novos usuários vão se conectando a rede. Tal fato não acontece nas redes de
acesso dedicadas como, por exemplo, no telefone comum, cuja taxa de transmissão
permanece a mesma até que a ligação seja encerrada.

1.1.1 Telefone Comum

O telefone comum ou Plain Old Telephone Service (POTS) utiliza um modem que
conectado à rede pública de telefonia provê acesso a um ISP, o que permite, por exemplo,
acesso à Internet. Esse tipo de acesso tem um tempo longo para estabelecimento de
conexão com o ISP (de 30 a 40 s) sendo uma das tecnologias mais pobres com fio
disponíveis para acesso à Internet.

Apesar da boa qualidade de voz, da alta confiabilidade (operando com uma


especificação de disponibilidade de 99,999%) e da segurança, pois a rede de sinalização é
fechada para o mundo externo (o mesmo não pode ser dito nas redes baseadas em pacotes
IP), o serviço de telefone comum está dando lugar à modernização, integração de serviços e
convergência entre diferentes tecnologias, ou seja, a excelente qualidade da conversação
telefônica esta cedendo a outras prioridades e não é mais o único fator a influenciar a
modernização das redes. A informação telefônica é essencialmente bilateral e,
conseqüentemente, há a necessidade de um canal do assinante A para o assinante B e um do
assinante B para o assinante A O caso mais simples seria o de dois fios interligando A e B,
através de conexões feitas em centrais de comutação ou telefônicas [6].
Esse tipo de rede de acesso disponibiliza no máximo 64 kbps de taxa de
transmissão. Esse número é resultado do processo de codificação chamado Pulse Code
Modulation (PCM). Nesse método de codificação são empregadas 8.000 amostras por
segundo e 8 bits por amostra, o que resulta em 64 kbps.
A informação, isto é, o sinal elétrico, flui nos dois sentidos. Circuitos convenientes
existentes nos telefones A e B garantem que os sinais emitidos por um assinante, e que são
Poe ele mesmo recebidos, não cheguem a incomodá-lo.
Uma chamada telefônica é tipicamente composta por primitivas de serviço. Serviço
é um conjunto de primitivas ou operações que uma camada provê à camada imediatamente
superior. Exemplo de primitivas de serviço de uma conexão telefônica.

Serviço Ação
CONNECT.request discar o número telefônico da sua mãe
CONNECT.indication o telefone da sua mãe toca
CONNECT.response ela tira o telefone da base
CONNECT.confirm percebe-se que o tom de tocar parou
DATA.request você fala com ela
DATA.indication ela escuta a conversa
DATA.request ela fala com você
DATA.indication você escuta a conversa
DISCONNECT.request você põe o telefone de volta a base
DISCONNECT.indication ela escuta o tom de fim da ligação e desliga

No exemplo acima é possível identificar 3 fases distintas: estabelecimento da


conexão; transmissão dos dados e liberação da conexão

Apesar de ser classificado como uma rede do tipo WAN o telefone comum não foi
projetado para aplicações multimídia que requerem muito mais taxa de transmissão do que
os 64 kbps oferecidos. Além disso, o telefone comum exige o transporte em tempo real
necessário à manutenção das conversações. Retardos da ordem de dezenas de ms exigem
cancelamento de eco e retardos maiores distraem aqueles que estão tentando conversar. Em
conversação, atrasos maiores que 200 ms incomodam. Os valores tolerados em telefonia
são: 40 ms (continentais) e 80 ms (intercontinentais). A variação estatística do retardo
(jitter) é controlada, o retardo máximo é baixo, as perdas são poucas e sem correção.
O telefone comum usa comutação de circuitos, comportando-se como um tubo,
preservando a ordem. As principais características desse tipo de comutação são: Circuito de
capacidade fixa (rede de acesso dedicada), tráfego CBR (Constant Bit Rate), só estabelece
conexão se houver recursos e uma vez estabelecida a conexão, não há problemas de
congestionamento. A tarifação é baseada na distância e tempo de conexão. Esse tipo de
comutação é adequado para aplicações envolvendo uma taxa de transmissão fixa e alto
índice de utilização, além de prover suporte a aplicações sensíveis a atrasos, como é o caso
da voz. Como desvantagens da comutação de circuito é a inadequação para suportar tráfego
de rajadas e a complexibilidade de chaveamento de canais com diferentes taxas de
transmissão.
Em termos de topologia, para que dois assinantes quaisquer pudessem a qualquer
instante e com certeza, estabelecer uma ligação entre si seria necessária a existência de uma
rede em malha ligando cada assinante a todos os demais; esta solução, para grandes redes, é
inaceitável do ponto de vista econômico, uma vez que o número de linhas cresce com o
quadrado do número de pontos a interligar.

Em seu lugar, adota-se uma rede em estrela, com as linhas convergindo numa
central telefônica; o número de linhas necessário, assim, é n(n-1)/2n=(n-1)/2 vezes menor.

1.1.2 ISDN

Outra possibilidade de rede de acesso residencial, que aproveita a fiação de par


trançado já existente para o telefone comum, é a RDSI-FE (Rede Digital de Serviços
Integrada – Faixa Estreita) ou N-ISDN (Narrowband-Integrated Services Digital Network),
considerada a primeira proposta de melhoria do serviço público para integração de voz e
dados.
ISDN permite o estabelecimento rápido de conexão com o ISP (de 1 a 3 s), mas o
usuário deve estar situado dentro de um raio máximo de 5,5 km da central telefônica. São
oferecidos dois serviços: N-ISDN-BRI (Narrowband- Integrated Services Digital Network /
Basic Rate Interface), e o N-ISDN-PRI (Narrowband-Integrated Services Digital Network /
Primary Rate Interface).

i) BRI: 2 canais B mais um canal D (2B+D). Na BRI, o canal D é um canal de 16 kbps


destinado ao transporte de sinalização e de dados de baixa velocidade. O canal B é um canal
de 64 kbps destinado ao transporte de voz, vídeo, ou dados;

ii) PRI: 30 canais B mais um canal D (30B+D) Na PRI, o canal D é um canal de 64 kbps
destinado ao transporte de sinalização. Vários canais B podem ser agregados, de forma a se
obter um canal de maior taxa de transmissão para aplicações de vídeo de melhor qualidade1.

O cenário mais comum é o uso do serviço ISDN-BRI, que permite a transmissão


digital dos dados de um sistema final doméstico, por linhas telefônicas ISDN, para a central
da operadora a 2 x 64 kbps de taxa de transmissão. A segunda possibilidade do ISDN é no
formato PRI.

1.1.3 ADSL

Outra possibilidade de rede de acesso residencial, que também aproveita os pares


trançados categoria 3 da rede de telefonia pública, é a tecnologia de linha digital
assimétrica, ADSL. As operadoras de telecomunicações costumam vender esse serviço com
nomes mais comerciais, como o Speedy da Telefonica.

1
A composição (30B + D) corresponde ao padrão europeu, que é utilizado no Brasil. O padrão
americano é (23B + D).
No Brasil, seu apogeu deu-se a partir de 2006, quando, se tornou a melhor escolha
entre as tecnologias xDSL existentes.

ADSL pode ser usada em residências, pequenos escritórios e grandes organizações,


devido à grande variedade de velocidades suportadas. Sua taxa de transmissão varia em
função da distância entre o modem doméstico e o modem da operadora de
telecomunicações, da bitola da linha de par trançado e do grau de interferência
eletromagnética. Em uma linha de alta qualidade, é possível atingir uma taxa de
transmissão máxima de 8 Mbps, se a distância entre a residência do usuário final e o ISP for
menor que três mil metros. Entretanto, a taxa de transmissão cai para aproximadamente 2
Mbps, se a distância for de seis mil metros [7].

Na verdade, ADSL é uma tecnologia assimétrica, ou seja, permite diferentes taxas de


upload e download. Mais específicamente, o padrão ADSL (ANSI T1.413 e ITU G.992.1)
permite taxas de transmissão máxima de 8 Mbps para dowstream e 1 Mbps para upstream.
Isto permite acessar a Internet com taxas mais rápidas para downstream e taxas menores
para upstream. ADSL é limitado a localidades onde os usuários estejam a uma distância
entre 2,7 e 5,5 km da central telefônica, ou seja, não se espera encontrar tal tecnologia fora
de centros urbanos. Seu custo, dependendo da configuração escolhida, é bastante elevado.

xDSL Taxa de transmissão (downstream/upstream)


ADSL 9 Mbps (up) 8,5 Mbps (up) 6 Mbps (up) 1 Mbps (up)
1 Mbps 1 Mbps 128 kbps
RDSL 12 Mbps (up) 8,5 Mbps (up)
1 Mbps 1 Mbps
VDSL 26Mbps (up)
2,3 Mbps
Comp.
do cabo (m) 914,4 1524 3657 5486
Tabela 1: Taxa de transmissão em função do comprimento do cabo

1.1.4 VDSL

A tecnologia VDSL usa modems especiais para aumentar a capacidade digital das
linhas de telefone comuns em casa ou no escritório. A velocidade e a qualidade da
transferência de dados dependem da qualidade das linhas telefônicas e da distância entre o
usuário final e a central telefônica. VDSL também é uma tecnologia assimétrica.

Atualmente, a tecnologia VDSL pode fornecer uma taxa de transmissão de até 51,84
Mbps para downstream e 2,3 Mbps para upstream em até 300m. Isso significa que o
usuário final tem taxa de transmissão elevada disponível para todas as mídias digitais,
incluindo vídeo de alta qualidade, constituindo-se num cenário residencial altamente
sofisticado. Na verdade, a família de redes xDSL é muito grande e não se limita ao ADSL e
VDSL. Outras tecnologias como HDSL, RADSL, VDSL, IDSL, SDLS e HDSL2 tambem
fazem parte da família xDSL

1.1.5 HFC ou Cable Modem

Outra possibilidade de acesso residencial que se observa é a linha híbrida de cabo de


fibra óptica e cabo coaxial, HFC (Hybrid Fiber Coaxial), e designada na Figura 1 como
cable modem. A rigor, essa tecnologia utiliza a infra-estrutura de TV a cabo para
transmissão de dados até 30 Mbps [7].
A tecnologia cable modem, diferentemente das outras tecnologias de acesso
residencial, é um meio de transmissão compartilhado. Cada pacote enviado pelo provedor
trafega por todos os enlaces até todas as casas. No sentido inverso, faz com que os pacotes
enviados simultaneamente por duas casas diferentes colidam e se destruam. Portanto, a taxa
efetiva de transmissão depende do número de usuários ativos.

Uma possível vantagem da tecnologia ADSL sobre cable modem reside justamente
no fato de ADSL ser uma linha dedicada e não compartilhada. Entretanto, uma rede cable
modem bem dimensionada provê taxa de transmissão maior que a do ADSL [7].

Opcionalmente, cable modem permite utilizar um Interactive Set-Top-Box, cuja


principal função é a de disponibilizar um maior número de canais de TV, sobre a mesma
banda passante. O Set-Top-Box cria um canal de retorno que permite ao usuário navegar
pela Internet e receber os resultados na tela da TV. Serviços como voz sobre IP, quando
bem dimensionados, podem ser implantados com alta qualidade.

1.1.6 PLC (Power Line Communication)

Essa arquitetura de rede de acesso, aproveita a malha metálica já disponível da rede


elétrica, presente em 95% das residências e indústrias no mundo. Tal fato, possibilita o
acesso à rede de telecomunicações em regiões disprovidas de infra-estrutura ou muito
distântes de centrais telefônicas.
Os dados trafegam pela rede elétrica em frequências muto altas, na faixa de MHz,
sem interferir com o fluxo de energia que opera na faixa de Hz, ou seja, da mesma forma
que a arquitetura xDSL transmite dados sem afetar os canais de voz da rede de telefone
comum, entretanto, diferentemente dos canais telefônicos, os canais PLC podem apresentar
agressivas distorções que influenciam consideravelmente o uso eficiente da largura de
banda.
Apesar do chip que controla o modem PLC verificar o nível de ruído na linha
elétrica e distribuir, automáticamente, o fluxo de dados pelas frequências menos sujeitas a
interferências, as linhas de potência, tem se apresentado como um meio inóspitos à
comunicação de dados, apresentando atenuação de acordo com a freqüência: divisores de
tensão, acoplamento entre fases; ruído impulsivo, proveniente de interruptores, aparelhos
domésticos, motores, além do alto custo de desenvolvimento e falta de regulamentação no
Brasil. Alguns países já possuem algum tipo de regulamentação sobre utilização de banda
de freqüência e radiação eletromagnética proveniente da comunicação PLC.

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