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Porque a locação?

Dúvida não resta sobre o fato de que os equipamentos de informática estão invariavelmente
sujeitos à rápida depreciação, haja vista a constante evolução tecnológica na área de TI
(Tecnologia da Informação).

A cada dia que passa, a demanda pela capacidade do processamento e armazenagem de


dados se torna mais e mais exigente, haja vista não só o crescente volume de informações,
mas, principalmente, a necessidade de que a comunicação se dê de forma cada vez mais
rápida.

Além do grande volume de dados e da velocidade requerida em seu processamento, a


demanda de equipamentos de informática é cada vez mais pautada nos níveis de segurança
e confiabilidade do processamento e da comunicação, fato que também contribui para a
obsolescência com o passar de alguns poucos anos.

Os novos softwares e aplicativos ou aqueles antigos passíveis de atualização se tornam


incompatíveis com os equipamentos com o passar do tempo, submetendo-se o usuário à
estagnação na evolução dos trabalhos a que se dedica, deixando, assim, de utilizar-se de
novas e eficientes ferramentas, já que não dispõe dos meios para fazê-las operar.

E diante do ritmo veloz da evolução tecnológica, de crescimento progressivo, nasce a


necessidade de cada vez mais ocorrer freqüentes manutenções preventivas e corretivas
(upgrades, etc.), extremamente onerosas se comparadas aos novos equipamentos em que
originalmente embarcados os novos avanços científicos, que passa a ser necessária em
muito pouco tempo.

Com a redução da demanda por equipamentos que se tornaram obsoletos aumentam-se os


custos de produção de peças de reposição, desmotivando a continuidade de sua produção e
gerando a dificuldade na localização de tais peças no mercado. Tal dificuldade, por sua vez,
gera novo aumento do preço das peças, haja vista sua pouca disponibilidade no mercado.

O processo de manutenção, além de oneroso, prejudica a performance da rede de dados


organizacional, haja vista a necessidade de interrupções e backups que, além de colocarem
em risco a consistência dos dados armazenados, impedem a continuidade dos trabalhos em
todo o ambiente computacional.

Segundo a aclamada Lei de Moore, a cada 2 (dois) anos são lançados processadores com
velocidade duplamente superior a versão antiga. Assim, e no mencionado período de 2
(dois) anos, decorre a obsolescência dos equipamentos, reduzindo-se seu valor residual a 0
(zero).

Por outro lado, os equipamentos são muito caros se adquiridos quando de seu lançamento,
perdendo valor, repita-se, rapidamente em face da mencionada evolução tecnológica. Já a
locação não sofre de forma direta o impacto dos custos do equipamento recém lançado no
mercado já que há amortização do investimento em função das parcelas mensais, como
também da eliminação da obsolescência tecnológica e conseqüente depreciação.

Na locação, ainda, estão incluídos todos os custos decorrentes da manutenção e suporte,


ao contrário do que se observa na aquisição, em que estes custos devem ser incorridos de
forma separada, inclusive através de novos processos licitatórios.
No mesmo sentido, na locação estão igualmente incluídas todas as despesas relativas ao
licenciamento dos softwares, assim como também de suas atualizações, sendo que na
aquisição os equipamentos são, normalmente, munidos exclusivamente com sistema
operacional. Faz-se necessária, então, a aquisição das licenças e também de eventuais
atualizações, tudo através de novo procedimento licitatório.

Se for considerado o longo período de tempo normalmente demandado para início e


conclusão de um processo licitatório – assim como a possibilidade de interposição de
recursos por parte dos licitantes – tem-se que a contratação de suportes, manutenção e
licenças de uso para os equipamentos adquiridos podem acarretar a parada dos
equipamentos por tempo indefinido.

Sobre este específico ponto já se manifestou o Doutrinador JESSÉ TORRES PEREIRA


FILHO, que em obra específica sobre o tema, intitulada “Licitações de Informática” (Editora:
Renovar, I.S.B.N.: 8571471819, 1º Edição):

“Rara é a licitação de informática cujas as medidas


preparatórias, o procedimento e o julgamento
conduzem à contratação em menos do que seis
meses, sendo comum que o processo, do primeiro
ao último dos seus atos, se desenvolva por um ano
ou mais, incluindo retificações e repetições.
Desgasta-se a Administração. Retarda-se a
consecução dos objetivos do serviço. Eleva-se o
custo da contratação.”

Saliente-se, ainda, que a contratação de suporte técnico, manutenção e LICENÇAS DE


USO são custos consideráveis, principalmente quando contratados sem o fornecimento de
equipamentos, que não podem ser simplesmente desconsiderados quando de eventual
comparação da economicidade da locação em relação à aquisição, e vice-versa.

Não resta dúvida de que a locação viabiliza não somente a redução ou equilibro dos custos,
mas também proporciona maior qualidade e rapidez por parte da Administração Pública,
tornando-a mais eficiente para desempenho de suas funções.

Com base em tais fatos, é de se concluir, fundando-se não tão-somente na demanda pelos
serviços de informática, mas também na própria economicidade sempre perseguida, que a
locação de equipamentos de informática revela-se uma boa opção, por diversos aspectos,
que a aquisição.

Essa conclusão tem sido corroborada não só pelos leigos em informática, mas
principalmente pelos melhores especialistas no assunto.

Mr. RALPH M. STAIR, por exemplo, Doutor em Tecnologia da Informação pela Florida State
University, que em sua obra “Princípios de Sistemas de Informação” (ISBN: 8521613385,
Editora LTC, 4. ed.) assim presta as seguintes informações:

“O custo de um parque de hardware atualizado


pode ser caro. Contudo, em termos de perda de
eficiência e eficácia, o custo de não atualizar
sistemas e, por conseqüência, hardware, pode ser
elevado.”
“Obsolescência Tecnológica - significa que, quando
comparados a equipamentos mais recentes, os
antigos são inferiores em termos de rapidez,
capacidade de armazenamento, eficiência e outras
medidas. Por exemplo, uma empresa pode ter
comprado um sistema de grande porte um ano
atrás. Durante esse tempo, tornou-se disponível um
sistema de grande porte mais poderoso e menos
dispendioso, com maior capacidade de memória e
um novo sistema operacional. Muito embora o
computador de há um ano continue funcionando
muito bem, ele está tecnicamente obsoleto.”

“O dilema que muitas organizações enfrentam é se


devem gastar o dinheiro necessário para adquirir o
novo hardware ou continuar utilizando os sistemas
antigos. A segunda opção, já vimos, é inviável.
Quanto a aquisição de hardware, existem pontos
que aterrorizam as organizações: alto investimento
inicial, custo adicional de manutenção e suporte,
depreciação acelerada do bem, despesas
agregadas como impostos e seguros e, por fim, a
possibilidade de obsolescência, que obrigaria a um
re-processo de compra.”

“O mercado mundial adotou o aluguel (locação) e o


leasing, como alternativas vantajosas em relação à
compra, principalmente preocupadas na evolução
contínua da eficiência e qualidade de seus serviços.
As vantagens identificadas são:

- não há risco de obsolescência;

- não há investimentos financeiros a longo prazo;”.

Na mesma esteira do Dr. RALPH M. STAIR, apoia-se o já lembrado JESSÉ TORRES


PEREIRA JÚNIOR, atento à mencionada Lei de Moore, que na mesma obra mencionada,
desta forma se manifesta:

“O quadro de dúvidas foi agravado pelo fato de que,


entre as peculiaridades do mercado de informática,
se encontra o ritmo veloz de evolução tecnológica,
a determinar que equipamentos e programas sejam
alterados com rapidez que os deixa obsoletos – por
isto mesmo de manutenção preventiva e corretiva
onerosa – em pouco tempo.”.

Corroborando o mesmo entendimento dos Drs. RALPH M. STAIR e JESSÉ TORRES


PEREIRA JÚNIOR, WOILER e MATIAS versam igualmente sobre o assunto, com especial
destaque para o chamado “estágio de declínio”, assim explicitado:

“Após a maturidade pode chegar a fase de declínio,


que pode ocorrer pelas razões seguintes:
desapareceu a necessidade pelo produto;

surgiram novos produtos mais eficazes;

os competidores conseguiram promover um produto


substituto melhor.

Com o declínio, vem a queda na quantidade


demandada e o conseqüente aumento dos custos
de produção.” .

Atento a tal fato, a Subcomissão Especial de Contratos Corporativos na Área de Informática


do Congresso Nacional, em Audiência Pública, realizada em 14 de abril de 1999 na
Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática, assim concluiu:

“O grau de complexidade de cada software, a


necessária integração entre os mesmos, o
compromisso com o investimento feito em cada
plataforma e a velocidade de mutação das soluções
de informática e tecnologias oferecidas, dificultam
sobremaneira um modelo de compra convencional,
sob pena de se promover no ato da compra,
prejuízos de alta monta para o erário público;”.

E diante destas razões, vários Órgãos Públicos utilizam-se da figura da locação, tais como
ANEEL, Caixa Econômica Federal, SERPRO, INSS, Ministério do Exército. Na iniciativa
privada esta prática há muito se observasse, podendo-se citar como exemplo a General
Motors do Brasil (que locou todo o serviço de impressão em seus 23 prédios espalhados
pelo País, tendo uma redução de 20% no custo do processo), Companhia Vale do Rio Doce,
Fiat Automóveis, Laboratório Hermes Pardini, Magneti Marelli Suspensões (Jornal Gazeta
Mercantil, de 04/09/2003).

Finalmente, entende-se que ao se optar pela locação do(s) equipamento(s), o contratante


renuncia a toda cadeia de custos indiretos que norteiam a perfeita operação do objeto
locado, passando este ônus para o contratado. Assim sendo, na formação do custo que
envolve o valor da locação, além do valor do equipamento, está o custo de peças de
reposição, da administração patrimonial, da atualização tecnológica, o custo médio dos
técnicos diferenciados que permitem a instalação na rede, além do custo dos profissionais
relacionados à manutenção do equipamento, e o custo de licenciamento dos “softwares”.
i
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Edital de licitação: pregão nº
05-2005. Brasília: 2005. Anexo I.

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