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Número 05

04 de dezembro de 2009

Caros Leitores

BOLETIM - ÁREA ADUANEIRA


Esta edição do
nosso boletim in-
formativo visa a
atualização de
ATUAÇÃO matérias relativas
TRANSFERÊNCIA PARA O BRASIL DE ao Direito Adua-
• CONSULTORIA ADUANEI- neiro e às ativida-
RA TRIBUTÁRIA
UNIDADES INDUSTRIAIS des de comércio
• CONSULTORIA EM LEGIS- exterior, mostran-
LAÇÃO ADUANEIRA
INTERNACIONAL Com a melhora da imagem do sado na importação e o represen- do alternativas
Brasil perante os outros países, tante dos fabricantes nacionais, jurídicas em con-
• CONTENCIOSO FISCAL sonância com a
ADUANEIRO diversas empresas estrangeiras
decidiram por aqui instalar suas Em síntese, estes acordos esta- legislação vigente.
• CONTENCIOSO JUDICIAL unidades industriais. belecem que o valor total dos
bens que se pretende transferir Para tanto vale-se
• AUDITORIA ADUANEIRA de artigos escritos
PREVENTIVA Várias das unidades possuem deve equivaler ao mesmo valor
equipamentos usados com mui- de bens que se comprar no mer- pelos membros do
• PROJETOS ESPECIAIS escritório e notí-
tos anos de vida útil, sendo, cado nacional.
portanto, passíveis de análise cias veiculadas
de existência ou não de produ- Ou seja, se uma empresa trans- pela imprensa.
ção nacional. ferir dez milhões de dólares em
bens usados ao Brasil, com pro- Este boletim é
É certo que é quase impossível dução nacional, deverá agraciar quinzenalmente
não esbarrarem em produtores fabricantes nacionais com a com- produzido pela
nacionais que fabricam parte pra no mercado interno de tantos Área Aduaneira do
dos bens se pretende transferir, bens quantos forem necessários. Emerenciano,
levando a crer -- equivocada- Baggio e Associa-
mente -- que a pretensão está As principais regras inseridas dos Advogados.
fadada ao insucesso, o que é pela nova norma são:
um engano.
A) Anteriormente, a Portaria DE-
A transferência de unidades CEX n. 08/91 determinava que
industriais inteiras, mesmo que no pedido de acordo fossem ana-
usadas e com parte ou totalida- lisados potencial de aumento de
de por bens análogos produzi- geração de empregos, de redu-
dos nacionalmente, podem se ção de custos e do nível de prod-
dar com certa facilidade através utividade/qualidade, que agora,
do mecanismo denominado por força da nova norma não são
“Acordo de Participação Nacio- itens mais analisados obrigatoria-
nal”. mente e sim dentro de critérios
objetivos e subjetivos não regra-
Embora já largamente utilizado, dos necessariamente pelo
este mecanismo foi recente- MDIC.;
mente regulamentado pela Por-
taria Decex n. 207/2009, que B) Agora não há mais a regra do
alterou pontos da Portaria DE- tempo de vida útil. O bem pode
CEX n. 08/91. ter um tempo de vida útil menor
do que o tempo de efetiva utiliza-
A regulamentação esclareceu ção.
que a transferência para o Brasil
de unidades industriais, linhas C) Foram definidos os conceitos
de produção e células de produ- de “linha de produção” e “célula
ção usadas podem ser autoriza- de produção”;
das desde que haja um projeto
previamente autorizado pela D) Foi convencionada a penalida-
Secex, com antecedência de de pelo descumprimento do acor-
acordo firmado entre o interes- Continua na página seguinte

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Continuação da matéria de capa MDIC e Confaz iniciam tratativas para inclu-


do homologado, que passa a ser a sus- ir ICMS no sistema drawback
pensão, pelo prazo máximo de 02 (dois)
anos, do registro de importador da empre-
sa. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC) inicia tratativa com o Conselho Nacional de Política Fa-
Estas alterações na da Portaria DECEX n. zendária (Confaz) para o aperfeiçoamento da inclusão do Im-
08/91 flexibilizam a vinda de empresas posto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no regi-
estrangeiras para o Brasil. me especial aduaneiro drawback. Durante a primeira reunião
do Confaz do ano, em Brasília, nesta quarta-feira (20/1), o se-
Certamente ocorreram por conta do cres- cretário de Comércio Exterior do MDIC, Welber Barral, assinará
cente interesse das empresas em se mu- convênio com o órgão para a capacitação de técnicos estadu-
darem para o Brasil, em virtude da crise no ais na utilização dos softwares geridos pela Secretaria de Co-
exterior e o crescimento projetado para os mércio Exterior (Secex) para o controle das exportações que
últimos anos para o nosso país. utilizam o drawback.

Embora possa parecer que os fabricantes


nacionais possam criar problemas achan- A intenção do MDIC é iniciar as discussões com os Estados
do que deixarão de vender máquinas por sobre a necessidade de garantir a desoneração do ICMS de
conta da vinda de bens usados estrangei- insumos que sejam incorporados a mercadorias exportadas
ros, a garantia da punição aos que des- sob o amparo de atos concessórios de drawback. Além disso,
cumprirem o acordo vai deixá-los mais com a assinatura do convênio, a Secex passa a integrar o Gru-
seguros de que conseguirão vender mais po de Trabalho 54 de Comércio Exterior do Confaz para verifi-
bens como contrapartida. car as necessidades dos Estados e desenvolver novas funcio-
nalidades nos sistemas geridos pela secretaria para facilitar a
Nosso entendimento é que a ferramenta
fiscalização estadual e da própria Secex no que se refere às
da contrapartida possibilitará a vinda de
operações de drawback.
mais empresas ao Brasil, com incremento
da produção, geração de empregos e ven-
da de bens nacionais para efetivação da
contrapartida. Drawback

EBA - Área Aduaneira De forma geral, drawback é o regime especial aduaneiro que
suspende tributos federais – Imposto de Importação (II), o IPI,
PIS e Cofins – incidentes nas importações e compras internas
de insumos que são incorporados à mercadorias exportadas
sob o amparo de atos concessórios de drawback

Fonte: www.desenvolvimento.gov.br

IMPORTAÇÃO DE BENS USADOS SEM NECESSIDADE DE ATESTADO DE


INEXISTÊNCIA DE PRODUÇÃO NACIONAL

Além das modificações relativas à transferência de unidades industriais para o Brasil, a Portaria Decex n. 207/-
/2009, alterou a Portaria DECEX n. 08/91 no que diz respeito à importação de bens usados.

A mudança significativa e que merece destaque é a que serão autorizadas importações de bens usados idênti-
cos a bens novos contemplados com ex-tarifário estabelecido em conformidade com a Resolução Camex n.
35/2006, ou seja, se alguma empresa pretender importar um bem usado para o qual já exista ex-tarifário em
vigor, haverá o deferimento do licenciamento independentemente de obtenção de atestado de inexistência de
produção nacional que deveria ser emitido por entidade de classe representante dos fabricantes nacionais.

É mais uma boa notícia do MDIC em prol dos importadores.

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Conselho aprova criação de Zonas de Processamento de Exportação no RN e


em PE

No dia 8 de dezembro, o Conselho com estrutura básica, água trata- geradas pela instalação de in-
Nacional das Zonas de Processa- da e encanada, cabeamento ótico, dústrias no local.
mento de Exportação (CZPE) apro- energia, sinal de telefonia celular
vou a proposta de criação da Zona e internet. As obras para a instalação da
de Processamento de Exportação ZPE de Suape estão estimadas
(ZPE) de Assú, no município de Quando estiver em funcionamen- em R$ 10,8 milhões, em um pra-
mesmo nome, no Rio Grande do to, a produção da ZPE poderá ser zo de 21 meses. Além disso, es-
Norte, e da ZPE de Suape, em Jabo- escoada por transporte rodoviário, tão previstos custos operacionais
atão dos Guararapes (PE). Porém, porém, também está prevista a de R$ 2 milhões. De acordo com
para entrar em funcionamento, ainda instalação de modal ferroviário, a prefeitura de Jaboatão dos
é necessário que seja publicado de- condicionada a investimentos na Guararapes, proponente do pro-
creto presidencial criando as ZPEs e, região. De acordo com a prefeitu- jeto, uma empreiteira já se com-
posteriormente, que as áreas sejam ra, já há interesse de um grupo prometeu a aportar R$ 10 mi-
alfandegadas pela Receita Federal privado inglês em investir na área. lhões no empreendimento e o
do Brasil. Governo de Pernambuco mais
O perfil industrial da ZPE de Assú R$ 4 milhões, que serão aplica-
Estas foram as primeiras ZPE apro- foi baseado na estrutura da regi- dos em obras para a instalação
vadas pelo conselho, instalado em 6 ão, na pauta de exportação e po- de gás e luz na área.
de maio deste ano. A decisão de cri- tencialidades econômicas do Rio
ar as áreas foi tomada durante reuni- Grande do Norte, que apontou O projeto apresentado ao conse-
ão realizada no dia 8 de dezembro, que a área terá um potencial para lho diz que já existe interesse de
no Ministério do Desenvolvimento, desenvolvimento de indústrias de empresas dos setores de alimen-
Indústria e Comércio Exterior alimentos – principalmente para tos, bebidas, equipamentos elé-
(MDIC). Esta foi a terceira vez que o beneficiamento de frutas e frutos tricos, produtos químicos na ins-
grupo se reuniu este ano. do mar –, produtos químicos, sal e talação de unidades na área. O
recursos minerais. estudo de viabilidade econômica
O CZPE é um órgão colegiado do apontou que as atividades eco-
Governo Federal. Suas principais O estudo sobre a viabilidade eco- nômicas com maior potencial
atribuições são: analisar propostas nômica, apresentado ao Conselho para a região são indústrias a-
de criação de ZPE; avaliar e aprovar da ZPE, indicou que os mercados gropecuárias e de transforma-
projetos industriais; traçar a orienta- potenciais para as empresas que ção.
ção superior da política das ZPE; se instalarem nessa ZPE serão
autorizar a instalação de empresas Estados Unidos, Holanda, Espa- O estudo indicou ainda que a
nos locais; estabelecer mecanismos nha, França, Reino Unido, Argen- estrutura do Porto Suape tem
de monitoramento do impacto na tina, Líbia, Itália, Canadá e Nigé- atraído empresas dos setores de
indústria nacional e aplicar o regime ria. petróleo e gás, tecnologia e na-
de ZPE. val. Com relação aos mercados
Assú Suape de destino da produção nessa
área, nos últimos dois anos mais
A ZPE de Assú será instalada numa A ZPE de Suape será instalada de dois terços das exportações
área de aproximadamente 1 mil hec- em uma área de cerca de 200 do Recife foram para Estados
tares, no município de Assú, que fica hectares, em Jaboatão dos Gua- Unidos, Holanda, Bolívia, Argen-
no Oeste do Rio Grande do Norte. rarapes, Região Metropolitana do tina e Paraguai.
De acordo com a prefeitura da cida- Recife (PE), próximo ao território
de, que é a proponente do projeto, a do Complexo Industrial Portuário
previsão é que as atividades se inici- de Suape. Durante a avaliação do Fonte: Ministério do Desenvolvi-
em em 21 meses, após o término projeto de instalação da área, o mento.
das obras de infraestrutura que de- Conselho das ZPE verificou que o
vem custar cerca de R$ 18 milhões. município apresenta taxa de urba-
A área onde será instalada a ZPE nização de 70% e infraestrutura
fica ao lado da BR-304 e já conta capaz de atender às demandas

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PERDIMENTO POR ABANDONO

Muitas empresas importadoras, em Seria abandono, portanto, a perda do pra- so” (REsp nº 331548/PR, Rel. Min.
seu dia-a-dia, deparam-se, espanta- zo previsto em lei para início do despacho, Francisco Peçanha Martins, DJ de
das, com o perdimento por abandono. analisando-se a questão unicamente sob 04/05/06);
o aspecto objetivo do prazo? - “O Direito pretoriano enquadra-se
A legislação prevê o perdimento por na posição de flexibilizar a pena de
abandono, grosso modo, em 90 dias, A questão da intenção de abandonar ain- perdimento, quando ausente o ele-
para as mercadorias em zona primá- da é muito debatida em processos admi- mento danoso. Interpretação princi-
ria, e em 120 dias, para as mercadori- nistrativos, pois as autoridades fiscais são piológica que se reporta à razoabili-
as em zona secundária, sem que se objetivas em analisar o decurso do prazo, dade” (REsp nº 512517/SC, Relª
inicie o despacho de importação vi- pouco importando as questões paralelas e Minª Eliana Calmon, DJ de 19-
sando ao desembaraço aduaneiro. alheias à vontade do contribuinte que lhe /09/05);
impediram do cumprimento dos prazos - “Para que se decrete a pena de
Contudo, o prazo não é o fator princi- legais. perdimento de bens, prevista no art.
pal do perdimento por abandono. 23 do Decreto-lei 1.455/76, não bas-
Todavia, seria bom que se observasse a ta que transcorram os 90 (dias) sem
Ele decorre de equívocos vários. já consolidada jurisprudência de nossos que tenha havido o desembaraço da
Tribunais, que exige, para a comprovação mercadoria. É necessário que seja
Podemos exemplificar com as eventu- do abandono, não só o decurso do prazo, instaurado o processo administrativo
ais falhas administrativas e operacio- mas, também, o aspecto subjetivo da in- -fiscal (art. 27 do Decreto 1.455/76)
nais em questões atinentes à modali- tenção de se abandonar a mercadoria. para que se verifique a intenção do
dade da importação, ao limite concedi- agente de abandonar a mercadori-
do quando da habilitação do radar, ao Confiram: a” (REsp nº 517790/CE, 2ª T., Rel.
câmbio etc. Minª Eliana Calmon, DJ de 12/09/05)
Ementa: PROCESSUAL CIVIL E TRIBU- 4. A pena de perdimento de bens, no
Assim, por mais absurdo que possa TÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. MER- caso previsto no art. 23 do DL nº
parecer, o perdimento por abandono é CADORIA IMPORTADA. PRAZO PARA 1.455/76, não se dá automaticamen-
muito comum. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. ART. 23 te, podendo ser elidida a presunção
DO DL Nº 1.455/76. PAGAMENTO DE juris tantum de ter havido o abando-
O perdimento é penalidade prevista DESPESAS. PERDIMENTO DE BENS no.
pela legislação aduaneira (oriunda do POR ABANDONO. NÃO- 5. Não-caracterização de abandono
regime ditatorial) que comporta natu- CARACTERIZAÇÃO. PRECEDENTES. em face do manifesto desejo, efeti-
reza jurídica híbrida, pois a um só vamente comprovado, de desemba-
tempo repara e castiga. 1. Agravo regimental contra decisão que raçar as mercadorias em curto pra-
negou provimento a agravo de instrumen- zo, com os pagamentos devidos,
Muitas das hipóteses previstas pela to. afastando-se a imposição da decla-
legislação como passíveis de penali- 2. Acórdão a quo segundo o qual “embora ração de sua perda. Somente é ca-
zação pelo perdimento são situações decorrido o prazo legal para o desembara- bível a pena de perdimento, quando
de dano presumido ao erário, pois não ço aduaneiro de mercadoria importada, é comprovada a vontade de abando-
há referência a valor específico do plenamente possível ser promovido o des- nar a mercadoria.
prejuízo ao erário. pacho ou desembaraço, enquanto não se 6. Agravo regimental não-provido.
efetuar a venda, desde que indenizadas, (AgRg no Ag 849702 / SP, Relator
A legislação simplesmente se satisfaz previamente, as despesas realizadas”. (a) Ministro JOSÉ DELGADO, PRI-
com situações que caracterizariam o 3. A jurisprudência do STJ é pacífica no MEIRA TURMA, Data do Julgamento
alegado dano ao erário. sentido de que: 03/05/2007, Data da Publicação/
- “A jurisprudência desta eg. Segunda Fonte DJ 28/05/2007 p. 295)
A grande discussão no perdimento por Turma firmou o entendimento de que se
abandono repousa no que configura o deve flexibilizar a pena de perdimento de
dano ao erário. bens, quando ausente o elemento dano-

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