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2011
I
O ensasmo no um gnero literrio menor. Apesar disso,
paradoxalmente, sua existncia foi ofuscada pela sua prpria difuso,
pela versatilidade e imediatez de seu uso prtico. A escrita com a qual
comunicamos pensamentos, juzos, reflexes, interpretaes pode
se apresentar como um tipo de escrita direta, mas ao mesmo tempo
sofisticada e indcil ou, ao contrrio, flexvel e malevel. Os grandes
ensastas foram com frequncia extraordinariamente respeitados e
agressivos, at mesmo invasivos. Podem ter chegado a definir e orientar
pocas literrias inteiras. Mas, por outro lado, enquanto escritores
criativos, agiram com discrio, como se a linguagem do pensamento
crtico e da interpretao no exigisse nenhuma inventividade construtiva
e estilstica, alguma imaginao. De todo modo verdade que mesmo os
maiores ensastas criaram e inventaram literariamente sem construir
um mundo alternativo ao mundo real, antes dialogando com o contexto
comunicativo e social de seu tempo. De Montaigne a Francisco De Sanctis,
de Kierkegaard a Orwell, de Simone Weil a Gramsci, observou-se que
1 Este texto foi originalmente publicado em Il saggio. Forme e funzioni di un genere
letterario. A cura di Giulia Cantarutti, Luisa Avellini e Silvia Albertazzi. Bologna: Il Mulino, 2007, p.35-44. Traduo de Maria Betnia Amoroso.
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