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Veja! Quando você falar sobre o evangelho, meu querido amigo, o faça claramente. O
evangelho começa com a natureza de Deus e vai para a natureza do homem e a queda deste.
Essas duas grandes colunas do evangelho vêm montar para nós o que deveria ser chamada e
conhecida por cada crente como “o grande dilema”. E o que é este dilema? Se Deus é justo
ele não pode te perdoar.
O maior problema em todas as Escrituras é este. Como Deus pode ser justo e ao mesmo
tempo o justificador de homens maus, quando as Escrituras por toda a Bíblia declaram —
especialmente em um texto que eu tirei de Provérbios — “O que justifica o ímpio, e o que
condena o justo, tanto um como o outro são abomináveis ao SENHOR.” (Pv 17: 15). E ainda
assim, todas nossas canções cristãs ostentam sobre como Deus justifica o perverso.
Este é o maior problema. Esta é a acrópole da fé cristã. Assim disse Martyn Lloyd-Jones e
Charles Spurgeon e qualquer outro que leu Romanos 3. Você tem que mostrar isto às
pessoas. O grande problema é que Deus é verdadeiramente justo e todos os homens são
verdadeiramente maus. Deus para ser justo deve condenar o homem mau. Entretanto Deus,
para a própria glória dele, pelo grande amor com que ele nos amou, enviou seu Filho, o qual
caminhou nesta terra como um homem perfeito. E, então, de acordo com o plano, o plano
eterno de Deus, ele foi àquele madeiro. E naquele madeiro, ele tomou nosso pecado. E,
assumindo a posição legal de seu povo e carregando a nossa culpa, ele se tornou uma
maldição.
Tantas pessoas têm esta visão romântica, impotente do evangelho onde o Cristo está lá,
pendurado no madeiro, sofrendo debaixo das feridas do Império Romano, e o Pai não teve a
força moral para agüentar o sofrimento de Filho dele, e, por isso, virou Sua face.
NÃO!!
E tantos, quando Ele está naquele jardim e grita “passa de mim este cálice”, especulam:
“Bem, o que esteve no cálice? Oh, é a cruz romana. É o chicote. São os cravos. É tudo isso e
tudo aquilo.”
Eu não quero desconsiderar os sofrimentos físicos de Cristo naquele madeiro, mas o cálice
era o cálice da ira de Deus Pai que teve que ser despejada sobre o Filho. Alguém teve que
morrer, suportando a culpa do povo de Deus, desamparado por Deus pela justiça dele e
esmagado debaixo da ira de Deus, pois “ao SENHOR agradou moê-lo”. (Isaías 53: 10)
Isso é heresia.
Agora, aquele sofrimento físico, aquela crucificação era tudo parte da ira de Deus. Teve que
ser um sacrifício de sangue. Eu não desprezarei nada disso. Mas, meu amigo, se você parar
aí, você não tem um evangelho.
Redução de evangelho.
E nós ainda nos perguntamos por que não há nenhum poder nele. Nós nos perguntamos por
quê. O que aconteceu? Eu irei te falar. Quando você deixa de lado o evangelho e não há mais
nenhum poder em sua suposta mensagem do evangelho, você, então, tem que recorrer a
todos aqueles pequenos truques de mercado, que são tão proeminentemente usados hoje em
dia para converter os homens. E nós todos conhecemos a maioria deles. Todos eles não
funcionam.
Meu querido amigo, deixe-me dizer isto. Vários anos atrás, quando eu estava me formando
do seminário eu tive que tomar uma decisão se eu ia ir fazer meu Ph.D. Deus, a fim de salvar
minha vida espiritual, me enviou para o meio das selvas no Peru, o mais longe possível do
mundo acadêmico que eu poderia ficar. E lá eu comecei a perceber algo.
Como disse Spurgeon, “Maiores homens, com mentes maiores que a minha, se aproximaram
desta doutrina da Segunda Vinda, mas em vão. É uma grande e poderosa doutrina.” Ele
disse, “eu me fixarei nisto: buscar compreender algo sobre Jesus Cristo e ele crucificado.”
Deixe-me lhe falar isto. Eu fico tão bravo quando as pessoas tratam o glorioso evangelho de
Cristo como se fosse um primeiro passo para entrar no Cristianismo, que só leva
aproximadamente 10 minutos de aconselhamento e então você parte para coisas maiores.
Isso lhe mostra como nós somos patéticos em nosso entendimento das coisas de Deus.
Meu amigo, no dia da Segunda Vinda você entenderá absolutamente tudo sobre a Segunda
Vinda, mas você estará em eternidade de eternidades no céu e você vai nem mesmo começar
a compreender a glória de Deus no Calvário. É tudo sobre isto.
Moço, jovem pregador, me escute. Persiga-O naquele madeiro. O que significa. Você não
precisará construir fogos estranhos em seu forno, se você só pegar um relance do que ele fez
naquele madeiro, o que ele fez naquele madeiro.
Eu amo dizer isto. Eu já o disse um milhão de vezes. Abraão leva Isaque para cima daquela
montanha. O filho dele, o único filho dele quem ele amou. Você supõe que o Espírito Santo
estava tentando para nos falar sobre algo futuro? E aquele filho não resistiu, mas se
entregou. E quando aquele pai rendeu sua vontade a vontade de Deus, ele levantou aquele
cutelo para perfurar o próprio coração de seu filho. Mas a mão dele foi detida e foi falado ao
velho homem que Deus tinha provido um carneiro.
Tantos cristãos pensam: “Oh, que final bonito para aquela história.” Não é o fim. É o
intervalo. Milhares de anos depois, Deus o Pai pôs Sua mão sobre Seu Filho, o único Filho
dele quem ele amou, e tirou o cutelo da mão de Abraham e sacrificou Seu Filho Unigênito sob
a plena força de Sua ira.
Agora você sabe por que aquele pequeno evangelho que você prega não tem nenhum poder?
Porque não é nenhum evangelho. Vá ao evangelho. Gaste sua vida em seus joelhos. Se
afaste dos homens. Estude a cruz.
Salmo 119.96 – “toda perfeição tem o seu limite; mas o mandamento do Senhor é
ilimitado.”
Salmo 19.7 – “a lei do Senhor é perfeita e restaura a alma”
Há pouco passei em frente a uma igreja evangélica deparando-me com uma faixa que dizia:
"Venha estudar gratuitamente em nosso seminário teológico."
Confesso que ao ler o conteúdo da faixa fiquei intrigado de como aquela igreja de aparência
simples, poderia custear um seminário teológico, até porque, como todos sabemos os custos
e despesas relacionados a manutenção de um seminário não são nada baratos.
Pois é, assim como o seminário em questão, existem inúmeros seminários esparramados pelo
Brasil, oferecendo aos evangélicos um curso básico de teologia. A questão é que boa parte
destes seminários não possuem a menor condição de capacitar, formar e qualificar líderes ao
ministério pastoral, isto sem falar é claro, de que não possuem em sua equipe pedagógica
professores capazes de ensinar aos seus alunos os conceitos mais básicos da fé cristã. Em
contra partida, os grandes seminários das igrejas históricas experimentam a mais profunda
crise ensinando em suas classes heresias sutis e destruidoras. Se não bastasse isso, tais
seminários são tendenciosos ao extremo pregando aos seus alunos as aberrações do
liberalismo teológico ou defendendo com unhas e dentes uma volta litúrgica ao século XVI,
cujo fundamentalismo é a principal caracteristica.
Quanto aos professores, o que se percebe é que ainda que possuam formação acadêmica,
suas doutrinas não possuem uma linha teológica definida. Sinceramente confesso que não
entendo como liberais dão aula em seminários confessionais, ou como neopentecostais
ministram em seminários reformados e calvinistas. Para agravar mais a situação boa parte
destes professores ensinam um evangelho humanista, cuja ênfase principal é a psicanálise e
auto-ajuda.
Caro leitor, um dos mais graves problemas da igreja evangélica brasileira é o ensino
teológico. Acredito que mais do que nunca, necessitamos rever nossos conceitos, até porque,
se continuarmos deste jeito colheremos frutos nada agradáveis.
Pense nisso!
Renato Vargens
Fonte: [ Blog do autor ]