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P ROJETO S ER CRIANÇA - CURVELO /MG

F EV EREIRO A A BRIL

2008

INTRODUÇÃO

Demos início às nossas atividade s em 2008 com a capacitação dos educadores. A oficina
teve o objetivo de redirecionar o trabalho, além de refletir sobre as tecno logias que
utiliza mos ao longo do trabalho no ano anterior. No dia 12 de fevereiro, iniciamos as
atividades com o público-alvo do pro jeto. Começamos com 132 crianças e ado lescentes e
hoje estamos com 147 matriculados.

A situação social do público atendido é bem variada. O único diferencial é que todas as
crianças e todos os adolescente s estão matriculados na rede púb lica de en sino. Para o ano
de 2008, o pro jeto tem como objetivo promover a aprendizagem a partir de sete grandes
dimensões: aprend izagem, comunicação, protagonismo juvenil, auto-estima, envolvimento
familiar e comunitário, ed ucação ambienta l e edu cação em saúde.

Com o objetivo de não perder o foco, decidimos utilizar a pedagogia da roda , a pedagog ia
do sabão e, principalmen te, a pedagog ia do brinquedo como tecnologias de aprendizagem,
além de muitas atividades, técnicas e instru mentos testad os e aprovados por diversos
órg ãos.

PERFIL DA E QUIP E

Contamos atualmente com dez educado res: sete deles são cedidos pela Prefeitura
Municipal de Curvelo e coordenam os grupos de crian ças e adolescente s, que estão
divididos por faixa etária dentro do Ser Criança . Os demais educadores fazem parte da
equip e do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimen to (CPCD) e estão ligados
diretamente às atividade s da cozinha e da horta.

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A equipe de educadores da Prefeitura vem desen volvendo ações dentro dessa nova
metodologia há apenas oito meses. No início do trabalho, havia grande resistência e alguns
cheg aram a pensar em desistir. E m relação à equipe do CPCD, os educadores estão em
conta to com a metodologia há a proximadamente sete anos, o que facilita a multiplicação do
conh ecimento.

No momento, o maior desa fio enfrentado pela equipe é aumentar o grau de dinamismo do
trabalho. Há ainda grande dificuldade em acelerar os trabalhos sem perder o grau de
eficiência das ações. Não que seja importante ou que nosso ob jetivo seja mudar o ritmo das
pessoas, mas na maioria das avaliaçõe s verifica-se que o tempo não é suficiente para
ating ir o objetivo. Outro grande desafio dos educadores é estudar para ampliar seus
conh ecimentos. A cada dia, a exigência das crian ças aumenta, obrigando que os
educadores ampliem seu s níveis de con hecimento.

ATIVIDADES D ESENVO LV IDAS

Com o objetivo de garantir o êxito das açõe s dese nvolvidas, o projeto Ser Criança
desenvolve o Plano de Trabalho e Avaliação (PTA), que é composto por obje tivo, objeto,
dimensões, perguntas impo rtantes, atividades, técnicas e instru mento, tempo e responsável
e, po r fim, pú blico-alvo.

Cada a tividade pen sada está diretamen te ligada a qualquer um dos objetivos que compõem
o PTA. Como temos as dimensões como espé cie de objetivos espe cíficos, apresentaremos
nossas atividades desenvolvidas dentro de suas respectivas dimensões, que são sete:
aprendizagem, comunicação, protagonismo juvenil, auto-estima, envolvimen to familiar e
comunitário, ed ucação ambienta l e edu cação em saúde.

• Dime nsão Aprend izage m

Reuniões pedagógicas

Estas re uniões acontecem quinzenalmente e são utilizada s para o estudo de situações e a


construção de MDI e PTA. Todas as açõe s realizadas no projeto Ser Criança são analisadas
por toda a equipe, que vai traçando no vos rumos a partir de suas experiências. Atualmente,

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a grande demanda tem sido em relação ao cuidado com o outro e com o meio. Para sanar
essa situa ção, foram confeccionados quatro MDI, que seguem em anexo a este rela tório.

Confecção do mural

A partir da leitura de livros e do mundo, as crianças e os adolescentes que participam do


pro jeto Ser Criança estão confe ccionando diversos murais, alguns deles tendo como tema
livros que foram lidos. Esse s murais têm o objetivo de verificar se quem leu interpretou bem
e despertar o interesse de outros pela leitura.

Outro s murais retratam experiências diversas, como a páscoa. Para essa data, o grupo de
adole scentes confeccionou um mura l com coelhos e ovos e nas rodas eles conversaram
sobre o espírito pascoal. A história envolveu tanta gente, que motivou o grupo de
adole scentes a transformar o mural em um gra nde corre io elegan te. O resultado foi um
mural rep leto de cartões confeccionados com papel reciclado, contendo desejos de
felicidades e realizações. Esse é, sem sombra de dúvida , um dos pontos luminosos que
desejamos ressaltar em todos que convivem nesse espa ço.

Contação de história

Os momentos de contação de história têm o objetivo de contribu ir com o desenvolvimento


da linguagem e da argumentação . As histórias tratam de temas variados e possibilitam às
crianças o acúmulo de informações. Uma das histórias de maior destaque neste trimestre
não foi selecionada de nenhum livro literário, mas do conhecimento d os educadores sobre a
natureza.

Em rod a, um dos grupos pôde descobrir como os pássaros ficaram coloridos. Contamos
com a pre sença de um dos visitantes para contribuir com a história. As crianças acha ram
mágica a forma como o mundo dos pássaros ficou mais bon ito e, para cuidar melhor deles,
foram colocadas casas de passarinhos na região do lago. T extos e desen hos também foram
confe ccionados pelas crian ças, que transformaram o mural em um verdade iro acervo de
história e con hecimento sobre os pássaros.

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Oficina de leitura

Esta atividade tem sido desenvolvida com o objetivo de privilegiar a leitura . Atualmente, o
Ser Criança conta com um acervo de aproximadamente 2.000 livro s e isso contribui para
que o desenvolvimento lingüístico seja alcançado. Uma das experiên cias desenvolvidas são
as rodas de leitura. Alguns grupos estão levando para a roda livros de leitura curta e cada
um lê e conta p ara o grupo o que entendeu e o que mais gostou da h istória. Dependendo da
faixa etária, alguns grupos confeccionam desen hos sobre as histórias e montam murais
sobre os livro s.

Além da leitura de livro s literários, as enciclopédias também têm sido utilizada s para auxiliar
as atividades desenvolvidas pelos grupo s. A leitura das enciclopédias tem auxiliado
principa lmente nas discussões voltadas para o tema da saúde. Nas oficinas, os gru pos
conversam sobre higiene e os agentes de promoção de doenças. Os micróbios têm sido a
verdadeira descoberta das crian ças nas enciclopédias.

Sessão de cinema

As sessões de cinema são momentos de grande reflexão. Essa atividade é desenvolvida


com a parceria do Te lecen tro Caminhos do Rosa, que disponibiliza o material necessário.
Os filmes utilizados têm o objetivo de discutir as re lações entre as pessoa s. Com isso,
conseg uimos estabelecer uma relação entre as ações rea lizadas nas brincadeiras e as
demais atividade s desen volvidas no projeto, a fim de propo rcionar momentos de reflexão-
ação -reflexão. O resultado dessa ação tem sido a queda dos índices de violência entre as
crianças.

• Dime nsão Socialização

Brincadeiras

É durante esse momento que as crianças podem exercitar o re speito e o companhe irismo.
Essas atividades acon tecem diariamente e contam com o envolvimento de todos do projeto.
São realizadas brincadeiras voltadas para o desenvolvimento do cognitivo, todas
acompanhadas e avaliadas pelos educadores. As brincadeiras também são selecionadas,
visando motivar as crianças a descobrir um pouco mais sobre a cultura local de brincar.

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Intercâmbios

Tivemos neste trimestre diversas visitas, todas com o objetivo de conhecer a nossa
metodologia e reaplicá-la. Um de nossos visitantes foi o universitário Rui, aluno do curso de
Música da URJ. Ele esteve nos visitando para colher experiências para o desenvolvimento
de sua monografia. O tema escolhido é “como a música pode contribuir para a educação”.
Recebemos também a visita de Ana Tereza e Marilake, da Venezuela, Gisele, de São
Paulo, e Arthur, de Belo Horizonte . São edu cado res que passaram um p eríodo maior e ntre
nós para compreende r na prática o que teoricamente já conheciam.

Com as visitas, podemos não só compartilhar um pouco o nosso conhecimento, como


também a prender muito. O Rui, por exemplo, aguçou o desejo de criação de uma bandinha
no projeto. As primeiras oficinas já estão acon tecendo e alguns instrumentos foram
confe ccionados, como chocalhos e violões de corda. As crian ças estão também escrevendo
versos e já temo s a data para a primeira apresentação da bandinha na roda: abril será o
mês de estréia.

• Dime nsão Comunicação

Jornalzinho

Esta atividade tem o objetivo de garantir a divulgação das açõe s desenvolvidas pelo projeto
Ser Criança. A confe cção do jornalzinho encontra-se sob a coordenação do grupo de
adole scentes, que está pesquisan do sobre o formato a ser dado ao informativo. Algumas
pesquisas mais ligadas ao sertão definiram o formado típico do sertanejo: o Jornal de
Cordel.

Para contribuir, todos os demais grupos do projeto estão produzindo mensalmente artigos
para o jornalzinho. O objetivo é dar maior din amismo às informações, contribu ir com a
aprendizagem e lincar atividade s que possivelmente estejam soltas.

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• Dime nsão Protagonismo Juvenil

Gincanas

As gincanas são atividades desenvolvidas com o objetivo de promover o protagonismo


juvenil. Elas vêm proporcionando aos adole scentes a oportunidade de discutir temas
complexos, como honestidade, re spon sabilidade, direitos e deveres. Realizamos apenas
uma neste trimestre, mas a rep ercussão foi positiva. O grupo de crianças ado rou a
atividade: alé m de a tingir seu ob jetivo, a gincana proporcionou alegria e harmonia.

Monitoria

Esta atividade vem sendo o caminho encontrado pa ra garantir que os adolescentes ampliem
seus conhecimentos a respeito da metodologia do projeto, além de possibilitar a re flexão
sobre responsabilidade e cuidado com o espa ço e com o outro. A experiência ainda é
pequena, mas já vem produzindo resultado s. Atualmente, temos três monitores no período
da manhã, que coordenam a brinquedoteca. Até o momento, estão confeccionando
brinquedo s e buscando dar um cará ter mais dinâmico às atividades desenvolvidas nesse
espa ço.

Tudo o que é produzido é levado para as rodas. É a roda que permite que as outra s
pessoas reflitam e aprendam o quando são capazes de criar seus próprios brinquedo s.
Ta mbém está sendo possível perceber uma melho ra significativa no comportamento de
Petrônio, um dos mon itores, que realmente assumiu o espa ço. Até pou co tempo, ele era
visto co mo um garoto problema e atualmente tem mostrado seu lado luminoso para todos.
Como próximo passo, estamos pensando em direcion ar e ampliar a s discussões, para que
os monitores co mpreendam como o brincar pode influenciar na aprend izagem d as pessoas
e como é importante garantir que outras crianças possam brincar. O objetivo dessas
conversas é ultrapassar os muro s do projeto usando a brinquedoteca.

Construção de cron ogramas

As constru ções de cro nogramas acontecem semanalmente, em geral nas segundas-feiras.


Os cron ogramas corre sponde m às atividades que serão desen volvidas diariamente ou em

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determinado s momentos do dia. Atualmente, são confeccionados para defin ir quais
brincadeiras serão desen volvidas e qual será a oficina de cada dia.

Estamos também discutindo sobre a alimentação do projeto, que será o próximo instrumento
a ser utilizado para a promoção da autonomia das crianças e dos adolescente s. Além de
possibilitar que as crianças e os ad olescen tes se ap ropriem do espaço, as atividades ligadas
à alimentação desenvolvidas junto às crian ças e aos adolescentes têm favorecido a
elevação do grau de satisfação de quem está d iariamente n o pro jeto Ser Criança.

Rodas de avaliação

Juntamente com a monitoria, estamos constantemente re alizando rodas de ava liação. Essas
rod as têm como objetivo re fletir sobre a prática, para que assim haja correções de rumo e
transformações. Na s últimas avaliaçõe s, o gru po tem despe rtado nos demais participantes
do projeto o interesse em ser monitores. A demanda tem apre sentado o desejo de monitorar
a área de jogos. O grupo ainda está conhecendo o Bornal de Jogos e provavelmente essa
será a p róxima área a ter mon itores.

• Dime nsão Auto-estima

Bornal de Jogos

Diariamente, as crianças e os adolescentes estão utilizando os jogos do Bornal. A ação é


um complemento ao que a escola formal propõe . São confeccionados e utilizados jogos de
estímulo à leitura , ao desenvolvimento do raciocínio lógico e também de apropriação do
meio a partir de contos, mitos e len das da região.

Com a descoberta das capacidades, espe ramos que as crian ças e os adolescentes elevem
sua auto-estima e assim modifiquem o seu comportamento diante do mundo. Ser capa z de
criar e recriar é a grande oportunidade que essa atividade tem gerado.

Brinquedo teca

Com a Brinquedoteca, trabalhamos a elevação da auto-estima, além da descoberta da


capa cidade de criação dos próprios brinquedos pelas criança s e pelos adolescentes do

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pro jeto. Estão sendo produzidos diversos brinquedos: enrola-bola, bolas de que imada,
boliche, fantoches, bilboquês, bo necas, robôs, móbiles, carrinhos etc.

Além da elevação da auto-estima pela de scoberta de que são capazes de criar, as crian ças
também estão sendo direcionada s para o desenvolvimento de suas inteligências, como a
inteligência matemática ou o raciocínio lógico, po r exemplo. Usando os cálculos geométricos
exigidos para a confecção de um jogo de prego, a criança ou o adolescente começa a
pra ticar teorias que já aprendera m ou que iriam apre nder na e scola formal.

A boa relação entre os participante s também tem sido outro ponto acompanhado pelos
educadores que desen volvem essa atividade com crianças e ado lescentes. Como as
oficinas e xigem que haja companheirismo na confecção dos brinquedos, isso tem
melhora do a relação entre ele s, resultando em melhor socialização .

• Dime nsão Envo lvimento Familiar e Comunitário

Reunião de pais

Neste trimestre , tivemos nossa primeira reunião de pais, que contou com a presen ça de
aproximadamente 80% dos responsáveis pelas crianças e pelos adolescentes a tendidos. A
reu nião teve como objetivo conversar sobre a proposta de trabalho para o ano de 2008.
Como alguns pais levantaram algumas questões que gostariam de compree nder, como a
org anização do espa ço e a confecção do alimen to, apresen tamos a eles a função
pedagógica de utilizar esse instrumen to para gerar educação.

A conversa ampliou o foco com a disposição de alguns pais em contribuir e aprender um


pouco sobre as tecnologias que utiliza mos para educar. Já estamos preparando um
cronograma de enco ntros para que esse desejo seja atendido.

Envolvimento e scolar

Este ano, esta ação ainda é embrionária. Contamos com a visita do grêmio da Escola
Estadual São Ge raldo, que veio apreende r sobre a técnica da permacultura. O ob jetivo é dar
início à construção de pequenos habitats. As tecnologias de cultivo já estão sendo utilizadas
pelo colég io, que também criou um espaço para a prática das teorias aplicadas em sala.

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• Dime nsão Educação Ambie ntal

Oficina de horticultura

A horta do projeto é um espaço de constante busca por alternativas que gerem pro dução
sem degradação. Nesse espaço, utilizamo s como princípio a permacultura, tecnologia de
pro dução permanente que valoriza o qu e cada ecossistema oferece.

A participação das crianças e dos ado lescentes do projeto nessa oficina visa discutir
questões voltada s para a responsab ilidade no manejo da terra e nas p ossibilidade s que ela
nos oferece. Neste trimestre, foram oferecidas algumas lições importantes, como a
utiliza ção de cobertura morta, a confecção de cante iro s no sistema de fechadura, o
minhocário e a geração de mudas.

Além das conversas sobre consciência ambiental, algumas ações possibilitaram, no caso
das crianças men ores, o desenvolvimento da coordenação motora. Com os adolescentes e
as crian ças maiores, foram trabalhado s conceitos mais complexos, como horta orgânica,
microecossistemas, nascimento de ecossiste mas, rec iclagem de água e utilização de
alternativas para a urban ização, como a tinta de terra.

Cuidado com o espaço

Esta atividade tem acon tecido diariamente e todos participam do cuidado e da limpe za do
espa ço. Acompanhado por seu educador e d ividido po r faixa etária, cada grupo tem um local
de respon sabilidade que deve cuidar e manter limpo .

Essa experiência tem resultado em boas ro das de conversa a re speito do cuidado com o
espa ço que utiliza mos, além da responsabilidade com o meio ambiente. A queda
significativa na degradação da o rnamentação tem sido o principal resultado evidenciado por
todos, juntamente com as quedas nos índ ices de violência verbal.

Outra ação desenvolvida pelas crian ças e adolescentes do projeto é a Farmacinha. Essa
atividade consiste na manipulação de ervas para a produ ção de alguns med icamentos. O
conh ecimento e a tecno logia são pesquisados na própria comunidade: mãe, avós e até

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bisavós tê m contribuído com o aumento de n osso acervo de conhecimento. Juntamente com
a descoberta do poder das plan tas, a lgumas crianças têm respondido com melhora da auto-
estima, uma ve z que estão descob rindo como é rico o ambiente em que vivem e também o
quan to é valioso o saber de seus familiares.

Dentro da Farmacinha, as crianças e os adolescentes também têm a oportunidade de


aprender sobre outros conceitos impo rtantes para seu dia-a-dia. Para garantir um bom
trabalho, os grupos também estão produzindo os rótulos para seus medicamentos, o que
tem gerado d iscussões sobre datas de validade e a impo rtância de verificar essa informação
na hora de utilizar um produto ou comprá-lo, interligando essa atividade a outra dimensão d e
nosso PTA.

Te lecentro

Outro instrumento utilizado para subsidiar o s trabalhos desenvolvidos pelo Ser Criança é o
Te lecentro , projeto desenvo lvido pelo CPCD e que consiste em po ssibilitar a inclusão dig ital.
Além de atender ao objetivo proposto pelo projeto, o Telecentro também vem contribu indo
para subsidiar as pe squisas sobre permacultura.

As crian ças passara m a apresentado maior interesse sobre o tema depo is que começamos
a utilizar a Internet como fonte de pesquisa. Elas já compree ndem e estão reproduzindo
experiências que encon tra ram nessas pesqu isas. A primeira será a construção de um
segu ndo lago.

Reciclagem de papel

Outra atividade desen volvida dentro do Ser Criança é a reciclagem d e papel, nossa primeira
experiência em sustentab ilidade. Há alguns anos, estamos reciclando papel utilizando
pro dutos químicos, como o CMC. No ano passado, com ajuda de educadores do projeto
Sementinh a de Santo André (SP), passamos a reciclar o pap el utilizando apenas cola
bra nca não tóxica.

Essa discussão teve continuidade em alguns grupo s e o último resultado foi re ciclar o papel
utilizando apenas o próprio papel e fibras natura is. O pigmento também foi substituído por
tinta extraída de plantas. Hoje conseguimos produzir papel verde usando a bardana, planta

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da região, e papel creme feito com a utilização do urucum. Estamos testando também novos
tons: o amarelo com o açafrão e a possibilidade d e rosas e lilás com flores.
Com essa atividade, as crianças e os adolescentes do projeto têm a oportunidade de
conversar sobre sustentabilidade e ecolog ia. Para subsidiar as conversas, estão sendo
levadas para as rodas enciclopédias, cujas ilustrações e textos estão contribuindo para a
melhor compreensão d o que está sendo praticado.

Tin ta de terra

Visando aprofundar nossas discussões sobre meio-ambiente, desen volvemos oficinas com
tinta de terra. A ação contou principalmente com os pontos luminosos de alguns
adole scentes, que desenvolveram os layouts. Para a confecção da tinta, estamos utilizando
gru de. A idéia é desenvolver ações a baixíssimo custo e com gran de responsab ilidade
ambiental. Além disso, também estamos discutindo a importância do bem-estar e como é
fundamental a estética.

• Dime nsão Educação em Saúde

Fa rmacinha

Buscando possibilitar às crian ças e aos adolescentes discussões sobre saúde, realizamos
algumas oficinas sobre manipulação de ervas. Além de conversas sobre consciência
ambiental, também pode mos trabalha r questões valiosas sobre saúde . Dura nte a
manipulação, algumas situaçõe s serviram para refletir sobre como produzir remédios com
total segurança. Na rod a de conversa, algumas crianças demonstraram receio em fazer
remédios, com medo de que as pessoas que os ingerissem passassem mal ou até mesmo
morre ssem. Para sanar esse problema, foram desen volvidas pesqu isas sobre os cuidados
na manipulação das ervas e também sobre o uso de cada planta .

As atividade s ainda estão em andamento, mas já obtivemos grandes resultados. Um deles é


o cuidado com a esterilização dos vasilhames a serem utilizados no armazenamento. O utro
resultado intere ssante é o cuidado e a preocup ação em se utilizar tou cas, máscaras e luva s,
sempre que necessário para a man ipulação das ervas.

Além do cuidado com o que se produz, a oficina também ve m tendo a preocu pação com a

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geração de saúde mental, a partir do cuidado un s com os outros. Algumas conversas giram
em torno do tema “banalidade” e de como isso está influen ciando a relação das pessoas.
Essas conversas estão levando adolescente s e até mesmo algumas crian ças mais jovens a
pensar sobre algumas atitudes, de cidindo não pra ticá-las mais.

Mutirão de limpeza

Esta atividade foi realizada apó s algumas re fle xões sobre o estado em q ue o espa ço físico
do projeto estava ficando a o fim d o dia. Quando o problema foi debatido na roda, crian ças,
adole scentes e educadores resolveram fazer um mutirão de limpeza. Fora m re colhidos
diversos objetos, de sde garfos a papéis de bala. Tudo foi levado para o centro da roda, onde
começamos a con versar sobre o que fazer com tanto lixo.

Alguns materiais foram lo go separados para a produção de brinquedos; o utros, infelizmente,


foram para o lixo. Ao fim, surgiu uma grande pergunta: por que não fazer coleta seletiva e
doar para o grupo de catadores de materiais recicláveis o material que não conseg uimos
reciclar, reutilizar ou reaproveitar?

A roda de conversa agora gira em torno do desenvolvimento e da confecção do material


necessário para que isso acon teça. Hoje, estamos na fase de acumulação de materiais,
para que possamos realizar a coleta seletiva do projeto.

Oficina de saúde bucal

Esta atividade é realizada em parceria com o Núcleo Odon tológico. Diariamente, as crian ças
participam d e um momento de escovação e, em encontros mensais, uma den tista nos visita
para passar flúor. Além desse trabalho, também foram doadas escovas para todas as
crianças, que puderam dar continuidade ao que aprende ram em casa.

G ERENCIAMENTO DO PROJETO

Atualmente, o projeto Ser Criança conta com um coordenador, três educadores do CPCD e
sete educadores cedidos pela Prefeitura Municipal de Curvelo.

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INDICADORES DE ÊXITO

• Índices Quantita tivos

Produto Unid Qu ant. Crianças


Envolv idas

Brinquedos unid. 250 161

Medicamentos kg 2 159

Orna mentos unid. 100 140

Lago s unid. 1 27

Filmes assistidos unid. 7 104

Receitas feitas unid. 12 160

Livros lidos unid. 40 160

Papel reciclado kg 20 140

Oficinas de tinta de terra unid. 5 27

Jogos utilizados unid. 14 160

Monitores unid. 3 35

Gincanas realizadas unid. 1 54

Artigos pa ra jornal unid. 24 161

Intercâmbios unid. 8 161

Teatros unid. 1 21

Oficinas de escovação unid. 3 161

Brincadeiras unid. 44 161

Reuniões de edu cado res unid. 6 0

Oficinas de contação de história unid. 5 59

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• Índices Qua litativos

Estes são os principais indicado res de êxito do projeto:

- Inovação na construção de b rinquedos.


- Melho ra da saúde e do peso das crian ças.
- Espaço b onito e mais bem conservado.
- Melho ra do clima resultante da constru ção de lagos no galpão do projeto.
- Maior reflexão sobre o tema socialização por meio de filmes.
- Mud ança de hábitos alimentares.
- Melho ra da leitura.
- Diminuição na produção de lixo.
- Apropriação de tecnologias para o manejo responsável da terra .
- Criação de alternativas para a produção de materiais como tinta e cola à base de
materiais que não agridem o ambiente.
- Reciclagem de papel a custo zero.
- Queda dos índices de violência física e verb al.
- Formação de três monitores.

INDICADORES DE D IFICULDADE

Nosso maior desafio no momento é tornar o projeto Ser Criança altamente sustentável.
Estamos caminhando nessa linha e nossa primeira experiência de sucesso foi reciclar papel
utilizando zero de cola e pigmento natu ral para tingi-lo. Estamos re duzindo também os
custos com materiais. Em comparação com o ano passado, conseguimos reduzir em 50%
os ga stos.

Nossos próximos passos serão estud ar cardápios nutritivos e baratos e criar a possibilidade
de reciclar água, pois alimentação e água representam hoje nossos dois maiores custos.

BREV E SÍNTES E

Garantir que crianças e adolescentes tenham momentos de aprend izagem tem sido nosso
maior objetivo. Para alcançá-lo, estamos utilizando todos os conhecimen tos populares das

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comunidades atendidas pelo projeto Ser Criança. Alguns resultados já são visíveis; outro s
ainda são sonhos que estamos buscando tornar re alidade . O que para nós se tornou
fundamental é não perder a prática de refletir, agir e refletir. Só assim poderemos garantir
que o nosso trabalho atinja, a cada dia, melhores resultados.
ANEXOS

• Dados quantitativos da horta

Fe vereiro

Produto Unid. Qu antidade

Cenoura kg 25

Mandioca kg 250

Mamão kg 50

Cebolinha kg 10

Abóbora kg 62

Banana kg 198

Beterra ba kg 15

Rúcula kg 12

Quiabo kg 80

Total kg 702

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Março

Produto Unid. Quantidade

Cenoura kg 32

Mandioca kg 200

Mamão kg 20

Cebolinha kg 10

Abóbora kg 89

Banana kg 168

Mostarda kg 5

Rúcula kg 16

Limão kg 18

Mexerica kg 45

Abacate kg 4

Quiabo kg 76

Alface kg 2

Almeirã o kg 5

Ora-pro-nobis kg 2

Bertalha kg 2

Total kg 794

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• PTA - Plano de Trabalho e Ava lia çã o - Proje to Se r Criança - 2008

OBJETIVO : promover o desenvolvimento i ntegral da criança e do adolescente

A TIVIDADE S,
PERGUNTAS INDI CADORES E
OBJETO DIM ENSÕES TÉCNI CAS E PÚBLI CO ALVO TEMPO E R ESPO NS ÁVEL
IMPORTANT ES EVIDÊ NCI AS
INSTRUM ENTOS
1 - C omo conhecer 1 - Brincadeiras, - Boas conversas - Crianças - A no de 2008
cada c riança? passeios, visitas às nas rodas. - Adolesc entes
casas, rodas de - Rodas - E ducadores
Socializa ção conversas. praz erosas.
- Maior interesse..
2 - C omo promover 2 - Oficina de - Mudanç as de
a socializ aç ão entre brinquedos, jogos, comportamento.
as crianças? dinâmic as e t eat ros.

1 - C omo discutir a 1 - Escovação. - Elevação da aut o- - Crianças - A no de 2008


saúde nas estima. - Adolesc entes
atividades diárias ? - E ducadores
De se nvolvimento
promovido 2 - C omo trabalhar 2 - Oficina de - Boa aparência e
a saúde i ntegral belez a e cuidado. cuidado com o
das crianças ? corpo.
Saúde
3 - C omo promover 3 - Confecç ão do - Mudanç as nos
uma alimentaç ão almoç o com as hábit os alimentares
saudável? crianç as e mural e
informati vo. mais qualidade de
4 - C omo trabalhar vida.
a higiene e o 4 - Vídeos,
cuidado? pesquis as, trabalho
com os pais.

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1 - C omo despertar 1 - Hort a, ofici na de - Trans formação da - Crianças - A no de 2008
o interess e pelas permacult ura, ambiente. - Adolesc entes
questões confecç ão de - Pais - E ducadores
Con sciência ambientais? jardins, enc ontro - Maior consciênci a
ambie ntal com os pais. ambiental.

2 - C omo promover 2 - Ornament ação - Ações coerentes


a consciênci a do es paço, muti rão com o meio em que
ambiental e o de lim peza e se vive.
cuidado? passeios.

1 - C omo promover 1 - Oficina de - Partici pação e - Crianças - A no de 2008


De se nvolvimento a aprendizagem const rução de utiliz ação de - Adolesc entes
promovido lúdica? brinquedos, horário brinquedos e jogos. - E ducadores
de brinc adeiras
coleti vas. - Melhoria na leitura
e maior
2 - C omo despertar 2 - Oficina de interesse pelos
Aprendiza gem o interess e pelos const rução de livros.
lúdica jogos? jogos.
- Incl usão digital.
3 - C omo cont ribuir 3 - Jogos, dever,
para a melhoria da contação de - Maior agilidade
aprendizagem? histórias, teatro, com o dever.
visitas à Biblioteca
e ao Telec ent ro,
reunião com os
pais.

Projeto Ser C riança - Curvelo /MG 18


1 - C omo valorizar 1 - Rodas de bate- - Valorização de - Crianças - A no de 2008
a cultura e a papo e c ontaç ão de Curvelo. - Adolesc entes
identidade histórias. - E ducadores
sertaneja? - Gost o pela
literatura.
2 - C omo trabalhar 2 - Causos, leitura
o escritor de livros e visitas - Maior
Guimarães Rosa no ao Telec entro. conhecimento.
De se nvolvimento Identidade cultural noss o dia-a-dia?
promovido - Manifestações de
3 - Que atividades 3 - Culinária, planti o alegria.
contribuem para o de mudas,
fort alecimento dos passeios,
valores? const rução e
pesquis a de
brinquedos e
brincadeiras, film es,
bornal de li vros e
algibeiras, músic as.

Projeto Ser C riança - Curvelo /MG 19


• MDI - Mane iras Dife rentes e Inovadoras

De quantas mane iras dife rentes e inovadoras pode mos promove r o desenvo lv imen to das inteligências das crianças e adolescen tes?
Ação Data Responsáve l Resultado
Produção de jogo s Diário Grupos do Projeto Ser Criança Raciocínio lógico e lingu ístico dese nvolvido
Monitoria Maio/2008 Educadore s Reginalda e Valdiléia Adolescentes protagonistas
Campeonato de Jogos 1ª quinzena d e maio Educadores Apropriação dos jogos pelas crianças e
adolescente s
Banco de Jogos Maio Educadora Macelina Envolvimento de outras instituições
Mala de histórias semanal Educadora Macelina Envolvimen to escolar

Projeto Ser C riança - Curvelo /MG 20


De quantas maneiras diferentes e inovadoras pode mos promover a diminuição dos índices de violênc ia verbal e física entre as crianças e
adolescen tes?
Ação Data Responsáve l Resultado
Remontagem da 26/04 Gru pos do Ser Crian ça Socialização
brinquedoteca
Oficinas de tinta de semanalmente Grupo de adole scentes - AFFAB Socialia zação
terra
Oficina de construçã o 22 a 26/04 Grupo de adolescente d a educadora Magna
de brinquedos
Leilão de brinquedos Junho Gru pos do Ser Crian ça
E xposição de Diário Grupos Ser Criança
Brinquedo s
Amigo Oculto de Junho Gru pos do Ser Crian ça
brinquedo s
Gincana para Maio Grupos Ser Criança
arrecadação de
sucatas
Criação do livro de Outubro Educadores
brinquedo s

Projeto Ser C riança - Curvelo /MG 21


De quantas mane iras diferentes e inovadoras pode mos contribuir para a fo rmação de uma conciência ambienta l e m prol de sua
prese rvação?
Ação Data Responsável
Oficinas de produção de med icamentos semanal Grupos do Ser Criança
Confe cção de cardápio mensal Grupos do Ser Criança
Oficinas de tinta de terra semanal Grupos do Ser Criança
Oficinas com os pais semanal Educa dora Macelina
Coleta seletiva diário Grupos Ser Criança

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