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CAPíTULO 4

O SISTEMA DE ECONOMIA DE MERCADO


A bolsa de valores - isto é, o mercado de valores - é um bom exemplo de como funciona a economia capitalista ou
economia de mercado. É o local onde se reúnem muitos indivíduos para realizar operações financeiras (comprar e
vender ações e outros títulos).

A ação conjunta dos agentes determina as cotações,. isto é, os preços.

4.1 O FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE ECONOMIA DE MERCADO

o funcionamento de uma economia capitalista ou de mercado, como é o caso da economia brasileira,


está baseado em um conjunto de regras, pelo qual se compram e vendem bens e serviços, assim como
os fatores produtivos (Esquema 4.1).
. Mercado é toda instituição social na qual bens e serviços, assim como os fatores produtivos, são
trocados livremente.

Alguns mercados são lugares reais onde as pessoas vão comprar bens, como, por exemplo, o
CEAGESP em São Paulo, e os mercados centrais de frutas e verduras que existem na maioria das
cidades.

Esquema 4.1 Fluxo de bens e serviços e dos fatores produtivos e dos pagamentos monetários.
Em outros casos, como ocorre no mercado de jogadores profissionais de futebol ou de
basquete, ou no caso de títulos da dívida pública, poucas pessoas realizam, por telefone, a maior parte
da atividade. Há ainda mercados menos organizados, como o de locação de imóveis ou de automóveis
antigos.

Todavia, o essencial de todo mercado é que os compradores e vendedores de qualquer bem


ou serviço entram livremente em contato para comercializa-lo. Sempre que isso ocorre, podemos
dizer que estamos diante de um mercado.

4.1.1

OS MERCADOS E O DINHEIRO

Tal como indicamos no item 3.2.2, foi graças à existência do dinheiro que o intercâmbio tomou-se
indireto: um bem ou serviço se troca por dinheiro, que se troca depois por outros bens ou serviços. A
forma indireta de realizar a troca nas sociedades capitalistas pode ser esboçada da seguinte forma: os
membros das famílias em idade de trabalhar trocam seu trabalho por dinheiro, que, posteriormente,
trocam por bens de consumo. A empresa contratante venderá sua produção trocando bens por
dinheiro, e parte do dinheiro que entra destina-se a pagar os empregados, isto é, trocará o dinheiro por
trabalho (Esquema 4.1).

Assim, pois, em todo mercado, existem dois tipos de agentes bem diferenciados: os
compradores e os vendedores.

TEXTO DE APOIO
O livre mercado: fantasia ou realidade (1)

A idéia de um mercado livre, de alguma maneira à margem da lei, é uma fantasia. O mercado não foi
criado por vontade divina. É uma criação humana, é a totalidade, em constante transformação, do
conjunto de critérios sobre os direitos e as responsabilidades individuais. O que é meu? O que seu?
Como definimos e combatemos as ações que ameaçam esses critérios: o furto, a força, a fraude ou a
negligência? O que devemos e o que não devemos comercializar (drogas, sexo, votos, bebês)? Como
devemos fazer cumprir essas decisões e que penas devem ser aplicadas às transgressões? À medida
que uma cultura acumula respostas a essas perguntas, cria sua versão de mercado.

Essas respostas não se encontram na lógica ou na análise somente. Diferentes culturas em diversas
épocas têm respondido de maneiras distintas. As respostas dependem dos valores assumidos por uma
sociedade: a importância dada à solidariedade, a prosperidade, à tradição, à religiosidade etc. Nas so-
ciedades modernas, o governo é considerado o agente principal, pois define e faz cumprir as normas
que estruturam o mercado. Os juízes e os legisladores, assim como os executivos e administradores
do governo, alteram e adaptam interminavelmente as regras do jogo; quase sempre de forma tácita,
porém sempre sob a vigilância e, às vezes, sob a mão de interesses afetados pelos resultados de
determinadas decisões.

(1) Robert B. Reich: "Sobre mercados e mitos". Commentary, fevereiro, 1987.


4.1.2 OS MERCADOS E OS PREÇOS

Os compradores (demandantes) e os vendedores (ofertantes) entram em acordo sobre o preço de um


bem (ou serviço), de forma que se fará a troca de quantidades determinadas do bem por uma
quantidade de dinheiro, também determinada.
. O preço de um bem é sua relação de troca pelo dinheiro, isto é, a quantidade de reais
necessários para obter em troca uma unidade do bem.
Fixando preços para todos os bens e serviços (O mesmo ocorre no caso dos fatores), o
mercado permite a coordenação dos compradores e dos vendedores e, portanto, assegura a viabilidade
de um sistema capitalista de mercado.

o livre jogo da oferta e demanda é uma peça-chave no funcionamento de toda a economia de


mercado.
Por isso, vamos analisar como funciona o mecanismo de oferta e demanda de bens ou
serviços individuais, em um mercado no qual existem muitos demandantes e ofertantes. Esse tipo de
mercado será denominado mercado competitivo ou de concorrência perfeita (ver item 11.1).

4.2 A DEMANDA

A simples análise da realidade nos diz que a quantidade que um indivíduo demandará de um bem,
num momento determinado do tempo, dependerá de seu preço.
Quanto maior o preço de um bem, menor será a quantidade que cada indivíduo estará
disposto a comprar. Alternativamente, quanto menor o preço, maior será o número de unidades
demandadas.

Logicamente, para cada indivíduo, a demanda de qualquer bem - digamos, por exemplo, o
número de laranjas na semana - não dependerá apenas do preço das laranjas, e sim de uma série de
fatores (ver Capítulo 10), dentre os quais se destacam os gostos ou preferências, a renda disponível e
o preço de outros bens relacionados com as laranjas, como, por exemplo, as maçãs.
Para simplificar a exposição, suponhamos que todos esses fatores, excetuando o preço das
laranjas, permaneçam constantes. Neste caso, obtemos o que se denomina em economia de Curva de
Demanda Individual, isto é, a relação existente entre o preço das laranjas e sua quantidade
demandada, por parte de um indivíduo, durante um período de tempo determinado.

Se somamos para cada preço as quantidades de laranjas que cada um dos indivíduos estaria
disposto a comprar, obtemos a Curva de Demanda de Mercado de laranjas.

. A curva de demanda de mercado mostra a relação entre a quantidade demandada de um bem por todos
os indivíduos e seu preço, mantendo constantes outros fatores (gosto, renda, preço de bens
relacionados).
O Quadro 4.1 representa a relação existente entre os preços de venda das laranjas e a
quantidade em quilos demandada pelos consumidores numa semana.
Quadro 4.1 Tabela de demanda de laranjas.

Preço por quilo Quantidade demandada


(reais) (milhares de quilos por semana)
A 10,00 20
B 7,00 50
C 4,00 80
D 2,00 110

E 1,00 130

Assim, se o preço for R$ 10,00, serão demandados 20 kg na semana; se o preço for R$ 7,00,
o número de quilos de laranjas demandadas na semana será 50.
A tabela de demanda (Quadro 4.1) e, em termos gráficos, a curva de demanda (Figura 4.1)
oferecem informação sobre a quantidade de laranjas que os consumidores poderiam adquirir a
diferentes preços.

. A tabela e a curva decrescente de demanda mostram que quanto maior o preço de um bem, menor a
quantidade desse bem que os consumidores estariam dispostos a comprar. Paralelamente, quanto mais
baixo o preço do bem, mais unidades serão demandadas.

Existem duas razões que explicam o aumento do preço das laranjas e a diminuição da
quantidade demandada por todos os consumidores. Por um lado, quando aumenta o preço das
laranjas, alguns consumidores deixam de comprá-las, substituindo por outros bens - por exemplo, as
maçãs. Outros consumidores reduzem a quantidade do produto, porque, no caso, as laranjas
encareceram em relação a outros bens e porque a elevação do preço reduziu o pode de aquisitivo de
sua renda. Isso fará com que O consumidor compre menos de todos os outros bens e, em particular,
daquele que estamos considerando.

Figura 4.1 A curva de demanda de laranjas.


Para cada preço há uma certa quantidade de laranjas que os indivíduos estão dispostos a comprar,
uma vez que compram mais à medida que se reduz o preço. A curva de demanda é decrescente, tem
inclinação negativa.

4.3 A OFERTA
Do mesmo modo que a demanda, a oferta de um bem real depende de um conjunto de fatores. São
eles: a tecnologia, os preços de fatores produtivos (terra, trabalho, capital etc.) e o preço do bem que
se deseja oferecer (ver Capítulo 10). Se permanecerem constantes todos os fatores citados, menos o
preço do bem que se oferece, obteremos a relação existente entre o preço de um bem, por exemplo, as
laranjas, e a quantidade de laranjas que um agricultor desejaria oferecer por preço, por unidade de
tempo.

. A relação numérica entre o preço das laranjas e a quantidade oferecida é a tabela de oferta. A
expressão gráfica dessa relação é conhecida como Curva de Oferta Individual.
Se somamos para cada preço a quantidade de laranjas que cada um dos agricultores estaria
disposto a oferecer, obtemos a Curva de Oferta de Mercado de "laranjas".

. A Curva de Oferta de Mercado mostra a relação entre a quantidade de um bem oferecida por
todos os produtores e seu preço, mantendo constantes os outros fatores (tecnologia, preço de
fatores produtivos etc.).

A relação numérica e gráfica entre o preço das laranjas e a quantidade oferecida é mostrada,
respectivamente, na tabela e na curva de oferta (Quadro 4.2 e Figura 4.2). Como se pode observar, ao
aumentar o preço das laranjas - por exemplo, ao passar de R$ 1,00 para R$ 2,00 - a quantidade
oferecida incrementa-se, passando de 10 para 40 kg por semana.

Quadro 4.2 Tabela de oferta de laranjas.

Preço por quilo Quantidade demandada


(reais) (milhares de quilos por semana)
F 10,00 150
G 7,00 120
H 4,00 80
I 2,00 40

J 1,00 20
Figura 4.2 A curva de oferta de laranjas.

A cada preço os agricultores estão dispostos a oferecer uma quantidade de laranjas. Conforme
aumenta o preço, os agricultores aumentam a oferta de laranjas, pois os lucros obtidos serão maiores.

Tal como destacamos ao falar da demanda, a oferta não pode ser considerada uma
quantidade fixa, mas apenas uma relação entre a quantidade oferecida e o preço, o qual dita a
quantidade no mercado.

. A tabela e a curva crescente de oferta mostram como a quantidade oferecida aumenta


junto com o preço, refletindo o comportamento dos produtores.

4.4 O EQUILÍBRIO DE MERCADO

Quando colocamos em contato consumidores e produtores com seus relativos planos de consumo e
produção, isto é, com suas respectivas curvas de demanda e oferta em um mercado particular,
podemos analisar como acontece a interação entre ambos os agentes.
Isoladamente, nem a curva de demanda, nem a curva de oferta poderiam nos ,_dizer até onde
podem chegar os preços ou em que medida os planos dos consumidores e
. dos produtores são compatíveis. Para isso, devemos realizar um estudo conjunto de ambas as curvas
e proceder por tentativa e erro, analisando para cada preço a possível compatibilidade entre a
quantidade vendida e a demandada.

O Quadro 4.3 e a Figura 4.3 mostram como um preço arbitrário não consegue fazer coincidir
os planos de oferta e demanda. Apenas quando o quilo das laranjas é de R$ 4,00, a quantidade que os
consumidores planejam demandar coincide com a quantidade que os produtores planejam oferecer.
Em outras palavras, só no ponto de intersecção das curvas de demanda e oferta coincidem os planos
de demandantes e ofertantes. Ademais, somente a um preço se dá essa coincidência de planos. É o
chamado preço de equilíbrio, e a quantidade oferecida e demandada (comprada e vendida) denomina-
se quantidade de equilíbrio. Costuma-se também dizer que o preço de equilíbrio zera o mercado.
Na situação de equilíbrio igualam-se as quantidades oferecidas e demandadas. Quando o
preço é maior que o de equilíbrio, por exemplo, R$ 7,00 por quilo de laranja, a quantidade que os
produtores desejam oferecer (120 kg) excede à quantidade que os demandantes desejam adquirir (50
kg), ou seja, provoca um excesso de oferta. E, devido à pressão da mercadoria excedente, que não é
vendida, a concorrência entre os vendedores fará o preço descer até a situação de equilíbrio. Ao
contrário, se o preço é menor que o de equilíbrio, por exemplo, R$ 2,00 por quilo de laranja, a
quantidade que o demandante deseja adquirir (110 kg) é maior que a oferecida pelos produtores (40.
kg),isto é, há excesso de demanda. Nesse caso, os compradores que não obtiveram a quantidade
desejada do produto pressionarão a elevação de preços até adquirir a quantidade desejada.

. O preço de equilíbrio é aquele em que coincidem os planos dos demandantes ou consumidores


e dos ofertantes ou produtores.

Quadro 4.3

o equilíbrio de mercado.

Quantidade de- Quantidade oferta-


Preço por quilo Situação
mandada da
(reais) (1 OOO/quilo) (1 OOO/quilo) do mercado

10,00 20 150 Excedente ou excesso de oferta.


7,00 50 120 Excedente ou excesso de oferta.
4,00 80 80 Equilíbrio de mercado.
2,00 110 40 Escassez ou excesso de demanda.

1,00 130 20 Escassez ou excesso de demanda.

Figura 4.3 o equilíbrio de mercado.

Este equilíbrio tem lugar para o preço igual a R$ 4,OO/kg. Para um preço maior, a quantidade
oferecida excede à demandada, e os excedentes fazem com que o preço diminua. Em troca, para
qualquer preço inferior ao de equilíbrio, a quantidade demandada supera a oferecida, e os
demandantes insatisfeitos fazem subir o preço até a situação de equilíbrio.
TEXTO DE APOIO
Constituição e economia de mercado
A Constituição Brasileira e o Sistema de Economia de Mercado

Artigo 1º
A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estados Democráticos de Direitos e tem como fundamentos:
I-.....................
II - ..................
III-...................
IV - Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.

Artigo 5º
XIII - É livre exercício de qualquer Trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
profissionais que a lei estabelecer.

Artigo 170
A Ordem Econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim
assegurar a todos a existência da regra, conforme os ditames da Justiça Social, observados os
seguintes princípios:
I - Soberania Nacional.
II - Propriedade Privada.
III - Função Social da Propriedade.
IV - Livre Concorrência.
Fonte: Constituição Brasileira, 5 de outubro de 1988.

4.5 A ALOCAÇÃO DE RECURSOS E O SISTEMA DE ECONOMIA DE MERCADO

Para ilustrar o funcionamento do sistema de economia de mercado, suponhamos que exista uma troca
nos desejos dos consumidores, fazendo com que estes gostem mais de um bem - por exemplo, calças
jeans - e menos de outro - por exemplo, guarda-chuvas. Essa alteração pode fazer com que faltem
calças jeans e sobrem guarda-chuvas, e é pre,:isível que o preço destes caia e o das calças se eleve. As
mudanças de preços trazem uma mensagem muito clara para os empresários.

Se os preços das calças jeans estão subindo, aparecerão maiores possibilidades de lucros em
sua produção do que na de guarda-chuvas, cujo preço estava diminuindo. Portanto, haverá maior
produção de calças jeans. Esse incremento na produção de calças jeans resultará na entrada de novas
empresas para produzir calças jeans ou uma ampliação na capacidade de produção das já existentes.
Para incrementar sua produção, será necessário empregar mais trabalho e capital nessa atividade,
podendo realocar o capital existente para fabricação de guarda-chuvas. Esse realocamento dos fatores
é resultado da alteração dos preços, e terá sido feito precisamente para alcançar um dos objetivos dos
empresários: aumentar os lucros.
No sistema de economia de mercado, o essencial é que todos os bens e serviços tenham seus
preços; portanto, o tipo de ajuste descrito ocorre no mercado de bens de consumo e no de fatores de
produção. Desse modo, dispõe-se de um sistema de tentativa e erro de aproximações sucessivas a um
conjunto equilibrado de preços, mediante o qual se respondem os três problemas econômicos básicos
(o que produzir, como produzir e para quem) de forma simultânea e interdependente.

4.6 AS FASES DO PROCESSO DE ALOCAÇÃO DE RECURSOS

o processo de alocação de recursos se desenvolve mediante as três fases seguintes (Esquema 4.2):

. Os consumidores revelam suas preferências nos mercados ao comprar algumas coisas e não
outras. Os "votos" dos consumidores condicionam os produtos e assim se decide o que se deve
produzir.
. A concorrência entre diferentes produtores em busca de lucros decide como se devem
produzir os bens. A concorrência impulsiona as empresas a buscar combinações de fatores que lhes
permitam produzir o bem com um custo mínimo. Deve-se escolher o método de produção mais
adequado, tanto do ponto de vista do custo como do rendimento, pois o único caminho para fazer
frente aos preços concorrentes será reduzir os custos e adotar métodos cada vez mais eficientes.
. A oferta e a demanda no mercado de fatores produtivos determinam para quem se deve
produzir. A distribuição resultante dependerá em boa medida da distribuição inicial da propriedade,
das capacidades adquiridas ou herdadas e das oportunidades dadas pela educação.
Os preços e os mercados ajustam as ofertas e as demandas das empresas e unidades familiares. O
mercado é o ponto de contato. O que decide os votos monetários dos consumidores e os custos da produção; o
como define a competição para vender os bens com o máximo de lucros e para comprar os serviços de fatores
com o menor preço; e o para quem se determina conjugando as demandas dos fatores com as ofertas.

Deve-se salientar que, tal como se evidenciou ao estudar a alocação de recursos, existem estreitas
relações entre os mercados de bens e o de fatores. Por isso o correto seria dizer que os mercados de produtos
são os mais importantes para determinar o que produzir, e os mercados de fatores são os mais relevantes para
determinar como produzir e para quem produzir bens. Assim, qualquer alteração nas condições da oferta ou
na demanda de fatores modificará a renda dos indivíduos. Essas mudanças influirão sobre a demanda de
produtos e sobre os investimentos.
Os aspectos essenciais do processo de tomada de decisões seguido na economia de mercado e suas
vantagens são mostrados no Esquema 4.3.

Esquema 4.2 A alocação de recursos em uma economia de mercado.

Os mercados de produtos são os mais importantes para se determinar o que produzir, e os mercados
de fatores incidem de forma mais relevante sobre como produzir e para quem. Existem muitas inter-
relações entre os mercados e entre as três perguntas fundamentais.

Num sistema de economia de mercado o funcionamento da sociedade, desde uma perspectiva


econômica, repousa nas leis de mercado, na interação do interesse individual e na concorrência.

A "mão" invisível do mercado não somente designa as tarefas, mas também dirige as pessoas na
escolha da profissão, fazendo com que se levem em conta as necessidades da sociedade. Da mesma maneira, o
mercado regula quais são os bens e serviços a serem produzidos. A essência da economia de mercado é que
nela tudo se converte em bens e serviços com um preço e que sua oferta está sujeita a mudanças de preço.

Nesse contexto, para promover o bem-estar, os melhores meios são o estímulo do próprio interesse e
o desenvolvimento da concorrência.
Esquema 4.3 Aspectos essenciais de uma economia de mercado.

Resumo
.o funcionamento de uma economia de mercado repousa num conjunto de regras, por meio do qual se
compram e vendem os bens produzidos.
. Em todo mercado que se utiliza do dinheiro, existem dois tipos de agentes bem diferenciados: os
compradores e os vendedores, O mercado é o lugar onde ambos os agentes se põem em contato.

. O preço de um bem é sua relação de troca por dinheiro, isto é, o número de reais necessários para
obter, em troca, uma unidade do bem.

. A quantidade que os indivíduos demandam de um bem, em determinado momento, depende


fundamentalmente de seu preço. Quanto maior o preço de um bem, menor será a quantidade que os
indivíduos estarão dispostos a comprar. A demanda também depende de outros fatores, tais como: os
gostos ou preferências dos indivíduos, a renda e os preços dos bens relacionados etc.
. A oferta mostra, para diferentes preços, as quantidades que os produtores estariam dispostos a
apresentar. Quando são baixos, os preços são suficientes apenas para cobrir os custos de produção.
Nesse caso, a oferta será reduzida. Conforme aumentam os preços, cresce a quantidade oferecida.
. Preço de equilíbrio é aquele em que coincidem os planos dos demandantes e dos ofertantes ou
produtores.

. No sistema de economia de mercado, todos os bens e serviços e os fatores produtivos têm seu preço.
Os preços atuam como guia para que livremente se designem os recursos produtivos e se resolvam os
três problemas básicos: o que produzir?; como produzir?; e para quem produzir?

. Ao fazer compras, os consumidores revelam suas preferências nos mercados. Isso condiciona os
produtores e, dessa forma, decide-se o que produzir. A concorrência entre os produtores em busca do
lucro determina como se deve produzir. A oferta e a demanda no mercado de fatores produtivos
determinam para quem se deve produzir.
. Na economia de mercado, o livre funcionamento dos preços, dos bens, serviços e fatores produtivos
resolve os problemas fundamentais.

Conceitos básicos

- Mercado.
- Economia de mercado.
- Preço.
- Oferta (tabela e curva). - Oferta individual.
- Oferta de mercado.
- Demanda (tabela e curva). - Demanda individual.
- Demanda de mercado.
- Excesso de oferta.
- Excesso de demanda.
- Preço de equilíbrio.
- Quantidade de equilíbrio.
- Equilíbrio de mercado.
- Fases do processo de alocação.
Questões

1.Quem toma as decisões fundamentais em um sistema de economia de mercado?

2. Como se pode eliminar um excesso de oferta num sistema de economia de mercado? O que se pode
fazer quando há excesso de demanda?

3. O que se entende por preço de equilíbrio?

4. O que se espera que ocorra com o preço dos CD's se há nesse mercado um excesso de demanda?

5. Como se obtém a curva de demanda de um mercado?

6. ,Em que sentido a curva de demanda reflete os planos dos demandantes?

7. Por que os mercados tendem ao equilíbrio?

8. Como se inter-relacionam os mercados de produtos e fatores?

9. O que se entende por escassez?

10. Como se designam os fatores produtivos entre os diferentes mercados em um sistema de preços (ou
e economia de mercado)?
OS PAIS DA ECONOMIA Adam Smith (1723-1790)

A. Smith nasceu na Escócia. Além de línguas, estudou Ciências Morais e Políticas em Oxford. É
considerado o fundador da escola clássica. Em 1759, elaborou a Teoria dos Sentimentos Morais,
dedicando-se, a partir desse momento, mais à jurisprudência e à economia do que às doutrinas
morais.

Em 1776, publicou A Natureza das Causas da Riqueza das Nações. Sua fama foi imediata e a
reputação de Smith se estabeleceu para sempre. Pouco antes de sua morte, determinou que a maioria
de seus manuscritos fosse destruída.

Para A. Smith, a solução para o funcionamento da economia na sociedade deve ser encontrada nas
leis de mercado, na interação do interesse individual e na concorrência, uma vez que o empresário se
vê obrigado pelas forças da concorrência a vender suas mercadorias a um preço próximo do custo de
produção: é preciso ser o mais eficiente possível para manter seus custos baixos e permanecer em
condições competitivas.
A "mão invisível" do mercado não só designa as tarefas, mas também dirige as pessoas na escolha
da profissão, fazendo com que se levem em conta as necessidades sociais. Da mesma maneira, o
mercado regula quais são as mercadorias que devem ser produzidas. A essência da economia de
mercado é que nela tudo se converte em mercadorias com um preço e que as ofertas dessas
mercadorias estão sujeitas à variação de preço.

A. Smith foi o grande professor do laissez faire, isto é, da não-intervenção do governo nos
assuntos econômicos. Na sua opinião, os governos são ineficazes e inclinados a outorgar
privilégios especiais em detrimento da sociedade. Para promover o bem-estar, os melhores
meios são o estímulo do próprio interesse e o desenvolvimento da concorrência.

Na obra de Smith, a análise da troca dinâmica da sociedade baseia-se na teoria da acumulação.


Esta teoria é condicionada pela distribuição de renda entre as diversas classes sociais e, sobretudo, na
parte que cabe aos capitalistas e proprietários de terra. Não é provável que os assalariados recebam o
suficiente para permitir "excedentes" sobre suas necessidades, enquanto os outros dois grupos sociais
podiam ter fundos suficientes para financiar investimentos e para sustentar seus níveis de vida. O
excedente poderá destinar-se à ampliação do consumo, porém o resultado para a sociedade seria
melhor se esse excedente fosse poupado. Dessa forma, a renda seria convertida em fundos, que mais
tarde ampliariam a produção. Os capitalistas seriam os agentes principais por meio dos quais se
converteria a renda em acumulação. A quantidade de lucros poderia ser o determinante básico do
ritmo de acumulação e, por sua vez, da taxa de expansão econômica.

A. Smith destacou os efeitos da acumulação dos lucros dos empresários, pois se convertem em
maquinaria, o que permitirá maiores possibilidades de divisão de trabalho e de aumento de produção;
portanto, conduzirá a uma riqueza maior. Por isso A. Smith via na acumulação dos lucros o motor que
impulsiona a melhoria da sociedade.

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