Bauru, 01 de abril de 2010
Criado na Grécia Antiga, arte do riso se renova a cada dia
Hoje, as diferentes tecnologias ajudam a difundir o gênero que agrada multidões
Gabriela Ferri
O homem
é o único
ser capaz
de rir, e,
através dos
tempos, a
maneira hu-
mana de bus-
car o riso vem
se modificando e acompanhan-
do os costumes de cada época.
Exatamente por esse motivo
que o ser humano também bus-
ca novas maneiras de difundir o
humor. Os principais modos de
se produzir e divulgar o humor
são: teatro, cinema, televisão,
rádio e atualmente a internet.
Jogos de improviso ganham espaço no teatro
Novas companhias abrem as cortinas para o humor espontâneo
Paula Alves
Através de diferentes verten-
tes, o novo humor brasileiro
ganha cada vez mais espaço.
Além da sua presença constan-
te na TV e do “boom” que essa
renovação humorística teve na
internet, o teatro ganhou uma
grande força nesse cenário.
Inúmeras companhias se uti-
lizam do humor como base para
seus espetáculos, fenômeno
que vem ganhando muito des-
taque na capital e interior pau-
lista. Esse humor no teatro pre-
za pela interação com o público
e, muitas vezes, utiliza jogos de
improvisos. Os atores passam
a interpretar os personagens
que vão surgindo ao longo da
Mas é no humor teatral em
que se encontra os primórdios
do riso. O teatro tem um maior
destaque por estar presente na
vida artística desde a Grécia
Antiga, servindo de exemplo
para qualquer outro estilo que
possa surgir. É por meio do te-
atro que famosos humoristas
como Mazzaropi, Renato Ara-
gão, Felipe Xavier obtiveram
técnicas primordiais, para que
assim conseguissem compor
sua própria e “nova” forma de
fazer humor.
A respeito do gênero na in-
ternet, pode se dizer que é o
mais recente, mas é onde mais
se encontram diferentes for-
Jogos exigem muita criatividade
narração, dando continuidade a
história nascida ali mesmo, na
presença dos espectadores.
Sérgio Viana, 21 anos, faz
parte da “quadrilha” de teatro
“Notívagos Burlescos” de Bo-
tucatu, e apesar de não ser ex-
clusivamente voltada ao humor,
a companhia já realizou inúme-
ras apresentações do tipo no
3º termo - Jornalismo/FAAC - Unesp
mas de humor. Em blogs hu-
morísticos, como o Kibeloco.
com.br, encontram-se vídeos
de peças teatrais, trechos de um
programa de televisão ou sim-
plesmente o próprio link da rá-
dio para a pessoa ouvir online,
dando opção ao internauta de
escolher qual estilo humorístico
mais lhe interessa. Essa liber-
dade, segundo Antonio Tabet,
responsável pelo site Kibeloco,
acontece porque “na internet,
cada um é editor de si mesmo.”,
diferenciando-se dos outros
meios de divulgação do humor.
Ainda mais atual tem-se o
stand up, que vem alcançando
fãs por quase todo o país. Bru-
palco. Segundo Sérgio, “o
público se identifica com o
tipo de espetáculo porque
ele se vê em cena. As situ-
ações pelas quais os atores
passam são geralmente situ-
ações cotidianas”.
As brincadeiras dos jogos
de improviso podem ser
“Frases Absurdas”, “Jogo
da Troca”, “Só Perguntas”,
“Jogo da Buzina”, etc... E é na
esteira do sucesso desse tipo
de humor, que algumas com-
panhias de teatro se destacam,
lotando casas de shows e arran-
cando risos da platéia.
Para citar alguns dos mais
conhecidos, o trio “Os Im-
no Motta e Diogo Portugal,
pioneiros do formato no Brasil,
buscaram nos Estados Unidos
um novo modo de provocar ri-
sos, utilizando-se da fusão de
técnicas do teatro e da televisão.
Assim como o stand-up, no-
vas formas de humor surgiram
- e continuam surgindo. “A arte
de fazer o outro rir não pode
nunca acabar, e para isso sem-
pre vai ser necessário criar um
novo modo de humor.”, fina-
liza Carlinhos Caju, humorista
da rádio Band de Sorocaba.
prováveis”, os brasilienses do
“Os Melhores do Mundo”, e o
“Jogando no Quintal”, que nas
palavras do próprio Sérgio são
“uma espécie de competição
clownesca de improviso que
deu certo.” Um dos membros
do grupo é Marcio Ballas, que
apresenta o “É tudo improvi-
so”, na Band, e é quem “prepa-
rou” Os Improváveis.
O jogo do improviso, aliado
ao stand up, renovou boa par-
te do humor feito no teatro, e
abriu novas possibilidades para
o gênero. Para os amantes do
palco, o improviso é “um show
à parte”.

Diagramação: Gabriela Ferri
Humor se espalha pela internet
Blogs, Twitter e Youtube são as ferramentas mais utilizadas para fazer comédia
Larissa Lotufo
A internet agrega todos os
formatos de humor, seja em áu-
dio, imagem ou texto. Mas,para
Antonio Tabet, editor do site
Kibeloco.com.br, um dos maio-
res do gênero, esta é sua única
função: “A internet pode até
apresentar linguagens diferen-
tes de humor, mas o formato é
bastante parecido com o que já
ocorre em revistas e jornais.”
Outros sites, como o Humor-
tadela.com.br, são exemplos de
bons “agregadores de humor”,
pois publicam charges, vídeos e
tirinhas. Mas atualmente, o que
mais se destaca na divulgação
de conteúdo humorístico é o
Youtube, um serviço de com-
Shows de stand up conquistam os brasileiros
Comédia que faz rir do próprio dia-a-dia surgiu nos Estados Unidos
Diego Melo
Um microfone e muito bom
humor. Esta é a fórmula básica
de um dos gêneros de comédia
de grande sucesso atualmente
no Brasil: o stand up (ou comé-
dia em pé, em tradução livre).
Importado dos Estados Uni-
dos, onde já faz sucesso desde
a década de 50, o stand up vem
ganhando fãs no Brasil desde
meados de 2004.
Subir no palco e comentar de
maneira engraçada sobre o co-
tidiano parece fácil, mas não é.
“É importante ressaltar que o
stand up é uma das artes mais
difíceis por ser tão simples”,
comenta Gustavo Bortoletto,
que se apresenta há seis meses.
Por ser simples, o stand up não
Site é referência de humor na internet
partilhamento de vídeos.
Quando um vídeo é envia-
do ao Youtube, sua dispersão
é quase imediata; no caso do
humor, os comediantes têm se
aproveitado desta capacidade
para tentar atingir meios mais
possui regras; apenas alguns
requisitos. “O comediante se
apresenta sempre sozinho no
palco, sem auxílio de maquia-
gem, figurino, cenário ou trilha
musical.”, conta Gustavo.
De onde vem a inspiração
para os textos? Para Nigel Goo-
dman, comediante carioca que
faz stand up há três anos e que
já se apresentou no Programa
do Faustão, o processo de cria-
ção é natural: “As coisas acabam
vindo meio naturalmente para
mim. É o meu jeito ficar tiran-
do sarro das coisas, ironizando
as situações e reclamando de
tudo mesmo.” Para os come-
diantes, essa proximidade dos
temas dos shows ao cotidiano
Lazer
Jorn. Resp.: Mauro Souza Ventura MTB: 6235
tradicionais, como a televisão.
Com tanta coisa engraçada
para contar, como escolher o
que publicar? Tabet é prático:
“O critério é sempre o mesmo:
o que acho graça. Seja conteú-
do original ou colaborativo.”
Essa colaboração é uma das
“armas” mais poderosas para a
difusão do humor na internet.
O público dos blogs leva para
as redes sociais, como Orkut,
Facebook e Twitter, os produ-
tos humorísticos de forma se-
lecionada, de acordo com sua
preferência.
A liberdade para publicar
o que quiser abre espaço para
questionar os limites do que
Humor é simples e sem personagens
do público é o principal fator
do sucesso do gênero. “Acho
importante prestar atenção no
público, e não só subir ali e falar
qualquer coisa que você tenha
preparado para aquela noite.“,
completa Nigel.
é “engraçado” e do que é de
“mau gosto” na internet. É o
que diz o dono do Kibeloco:
“Na internet, cada um é editor
de si mesmo. O que se publica
não passa por crivos hierárqui-
cos ou censura.”.
Apesar dos “perigos”, a in-
ternet tem se firmado como
uma ótima forma de conseguir
boas gargalhadas, e até ajudado
alguns anônimos a se projetar
no meio humorístico tradicio-
nal. Porém, questionado sobre
o que é preciso para se fazer
humor na internet, Antonio
Tabet é direto: “Basta ter bom
senso”.
Mas seria o stand up o novo gê-
nero de humor de mais sucesso
no Brasil atualmente? Apesar da
“explosão” do formato no país,
com vários shows pelas capitais
e interior, Nigel vê com cautela
toda essa badalação: “Tem meia
dúzia de gente fazendo, só. Por
mais que alguns tenham conse-
guido uma projeção, não acho
que como formato de humor
a coisa tenha tomado essa pro-
porção”.
Ceticismos com o sucesso à
parte, o fato é que os comedian-
tes concordam em um ponto:
quando o assunto é rir do pró-
prio cotidiano, o stand up é, sem
dúvida, “o melhor remédio”.