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A imaturidade do bebé humano torna-o dependente dos adultos e dos cuidados dispensados
por estes para sobreviver física e psiquicamente.
O bebé é, assim, um sujeito activo que emite sinais daquilo que pretende e que responde, com
agrado ou desagrado, ao tratamento disponibilizado. O choro, o sorriso, as expressões faciais e
as vocalizações são alguns dos meios a que o bebé recorre para manifestar as suas
necessidades e obter a sua satisfação. São estratégias para seduzir os adultos, impedindo que
os abandonem.
Uma interacção equilibrada exige que a mãe interprete adequadamente os sinais emitidos
pelo bebé e que responda de forma apropriada.
No primeiro ano de vida, o bebé mantém uma relação privilegiada com a mãe, que oscila entre
a confiança e a desconfiança. A sensibilidade e a disponibilidade da mãe face às necessidades
do bebé e o prazer mútuo nas interacções que se estabelecem propiciam um sentimento
interno de segurança, que é gerador de uma confiança básica que permite ao bebé encarar o
mundo de forma positiva. Se pelo contrário, a mãe não responde às necessidades do seu filho
de forma continuada, desencadeiam-se sentimentos de ansiedade que têm consequências
negativas no desenvolvimento da personalidade, da autoconfiança e das interacções sociais
futuras.
A relação mãe/bebé inicia-se logo quando a mulher sabe que está grávida. Durante a gravidez,
fazem-se suposições e projectos relativamente à criança, que vão desde os simples passeios ao
seu futuro mais sério e longínquo. Os futuros pais devaneiam sobre como vai ser uma nova
vida com o seu filho. Constrói-se, assim, um vínculo a um bebé imaginário que se ajustará,
após ao nascimento, ao bebé real.
Relação de Vinculação
Investigação de Bowlby
Uma psicóloga canadiana que trabalhou com Bowlby e que desenvolveu a teoria da vinculação
concluiu que se a relação com os pais gera segurança, na medida em que o bebé está certo
que a relação se mantém para além da separação, a criança sente-se mais livre para descobrir
o mundo, para estabelecer outras relações. A partir de uma experiência em que a
investigadora registou o efeito da separação e do reencontro de bebés com as suas mães,
distinguiu 3 categorias de vinculação:
A qualidade das primeiras vinculações influencia as relações que a criança vai estabelecer no
futuro. Estas serão como que um modelo do que se pode esperar dos outros.
Em
Para estudar a relação dos bebés com os pais, a investigadora realizou a mesma experiência
com o progenitor masculino e concluiu que o sofrimento era maior quando a mãe deixava a
criança e a alegria maior quando ela voltava. Em idades precoces, a mãe parece mais
importante.
A figura de Vinculação
O bebé estabelece laços de vinculação com a pessoa mais próxima que permanentemente
cuida dele. Esta pessoa não terá de ser forçosamente a mãe biológica. Outros cuidadores
podem substituir a mãe: há agentes maternantes, como os pais, outros familiares e outros
elementos sociais que desempenham esse papel, funcionado como figura de vinculação.
Individuação – necessidade primária de o ser humano criar a sua própria identidade, a sua
individualidade, de se distinguir daqueles com quem mantém laços de vinculação.
A necessidade de contacto físico com a mãe ou com outro cuidador está na origem da
vinculação, sendo mais importante do que a alimentação na construção dessa relação. A
privação deste contacto humano traduz-se em perturbações físicas e psicológicas profundas
pois seria graças à relação privilegiada com um adulto que o bebé desenvolveria estratégias de
adaptação ao meio.
René Spitz designou por hospitalismo as perturbações vividas por crianças a quem falta uma
relação afectiva privilegiada com um adulto.
Esta perturbação ocorre sobretudo em crianças que estão numa instituição, privadas do
contacto com a mãe ou outros agentes maternantes, e que se manifesta por atrasos no
desenvolvimento físico e psicológico. Contudo, não se pode ser determinista dada a
característica plasticidade do ser humano. Há crianças que, apesar de sofrerem situações
muito penalizadoras, conseguem resistir e desenvolverem-se com equilíbrio. São chamadas
“crianças resilientes”.
RELAÇÕES INTERPESSOAIS
As relações que os seres humanos estabelecem entre si estão orientadas por factores de
carácter cognitivo que os levam a interpretar as situações e organizar as respostas mais
adequadas. A cognição social refere-se ao papel desempenhado por factores cognitivos no
nosso comportamento social, procurando conhecer o modo como os nossos pensamentos são
afectados pelo contexto social imediato e como afectam o nosso comportamento social. A
cognição social é uma forma de conhecimento e de relação com o mundo social.
A partir dos dados que recolhemos num primeiro encontro ou a partir das informações que
recebemos das outras pessoas, classificamos a pessoa num grupo a que atribuímos
determinados valores. Esta ideia global vai orientar o nosso comportamento, porque nos
fornece um esboço psicológico da pessoa em questão. A categorização permite simplificar a
complexidade do mundo social, ajudando-nos a orientar o nosso comportamento e a actuar de
acordo com a avaliação que fizemos.
Nós percepcionamos os outros a partir de uma grelha de avaliação que remete para os nossos
conhecimentos, valores e experiências pessoais.
† Indícios físicos – remetem para características como o facto de a pessoa ser alta,
baixa, gorda, magra, loura, morena…
† Indícios verbais – o modo como a pessoa fala surge como um indicador, por exemplo,
de instrução.
† Indícios não verbais – este indícios remetem para elementos, sinais, que
interpretamos como indicadores: o modo como a pessoa se veste, como se senta, a
forma como gesticula enquanto fala são elementos que nos levam a inferir
determinadas características.
† Indícios comportamentais – são o conjunto de comportamentos que se observam na
pessoa e que nos permite classificá-las. O modo como os comportamentos são
interpretações varia de pessoa para pessoa e remetem para experiências passadas,
para as necessidades, daquele que as interpreta.