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FACULDADE GAMA E SOUZA

CURSO DE DIREITO

A UTILIDADE DA LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA NO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

EDSON RAMOS – 8º PERÍODO


08210359

Rio de Janeiro
Abril, 2010.
FACULDADE GAMA E SOUZA
CURSO DE DIREITO

A UTILIDADE DA LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA NO


ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO

EDSON RAMOS – 8º PERÍODO


08210359

Trabalho realizado para obtenção de grau na disciplina


Direito Processual Penal
Professora Valéria

Rio de Janeiro
Abril, 2010.

2
SUMÁRIO

TÓPICOS Pag.

CONCEITOS
04

INTRODUÇÃO 06

DIREITO COMPARADO 07

CONCLUSÃO 07

FONTES / BIBLIOGRAFIA 08

3
CONCEITOS

Liberdade – (Lat. libertate.) s.f. É a faculdade que tem todo indivíduo


capaz, de escolher livremente, agindo por determinação própria e dentro
dos limites da lei, sem exceder a sua direito em prejuízo de outrem, e de
fazer tudo aquilo que não seja vedado pela lei ou pela moral, ou pelos
bons costumes.

Liberdade provisória – Tem por finalidade garantir ao acusado o direito


de aguardar em liberdade o transcorrer de um processo, vinculando-o ou
não a determinadas obrigações.
É importante ressaltar que não deve ser confundida a Liberdade
Provisória o Relaxamento de Prisão em flagrante. O Relaxamento de
Prisão nesse caso, previsto no art. 5º LXV, CF/88, será obrigatório
quando for ilegal a prisão ou ainda, quando estiver eivada de vício.
Contrariamente, a liberdade provisória irá substituir a prisão feita de
forma legal, impondo certas condições, que, não cumpridas, acarretam,
sanções ao acusado.

Fiança – É o contrato acessório, pelo qual o fiador garante o


cumprimento de uma obrigação principal pelo afiançado se este não
cumpri-la. Em outras palavras, é o direito subjetivo constitucional do
acusado que lhe confere, mediante uma garantia real ou caução,
conservar a liberdade até a sentença condenatória irrecorrível.
Existem três tipos de fiança, a saber: fiança Civil, fiança Comercial
e a fiança Criminal, a qual é o objeto de nossa exposição.

Fiança criminal – É a garantia prestada pelo acusado ou por terceiro,


para que aquele se livre solto, desde que o ilícito praticado seja
afiançável.

Liberdade Provisória com fiança vinculada - Também chamada de


Permitida, ocorre quando o crime é afiançável. Nesse caso, além do
pagamento da fiança, o acusado será obrigado a cumprir certas
obrigações, a saber:

a) Comparecer perante a autoridade toda vez que for intimado;


b) Não transferir residência sem prévia autorização;
c) Não praticar outra infração penal no curso do benefício;
4
d) Não se ausentar de sua residência por mais de 8 dias sem indicar o
local onde possa ser encontrado.

5
INTRODUÇÃO

O modelo processual penal brasileiro consagra a fiança como uma


medida contra cautelar à prisão em flagrante, permitindo que o autor da
conduta criminosa responda ao inquérito e ao processo em liberdade,
mediante o pagamento de determinada importância e sob obrigações
impostas pela lei.

No entanto, não se pode simplesmente fechar os olhos para as


incoerências imputadas pelo atual ordenamento jurídico, no tangente a
fiança; como por exemplo: Quem pratica infração penal punida
severamente, como, um roubo qualificado pelo emprego de arma de
fogo, pode, em tese, receber liberdade provisória sem necessitar pagar
fiança, obrigando-se apenas a comparecer aos atos processuais; já o
autor de um pequeno furto poderá ter a sua liberdade provisória
condicionada a não apenas comparecer aos futuros atos processuais,
mas, também, ao pagamento de uma quantia a título de fiança, além de
outras obrigações elencadas na lei processual penal, conforme vimos
nos parágrafo antecedentes. Pasmem, independente de ter praticado
crime menos grave, o segundo arcará com o ônus mais pesado.

Primeiramente, delegados de polícia e magistrados buscam no art.


326 do CPP inspiração para determinarem os valores das fianças, mas,
num segundo momento, vêem-se diante de um lapso legal, criado pela
antes instável política monetária do país, que, no espaço de 20 anos,
conviveu com várias moedas e índices de correção e indexadores
econômicos, aliada ao atual descaso ou inabilidade do Poder Legislativo
em atualizar os preceitos legais.

O fato é que o art. 325 do CPP, indicando o quantum da fiança, de


acordo com a gravidade da infração e a situação econômica do infrator,
tornou-se letra morta, porquanto se assenta em índices monetários
inexistentes (salário mínimo de referência e Bônus do Tesouro Nacional).

Principalmente devido a essas irregularidades gritantes, o que se


vê no arbitramento é uma verdadeira arbitrariedade, cujo valor da fiança,
é determinado sem qualquer motivação ou fundamentação, impedindo
às partes (Ministério Público e acusado) de exercerem um controle sobre
o ato, seja ele administrativo ou judicial. É certo que a lei prevê recurso
para a decisão (art. 581, V, do CPP), além de mecanismos para a
6
revisão do valor arbitrado (art. 340 do CPP), mas os interessados não os
usam, talvez por não confiarem em sua eficácia, ou por mero
comodismo.

DIREITO COMPARADO

Comparando-se o instituto da fiança com o que é encontrado no


direito norte-americano, na doutrina dos EUA aonde o assunto já vem a
algum tempo merecendo alguma atenção, alguns autores indicam que,
na prática, parece que o sistema tende a desrespeitar o princípio da
presunção de inocência. Inclusive, quem nunca assistiu algum filme
policial ou de outro gênero, rodado naquele país, no qual, uma vez
formada uma prova mínima de autoria de crime contra alguém, a sua
liberdade estará condicionada ao pagamento de uma fiança, tornando a
prisão processual a regra, e a liberdade provisória a exceção. De certo,
nesse caso específico, não entrevejo aprendizado.

CONCLUSÃO

Faço-me algumas perguntas no que concerne sobre este breve


estudo feito sobre a fiança: Qual seu verdadeiro sentido? Ela realmente
beneficia o Estado de Direito? Os critérios adotados para a valoração da
fiança são adequados para os dias atuais? E a mais importante de
todas: É justo "comprar" a liberdade?

Essas perguntas que dificilmente seriam unanimemente


respondidas levam-me à convicção de que muito precisaria ser feito para
se tentar reestruturar esse instituto, se é que realmente ele deva ser
preservado.

Chego, então, à principal e final reflexão a ser feita: a liberdade


pode ser comprada? Atinjo que, da maneira que se apresenta nos dias
de hoje no ordenamento brasileiro, é descabível e inútil o instituto da
fiança, e que, para ser resgatado se teria que operar profundas
alterações em sua metodologia.

7
FONTES / BIBLIOGRAFIA:
 SYON NETTO, Sylvio. Terminologia jurídica. Campinas: Conan, p. 67.
 Curso Preparatório para o Exame de Ordem, Tático Editora, 2006
 http://www.clubjus.com.br/
 http://www.metajus.com.br/

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