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Você já deve saber que os princípios são o alicerce da nossa profissão. Todo profissional
contábil tem a obrigação de saber interpretá-los e aplicá-los no dia-a-dia. Conforme dito
pelo Prof. Dr. Antônio Lopes de Sá, ‘os princípios são macro-regras que orientam a tudo’.
Faremos um resgate do que já foi estudado e traremos para discussão novos estudos com o
objetivo de enriquecer ainda mais conhecimento contábil de vocês. Mas é extremamente
importante que se lembrem de que o estudo acerca desse assunto não se esgotará aqui.
Muito pelo contrário! O objetivo é que esse conteúdo funcione como estimulante para novos
estudos.
1. O estudo do IPECAFI
Nosso conteúdo acerca dos Princípios Fundamentais começa no estudo realizado pelo
Instituto Brasileiro de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras – IPECAFI em 1986.
Tal estudo contou com a aprovação e divulgação pelo Instituto dos Auditores
Independentes do Brasil e foi referendado pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM.
Dessa forma, entendidos como axiomas, os postulados são aquilo que não se pode evitar.
São situações que existem independentemente da Contabilidade e que por isso escapam ao
seu controle. Podemos colocar aí as condições sociais, econômicas e institucionais nas quais
atua o profissional contábil.
Social a entidade gera benefícios não apenas para si, mas também para a sociedade.
Para você, que ainda está iniciando seus estudos no campo contábil, é importantíssimo
frisar que para compreender a ciência é preciso entender a entidade que, segundo o
IPECAFI, é o pano de fundo da atuação da Contabilidade. E para compreender a entidade,
você precisa observá-la interna e externamente, conhecendo todas as forças atuantes
sobre ela.
Postulado da Continuidade das Entidades
Enunciado: “Para a Contabilidade, a Entidade é um organismo vivo que irá viver (operar)
por um longo período de tempo (indeterminado) até que surjam fortes evidências em
contrário...”
Bom, o significado deste postulado representa o motivo para o qual as empresas (entidades)
são criadas: serem perpétuas. Ao constituir uma empresa, o investidor o faz sem pensar
que dali a pouco tempo aquela empresa acabará. Ao contrário! O que ele quer é que a
empresa cresça sempre mais, consolidando-se.
Isso não quer dizer que a Contabilidade ignore a possibilidade de a empresa acabar. No
entanto, escolherá sempre a continuidade. Só aceitará a descontinuidade quando houver
fortes evidências. Essas evidências não surgem de repente. São, sempre, fruto de
sucessivos resultados negativos, portanto, passíveis de “conserto” antes de levarem a
empresa a encerrar suas atividades.
Uma conseqüência natural da Continuidade é a geração de riqueza, fato necessário para que
a empresa esteja sempre em atividade. Quanto mais riqueza é gerada, maior a empresa fica
e mais longa estará de qualquer possibilidade de descontinuidade.
Você se lembra do conceito de axioma? Isso mesmo! Aquilo que não precisa de
demonstração, de tão óbvio. O Postulado da Continuidade é óbvio para a Contabilidade,
sendo para ela uma premissa básica, uma vez que para que a ciência exista plenamente e
possa atuar, é necessário que exista uma empresa, uma entidade.
De acordo com o IPECAFI, “os princípios são o núcleo central da doutrina contábil”. São
eles que determinam os procedimentos do registro contábil. Aqui temos 4 princípios a
conhecer. São eles:
Este princípio orienta o contador a registrar o bem pelo seu valor de aquisição. É claro que
precisamos considerar que o valor do bem sofre variações desde que o ativo é adquirido.
Incidem sobre ele, o desgaste em função do uso, as variações do poder aquisitivo da moeda,
flutuações do preço, mudanças tecnológicas e obsolescência. Essas incidências são
registradas pela Contabilidade com mecânica própria. Cito como exemplo, a conhecida
depreciação. Você sabe o que ela significa não é? Não?!!
A depreciação é o registro do desgaste natural sofrido pelo bem, como forma de atualizar
seu valor. Não podemos alterar o valor do bem (de aquisição), mas devemos atualizá-lo. A
depreciação é esta atualização. Funciona como uma “correção” do valor do bem, por isso
mesmo está classificada como uma conta retificadora de ativo, com natureza diferente das
demais contas do ativo (um “corpo estranho”) e por isso mesmo redutora. Aposto que agora
você lembrou...
Aqui, é importantíssimo para nós, sabermos o que significa “realizar receita”. Uma receita
só é realizada quando há a transferência da posse do produto ou serviço entre vendedor e
comprador. Independentemente de haver pagamento ou promessa de pagamento. Ou seja,
não importa se foi uma venda à vista ou a prazo. O que importa é que houve a entrega do
bem ou a prestação do serviço. Se a receita foi realizada, deverá ser registrada.
Hum... Isso me parece familiar... O que será? Você também está com a sensação de que já
viu isso em algum lugar? É claro!!! Sabia que você associaria corretamente. Aí está o nosso
Princípio da Competência! Aqui ele se refere apenas à receita, mas a essência é a mesma.
Aproveitando a oportunidade...
Lembre-
Lembre-se:
Este princípio é uma continuação do anterior. Se antes a referência foi apenas para a
receita, temos agora a referência ao registro das despesas, desde que incorridas. A
orientação é: despesas e receitas de um mesmo período deverão ser confrontadas (a fim de
apurar o resultado) neste mesmo período. Novamente podemos fazer a associação com o
Princípio da Competência: o resultado é apurado (confronto) no período de ocorrência das
receitas realizadas (ou reconhecidas) e das despesas incorridas. Falando nisso...
Lembre-
Lembre-se:
Convenções
Postulados
• A Convenção da Objetividade
É preciso que o Contador saiba que deverá ser registrado apenas o fato
administrativo que puder ser comprovado por documentos ou por consenso de profissionais
habilitados para tal. Na prática, a segunda opção é pouco usual, portanto, atenção
redobrada para a primeira! O registro contábil não deve ser feito sem o amparo de
documentos que o comprovem ou de critérios objetivos. Esta convenção restringe as ações
do Contador porque o faz registrar apenas aquilo for evidente e passível de comprovação.
Temos aqui, também, um importante suporte para o desenvolvimento (e manutenção!) da
ética profissional.
Como pode um profissional acatar como verdade e registrar uma operação que não possui
documentos (nota fiscal, recibo, contratos, etc.)? seria permitido se não houvesse a
restrição da objetividade, uma vez que os Princípios orientam o procedimento, mas não o
delimitam.
• A Convenção da Materialidade
O que significa ‘materialidade’? Material é aquilo que você pode ver e tocar. Transformando
isso para a nossa linguagem contábil, significa que o profissional deve avaliar com atenção
cada um dos fatos e registrar somente aqueles que são relevantes, dignos de atenção e
sempre na ocasião certa, sem perder a oportunidade de lançar. O Contador deve ter o bom
senso apurado para que possa conhecer distintamente e decidir o que deve ser
contabilizado.
• A Convenção da Consistência
Enunciado: “A Contabilidade de uma entidade deverá ser mantida de forma tal que os
usuários das demonstrações tenham possibilidade de delinear a tendência da mesma
com o menor grau de dificuldade possível.
Esta convenção também é conhecida como Uniformidade. Uniforme é tudo aquilo que possui
harmonia, direcionamento único. A Contabilidade e as Demonstrações Contábeis têm um
padrão a ser seguido, inclusive normativo (baseado em NBC). Ao divulgá-las é imperativo
que a linguagem esteja o mais próximo possível do usuário. Ou seja, os interessados nela,
devem ter condições de compreendê-la.
Bom, pessoal esse foi o primeiro material do EAD – Ensino a Distância. Virão outros, sempre
com o objetivo de acrescentar ao conteúdo de sala de aula e despertá-los para o
conhecimento contábil. Nós nos encontraremos em sala de aula e vocês poderão tirar as
possíveis dúvidas.
Sempre válido lembrar que o assunto não acabou não! A doutrina contábil é bastante ampla
e rica para pesquisas. Não se esqueçam de estudar sempre a Resolução CFC 750/93, assim
como as Normas Brasileiras de Contabilidade, tanto as Técnicas quanto as Profissionais.
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