Lúcia Novo de Carvalho Cidadania e Profissionalidade
Informação Complementar
UFCD - 2 : Processos Sociais de Mudança
Resultado de Aprendizagem: Reconhece novas técnicas e modelos organizacionais de trabalho e implementa, fundamentadamente, esses processos. Reconhece factos, factores e dinâmicas de intervenção numa comunidade global, integrando-os na sua actuação como profissional e cidadão. Temas/Conteúdos: Novos processos de trabalho / Instâncias supranacionais dinamizadoras da intervenção comunitária
A sociedade pós-industrial assenta num conjunto impressionante de
mudanças, que transformaram radicalmente as condições da vida humana. No entanto, esta transformação não fez desaparecer os sentimentos de insegurança, nem as incertezas quanto ao futuro. As dificuldades presentes da vida familiar constituem, provavelmente, uma fase transitória, inevitável e necessária ao estabelecimento de novos compromissos entre os interesses individuais e os interesses de grupo. Resulta no entanto claro que as solidariedades familiares se restringirão cada vez mais ao domínio, evidentemente crucial, das trocas afectivas. Os protagonistas das mudanças nestes últimos 30 anos têm sido fundamentalmente os jovens e as mulheres. Não se pode dizer que quer o Estado quer a sociedade civil tenham sido capazes de apoiar o sentido dessas mudanças. Assim, apesar de todos progressos sociais conseguidos, grande parte da conflitualidade que marca a vida familiar e social tem a sua origem na deficiente integração social, com estatuto pleno, das mulheres e no cada vez mais difícil acesso dos jovens a vida adulta. A perda de funções da família e as suas crescentes dificuldades na gestão do destino social dos seus membros coloca o Estado e a sociedade civil perante novas e mais exigentes obrigações. Em particular, parece-me ser cada mais imperioso que o Estado assuma plenamente a obrigação de promover políticas de educação, formação e emprego eficazes, no sentido de se prepararem convenientemente os jovens para o difícil exercício da sua autonomia plena. E que promova políticas sociais e familiares adequadas à
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compatibilização entre as responsabilidades maternais e parentais das mulheres e a sua legítima aspiração a um estatuto de plena cidadania.
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Inovação, não fique de fora. Rui Magno
Inovação, ninguém fica de fora, no maior desafio de Portugal dos
próximos anos.
A União Europeia adoptou o entendimento do que é a Inovação no
seu Jornal Oficial de 9-11-2006. A partir de agora deve existir um entendimento comum nos diversos estados membros do que é a inovação. O conceito está de acordo com a maioria dos especialistas em inovação, de acordo com o manual de Oslo, e no contexto da estratégia de Lisboa.
“ A Inovação é entendida como compreendendo a renovação e o
alargamento da gama de produtos e serviços e dos mercados associados; a criação de novos métodos de concepção, produção, aprovisionamento e distribuição; a introdução de alterações na gestão, na organização do trabalho, bem como nas qualificações dos trabalhadores, e abrange a inovação tecnológica, não tecnológica e organizacional “.
O conceito é abrangente, e vai permitir uma reflexão profunda, e uma
mudança, das atitudes e mentalidades. Ao contrário do que muitos pensam, inovar não é só uma tarefa das universidades, dos departamentos de investigação e desenvolvimento (ID), de alguns inventores e iluminados. Inovar é também melhorar continuamente aquilo que fazemos para obter melhores resultados. Saber trabalhar e triar a informação em meu proveito e em proveito da minha organização. Estar preparado para aceitar a mudança, de ter de fazer diferente o que fazia da mesma maneira, manter uma atitude e predisposição de aprendizagem constante, de evolução permanente, com o objectivo de aumentar o nível de conhecimentos. Nas empresas o conceito abre um mundo totalmente novo. Da melhoria continua dos mecanismos de gestão, às novas formas de pensar os negócios, pensar o mercado de forma global, reinventar a produção, descobrir e procurar novas formas de negociar, interagir com clientes e fornecedores, conceber produtos e serviços cada vez mais orientados ao mercado, aceder e descobrir os melhores canais de distribuição, associar-me e cooperar, no sentido de fazer em conjunto aquilo que não tenho capacidade de fazer sozinho. Os departamentos de recursos humanos, os gestores de pessoas e equipas vão ter tarefas mais exigentes. A motivação constante das equipas, a criação de indicadores que permitam aferir o conhecimento, conhecer melhor os talentos das empresas fazendo-os evoluir, vai permitir, que cada vez mais, o esforço, o empenho e o conhecimento, sejam mais valorizados e acarinhados nas organizações. As percepções e a realidade mudam mais depressa, a imagem e a comunicação vão ganhar mais valor e importância nos negócios e nas relações pessoais. Cada um de nós será o visionário do seu próprio percurso. As empresas vão valorizar e melhorar as suas marcas, produtos e serviços.As pessoas terão de olhar para si de forma a valorizar a sua própria marca. O produto pessoa, terá de ser melhor, na embalagem e no conteúdo. 2007 será o ano zero de uma nova era de evolução a todos os níveis
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vertiginosa. A evolução que se prevê, nos sistemas de informação, na engenharia, na electrónica, na nano tecnologia, nas telecomunicações, na medicina na indústria dos jogos e do entretenimento, vai tornar a nossa vida mais fácil e interessante, mas provavelmente, mais exigente e rápida. Teremos de ser mais ágeis no processamento de informação e aquisição de conhecimento, tanto para lidar com as questões profissionais como pessoais. Ninguém está condenado a estagnar, a ignorância não é uma fatalidade, e a todos será pedida uma introspecção do seu ponto de partida para a inovação. Pessoas e empresas orientados a conquistar objectivos cada vez mais difíceis porque mais competitivos.
O mundo está mais pequeno, mais próximo, os mercados acessíveis, Xangai,
Rio de Janeiro e Bombaim estão à distância de um click de rato, ao preço da comunicação com o meu vizinho do lado. Adormecer e insistir que inovar é apenas uma actividade do colega do lado, não mudar de atitude e ser positivo, provavelmente terá consequências negativas na vida das pessoas e em muitos casos provocará o fecho de empresas. Contribua, dê ideias, faça melhor, estude, aprenda e ajude os outros. Não guarde a informação consigo, partilhe-a porque ela só é útil na medida em que você a souber trabalhar e usar no momento certo, e guardada perde valor. A nova batalha já começou e muitos ainda não deram por ela. As armas são o conhecimento, as competências as habilidades e os talentos. Por último, Portugal é um País excepcional, é com as nossas empresas e com as nossas pessoas que vamos inovar e evoluir.
Inove, porque ninguém pode ficar de fora.
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Democratizar a inovação Manuel Heitor* * – Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento, INN, IST Colaboração INTELI – Inteligência em Inovação.
No seu novo livro (“Democratizing Innovation”, MIT Press, Abril 2005),
Eric Von Hippel vem chamar a atenção para a emergência do papel dos utilizadores – indivíduos e empresas – na difusão da inovação, mostrando como os modos mais tradicionais de inovar centrados nos produtores de bens e serviços estão a ficar ultrapassados, assim como as estratégias baseadas na protecção da propriedade industrial desses mesmos produtores de bens e serviços . Pelo contrário, vivemos em épocas de acelerada mutação tecnológica, acompanhada pela emergência de novos modelos de negócio, onde os sistemas de informação e comunicação têm facilitado a difusão livre de ideias, facilitando e promovendo o papel dos utilizadores na valorização social dessas mesmas ideias. [...] Se é verdade que os processos de inovação mais tradicionais têm promovido a valorização económica de novas ideias sobretudo por grandes empresas e monopólios industriais, também é verdade que existem hoje um conjunto de novas condições de desenvolvimento humano e tecnológico que nos levam a acreditar na emergência de novas formas de inovar baseadas nos utilizadores. Referimo-nos ás vantagens óbvias para os utilizadores, os quais podem desenvolver exactamente o que pretendem, evitando estarem dependentes de produtores de bens e serviços (muitas vezes imperfeitos). Naturalmente que os utilizadores individuais não têm que desenvolver (nem podem) todos os produtos e serviços de que necessitam, mas podem beneficiar de inovações desenvolvidas por outros e partilhadas livremente. Esta tendência para a democratização da inovação tem sido verificada sobretudo em software e outros produtos e sistemas de informação, mas também está a ocorrer em produtos físicos, estando particularmente associada a dois factos: 1) a disponibilização crescente de “módulos de inovação” (i.e., “toolkits”) que tem possibilitado crescentes capacidades de concepção, particularmente associadas a avanços recentes em hardware e software; e 2) a capacidade crescente de utilizadores individuais se combinarem e coordenarem os seus esforços através de sistemas de informação e comunicação, como a Internet. Neste contexto, a inovação baseada nos utilizadores é uma ameaça aos modelos mais tradicionais de desenvolvimento empresarial, mas traz um conjunto de vantagens incontornáveis à sociedade actual, permitindo valorizar socialmente a inovação (i.e., “the social welfare”, na terminologia de Von Hippel). Naturalmente que esta alteração traz novos horizontes para as políticas
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públicas de inovação, que geralmente têm sido confinadas ao apoio à inovação centradas nos produtores, nomeadamente através de legislação e fundos de apoio à protecção da propriedade industrial. Mas a inovação centrada em utilizadores, sendo diferente das formas tradicionais de inovar, vem-nos relembrar mais uma vez da necessidade de reforçar a capacidade individual e o nível de qualificação dos recursos humanos de qualquer sociedade, trazendo novos desafios mas sobretudo um conjunto de novas oportunidades, sobretudo para pequenos países como Portugal. De facto, Von Hippel mostra-nos que a inovação centrada em utilizadores tende a estar distribuída por redes de utilizadores, ao contrário da concentração em alguns poucos grandes inovadores típicos das formas mais convencionais em que nos habituámos a perceber a inovação tecnológica. Nesse contexto, é a cooperação organizada de redes de utilizadores (indivíduos e empresas), nomeadamente na forma de comunidades de inovação, que pode acelerar a difusão da inovação e promover a sua efectiva democratização.
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