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Jornalismo

para quem não é jornalista


Internet
Como influenciar corações e mentes
através das suas ideias na era
da Comunicação Digital

Marcos Alexandre Oliveira


Marcos Alexandre Oliveira

Jornalismo
para quem não é jornalista

Internet
A internet revolucionou a forma
como transmitimos as informações.
Porém, mesmo com uma ampla gama
de ferramentas, a maioria delas gratui-
ta, muitos ainda não conseguem trans-
mitir com eficiência suas ideais e fazer
com que a mensagem alcance o seu
Marcos Alexandre Oliveira,
objetivo: influenciar as pessoas. é jornalista há 20 anos,
Na série “Jornalismo para quem professor no curso
não é jornalista”, Marcos Alexandre Oli- empresarial
“Descomplicando”,
veira apresenta sua visão de que não roteirista e apresentador
falta tecnologia, mas sim, domínio das em programas para a
técnicas mais simples e básicas de IPC-TV - Afiliada da Globo
Internacional no Japão e
comunicação. vencedor no III Prêmio
ProdUSP de Comunicação
Responsável. É autor dos
livros Fragmentos -
Realidade da Escola
Pública, Lágrimas de Anjo,
Mosaico e
Instituto Pró Educação e Cidadania Repórter Brasileiro.
Marcos Alexandre Oliveira

Jornalismo
para quem não é jornalista
Internet
Como influenciar corações e mentes
através das suas ideias na era
da Comunicação Digital

Marcos Alexandre Oliveira


Jornalismo para quem não é jornalista -Internet

Agradecimentos

À minha família e amigos que me incentivam a continuar meu trabalho

Ilustração de capa: Kts Design


Foto contra-capa: Camila Sodré

Editoração:
Ipec - Instituto Pró Educação e Cidadania
Associação Educacional sem fins lucrativos

www.ipecbrasil.blogspot.com
ipecbrasil@hotmail.com

Permitida a reprodução e divulgação desde que citada a fonte


Marcos Alexandre Oliveira

Introdução

E
sta obra faz parte da série “Jornalismo para quem não é
jornalista”, com o objetivo de oferecer uma contribuição
àqueles que não têm o jornalismo como profissão, mas
eventual ou até regularmente, exercem o nobre ofício de compilar
informações e levá-las a público.

Vale ressaltar que não temos a mínima intenção de esgotar o as-


sunto - longe disso - ou pretender apresentar verdades definitivas e
inquestionáveis - mais longe ainda. Muito menos é nossa intenção
discutir quem pode ou não exercer a função, profissão ou ofício de
jornalista, se é necessário diploma de jornalismo ou não, se é ques-
tão de talento, prática ou ainda, se blogueiros, tuiteiros, artistas, co-
mentaristas ou celebridades possam ou devam ser jornalistas.

O que esta pequena obra pretende é oferecer um guia prático e


de fácil e rápida leitura que nos leve a pensar em que, contraditoria-
mente, quanto mais vemos aprimorar-se a internet e surgirem
softwares - a maioria gratuitos - que prometem melhorar a transmis-
são da informação, menos comunicação efetiva se observa. As pes-
soas continuam a não conseguir se fazer entender. A China tem res-
Jornalismo para quem não é jornalista -Internet

trições ao Google, Israel continua contra os palestinos - e vice-versa


- cada qual por seus motivos, cada facção política mundial recrudes-
ce seus posicionamentos e você já percebeu quantos partidos políti-
cos temos no Brasil ? Se a internet une o mundo através da comuni-
cação, não era de se esperar que todo mundo se entendesse ? Mas
o que mais se vê são mal-entendidos... Isso sem falar nas versões
das notícias... Alguns dizem que não existe fato, mas várias versões
sobre o mesmo assunto...

Também é importante notar que no Orkut - rede social mais popu-


lar entre os internautas brasileiros -poucos conseguiram formular e
implantar uma ação rentável financeiramente ou estrategicamente e
tudo o que a maioria consegue é mostrar sua intimidade e mandar
beijos e abraços virtuais para quem mal cumprimenta quando encon-
tra pessoalmente.

Os blogs continuam sendo mal aproveitados. Bem como o Twitter,


a ferramenta da moda. Alguns até já desistiram dos blogs, achando
que “já era”. São os mesmos que publicam verdadeiros tratados, não
avisam que publicaram novo conteúdo, abusam dos erros de ortogra-
fia, do control+C, control+V, abandonam seus leitores por um tempão
e ainda querem que as pessoas leiam suas postagens. Voltando ao
Twitter, tem os do quanto mais, melhor. Querem “piar” até quando
vão ao banheiro.

Reconhecemos que no culto às celebridades, há particularidades


que ganham o interesse do público. Mas até no BBB há um certo pu-
dor e até “bom-senso”. Engana-se quem acha que é “casa-da-mãe-
joana”... Depois, reclama quem não leva seu twitter, minimamente, a
sério... Escrever um texto para que outra pessoa leia, especialmente
Marcos Alexandre Oliveira

um com apenas 140 caracteres exige um grande poder de síntese e


acima disso, uma mensagem real a ser transmitida.

Engana-se quem quer escrever um monte de asneiras o dia intei-


ro, sem foco, sem estratégia e achar que seu twitter “está
bombando”. A mesma coisa nos blogs. Encheu tanto de “coisas im-
portantes”, que quando alguém foi ler, já perdeu o destaque... Em
vários sites, ocorre o mesmo problema: é a produção burra e em
massa que remete à mentalidade apresentada no filme “Tempos Mo-
dernos”, do grande Chaplin: um operário apertando parafusos indefi-
nidamente, sem construir nada.

Não faltam ferramentas gratuitas para divulgar ideias que podem


mudar o mundo - ou ao menos uma parte dele - nem ferramentas
gráficas que podem tornar a mensagem visualmente mais interessan-
te, nem ideias... Todos têm muitas ideias, o que mais se tem são
ideias e a maioria acha que suas ideias são mais importantes que as
dos outros. Talvez por isso, todos queiram comunicar suas próprias
ideias, divulgá-las...

E isso é bom. O que falta não é tecnologia nem ideias, mas o do-
mínio básico de técnicas de redação, de ortografia e gramática, de
estilo, de definição de estratégias de comunicação. Falta dar mais
atenção ao básico, ao simples, na busca da comunicação eficiente e
eficaz. E para isso, mais que ser jornalista, especialista em
informática e internet, mestre ou doutor, é importante conhecer o as-
sunto do qual se fala, traduzí-lo para atingir o destinatário, estabele-
cer claramente os objetivos da comunicação e escolher o meio e a
mensagem ideais através de uma apresentação adequadas.
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Sem isso, não se faz comunicação, nem jornalismo, nem asses-


soria de imprensa, nem marketing, nem publicidade, nem convenci-
mento... só se faz barulho. E como diria William Shakespeare, “muito
barulho por nada”...

Boa leitura

Marcos Alexandre Oliveira


Marcos Alexandre Oliveira

Como escrever melhor para a internet

Por que se escreve mal ?

Escreve-se mal pelo menos por 3 razões:

1- A tradição
2- O desejo de impressionar
3- Não sabemos pensar bem

A
tradição é um gesso que imobiliza a comunicação, especi
almente na era da internet. Acostumados à linguagem de
alguns veículos de comunicação impressos, muitos querem
escrever para a internet da mesma forma. Muitos redatores já come-
çam a escrever suas matérias de forma relatorial, como uma ata de
reuniões. “Na última quinta-feira, dia 5 de maio, o presidente da Con-
federação Nacional, etc, esteve presente ao evento, etc, e declarou,
etc...”. Bom, nem precisa dizer que não é uma linguagem muito atra-
ente para uma geração acostumada a sites em flash, animados, com
corres berrantes, musiquinhas e fotos, não é mesmo ?

Não seria melhor reduzir o número de caracteres, ao menos à


metade, nas reportagens-padrão de 2.500 caracteres, colocar uma
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foto ou uma ilustração e utilizar uma linguagem menos rebuscada e


menos “quadrada” ? Além disso, que tal usar um corpo (tipo de letra)
maior, contrastado com o fundo, pois é provado que cansa muito
mais ficar olhando para a tela de um computador que para a página
de uma revista ou jornal ?

Além disso, como “zapping” na TV, no computador é muito mais


fácil se distrair. Há infinitos sites e páginas que estão implorando
pela atenção do internauta. Não convém arriscar cansá-lo nem com
excesso de informação nem com textos na forma do século
retrasado.

Um grande diretor de TV no Japão, Jorge Nakamura, me ensinou


certa vez que nunca é bom dar todas as informações sobre um deter-
minado assunto. “Certa vez”, conta ele, “produzimos uma reportagem
sobre uma famosa banda pop brasileira. A matéria ficou excelente,
mas falamos praticamente tudo o que poderia ser dito. Quando a ma-
téria foi ao ar, a reação foi muito fria. Cansou. Não recebemos e-
mails pedindo mais matérias com a banda, comentando, nem mesmo
criticando. Esgotamos o assunto. Aprendemos”, completa. Ou seja, a
ideia é sempre deixar um gostinho de “quero mais”, sem deixar de
dar o indispensável à compreensão da informação.

Desejo de impressionar

Não adianta ser pernóstico ( Viu ? Pernóstico neste contexto é


ser fingidor, tentar paracer erudito sem ser, é ser pedante, petulante,
chato...). É ruim exagerar no uso de palavras difíceis e ou termos
técnicos que poucos conhecem tentando parecer especialista. Ao
leitor médio, não interessa se há uma diferança grande entre dissídio
e acordo. O que ele quer saber é se resultou em aumento de salário
Marcos Alexandre Oliveira

ou algum benefício real para o trabalhador. Não adianta ficar preso a


detalhes que poucos vão entender. O papel de quem redige material
para o público não especializado é traduzir conceitos técnicos para
quem não é técnico. Mais ou menos como escrever um livreto sobre
jornalismo para quem não é jornalista...

Pensar melhor

É importante pensar antes de escrever. Parece óbvio, mas muitos


vão escrevendo, fluindo, e só depois vão perceber o que saiu. Mais
ou menos como o um monte de gente que fala sem pensar. Vale lem-
brar que quem fala o que quer, escuta o que não quer. Quem escreve
o que quer, responde até pelo que não quer. Não adianta tuitar e de-
pois retirar o texto ou tentar emendar.

Danilo Gentile, do programa Custe o Que Custar - CQC - da Rede


Bandeirantes de televisão, protagonizou um episódio constrangedor.
Um post seu no Twitter foi considerado por alguns, piada racista.
Pronto. Foi parar no Ministério Público Federal, para ser analisado
por um procurador para ver se configurava crime de racismo. Gentili
voltou ao assunto, para se explicar, e ao invés de continuar com os 140
caracteres do microblog, publicou um texto em um blog, com mais de
6.500 caracteres, para defender sua posição. Nem precisa falar que ficou
ainda pior... De forma semelhante, acontece com aqueles exibidos
que colocam fotos comprometedoras no Orkut...

Professor de Direito Civil na Universidade Paulista - UNIP, o


desembargador Roque Mesquita, 1º Vice-Presidente da Associação
Paulista de Magistrados - APAMAGIS , já disse em nossa sala de
aula que muitos candidatos à Magistratura - há a fase de investiga-
ção social dos candidatos, como nos concursos para Polícia Civil,
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Militar, etc, - se complicam porque têm em seu álbuns de fotos regis-


tros de bebedeiras, de poses comprometedoras - biquininhos mais
ousados, por exemplo - e até cenas explícitas de apologia ao crime,
como as que o jogador Adriano, ex-Flamengo, protagonizou ao se
deixar fotografar com arma em punho e ainda fazendo o sinal de uma
facção criminosa.

Caiu na rede, apenas algumas empresas especializadas se dis-


põem a tentar retirar esse material da internet. E sem garantia abso-
luta de sucesso. Se alguém, copiou, já era. Lembram-se do áudio em
que o ator Christian Bale - o Batman “Cavaleiro das Trevas” - humi-
lha um técnico... então... Lembram-se do vídeo da Paris Hilton ? Pois
bem... É bom pensar ANTES... Isso sem falar dos dados que muitos
colocam na rede e depois não entendem como sofrem golpes, trotes
telefônicos, recebem e-mail com vírus, etc e etc...

Por isso, na divulgação de idéias é importante não publicar - ou


permitir que seja publicado - sem ter certeza do que se quer. Ao me-
nos é necessário trabalhar sobre um rascunho (a maioria dos blogs
como os do Wordpress e Blogger - Blogspot - têm essa funcionalida-
de) ou ainda, revisar uma, duas vezes, pedir para alguém ler e reler
e só então publicar. Pare de viver sob pressão e atender à pressa de
quem apressa você a fazer um post, pois você pode causar mais mal
que bem. E imagine se o apressadinho vai assumir que foi ele quem
pressionou você e por isso a informação foi postada errado ? Na lin-
guagem jornalística o termo é “barriga”...

Para evitar alguns erros de pensamento, de concatenação de


idéias, é importante:

a) conhecer bem o assunto (leia, use e abuse do Google, de dici-


onários, de livros sobre o assunto, da consulta a fontes... use o tele-
fone...)
Marcos Alexandre Oliveira

b) Não presuma. Não “ache” nada. Procure obter informações e


não se ache dono da verdade... Analise diversos ângulos do assun-
to...

c) Pense que seus argumentos podem ser - e serão - refutados.


Ou ao menos, combatidos. Não subestime a inteligência dos leitores.
Você pode escrever com simplicidade sobre os assuntos mais com-
plexos. Vide Carl Sagan, Stephen Hawking e outros.

Organizando as ideias

Lembre-se do básico: começo, meio e fim.

Para matérias para publicação na internet, você pode escolher


utilizar um modelo de postagem de dois parágrafos de quatro a seis
linhas cada um, com 70 a 90 toques (caracteres, incluindo os espa-
ços). Serve bem a sites, blogs, para os mais variados tipos de notíci-
as. Tranquilamente, é possível compor um lead (quem, faz o que,
quando, onde, como, para que/por que) e informar o leitor. Veja exem-
plos nas páginas seguintes...

Se dobrar o tamanho da reportagem, passando para quatro pará-


grafos, isso se presta mais a assuntos com maior profundidade, mas
também não dá para usar esse formato de forma indiscriminada. Aí
tudo vai ser especial. Passou disso, é melhor utiilzar-se de quatro
linhas para o lead e acrescentar um “Leia mais”, adicionar um link ,
redirecionar a matéria completa para outro site, blog ou página.

Também é uma opção fazer uso de um editor de texto ou progra-


ma de edição como Page Maker, Quark Express ou InDesign e fechar
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um aquivo em PDF (Portable Document Format), e “pendurar” em


outro site para download ou para abrir e ler on-line . Pense nisso.

Na formação do texto, vale a pena utilizar-se dos recursos de


exemplo, comparação e contraste entre assuntos, citação de fontes,
destaque dos fatos, números, detalhes e razões (motivos) e de forma
comedida, a repetição de alguns temas para fixação dos conteúdos
estratégicos. Mas vamos retomar esse assunto mais adiante.

Na internet, talvez até pela sua origem intimamente ligada à lín-


gua inglesa - apesar dos franceses garantirem que o Minitel deles é
o verdadeiro precursor da rede mundial e não a A rpanet -Advanced
Research Projects Agency Network - americana - funcionam senten-
ças que não tenham mais que vinte palavras. Parece funcionar tam-
bém em português, quando se evita os abusos dos “se”, “e”, “mas”,
“que” e outros conectivos. Importante lembrar que tão ruim quando o
estilo derramado é o estilo telegráfico. Evite os radicalismos, os exa-
geros.
Marcos Alexandre Oliveira

Exemplos de matérias para sites


Centrais inauguram exposição do Rei Pelé

03/05/2010

Confira o mapa do local no fim da matéria

As homenagens ao Dia do Trabalhador, do 1º de Maio Unifica-


do, promovido pelas centrais CTB, NCST e UGT, não se encer-
raram com o grande ato público e show musical realizado no
sábado último. Na próxima quinta-feira, dia 6, as comemora-
ções prosseguem com a inauguração da Exposição “Futebol
Majestade: Arquivo inédito do jornal Última Hora”, que revela
fotos inéditas do Rei Pelé, um dos maiores jogadores do fute-
bol mundial, além de fotos marcantes do futebol em geral e
capas históricas do periódico.

“Fazemos sempre um 1º de Maio temático. Já tivemos a opor-


tunidade de homenagear Gonzagão e Ayrton Senna e, desta
vez escolhemos Pelé, que está completando 70 anos de vida,
sendo um atleta reconhecido mundialmente”, disse o presiden-
te nacional da UGT, Ricardo Patah.

Intitulada Futebol Majestade, com acervo inédito do jornal


Última Hora, a exposição fotográfica – que terá entrada gratuita
– será aberta ao público entre os dias 7 a 30 de maio, no
Parque da Independência, no bairro do Ipiranga, em São
Paulo, onde está sendo montada uma bola futebol (em 180°),
com 18 metros de diâmetro. Para criar a sensação de um
estádio de futebol, haverá o som da torcida vibrando. Serão
apresentadas 60 fotos inéditas do Rei Pelé, um dos maiores
jogadores do futebol mundial.

A inauguração oficial da exposição será realizada na quinta-


feira, dia 6 às 19 horas e será aberta ao público a partir de
sexta-feira, dia 7, permanecendo até o dia 30 de maio. A entra-
da é gratuita.

Serviço:
Exposição Futebol Majestade
Data: de 07 a 30 de Maio
Local: Parque da Independência, ao lado do Museu do
Ipiranga, bairro do Ipiranga –SP - Entrada: Franca

Joacir Gonçalves, da Redação da UGT


http://www.ugt.org.br/NoticiasZoom.asp?RecId=2709&RowId=950a0000&Tipo=3
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Exemplos de
matérias para sites
http://www.ugt.org.br/
NoticiasZoom.asp?RecId=2645&RowId=550a0000&Tipo=3
Modelo de matéria especial para site

UGT lidera campanha por mudanças no FGTS


16/04/2010

A UGT - União Geral dos Trabalhadores - lidera junto ao Congresso Nacional uma ampla cam-
panha pela revisão da legislação que regula o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço –
FGTS. A perda acumulada chega a 58 bilhões de reais desde 2002, segundo o Instituto FGTS
Fácil. No ano passado o FGTS foi corrigido em 3,9% enquanto a inflação medida pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA - foi de 4,31%.

Ricardo Patah, presidente da UGT, que representa 750 entidades e mais de 5 milhões de traba-
lhadores em todo o país, diz que não é possível aceitar que o FGTS continue com um reajuste
abaixo da inflação e que o trabalhador continue acumulando perdas. “Nós iniciamos a luta para
reduzir as perdas que o trabalhador vem acumulando diante da atual remuneração pela TR
(Taxa Referencial), que hoje é zero, mais parcos 3%. O FGTS é um patrimônio do trabalhador e
tem que receber um retorno financeiro adequado ao investimento”, defendeu Patah.

Tramita no Congresso Nacional 75 projetos sobre o FGTS. Desses, 64 tratam de possibilidades


de saques. A principal proposta acena com a troca da TR pelo Índice Nacional de Preços ao
Consumidor (INPC) como indexador fixo, correspondente a um percentual da taxa Selic (taxa de
juros básica da economia), vinculado ao tempo de existência da conta, para formar o rendimen-
to. Hoje, um trabalhador cuja conta no FGTS tem dois anos e conta com saldo de R$ 1.000,
recebe por ano apenas R$ 30. Aprovada esta proposta, passaria a receber uma remuneração
de R$ 51, 38%, de acordo com uma Selic projetada em 8,75% e INPC de 4,5%. Um ganho de
mais de 70%.

Na mesma direção, a de proteção aos ganhos do trabalhador, está a opinião do deputado


federal Roberto Santiago (PV-SP), vice-presidente da UGT e relator da subcomissão que anali-
sa o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Roberto Santiago defende uma ampla discussão
sobre o tema para corrigir as distorções que reduzem a rentabilidade do FGTS, a inclusão de
mecanismos que incentivem o trabalhador a deixar os recursos por mais tempo investidos e a
concentração de todas as demandas judiciais sobre o fundo, na Justiça do Trabalho, entre
outras mudanças.

Quanto aos argumentos que de que a adoção do INPC possa colocar em risco os investimentos
na habitação, já que Sistema Financeiro da Habitação – SFH - é composto pelos recursos da
poupança e do FGTS, ambos com o mesmo indexador, o deputado Roberto Santiago diz que é
preciso distinguir o que é realmente papel do Estado e o que a função do FGTS. “Quem tem de
ser gestor de programa social é o governo. A nossa posição é pela melhor remuneração do
fundo e temos de procurar alternativas”, afirmou o deputado.

Marcos Alexandre Oliveira, da Redação da UGT


Marcos Alexandre Oliveira

Exemplo de uso inteligente do Orkut

Repare no uso interessante que o nosso amigo, o jornalista


paulista Marcelo Bento, do Jornal Expresso Leste, faz do Orkut: usa
a mídia impressa e repercute “linkando” suas reportagens principais
à mais popular rede social no Brasil e ainda consegue um gancho
no blog do ator, diretor e celebridade Alexandre Frota, da Rede
Record de televisão.
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Exemplos de matérias “linkadas” e


“penduradas” em outros sites ou blogs
Muitas vezes, não é adequa-
do postar determinado material
no “blog oficial” (blog, que nas-
ceu com um tom confessional e
claro, pessoal, passou a ser em-
pregado para fazer o papel de
porta-voz. Irônico, não ?), mas
também não se pode descartar a
sua divulgação estratégica. Uma
solução é “linkar” e ”pendurar”
a matéria original em outro blog.

Em outros casos, o problema


é mais técnico e prático que es-
tratégico ou político. Alguns
blogs seguem uma estrutura de-
finida, com estilo de postagens,
de identidade visual, de conteú-
do... Determinado material fica-
ria ali como um estranho no ni-
nho.

Solução: aproveitar o materi-


al em PDF ou em JPG ou mes-
mo ainda em vídeo, e colocar no
ar. Não dá para ficar julgando a
forma. Em regra, o conteúdo é
mais importante que a forma.
Mas lembre-se: toda regra tem
sua exceção. Até essa...
http://jornal1metropolitano.blogspot.com/2009/12/
revista-anl-entrevista-de-fabiano-dos.html
Marcos Alexandre Oliveira

Exemplo de uso inteligente do Twitter

A Zappos, rede americana de venda de calçados - ou


estadunidense, como preferem alguns - teve uma idéia interesante.
Responde a todos os comentários no microblog e foca especialmen-
te em seus funcionários, repercutindo assuntos que interessem a
eles. Ao invés de proibir o uso no ambiente corporativo, o estimula,
fazendo com que cada funcionário seja um agente multiplicador da
marca através do microblog.

Vale notar que a maioria dos assuntos relacionados ao Twitter na


internet, mesmo através do Google, se referem a como usar a ferra-
menta, em como burlar a vigilância do chefe, em como adicionar
softwares para mudar a aparência das postagens ou imagens do
fundo. Mas o que vale a pena para quem quer comunicar algo atra-
vés do Twitter está mais na estratégia que na forma. Uma coisa ao
menos, parece certa: mesmo se for passageiro, não adianta proibir.
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Erros devem - e podem - ser evitados

E
rros de ortografia, todo mundo pode cometer... É raro sur
gir um professor Pasquale Cipro Neto, uma professora Eni
Orlandi, minha mestra Cibele Mara Dugaich... Mas esses
são decanos... Sonhamos em chegar lá... Mas não se engane: na
maioria das empresas, jornais, revistas, existe a figura do revisor ou
do colega profissional que lê os textos antes da publicação à cata
de eventuais incorreções...

Pelo certo, em um jornal, por exemplo, deveria existir ainda a


figura do repórter - que apura a notícia no local do fato, do redator,
que redige a matéria com as informações do repórter, do copydesk,
que dá uma “arredondada”; do editor, que adapta o texto e passa
para o diagramador ou desktop publisher (chique, não ?) que juntos
promovem a disposição do texto nas páginas (auxiliados pelo secre-
tário de redação, função que orgulhosamente desempenhei antes de
me tornar editor)...
Marcos Alexandre Oliveira

Mas isso tudo foi se perdendo e o profissional do texto passou a


ter que ser multi-tarefa, ou melhor, “multimídia”, como já me apelida-
vam quando trabalhei no jornal Mogi News, pois eu já me acostumara
a pensar o texto como ele ficaria na página, diagramado; quais as
fotos que seriam usadas; ou seja: nada de fazer só minha parte ou
me importar só com meu trabalho. É preciso ter visão de conjunto...
Ao escrever um texto para jornal ou para a internet, o cuidado é o
mesmo...

Mas voltando ao assunto, não precisa ficar com medo de cometer


erros de ortografia ou gramática. Só erra quem faz. Se bem que sem-
pre vai ter um chato, às vezes um bobo exagerado, que vai apontar
seus erros e querer tirar sarro de você por uma letra ou duas. Para
evitar isso:

a) Leia e releia o que você escreveu. Depois, leia de novo...

b) Quem escreve, tem mais difilculdades em encontrar erros. Não


por falta de conhecimento, mas por acostumar-se com a ideia e com
a forma. Peça para um colega, esposa, namorada, amigo, conferir.
Lembre-se do conselho da sua mãe: melhor ser corrigido “em casa”
que passar vergonha na rua...

c) Utilize, com cautela, o corretor ortográfico do editor de texto.


Alguns erros gritantes ele pega, ou ao menos, indica que algo não
está muito “padrão”... Não resolve, mas ajuda...

d) Dicionário. Fundamental. Não sabe se é com “x”, ou com “s” ou


“z” ? Dicionário. Besta é quem fala que “dicionário é o pai dos bur-
ros”. Dicionário é o pai dos espertos ! É a baliza para usar a palavra
na grafia de acordo com a norma culta... Quer mais ?
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e) Com restrições, também, utilize o Google.... Procure ver a


grafia utilizada em sites do Governo, Universidades, etc... Mas lem-
bre-se que o grande problema da internet, ainda, é o da credibilidade
das fontes...

Mas, com tudo isso, se cometer um erro de ortografia, se tiver


oportunidade, de forma natural, peça desculpas e assuma (não, você
não deverá ser preso e condenado à morte por isso) e se policie
mais no futuro. Naturalmente. Não fique chamando atenção para
seus erros nem se penitenciando. Tem gente que nem entendeu o
que você quis dizer, mas como achou “ascenção” no lugar de “ascen-
são”, já vai querer humilhar você. Não aceite! Ninguém sabe tudo...
Marcos Alexandre Oliveira

10 dicas simples para evitar erros grosseiros:

1 - Mau e Mal. Mau com “u” é contrário de “bom”. Mal com “l”,
contrário de “bem”. Exemplo: Lobo bom, lobo mau. Meu bem, meu
mal.

2- Sessão, seção e cessão.”Sessão“ de mostrar, de apresentar.


Ex.: Sessão de cinema. “Seção” de “secção”, de parte, de “pedaço”,
de departamento. Ex.: Seção de Protocolo, Seção de Contabilidade.
“Cessão” de dar, de “ceder”, de doar. Ex.: O rei confirmou a cessão
de terras aos plebeus.

3-Eu e mim. Tem verbo depois ? Use EU. Ex.: Para EU fazer.
Para EU comprar. Para EU mandar. Para EU comer. Não tem verbo
depois ? Use MIM. Ex.: Traga esse livro para MIM. Não zombe de
MIM. Tenha dó de MIM.

4- A e Há. Quando se referir a tempo iniciando ação futura, use a.


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Quando nos referimos a tempo indicando ação passada, usamos há.


Ex.: Estamos a 30 anos da revolução digital. (vai acontecer uma
revolução digital no futuro)
Ex.: Estamos há 30 anos da revolução digital. (já ocorreu uma
revolução digital no passado)

Nota: Não se usa “atrás” quando se escreve “Ocorreu uma revo-


lução há 30 anos ATRÁS. Aí, a frase fica redundante, como “subir
para cima” ou “descer para baixo”. Se é “passado”, é “atrás”, não é ?

5-Atrás ou “atráz”. Muita gente confunde o traz (do verbo trazer)


com o “atrás”. Por isso: Ex.: O menino TRAZ um caderno. Ex.: Está
ATRÁS da TV.

6- Onde ou aonde - Onde equivale a “em que lugar”. Aonde equi-


vale a “para qual lugar”. Ex.: Onde estão os livros ? (em que lugar
estão os livros).
É diferente de: Ex.: Aonde você vai com tanta pressa ? Grosso
modo, “aonde” dá impressão de “movimento”... Em tempo, o termo é
“grosso modo”, de forma grosseira, geral, e não “a grosso modo”,
como muita gente usa...

7- Gente e nós. Gente é gíria ? Bom, sem discutir isso, vamos lá:
NÓS vamos. A GENTE vai. “Nós” é plural... “Gente” é singular. A pa-
lavra, o termo. Mesmo que “gente” signifique mais de uma pessoa,
portanto, plural... mas não é bem assim. Outro termo que existe é “as
gentes”, como sinônimo de “os povos”, “as nações”. Por isso, tenha
cuidado. Se falando, “nós vai”, “nós fica” já soa mal, imagine “a gente
somos”, “a gente falamos”, “a gente dissemos”.... Olha a concordân-
cia aí, gente !
Marcos Alexandre Oliveira

8- Por que, por quê, porque e porquê: Em frases interrogativas,


usamos por que. Ex. Por que brigaram ? (pergunta direta) ou Ex.:
Queria saber por que eles brigaram... (pergunta indireta). Também
usamos: Ex.: “Eu sei por que ele não veio hoje”, no meio da frase.
Mas no final da frase, devemos usar o acento. Ex.: Não abriu a lata
por quê ?
Quando se tratar de uma explicação, quando for equivalente a
pois, usamos porque. Ex. Foi triste, porque perdemos/ Foi triste,
pois perdemos.
Quando se tratar de motivo, causa, quando a palavra for
substantivada, usamos porquê. Ex.: Não sei o porquê de tanta tris-
teza.

9- Anexo e em anexo - “Em anexo” não varia. Já “anexo” concor-


da com o substantivo. Lembra-se ? Pois então... Ex.: Segue o docu-
mento anexo. Ex.: Segue a foto anexa. Ex.: Segue o documento em
anexo. Ex.: Segue a foto em anexo. Ex.: Seguem fotos anexas. Ex.:
Seguem documentos anexos.
Ou ainda: Ex.: Segue a foto, anexada ao documento. Notou que
tem um complemento depois do termo em negrito ? Ex.: Segue o ar-
quivo anexado ao e-mail.

10- Em ou a - Nesses casos comuns o correto é: Ex.: Entrega em


domicílio. Ex.: TV em cores. E vamos parar por aqui, pois o título
indica 10 erros e eu sou bastante obediente... Como amostra grátis
já deu...
Jornalismo para quem não é jornalista -Internet

Credibilidade das fontes

N
ão adianta encher páginas e páginas de sites e blogs, nem
encher o Twitter de posts se cair na armadilha de querer
parecer o que não é... Pode até dourar a pílula, mas não
pode mentir, inventar.

Há alguns anos, encontramos um rapaz, campeão brasileiro em


sua modalidade esportiva. Sem patrocínio nem divulgação, sem di-
nheiro, colocamos a mão na massa para ajudá-lo. Ele precisava via-
jar para tentar bater o recorde mundial em seu esporte. Grandes
chances, futuro promissor. Redigimos uma série de matérias “com
alma”, e disparamos. Adivinhe: um repórter da Folha de S. Paulo foi
até a casa dele entrevistá-lo. Um dos jornais mais prestigiosos do
Marcos Alexandre Oliveira

país publicou uma página inteira, colorida, sobre o rapaz. Em segui-


da, um quarto de página no Jornal da Tarde. Nos jornais da região
próxima, passou a ser presença constante. Nas emissora de rádio,
estrela.

Conseguimos apoio e fomos até um dos escritórios do jogador


Ronaldo Fenômeno, no Leblon, para apresentar pessoalmente um
pedido de patrocínio. Fomos muito bem recebidos e ficamos aguar-
dando retorno. Valeu também encontrarmos a Glenda Koslowski do
Globo Esporte (que não se interessou pela história do rapaz - devia
estar ocupada em outra pauta...) e a Jacqueline Silva, a Jacque do
Vôlei, que interrompeu uma partida para falar conosco, e assim, es-
pontaneamente, deu entrevista elogiando a persistência do atleta.
Continuamos insistindo na divulgação e um mês depois estávamos
no Programa do Jô.

Mas aí vem o problema: quando sobe à cabeça ! Ao invés de


aproveitar a chance, o rapaz passou a ignorar nossas orientações de
assessoria de imprensa. A estrela era ele ! Não conseguiu se ex-
pressar, depois passou uma imagem de arrogante, “esqueceu” de
agradecer a quem o havia ajudado até ali - falo de empresas patroci-
nadoras que estavam reunindo dinheiro para que ele viajasse e ten-
tasse o recorde mundial e aí o Jô Soares se interessou mais em falar
com uma outra atleta que o rapaz mesmo convidou - sem avisar a
ninguém - para fazer parte da entrevista “dele”... Desastre total...
para ele...

A atleta compareceu, bonitona, bem e adequadamente vestida,


acompanhada pelo marido, um professor universitário, com várias
sacolas de brindes da associação comercial e industrial de sua cida-
de, e foi tudo o que o rapaz não foi. Tomou a cena de assalto. Após a
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gravação do bloco, fui até o camarim do Jô pedir que ele desse uma
“esticadinha”, que gravasse outro bloco, tudo para tentar salvar a
imagem do rapaz. O Jô foi um cavalheiro... Simpaticíssimo. Mas
com o Willen Van Werelt, diretor do programa, argumentou que o
tempo estava curto e que poderíamos marcar outra entrevista no fu-
turo...

Após o fiasco, nem adiantou falar muito. Voltamos no carro da


emissora em clima de velório. A repercussão foi péssima. Os patro-
cinadores, em respeito a mim, cumpriram a promessa e repassaram
o dinheiro ao atleta. Mas não quiseram continuar mais a ajudá-lo,
nem com bastante insistência. Irritado, o rapaz embarcou para o ex-
terior, ficou por um mês se preparando, tentou por duas vezes bater
o recorde mundial e não obteve sucesso. Voltou para o Brasil e logo
veio me procurar novamente. Queria retomar a campanha de divulga-
ção. Ouvi, pensei e me recusei.

Nervoso, inconformado, o rapaz deu o tiro no pé. Lembra-se de


que estávamos aguardando a resposta do Ronaldo Fenômeno ? Pois
então... O rapaz foi direto a um jornal local e deu entrevista dizendo
que Ronaldo havia mandado dois convites e passagens para ele par-
ticipar da festa de aniversário do jogador (!). Lorota. Mas “colou” e a
reportagem foi publicada. Aí ele sumiu por uma semana, não
retornava ligações, e-mails de ninguém e aí caiu a ficha do repórter,
que rapidinho fez de conta que não era com ele... Como não havia
repercutido tanto, ninguém deu bola... todo mundo fez de conta que
esqueceu, mas correu o boca-a-boca e quando o rapaz reapareceu
para “contar os detalhes da festa do Ronaldinho”, ninguém nem quis
mais saber.

Aí aconteceu com ele o que de pior pode acontecer com alguém


Marcos Alexandre Oliveira

que passa a se achar celebridade: o ostracismo. À boca miúda, cada


repórter falava para o outro se afastar. Não atendiam mais às liga-
ções do rapaz e mesmo com ele inventando mais e mais histórias
estapafúrdias para compensar a queda de desempenho esportivo,
ninguém queria mais saber dele... Triste... Acabou abandonando o
esporte.

Tirei minhas lições desse episódio. Primeiro, não dá para usar


“salto alto”. Segundo, é necessário gratidão aos patrocinadores, aos
amigos, a quem nos ajuda a divulgar nosso trabalho. Terceiro, o que
parece óbvio, mas nunca é demais repetir: não se deve mentir, inven-
tar histórias para ganhar espaço na mídia. Quarto e essa é para os
que mesmo não sendo jornalistas, trabalham com assessoria de im-
prensa e talvez para outros tipos de profissionais: você pode demitir
seus clientes. Se o seu cliente acha que pode caminhar com suas
próprias pernas, que não precisa de você e nem mesmo ouve seus
conselhos, tire seu time de campo. Vai evitar estresse e problemas
futuros. Vá trabalhar para quem acha que precisa dos seus servi-
ços...

Cuidados com a credibilidade na internet


Twitter - Aqui, vai a dica para a internet. No Twitter, nada de dizer
que “já está na festa”, quando ainda está no banheiro de casa... Al-
guém sempre pode estar lendo, não ver sua cara ali e você vai pas-
sar “carão”.

Blogs - A festa foi maravilhosa, você dançou em torno do seu


próprio umbigo ? Legal, mas não se esqueça dos donos da festa, de
quem patrocinou, das pessoas realmente fundamentais para o even-
to. Não quer fazer propaganda, acha que não está ganhando nada
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com isso ? Bom, mas lembre-se de que tudo está interconectado.


Respeite...

Nos Sites: aqui a comunicação é mais formal ainda, menos flui-


da que nos blogs, menos autoral ou pessoal. Mesmo no ambiente
informal da internet, aqui, a ideia é mais corporativa, institucional...
Fica pior quando a reportagem se cristaliza aqui... O problema é sair
por aí, a torto e a direito, expressando opiniões por tudo... Em Pro-
vérbios, um livro da Bíblia, está escrito “Quem se mete em questão
alheia, é como aquele que pega pelas orelhas um cão que passa”.
(Provérbios 26:17). Depois de dizer (ou melhor, publicar) posições
polêmicas e cutucar todo mundo, não adianta reclamar por sua ima-
gem e causas gerarem antipatia entre os leitores.

No Orkut, Facebook, Ning, Sonico, Badoo e uma infinidade de


outras redes sociais, as regras são um pouco mais estreitas. Um
caso interessante foi o da questão da identidade de uma fábrica de
televisores e equipamentos eletrônicos, multinacional, que aqui no
Brasil abriu uma conta no Orkut como se fosse um internauta co-
mum. Queriam saber o que se pensava da marca, dos concorren-
tes.... Tudo para entrar na cabeça dos internautas...

Parecia um sucesso e aí foi crescendo, crescendo... Mas o tiro


saiu pela culatra... Alguém descobriu, denunciou, a rede deu uma
dimensão inimaginável ao episódio e a empresa teve que vir a públi-
co - pelo menos ao “menos público” que sua “assessoria de imprensa
de controle de danos” conseguiu, e acabou tendo que se desculpar.
Ah, mas você pode dizer: “Ouvi que a empresa saiu-se bem do caso,
que aprendeu com isso, que virou publicidade gratuita...” Tá...

Escândalo não é publicidade gratuita... Se fosse, os principais


executivos das maiores empresas do planeta iriam sair pelas ruas de
cueca, rasgando dinheiro, contando seus pecados... E não iriam con-
tratar marketeiros, agências de publicidade, assessores de impren-
sa...
Marcos Alexandre Oliveira

A comunicação a serviço da vida

E
sta pequena obra, como já foi dito, é apenas uma contribui
ção menor. Não há nem espaço e talvez nessa era de co
municação, minimalista e instantânea, não haja nem tempo
seu, caro leitor, e meu, neste momento, para continuarmos essa con-
versa. Conversa, sim... Pois ao escrever, me imaginei conversando
com você. Por isso, muito obrigado pela paciência e por ter chegado
até aqui.

É claro que não esgotamos o assunto. Há algum tempo, fui convi-


dado para tomar um café em uma multinacional que produz peças
automotivas para duas grandes montadoras. Uma metalúrgica. O di-
retor de Recursos Humanos, com o diretor de comunicação
corporativa ou algo assim, reclamavam que os funcionários de nível
intermediário - e até mesmo alguns diretores, confidenciaram - ti-
nham problemas com o uso da Língua Portuguesa (quem não tem ?).
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Nada absurdo, mas que acabava comprometendo documentos


internos e especialmente os externos e até mesmo o material que
utilizavam na comunicação corporativa. A intenção era me contratar
para fazer uma série de palestras a esses diretores, workshops e
abordar alguns temas, de forma sutil, descomplicada e interativa.

Nada de forçar a barra. Nada de constranger profissionais líde-


res em suas áreas de atuação e especialistas em áreas técnicas e
de produção que eu nem imagino como funcionam. Muitos deles do-
minavam dois ou três idiomas, acumulavam expressiva bagagem in-
ternacional e não dava para ir lá e mandar o pessoal escrever reda-
ções !

Aí surgiu o Curso “Descomplicando”. Que começou com o primei-


ro módulo “Descomplicando a Língua Portuguesa”, com três meses
de duração, com uma hora/aula por semana, para abordarmos jun-
tos, em turmas reduzidas, alguns assuntos que interessavam à dire-
toria e claro, aos profissionais.

Foi um sucesso. Tanto, que acabou sendo estendido a todos os


funcionários da empresa, mesmo para os da área de produção, por
um ano e meio. Com custo compatível, rápido, objetivo, o curso abor-
dou os erros mais comuns de ortografia e gramática; correspondên-
cia oficial, formas de aproveitar melhor a comunicação na internet e
intranet da empresa, noções de jornalismo para quem não é jornalis-
ta, como se relacionar com a imprensa e claro, técnicas de redação.

Aí aproveitei bastante minha experiência de oito anos como pro-


fessor no Ensino Público e em cursos preparatórios para concursos
públicos e cursinhos em Língua Portuguesa, História, Conhecimentos
Marcos Alexandre Oliveira

Gerais e Informática. Ao final do curso, todos receberam certificados


de participação, mas o que ficou de mais interessante é que alguns
se descobriram verdadeiros poetas, escritores, pensadores. Um des-
ses alunos, da área de produção, descobriu tamanho talento que
prestou concurso, trabalha hoje na Companhia Paulista de Trens Me-
tropolitanos - CPTM - em um cargo de destaque - e o considero um
grande amigo. Abraços, Márcio, e obrigado pela oportunidade de
aprendermos juntos...

Sim, a experiência foi tão proveitosa que decidi apoiar um projeto


nascente, que era o Projeto 100% Jovem - Curso Preparatório para
Vestibular, desenvolvido pelo ex-vereador e suplente de deputado
federal Acir dos Santos, o Filló, em Ferraz de Vasconcelos-SP. Pas-
sei de professor a coordenador-geral do curso, realizado dentro do
programa escola da família, do Governo do Estado de São Paulo, e
atendemos mais de 800 alunos em um ano, com 11 professores vo-
luntários em diversas disciplinas.

Ao término do curso, consegui 400 isenções da taxa do vestibular


na Universidade Cidade de São Paulo - UNICID (onde cursei Histó-
ria) e 200 da Universidade Nove de Julho - UNINOVE, e parecia
Moisés diante do Mar Vermelho, nos dias das provas, levando os alu-
nos pelos trens e metrô para enfrentar o vestibular. Muitos deles fo-
ram aprovados, pegaram gosto pela coisa e hoje estão cursando o
ensino superior. Outros, se animaram e tentaram USP, Unicamp...
Uns com mais, outros com menos sucesso, mas a maioria, com
grande esforço e dedicação...

Daí, fui convidado a colaborar com o cursinho comunitário Educa-


ção e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes, Serviço Franciscano de
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Solidariedade - Educafro - e em uma das aulas, um aluno, Evandro -


nome do meu pai - me desafiou: “Professor, se para entrar na USP, bas-
ta estudar bastante, como é que o senhor nunca tentou entrar lá ?” O meni-
no ruivo e sardento continuou: “Bom, eu peguei duas fichas de inscri-
ção. Eu vou prestar a prova da Fuvest. O senhor topa ?” Como não
dava para dizer “não” diante da sala, me inscrevi, passei a estudar
religiosamente uma hora por dia todos os dias e passei na Fuvest.

Fui estudar Letras na USP, na Faculdade de Filosofia, Letras e


Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. E, não que eu
considere demérito - pois eu tenho minha posição sobre as cotas ra-
ciais - mas sem recorrer ao benefício...

Logo depois, animado, comprei 40 computadores, aluguei um es-


paço em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo e dei iní-
cio, com um grupo de voluntários, ao IPEC - Instituto Pró Educação
e Cidadania, associação educacional sem fins lucrativos voltada para
inclusão digital, com foco em cursos preparatórios para vestibular,
concursos públicos, prova do ENEM e reforço escolar.

Abrimos, quatro anos mais tarde, uma outra unidade no populoso


bairro de Guainazes. Formamos mais de 6.000 alunos em cursos li-
vres em oito anos de trabalho.

Mas alguns casos me emocionam até hoje, como o do professor


Saulo de Oliveira Sebastião, que foi nosso aluno, estagiário, profes-
sor, tirou 88 no Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, conseguiu
bolsa integral na Pontifícia Universidade Católica - PUC - e cursa o
terceiro ano de Administração. Saulo estagia hoje no Departamento
Intersindical de Estudos de Estatística e Estudos Socioeconômicos -
Marcos Alexandre Oliveira

DIEESE.

Agora, estamos migrando os cursos da associação totalmente


para a internet, no intuito de atender melhor e mais pessoas, contan-
do com o apoio de outros especialistas, voluntários e apoiadores.

Espero que você tenha gostado desse nosso encontro e que eu


possa ter ajudado. Outros encontros e oportunidades, tenho certeza,
virão. Peço a Deus que nos ajude e abençoe a todos, para que pos-
samos utilizar com sabedoria o que a linguagem, a comunicação, a
internet, a vida, nos oferecem.

Obrigado pelo seu tempo e até uma nova oportunidade.

Abraços

Marcos Alexandre Oliveira


Jornalista
Professor
Diretor Geral do IPEC - Instituto Pró Educação e Cidadania
IPEC - Instituto Pró Educação e Cidadania

Associação Educacional sem fins lucrativos

www.ipecbrasil.blogspot.com
ipecbrasil@hotmail.com
Central de Atendimento: (11) 2551-9746

Marcos Alexandre Oliveira


www.imarcosalexandre.ning.com
imarcosalexandre@gmail.com
(11) 6586-8333

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