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neste exato lugar que deve ser colocada a objeo critica que
emerge natural e necessariamente do contexto e da estrutura da
prpria Fenomenologia do Espirito. Dissemos que a dialtica do
Senhor e do Escravo, para ser levada a bom termo, isto , para ser
realmente passagem da conscincia para a autoconscincia, precisa
ser dirigida e corrigida pela lgica atuante por detrs das costas da
conscincia, que a faz optar pelas alternativas conduzentes ao final
planejado e desejado. Mais especificamente: Dissemos que a luta de
vida e morte, que a relao de dominao so contingncias e que a
verdadeira fora, logicamente motriz do processo, uma interao
mesclada entre a dialtica do Senhor e do Escravo e a dialtica do
Amante e da Amada, da filia grega.
O contexto e a estrutura da Fenomenologia do Espirito" podem
parecer estar a exigir uma leitura diferente. Pois, Hegel no fala de
uma dialtica do Amante e da Amada, mas elabora e desenvolve
longamente a dialtica do Homem e da Mulher que, na unidade da
Famlia, constituem o mundo tico (Ph. G. 318 ss.). O Homem realizase a si mesmo somente na Mulher, e esta, no Homem, cada um deles
autoconscincia a reduplicar-se no outro, constituindo, apesar da
dualidade dos polos individuais, a unidade tica da Famlia. O Homem
e a Mulher, constituindo o mundo tico, esto, diz Hegel, um para
com o outro, em relao dupla. O Homem e a Mulher, ao se amarem
efetivamente e se constiturem um no outro, instituem no s uma
sociedade, como tambm a famlia. Esta sociedade a primeira
forma de comunidade social, de vida social e regida, segundo
Hegel, pela Lei Humana. Homem e Mulher, ao se unirem, criam e
instituem uma Lei que deles mesmos, que se origina deles, que
por eles engendrada e que consiste no querer em conjunto de ambos.
Esta a Lei Humana, produto criado pela primeira forma de
sociedade. Por outro lado, Homem e Mulher, ao se unirem pelo amor,
instituem tambm, e principalmente, a Famlia da qual emerge, diz
Hegel, a Lei Divina.