Você está na página 1de 35
HARLEM 203 SADOR CIENTIFICO NO BRASIL pe AuscHWITZ 40 ‘Rui Martins —~ ‘A CARREH Luiz Gouvea Le {GA LIBERA OBRAS APREE RA DE PESQUI aboriau — 209 NDIDAS — 225 Justi ‘Notas DE LEITURA — 229 Dona Flor ¢ seus dois maridos © milirarismo alemdo com ou sem Hitler Padroes raciais nas Américas ‘As trés quedas do. passaro Que futuro espera a humanidade? Do andtema ao didlogo Messianismo e conflito social Origens da dialética do trabalho Treblinka REVISTA CIVILIZACAO BRASILEIRA Langamento Bimestral dc La EDITORA CIVILIZAGAO BRASILEIRA S.A. Rua 7 de Setembro, 97 Rio de Janeiro, Gb. ANO IIT — No 13 Maio, 1967 Diretor Respo Secretério on — Moacyr FEL Dyas GOMES Estrutura e Mobilidade Social do Proletariado Urbano em Sao Paulo Armando Corréa da Silva WNTE TRES ANOS — de 1963 a 1966 — uma situacio de yel permitiu-nos 0 acesso ao material de um arquivo, em dos dados pessoais e alguns aspectos das condigdes de ¢ profissionais das pessoas abrangidas nesta sondagem npo, o trato direto com a populacao atingida pela amos- suia, por ocasido do levantamento, 16.000 fichas, 7,000 em uso diario, abrangendo os anos de 1959 a de uso didrio tinham sdbre as outras a vantagem de ‘oas presentes em Sao Paulo, como moradores ou Tesentes, Resolvemos, entio, utilizar apenas estas que, comegamos a trabalhar, perfaziam um total de 7.274. rSirregularmente, dados sobre idade, sexo. lugar déncia, cor, atividade profissional etc., do entre- e registram problemas variados, expressando ne- alimentagao, satide, habitacio, higiene, trans- Das 727 fichas de amostras —~ 10% do total utilizado — 90,30, i individuais. se referiam a familias & 9,2% a casos il ‘ Na ocasidio do registro désses dados, o género de residéncia, no municipio da Capital © arredores, assim se caracterizava: QUADRO I ‘Moradores & nao-moradores presentes em domicilio nao especificado 86,8% em albergues noturnos . 2.1% em favelas ....+ . ETS em sitios, chécaras e fazendas Bee 139% em diyersos servigos ptiblicos - 0,7% em olarias ..- 0.4% em asilos e pensionatos . 0,3% 6,3% sem enderégo e em transito ‘As fichas referiam-se a casos da mais variada procedéncia e na- turalidade, abrangendo um total aproximado de 40.270 pessoas — ca- sos de familias, mais casos individuais, com a média de 6 pessoas por : familia — equivalendo, em 1964, para cérca de 36.605 residentes no municfpio da Capital, moradores e nfio-moradores presentes, a 0.87% populagao do mesmo. Quanto ao lugar de nascimento, foi obtida a seguinte classificagao: QUADRO IT Lugar de nascimento Nacionais: THT egy coe Departamento 2. ‘fica, - Parané - Sergipe Rio de Janeiro (in aie Golds... : registtada .. ++ das fichas registra o nascimento das pessoas nas Te" rdeste, seguidas das regides Leste, Centro e Norte. » Amazonas aparecem casos de pessoas nascidas em t8- Pederagio, inclusive no estrangeiro. A porcentagem Estado de Sao Paulo € consideravelmente maior do ue se The seguem de perto, ‘Minas ¢ Bahia. feito & declaragio do local de procedéncia nio foi vis ‘os no classificados por registtO ille- ragao atingiam 66.8%. veidéncia obtivemos 2 seguint® distribuicao: Presidente Prudente 01% Franca .. 01% Adamantin: : 0.1% Mogi-Mirim . : OM, Fernandépolis O.1% Limeira .... 0.1% Birigui..... tae Olimpia. me Campos do Jordio ote Iiha Bela Gis Bento de Abreu Sp ‘Sio Manuel . 01% _ampo Limpo. .. 0,1% Outros Estados 0.8% Com registro ilegivel e sem declaragao 98% entrevistados declararam residéncia no Estado de Séo 69,2% residem no municipio da Capital. A maior con- a na 4rea conhecida como a da Grande Sao Paulo Vila Madatena Jaguara Pinheiros , Beets: Santa Ifigénia Jardim América, Jardim Paulista Capela de Socorro, Cerqueira Cesar , Limfo . .....,, Vila Guilherme Outros distritos .... Outros municfpios Outros Estados Com registro ilegivel e sem declaracio... 98% Segundo etitério utilizado empiticamente pelos servigos urbanos da ‘prefeitura do municipio da Capital, Pode ser feita, aproximadamente, ‘Seguinte distribuigiio da populacio, na 4rea do municipio, por zona: QUADRO MI (E) 31,8% 12,1% 11,4% 41% 3,2% 66% 20,2% 0,8% 98% : i Paulo a maior parte das etme poet Lae bom 1927091 hhabitantes, sen- ranga, Penha de Franga, Tatuapé, Alto da Mooca © is de 100,000. (mos, 1960) a dees de maior eee confine. com /O/anc: Saato Anite sio Aeaetano do Sui, com uma populagio ur tantes. (IBGE, idem). Seguesse a zona Oeste, com 585.911 habitanies, sendo que Lapg © Nossa Senhora do © com mais de 100.000. (ance, idem). Zona “mm va", margeada pelo municipio de Osasco, de desenvolvimento fabs} Fecente e que foi eriado hé pouco tempo, desmembrado do municipig da Capital em 1959; em 1960 apresentava uma populagio urbana ¢ rural de 116.077 habitantes, (1sce, idem). Em terceiro lugar vem a zona Norte, com 494.398 habitantes, com Tucuruvi, Casa Verde ¢ Santana com mais de 100.000. (ince, idem), Em Sao Paulo, diferentemente da Guanabara, nao € érea de grande coneentragao industrial. Sofreu um aumento populacional de mais ds 100% de 1950 para 1960. (ick, idem). ~ Em seguida vem o Centro, com 405.064 habitantes (18cr, idem), onde se situam alguns dos primeiros bairros industriais da cidade. Finalmente, aparece 0 Sul, com 245.647 habitantes, com Santo Amaro com mais de 100.000 (igor, idem). Santo Amaro também é area industrial. Caminhando para o extremo meridional desta zona, em: ditecao 4 Serra do Mar, a populagio torna-se rarefeita: Capela do Socorro, com muitos loteamentos novos surgindo, ¢ Parelheiros, con- finando com a Serra. A Estrurura OcupacionaL Fazer afitmasoes sébre a cstrutura social urbana, em relaclo a0 hunicipio de Sio Paulo, é tarefa dificil e delicada, em vittude ac gran- de ritmo de erescimento de sua populagio nos ‘iti Paralelamente, 6 preciso considerar que, no mesmo periodo, no vee mitte @ todoo Estado, a populagdo urbana e suburbana, entio menor do que a rural: 3.168.111, Para 4.012.205 habitantes — tor- nou-se quase o ddbro da Mesma: 8.149.979 habitantes, para 4.824.720, Este fenémeno TAS @.5 om . ECONOMIA E ATIVIDADE PROFISSIONAL A estrutura ocupacional encontrada determinou & segunite dis- no mercado de trabalho urbano-indwai gy em © © in QUADRO IV Ingresso no mercado de trabalho Atividades pré-industriais Zona rural 1 — trabalhadores assalariad Beraaore® pobres e economia de subsisténcia rae Jayoura”, “na roca”, “lenhador”, “pescador”, “horticultor”).2 I = trabathadores assalariados das dreas urbanas e su " purbanas, incluindo cidades e vilas, de origem rural (‘“cata- “papel”, “‘carregador em feira”, “em circo”, “garrafit ‘porto de areia”, “em olaria”, “poceiro", “faxineiro “trabalho bracal”, “qualquer servigo”, “ajudante de ca- “carregador”, “entregador”).® Sexo Masculino des industriais a urbana I — trabalhadores e operdrios assalariados (eservente de pedreiso”, “pedreiro", “padcira", “for y wencanador”, “ajudante de encanador’, “ferries . eaiador”, “ajudante de carpinteiro”, “sarpinteio", sam “‘goldador” “cletricista”, ““mecdnice-letrcisa”, i ‘mevanico”, “serralheiro", “tratorsta, “motors: fro mecanico”, “mecanico”, “ : ta jnista”, “auxil jagao”, “prensista”, “ajU : ea ia eit apesioe® dor” pce: ei dante de matadouro”, E a .industiério")- Atividades comerciais Zona Urbana 1 — _ Zoni Pequeno comércio ceira”, “ambulante”, 3 Cfeirante”, “do. ‘Por conta prépria”) , Artesanato Zona Urbana | — produtor individual ¢ Servicos aes, Urbana I — assalariados (servigos diversos”, Siudante”, “limpeza”, “empregada”, “doméstica”, “lavacet, fa» Passadeita”, “faxineira’, “cosinheita”, “pagem”, “trabar « Tho bragal”, “escrituraria”, “datilégrafa”, “balconista”, “enfer- Meira”, “contadora”, “professéra”, “servente”, “policia-femi- nina”) , “doceir: de “servente de pedreiro” (20,6%), “lavrador” (13,8%), “ope- (12.6%), “servente” (7.9%), “pedreiro” (7,9%), “motorista’ 8%) © um grande niimero de trabalhadores e operirios diversos. os elementos do sexo feminino, “doméstica” (57,4%), “lava- (15,7%), “operdria” (6,8%), “costureira” (5,9%), “lavrado- ( m” (1,5%) etc. ‘ Porane arch da economia mais freqiientes na amostra foram ividade éindustriais, trabalho assalariado, conforme nossa bak ae v0 i ‘ientagfo deste tra- 0, e ésse foi o motivo determinante da orientac: ra Tae que a freqiiéncia dos demais setores € pequena e nao itamento seguro dos dados. ee eee ‘cionais classificadas incluem, nao s6 adultos \s categorias ocupat a cae — mas também jovens e criangas, eee ‘em oficinas e fabricas, desde os 11 anos Boe = roletaria, além do que chamamos : eee cpr guapmaloria, quanto 20 gtneto de ane 7 , sendo a porcentagem dos Rais Bs rabaliedore e operirios é EE grande emprésa da construgao Pes as pequenss oficinas me~ ia constante, € Mi aparece om bem menor porcentagem trico; com ben a 0 trabalho nas médias ¢ grandes emprésas fabris de varios tipos (side. rargicas, metaltirgicas, téxteis, de alimentagao, graficas etc.). O° Exopo RURAL: os Popres po CAMPO Segmentos classificados como Zona Rural e que abrangem: | trabalhadores assalariados do campo, lavradores pobres e economia de subsisténcia; If — trabalhadores e operarios assalariados das {reas ur- banas, incluindo cidades e vilas, de origem rural. A maneira de o adventicio rural se inserir na estrutura do mer- cado de trabalho urbano-industrial de Sio Paulo é fenémeno muito complexo e variado, dependendo de intimeros fatéres. O simples fato de vir do campo nao determina por si s6 0 ingresso, necessiriamente, nas faixas pré-industriais, de menor produtividade © com pequeno in. dice de divisio do trabalho. Tudo dependeré do grau de recursos de que dispée, da Area sdcio-econémica de que procede, dos tracos cultu- Tais que traz consigo, das experiéncias profissionais anteriores, do co- nhecimento de técnicas de ajustamento urbano — como ler, escrever, contar ete. —, da consciéneia que elabora dos processos em que se vé envolvido, da maneira como est4 mais ou menos apto para enfrenté-los, da rapidez com que o consegue e de um grande nimero de outras va. tidveis, . Levando em conta essa complexidade, nosso critério toma, como Pontos de referencia basicos, de um lado, na origem, a estrutura agra- tia em lenta transformacao — transformacdo essa que é uma das deter- minantes do éxodo rural — e, de outro, o grande centro industrial em desenvolvimento € expansao, pélo dindmico da sociedade moderna "emergent. As DETERMINAGOES DE ORIGEM Em 1963, uma familia que residia em Minas Gerais, regiao de fontes Claros, trabalhando em regime de “meia”, abandonou o lugar, vindo em diregio a Sao Paulo. O chefe da familia informou na entre- due haviam deixado a terra onde nasceram porque as condicoes ‘am muito ruins e que, “quando nao atingia o combi- -entregar tudo ao dono das terras”. Vieram para $40 'melhor”. Em marco désse ano, depois de vagueare™ , Temunerado base . Tendo ficado devendo, \ i que plantaram, pois “o dono tomoy” Ainda nessa regido, trabalharam arraneando oe transformagao da rea em Pasto, Prestaram varios servicos — con: Cr$700 por dia, de junho a janei pé de café, para a @ Cr$ 5 por pé, durante um més. sertar cérca, fazer acéro etc, — 4 00 px iro de 1964, recebendo s6 u: e 1, sé uma parte em dinheiro. Depois, comecaram a preparar um trato de terra pa ° oe de uma vatiedade de capim, de que a metade seria sun ne ae © servigo ¢ ficaram devendo. Isto, de janeiro de 1964 a < Foi entdio que resolveram vir para a Capital. <,,_inicialmente, ajeitaram-se em Boi-Mirim, Santo Amaro, distante ‘duas condugoes da cidade”. Ficaram durante varios dias na casa de uma pessoa que haviam conhecido em Rancharia, sem despesis, No entanto, regressando o dono-da-casa, alugaram um cémodo, proximo — Cr$ 5.000 de aluguel, sendo que o primeiro més iria vencer no dia 4 de novembro e para o que nao tinham dinheiro algum. jontamentos consta a afirmagao de que: a vida aqui, na fa dificil, mas que nunca mais queriam ouvir falar de voltar | “a roca”, apesar de, comparando, acharem que “em or” do que em Minas Gerais, de onde haviam vindo. ocorreu no espago de cérca de 18 meses. “relatado aqui em alguns de seus pormenores, reflete, a experiéncia particular, um dos aspectos da situagao ontram alguns segmentos de trabalhadores rurais (se jas atividades nomades oscilam entre formas capitalis- listas de produgao. ‘de 1964, componentes de uma familia que reside e tra- nda do norte do Estado do Parand, vieram & Capi- 1, com a finalidade de buscar tratamento médico bros, retornando, depois. situagdo diferente da anterior. Enquanto | experiéneia urbano-industrial, a partir do “est organizada na zona rural, onde resi- n centro industrial, além de denotar a exis- jaglio (através do conhecimento dos ‘yinculo, assim como estabelece con- 69 dligdes de comparagio repetida entre dois meios s6cio-econémicos 4 ferentes ¢, ainda, pode introduzir modificagdes culturais € no compos. tamento dos individuos em contato, Pode ocorrer que certos componen. tes da urbanizacdo, secularizagao da cultura e do comportamento ¢ in, dustrializagao, que os engloba, sejam lentamente assimilados Pelos ind. viduos, que se transformam, entao, em agentes sociais espontaneos dag transformagées estruturais em curso. Assim, a auséncia de recursos médicos no lugar de origem obriga 6s interessados a virem A Capital, onde tomam contato com o desen. volvimento econémico e social urbano. Nos casos de individuos ja radicados no centro urbano, quando a situagdo se agrava muito, surge a expectativa de retdmno: ”,.. pre. tende retornar ao interior, para trabalhar na lavoura, pois seu marido esté parado ha 4 semanas. Esté com o terreno atrasado trés meses ¢ sem possibilidade” — as afirmagdes revelam a origem rural e 0 gray de penetracdo dos processos sociais urbanos, sendo a base objetiva do projeto o desemprégo tempordrio. Mas, poder encontrar as mesmas condicdes anteriores, que o levaram a abandonar “a lavoura” © tudg tenderd a recomecar. Outro aspecto, entre os j4 mencionados nos casos acima, que lan- Sa luz sobre © cardter quase permanente dessa mobilidade social, é aquéle ‘no qual a mudanga de Area sécio-econémica pode no calsar choques muito profundos, por duas razées principais: de um lado, j4 ae trata de “layradores” que perderam os seus meios de produgao (se- miproletérios) ¢, de outro, ja existe a experiéncia do trabalho avsalac Tiado “livre” na 4rea de que provém. Ha ainda casos em que os recém-vindos trazem consigo um pe- queno pectlio, acumulado com sacrificios, destinado a aquisiggo de um terreno, ou pagamento de Primeiros aluguéis etc. JA ‘ha, aqui, um gra mais profundo de integracZo com a economia urbana, O fato é que uma das determinagdes basicas do éxodo rural em Sao Paulo, senio a fundamental, gradual modificagao das re- # Se Prodicao existentes e, de outro, a permanéncia de relayces _Wnridicas © formas de propriedade tradicionais, causa sia geragio de He orisis. Ge, por yézes, asstimem formas radicals, ovocando 0 aparecimento de movimentes Teivindicatérios e de lide- muitos casos, os. fendmenos econdmico-sociais ganham ex trabalhava no Parand, na colheita de cafés enn, 80%, “a familia Geen auc ito eR, para trtamento de saddens Yo Et i Baas ig as mais velho abandonou o lar; aay filhas tee, alhando com outras familias; um dos filhos Pal no Parang”, Bste 6 um aspecto da transfor ace insformagio do dos lagos o ele iy o “movimento camponés", no caso de Sto Paulo, o éxodo preferentemente em diregao & capital poderia ex- Plicar-se porque, nesta, a luta pelos direitos trabalhistas © a jus ica. so- cial de um modo geral constituem Outros elos désse movimento migra- pect Sempre encontrou defensores que Ihe assegurassem a vigén- cia, ha anos, ao passo que no campo os pobres do campo cortinuam jundicamente marginalizados, até hoje. Naturalmente, cate casos, a de existir um principio de consciéncia das proprias condiges de vida, em formagao, estando, ou secularizadas, ou em vias de abandono, as explicages de cardter mégico-teligioso para os proprios infortinios. __ Esta incluida aqui, também, a consciéncia da existéncia e das di- ‘menses do mercado de trabalho, como neste caso: “A familia proce- Parana, onde trabalhava na lavoura; vieram para So Paulo (Ca- ' para conseguir emprégo. A espdsa é doente ¢ seus trés filhos sao e dependentes; o chefe est4 desempregado; estio morando parentes, de favor”. Ou, como em outro caso, — vieram para > “para ganhar melhor”, nobilidade social, no interior das areas rurais, que constatamos dda pesquisa, fazia-se, a0 mesmo tempo, em varias diregSes: trabalho na colheita de café e cana; atrés da prestacao de freas onde tem ocorrido a substituic&o do café pela pe- ‘vacum); em diregao das dreas de agricultura de subsistén- alho em Areas “novas” (algodao, amendoim, trigo, frutas tetas de qualquer modalidade, e, também, sivamente, ‘busca do trabalho no grande centro industrial nem sem- i pro- 97 odendo ser concebida como apenas a pro- ar de mao-de-obra existentes no Esta: 7 que os jornais ‘estampam. © trdfego nas Tuas, as mu- senvolvimento de conduta é lose, psicopatias vérias, invali parcial ou completa, cardiopatias, cegueira, fae, Hae i alcoolismo, surdez, iL hhémmias, sma, derrame cerebral, reumatismos ete Bares A adaptacio As novas condicdes de vide jem _que € preciso efetuar logo, em circunstin. . E tem inicio, entio, a “exploragdo” do mer- tentativa necessiria do aproveitamento de 16- jaa for Sisponivel. A pressio das condicdes adversas le- ya a que a familia utilize-se de todo o seu potencial para sobreviver, ‘com 6 emprégo, muito cedo, das meninas — arrumadeira, pagem, lim- ‘etc. — e dos meninos — Tecados, ajudantes diversos, aprendizes de oficio ete. — com baixa remuneracio ou nenhuma ¢ a margem de qualquer Essa utilizagao plena da forca de trabalho disponivel, diversifica- m um significado de valor quase estratégico: permite uma rapida em € assimilacao das novas condicdes de vida. Entre varios ados, citamos o exemplo de uma familia de 13 pessoas — omum, pois a média encontrada de membros da familia foi que, depois de seis meses, estava assim organizada: dois ca- zeres domésticos, um tecelao, um servente de pedreiro, 0 che- r, desempregado, cinco criangas na escola e trés em idade origem t6da a familia se dedicava a atividade oe fa ingresso conjunto no mercado de trabalho ur- 9 preconceito contra 0 trabalho bracal, proporcionando, as “remuneragéo muito superior a que poderiam receber com isan préir i cesst- re as ativi lustriais, que constituem formas acess ta Se eatin Tequisitos que exigem, estio, éum apel, carregador, faxineiro, garrafeiro etc. “ edientes tempordrios), 0 trabalho em st- ro ‘em Olarias ¢ a “profissio” de po- Se ieaiacae a. “lavagem de roupes para jonais entre si ¢ com formas yinculos funcionais en . BE uma decorréncia mais ou é ee dias na Capital, O marido tery fo ae ania, ere Ieuilsa. tle 12 des também.» Bee eats om prio de arela xe resume nu tarefa de tirar 4 ately do banco (de areia) amontoando-a ¢ encher 0 caminhfio ou outro Meio de transporte, Pode fazer parte, também, como um seu prolongamen, (0, a alividede do “ajudante de caminhio", para descarregar a cangy na “obra” (construgio civil). As olarias de que tratamos aqui constituem um grande niimery de pequenas emprésas, situadas ao redor da Capital, onde subsite mo sistema de vida © de organizaglo do trabalho em moldes quase pres capitalistas, com a familia téda trabalhando ao relento, de sol 101, sem legislagio trabalhista a amparf-la (e que nem sempre conhece) ¢ recebendo por servigo executado. Tém casa para morar, prechria 8 proprio local. Nii dispdem de nenhum ou muito pouco tempo dispo- nivel para outros afazeres, a nfo ser nos dias de chuva, quando, por outro Jado, nfo podem trabalhar na olaria © nada recebem, pois gan nham por milheiro de tijolo batido, a céu aberto, Em 1963 visitamos uma delas, i ia, situada a bei » mal transitdvel por autos Porisira de fazenda. A olaria situava-se num terreno plano e comin CIO 0 £0750 © no terreiro, to. dead. de pequenas casas de tijolos exposto e de chio de terra batida, A residéncia da pessoa que procurévamos consistia de don cémodos & _cozinha", com condigdes precérias de moradia, Néles, dois estra- dos, a guisa de cama e alguns utensflios. A atividade de poceiro é uma das m ais antigas dos centros ur- €m razio da demora dos ser ©5 Novos © numerosos “parques”, “jardins”, casos que examinamos, Assim, na pro Poso € fator de yalorizagao: “os planos 1 nha no terreno e passar a morat, mas fem pogo © necesita de auxilio financeiro pate perfurh-lo”, , nanceira: é y 1108; 0% fcido infecgbes nag vidade necess Esta cy muito comum, Quanto 4 indmeras forn do de trabatho de trabalho, y cem ser duas ¢ Thamos no toe: de mao-de-obr Todas as pobres do cam que sao porta muito baixa re prida, em part emprésas com O problen: que nao reque produtividade fator de desval qlientemente é madas mais fa Tal € 0 caso da Preendida como / Nesta faixa constitui pratica tada acima: a di = que faz baixa gilidade econdmi quais absorvem p ‘seja porque nao gular, em virtude capital financeiro, as atinge, dada su rente do subérno. lenta das condigo perfurd-lo”. A atividade é exercida em razio da extrema pressi nanceira: € preciso lavar roupa para comprar o pio co aliments dia ios; os Acidos que 0 sabio contém arrebentam as saia infecgdes nas pontas dos dedos, impedindo 0 exe: vidade necesséria a0 sustento. ios © produzem. io da propria ati Esta ocupagio pode ser exercida também a domi muito comum, € 0 “trabalho por dia”. Quanto aos expedientes que citamos, éles so apenas algumes das intimeras formas que assume 0 problema dos excedentes de mio-de- ‘obra em Sio Paulo. A incapacidade de absorsio por parte do merca- do de trabalho ¢ a existéncia de uma politica de desvalorizagio da forca de trabalho, visando manter a oferta maior do que a procura, pare- cem.ser duas das causas principais. (Durante o periodo em que traba- thamos ho local da pesquisa a orientagao era a de favorecer a entrada de mAo-de-obra no Fstado e de dificultar ou impedir sua saida}. lio e, caso Tédas as atividades,de que falamos até aqui sio acessiveis aos pobres do campo, em yirtude do extremo atraso cultural e técnico de que sio portadores, sendo obrigados A execucdo désses servigos de muito baixa remuneracao e produtividade, embora esta possa ser su- prida, em parte, pela quantidade de bragos empregada, nos casos das emprésas com capital suficiente disponivel, ou de obras piblicas. © problema apresenta dois Angulos: de um lado, sao atividades gue nao requerem nenhuma aptidao especial ¢ sio de muito baixa produtividade nas condicdes em que sdo exercidas; de outro, isto é fator de desvalorizagéo do trabalho fisico, pois a remuneragio conse- giientemente é muito pequena, Adquirem, por isso, aos olhos das ca- ~ madas mais favorecidas, a caracteristica de atividades “marginais”. '0 caso da atividade de faxineiro, por exemplo, muitas vézes com: ‘como forma de assisténcia particular ao desemprégo. y ta faixa de subemprégo, 0 nao pagamento de salirio minimo mnstitui pritica generalizada. Uma das razdes pode ser a mesma apon- a disparidade que existe entre 0 excedente de mao-de-obra faz baixar o valor teal médio da fOrga de trabalho — ea fra- “econémica € financeira das pequenas e médias emprésas as sorvem parte désse excedente, mas ndo pagam o saldrio de lei, jue nao gozam de favores fiscais, nem de crédito baneéirio re- mm virtude de sua baixa rentabilidade como “negécio” para 0 i ro, seja porque a fiscalizagao trabalhista nem sempre ‘ua quantidade e disperséo, sem contar a prética co no, Naturalmente, hé a exploracio intencional ¢ vi scérins dé uma méo-de-obra que nem sempre + 2, sabe defender-se com eficécia e que se encontra em situacio de as. censao social, em relagao a origem rural, Muitos dos lavradores pobres chegam a Sao Paulo com um pe. queno pectilio, amealhado com extremos sacrificios. Aqui, sio leva. dos freqiientemente ao emprégo désse capital na entrada da compra de terreno na periferia, confiantes em que — segundo a propaganda — arranjardo prontamente emprégo. Acabam muitas vézes nao po. dendo continuar a pagar as prestacdes, perdendo judicialmente o ter. reno. Outras, por falta de orientac4o, perdem a propriedade recém. adquirida em virtude da natureza absurda dos contratos que “assinam”, Outra maneira de ésse pectilio se esvair rapidamente é o interessa- do, quando € 0 caso, envolver-se com intermediarios para obter a do- cumentagao necessaria 4 sua vida na Capital (identidade, carteira pro- fissional, carteira de satide, certidao de casamento, certificado militar, registro dos filhos etc.). H& um mercado de documentos organizado, de espoliagéo dos que nao se encontram preparados para enfrentar essa situagao. ° Assim, através de grande namero de dificuldades, os pobres do campo comecam a se orientar no grande centro urbano industrial. B, se sio obrigados a enfrentar de inicio os seus aspectos menos favoré- veis, Vaio, aos poucos, conhecendo também seus lados positivos, que 0 tornam a meta preferida do éxodo rural. Nao que as dificuldades de- saparegam, mas, ao contrario dos momentos iniciais, as esperangas de melhoria de vida passam a se objetivar em projetos realizdveis a curto prazo. Esto neste caso a escola primaria e 0 terreno. Para alcangar €sses dois objetivos, os sacrificios sao extremos — inclusive a situagio de privagio e fome. A par das influéncias ideolégicas urbanas, a mo- tivago revela, nos casos estudados, a origem rural: ser analfabeto € nfo possuir terra, no campo, so sinénimos de miséria e exploracao; saber disso, por outro lado, pode corresponder a um certo grau de consciéncia de direitos humanos. A luta para dar instrugéo priméria aos filhos esbarra sempre em dois obstéculos principais, depois de vencida a barreira da falta de vyagas, € que so preciso vencer: ou 0 custo do material escolar, uni forme etc., ou a necessidade de tirar 0 menor da escola, seja porque se enfrentar oportunidades de trabalho mais bem remune- Permitem, também, 0 inicio de uma autodefesa mais ef Fa as condigdes de opressio e exploragio ¢ valorizam © forga de trabalho, bém © gindsio, mas mesmo para eS, Plantio de algumas verduras © legumes Soni en Mmultas vézes, apesar de situar-se cm zona de vac, Gesso de urbunizagio © nio fazer parte d Se ae oi parte do chamado “cinturdo verde" pode ser encarada como uma das formas poi i Gipotte da terra que, no presente caso, realizuraeia ep sone envolyimento por um mercado de trabalho tba lbslvial Fa senyolve elementos de transforma i ca aso © reorientacio das ativi pela vans icsnpsn gs ast ds avis ha ponesa”". Os loteamentos da periferia da cidade e iB ile ate riam desempenhanclo uma dupla fungio: a de fs pi i pla fungio: a de fazer perdurar a cons- ciéneia camponesa, em meio Urbano-industrial, dificultando a tras formagio do “Iavrado” em trabalhador assalariado €. ao mesmo tan 2p, Permitindo um ajustamento menos brusco as novas condigses de vida, ficr, % segunda Beragdo (filhos estudando), em diregao as ‘portuinidades oferecidas pelo capital, ou pelo trabalho, no sistema ca- ta em desenvolvimento na Area. Por exemplo, dois casos: “compraram terreno na periferia da num dos intimeros loteamentos existentes, novos"; diz a ficha ‘a familia tem se mantido de pequenas rendas do que planta o rocinha onde moram”; 0 outro caso ¢ o seguinte: “A familia n um barraco em Diadema. A casa é de pau a pique. Quase j membros da familia sio doentes. Estio em tratamento, Com- nO a prestaco; a mulher est4 gravida. Vivem da ajuda de |. Foi ensinada, por pessoas do lugar, a fazer plantio de ver ‘frutas, pois, hd espaco cedido por vizinhos, para se fazer uma ‘(os grifos so nossos) sim, as vézes, 0 “terreno” & eae apse selena jediato para construir o “barraco da gente”. Em alguns casos, a “permite” a construcfo de habitagdes em Areas urbanas as de sua propriedade; ¢ também muito encontrada a ces- lares, inclusive 0 préprio “patrio”. Ali, nao pagam conta do terreno ¢, em alguns casos, devem pagar ea luz. sem finalidade 6 deserita aqui, é forte e obje Naturalmente, se “o govérno’ “deve acudir a pobreza”, sur- 7 em casos como o déste pedido: “Espera ser atendido porque ¢ q finica maneira de poder morar no que é seu”, As habitagdes construidas nesses terrenos sfio de extrema Precarie dade, no que diz respeito as conseqiiéncias para a sadide © a higiene, estando seus moradores sujeitos a ocorréncia de diversos males e fla. gelos, dos quais citamos aqui apenas dois dos mais significativos: nas €pocas de chuva, a inundacdo, com repercussdes sérias sobre a sate ¢ a propria habitagao, e 0 incéndio, mais comum do que se supde, e de origem, ou criminosa, ou da mé utilizagio de velas, Iampebes a gis, querosene etc., na auséncia de iluminagao elétrica. Lembramos aqui que esta situagio nfo se refere as favelas da Capital, embora com estas guarde certas semelhangas, Tracos IbEOLGcIcos E OBJETIVos Sécio-CULTURAIS Entre os elementos dinimicos da ideologia dos que chamamos po- bres do campo, recém-chegados em rea urbano-industrial, apontaria- mos a “luta pela posse da terra”, objetivada na tentativa de compra do terreno & prestagao, ¢ a “luta contra a propria ignoréncia” (anal- fabetismo), objetivada no esférgo para dar a instrucéo priméria aos filhos — como os principais. Como j4 vimos, éles siio elementos muito valorizados nas condigdes de origem e redefinidos nas condigdes novas, como tragos das ideologias que giram em t6rno da “industrializacio”, do “progresso” etc. A maneira como ocorre a objetivagio das necessidades e a suces- siva redefinigdo dos objetivos varia em funcao de muitos fatdres, por exemplo: do fato de que parte da familia permanece “na roca” ¢ Parte esta residindo “na cidade”, com o permanente intercimbio de maneiras de sentir, pensar e agir, permutando tracos culturais ¢ valé- es; das condiges de emprégo de “doméstica”, dependendo dos tra- 08 culturais © ideolégicos da familia do “patrao”, podendo ocorrer, _ tanto um refér¢o da motivagdo, como um desvio dela para outros fins; da area sécio-econémica em que se estabelece a familia na Capital; de -acidentes, Ocasionais, como neste caso: “sANDU — Atesto, para 08 _devidos fins, que o sr. (...) esté incapacitado para exercer qualquer esado, por motivo de acidente softido no brago esquerdo, balhava como lavrador. Sendo que 0 mesmo podera exer como ascensorista, guarda, etc. — Sao — © muitos outros, Os casos de choques © confltos de ‘ muito comuns, principalmente quando a onesies, valores ete, so Beats § craters copier mmilia se distrituiu variada: Dmetettateclide precisar- Muito parcss depen Nestes casos, a re- gularizagio da cultura e do Persea oe Seoesra aay dos, 4 superada a permanéncia de Sentai ee fs explicagio da realidade. Mas, isto mee ee eee sim, o sincretismo ideolégico, ao lado do SeiBoee pe ‘Todas estas manifestagies, polarizacées e influéncias tém, tanto, como: base objetiva e reguladora, aquelas duas Sadana damentais: © terreno e a instrugdo, que devem ser primariamente Itendidas, ambas, por meio de um aproveitamento racional intenso d forga de trabalho disponivel. oes ATIVIDADE OCUPACIONAL SEGUNDO A GERAGAO gm Telagéo aos tipos de casos examinados aqui ¢ que incluem: trabathadores assalariados do campo, lavradores pobres economia de fubsisténcia e trabalhadores © operirios assalariados das areas urbanas Teuburbanas, incluindo vilas e cidades, de origem rural — que de- fires do campo — encontramos os seguintes tipos de em onal, segundo duas geragdes, a primeira como refe- com incidéncia varidvel: QUADRO VI Oya origern: “lavcador”, “na, Tavoura!> “na roga”, “Ie nhador, “pescador”, “horticutor”. No centro urbano ' . J gerago: faxineito, poceiro, feirante, oli, em pér- de areia, ajudante de oficina, tapeceiro-stofador, server” i . “gervente”- casos filhos estudando 1a ito em relagio 20 mimes os: ey identidade esconde um Mi ‘paixo de pro de um b - gone ialzagho, 0 period? aS ext : 79 sa mindmos, sendo a indtstria 0 setor mais dinimico da economia brasileira, féz gerar uma ideologia progressista, objetivada nos salirios mais altos ¢ no relativo cumprimento da legislacao trabalhista, em comparacio com ¢ passado, © que pode explicar a contradicéo aparente entre as condicdes reais e a consciéncia dessa situagao. A ForMAcao DA PopuLAcko URBANA: 0 Povo TRABALHADOR Segmentos incluidos em Zona Urbana. abrangendo trabalhadores € operiirios diversos. principalmente da construgio civil, oficinas meca- nicas e de material elétrico, marcenarias, oficinas de concertos ¢ re- paros, oficinas de pintura e algumas fabricas. Na categoria acima nao esto representados os trabalhadores vinculados especificamente aos médios e grandes empreendimentos industriais modernos, que estio classificado sob outra forma. © que chamamos aqui povo trabalhador situa-se a meio caminho entre os pobres do campo e a classe operdria. E isto nao é apenas uma caracterizacao de natureza formal. Sendo formado em grande parte por semiproletirios, constitui-se num elo natural entre os pri- meiros e a tiltima. Representam o que pode ser tido como a base es- pontinea da “alianga operario-camponesa” na area examinada. Assim, com efeito, em Sao Paulo, uma das formas de esta se realizar é a presenca, nas reas urbanas e suburbanas, de enorme contingente vin- do do campo e que, ou se constitui numa populecdo de pequenos tiantes, chacareiros etc., ou se liga ao parque fabril. Talvez aqui re: a explicagao de por que 0 recém-chegado consegue, freqiientemen- , adaptar-se com rapidez & produgio industrial — ja existe um ca- social aberto a técnicas de r4pido ajustamento. “O trabalhador sileiro assimila com extraordinéria tapidez e facilidade”, dizem os lustriais e seus porta-vozes. _ Formacio & CaRAcTeRrfsticas GErats Segmento dos trabalhadores de Sao Paulo, se comparado com inamos pobres do campo, em relacio ao fenémeno mi- estdvel, no seu conjunto, embora muito heterogéneo i quanto & divisio do trabalho, que alcanga maior or parte das vézes éle se forma com o ingress® Tecebe elementos pauperizados da classe operdria mesmo das camadas meédic fe de conjunturas ea neyte)k po Brite i ee Oelal Beeerccas do. depressto, > HetVORE VE See tui 0 strato urbano qu pysturalmeniay acta its et ee A condicao de pob: ee eee ndo isto se 4, le “aE res do ca ate, Co a BM aahictocs-scu eri Peils cnt eee g RE Paieiciminhso, porém marido, informou ‘cegio. Por exem- Rr eposesstratather tana pouco ela ae trabatha como ebeu alta a semana passada fe 60 — Esta com o oe OME Micior uc cist) on soenen pai : no titero) ae) anhiae a ‘parraco de sua propriedade em tratamento no H. nta Casa. ‘tho CxS 525 mensal. Seu marido Eniscandeias sue aite = eu marido recebeu al Pesan fr 9 alta hos} pasado fo or io teem com 0 pitalar — esta sem ee ics opital Bee tie ac nti SoS — e nesta capital era servent Dubos eae hora, 84-63 — Famflia em sit ed pic ethan cr 8 do desempro = asst econdmica precéria em a Beh Bae a joente em. tratamento ma Santa os oo a. abi de malas, devido do- Se aeetiitn tiie, a para sustentar a familia, en , percebendo de Cr$ 2. ) foram em uma casa de tij 00 3 jijolo, de chao batido, i ‘comodos. A casa foi construida com see ee sraram a prestagio ha 8 anos se ee per , _ seu salar é (0. 31-7-64 — Situacao inalterada. 21-10 PAE see para regressar para o interior da Babia.” a “comum é uma situacdo intermedidria, i edidria, instavel: “ji : “junho: aL 3. que o marido, que é servente esta. desemprees dias, Esta procurando coloca~ fhotacoes da Carteira Profissional nota-se que ° marido le em colocar-se. Paga pontualmente © aluguel (Cr -- "suas contas. Os filhos go747 de boa sadde. Ganha 0 9 mas 0 pouco tempo de Kervigo, na atual colocagao, BPE Como a situagio financeirs co: avamento, resolveu "Tem quatro filhos pequenos. Nao ‘sabem 0 que irido nfo esta conseguindo colocagao © 0 seu tra: ‘ibrar, com perspectiva de 38 citamos outro, nO limite ago as condigoes 40 me “Margo de 1964 ‘minimo; ® seis filhos, Bi nsdvel, empreitei ’ erie, ol ¢ meas gu dae construgées, pi ‘A organizacio da ci pees — oe onstrugio civil S forma de atividade econdmi civil, mesmo em Si ee catnedare ondmica urban Inds ene peta a incorpora- cult mpo co’ do campo como povo trabalhador. tural — tanto pobres iit Isto re muito al 4 eatGehiiia ‘emp! ito padréo de produtividade BAe com o nem 0 © com o fe- pameno da existéncia de um grande ni serva”, sempre aumentando eae de “trabalhadores de re- MEM elecrpcesss cus goesers aunts ee Pee : fap em mi Sa quadro fixo. A maioria é contratada ns pe one [ei da oferta e da procura. Assim, se TES condi gpes fe mnETCaUS am civil si0 homogéneos pelas Bevaciisicat ee ee fissional e condigdes de vida, mas hetero oad anit ae nao ha exigéncias especificas de Thighs teenieaiele perigee, fAeresce que esto extraordinariamente dis So reece nay suburbanas, Se de um lado a atividade eee ies feeémchegada, de outro, cla é olhada como Te eed a | fe um pouco acima do salério minimo © que, por vézes acest " ngressar na emprésa da construcio e “pegar no pesado” TA. grande maioria dos trabalhadores do setor & consituida pelos ues de pedreiro, © trabalho de servente do pedrtifo, por sia Me de teabatho desqualificado, sem exigéncias téenicas comple: (trabalho bracal, orientado pelo pedreiro) ¢ um dos mais aces- as camadas mais pobres da populacao; em contrapartida, mal Mado (mem sempre se page o salario minimo), no limite da a do proletariado industrial, exercido pata manter a subsistén- din a dia, € teabalho que, pela natureza Je 0% condigdes ma fafeta grandemente a satide do trabalhador, produzindo alersias, ue muitas vézes inu- furunculoses, hérnias, ferimentos etc., 4 no temporaria ou definitivamente para és tipo de servigos. pela elevagao do salério minimo © pelo comprimento das leis muito éstes trabalhadores, apesar das dificuldades jrtude de sua dispersio. dreiro, 0 ajudante de caminha de trabalhadores das aus de cont a ser aquéle que yealiza qualquer saneD er ieio de locomocao: carre- ae on Neste nivel € ocupa- i srcadorias. : too tipo de erent Oy aero oat 83 jo é our ontratante da forga pe motorista, que, por sua vez, nem sempre é 0 proprietario do veiculo, que pode ser arrendado, ou de propriedade da emprésa para a qual trabatha ¢ da qual, ainda, pode ser quadro fixo ou ndo. O ajudante de caminhio pode ter sido antes, tanto o lavrador, o trabalhador erm porto de areia, 0 oleiro, 0 poceiro, 0 faxineiro, 0 servente, 0 pedreiro, © servente de pedreiro etc., como © pintor, 0 caiador, 0 carpinteiro, ‘© marceneiro, 0 encanador, 0 soldador etc., como, ainda, qualquer tipo de mio-de-obra especializada ou qualificada que, momentincamente, so veja em dificuldade. As vézes, 0 “ajudante” jé foi amteriormente Smotorista” e € procurado, com preferéncia sobre aquéle que nao sabe ditigir, em virtude de que, estando mais capacitado que 0 outrd, além dos afazeres normais, ainda pode exercer a atividade de condu- Gio do vefoulo, assim como esté mais apto para pequenos reparos e consertos. Dada a precariedade de alguns setores do parque indus- trial, em fungao da grande dispersiio, ¢ também da maneira como se tem formado a mio-de-obra, éste pode ser um dos caminhos para ingresso nas pequenas oficinas de reparacio e consertos e, daqui, para outros ramos, mesmo metalirgicas, mecinica e material elétrico pesa- dos. Eis um exemplo de mudanga de officio: “21-3-63 — O marido 6 pintor, mas nfo trabalha no officio, é auxiliar de caminhao”. O “pintor”, aqui, € 0 mesmo que caiador. Tanto a atividade de ajudante, como a de motorista, dependem de outras varidveis para ter cardter estvel, e ha intimeras maneiras ‘de se tornar impossivel a continuidade no ramo profissional. Por exem- plo: “29-1-64 — Compareceu solicitando quota de alimentagio. Con- seguiu emprégo como motorista da (...) Deve comegar dia 30-1-64. Esteve trés meses desempregado por motivo de doenga. Familia nu- | merosa, com oito filhos menores e dependentes. 11-5-64 — Refere seu marido nfo conseguiu o emprégo referido na entrevista ante- . Trabalhou como motorista, posteriormente, mas diz a interessa- que as emprésas nao o ficham, devido ao mimero de filhos e a oe legais. Assim foi despedido da firma onde estava traba- Se para 0 homem o trabalho de servente de pedreiro constitui @ mais acessivel ao povo trabalhador, para a mulher é a ativi de doméstica, com t6da a divisio de trabalho que comporta, or dia, ou com a permanéncia no servigo, A preferéncia doméstico por dia, pode estar relacionada com o fato 4° que as relagdes humanas tendam a ser de cardter T sem a yigéncia de lagos patrimonialistas, com ° iva de envolvimento, para a redugio a condi os redefinida nas areas urbanas ¢ industrials Nur © segunda gera- ‘0MO OS servicos A compra da sua manipula de confeccdo e acabamento a maquina de costura, com o eae z gio adequada, so duas fortes fontes depo’ Quanto aos filhos, surgem varias cane” Pe sien a caracteristicas, das. quais apon- gue, em virtude do grau de ; produz mais do que o pai ou ajustamento, O8, 0 contro, eo ‘ a recair exclusivamente sobre seus aU ie earaeae: varias formas de eyasao: abandono ts F elaa ae eden tagao” do servico militar etc. Por mae asad eo ee eee ce P ‘© Jado, quando na qualidade : car sujeitos ao trabalho nao Pee ito Jo remunerado, du- algum tempo, como condigio mesma da aprendion ploragao do trabalho, entao, 6 “consentida”, poraue wae 8 eae ia", porque nem sempre ha As familias, quanto a utilizagio da £6 ne , gio da forga de trabalho, podem ser divididas, polarmente, em dois grupos: aquelas em que é ulilizado todo © potencial existente © aquelas em que 6 trabatha o cabeca do caval, “Neste ditimo comecam a influir, de um lado, a melhor remuneracao g, de outro, © preconceito contra o “trabalho da mulher fora”, * empresas téxteis, altente esférgo Para a , televisio, maquina de costura, bateria de cozinha etc., & grandes sacrificios ivemos na residéncia. Consta de um quarto onde existem de casal e duas de solteiro, onde se acomoda toda a fami- pessoas), uma cOmoda e um pequeno guarda-roupa; uma com algumas cadeiras velhas, uma mesa, um fogio a gis ‘usado e um armério feito de caixéo; um quartinho com pri- huveiro. A casa é de tijolo, térrea e germinada, Informou “ainda pagando o material da mesma ¢ paga 0 terreno, que de sociedade com um cunhado, cuja mensalidade de 'Cr$ 12.500. Possui uma miquina de costura ¢ uma “por més Cr$ 14.400, © marido esté tentando, tr de sapatos, tendo alugado um salio por Cr$ 6.000 rio, A interessada e seu esposo ‘sio trabalhado- 85 Mas, a possibilidade de “vencer na vida” sé é acessivel a uma infima pareela do povo trabalhador, Na grande Maioria dos casos tém que enfrentar sérias dificuldades para fugir A miséria mary com: pleta. Os grandes flagelos que assaltam 0 lar, nos casos examinados por nés, sio a enfermidade e 0 acidente, no trabalho ou fora déle, porque tra. Quando se dio, so suficientes para desorganizar por completo & familia, em tempo curto, Depois, quando se est4 desempregado & dificil conseguir novamente colocacao. Tem sido praxe em nosso parque industrial 9 chamado “perfodo de experiencia”, sob contrato. Bsse periodo é de absolute instabilidade, pois qualquer ocorréncia pode motivar o desemprégo. Quando ultra. Passado, pode seguir-se o registro do trabalhador na emprésa e névo Periodo de instabilidade, pois s6 um ano de firma o habilitard a gozar fo direitos trabalhistas e & indenizagio; isto, quando o Patrao reco. ther © impésto sindical, pois, normalmente, ‘sio despedidos antes de completar um ano de casa, simultineamente, para nao haver © paga- mento de indenizagao e porque ha excedente de mio-de-obra, 0 que nao dificulta a reposigéo imediata, se for 0 caso. Naturalmente, se téda a economia da casa Tepousar sobre o tra- balho do “chefe”, 0 desemprégo déste desorganiza bruscamente as con- digdes de vida, Ao desempregar-se ¢ Passar fome, o trabalhador vé cair a zero a sua forea de trabalho; ao empregar-se novamente é freqiientemente despedido por nao apresentar Condi¢des fisicas minimas para aguen- tar até receber o primeiro vale, quando de noticias sébre ‘arana”’, que atraiu grande adores da Grande Sao Paulo, temporariamente. dade, que redunda no aumento do volume das des- ntes, idosos ou invélidos, além dos ai comum, também, o abandono em virtude de gravidez, princi- 7 spunea na tiltima fase de gestagio, ‘Apesar de todos ésses infortiin forttinios, fic PEE tclucSes , cada dificuld: seen i th incluidos trabalhadores e operdrios de mé- dias e grandes emprésas industriais modernas e uma parte dos da ca- tegoria anterior. O nimero de casos da amostra, aqui, surge em bem menor quantidade do que em relacdo aos casos examinados anterior. mente, Trata-se, menos dos elementos tipicos da classe, em Sao Paulo, do que povo trabalhador em “ascensio” dentro dos segmentos exa- minados e alcangado pela ideoiogia do desenvolvimento econémico e industrializagao recente. As emprésas as quais se vinculam sao pric vadas, em sua maioria, 0 que os diferencia daqueles dos setores esta- tais, onde a proletarizacgio nao atinge os mesmos indices de gravi- dade (apesar da tendéncia constante, a longo prazo, da baixa do valor real dos saldrios), por razées conhecidas: maior estabilidade, aumentos de salarios mais ou menos garantidos eriddicamente, me- Thor aplicagao da legislacao trabalhista, recursos de assisténcia juri- dica © de satide etc. Esta situacdo de maior seguranca relativa € res- Ponsavel também pelo grau mais avancado de consciéacia, que tem ultrapassado muitas yézes o plano meramente reivindicatério sindical. Esse maior grau de consciéncia revela-se, desde logo, também, no ato da procura do Estado, como empregador, 0 que acaba redundando num processo de recrutamento e selecio de mao-de-obra de nivel su- perior ao dos setores privados. Do fato de que, nas lutas salariais ¢ _Teivindicatérias em geral, no se defrontam com o empresério priva- _ do, direta e isoladamente, mas com a administracdo publica em geral _ (0 Estado), podem derivar melhores condigées de luta e didlogo ¢ a agressividade parece ser mais acentuada pela coesio das categorias. Por isso mesmo, podem ser menores as influéncias do particularismo Setorismo, que téo agudamente se manifestam nos setores privados. Pos tracos sécio-culturais diferentes dos daqueles dos segmentos 1 auperizados de que jé tratamos. S casos anteriores estivemos préximos da caracterizacio da da massa dos segmentos estudados — e que reproduz um © em que vivem alguns milhGes de brasileiros — nes" udando apenas uma pequena parcela. Por isso, para ut an “pido NO conjunto d; 4 a ol i ce Meatndo, pele ase, rein farer one en OS principals seto ES p rata ilustrar aqui, repeti 3 ey ‘no de produgiio, de By ee beng ot modo Ae produ, de suas conden de tring Sue pe vas © ase, do gue algun spec ote Fives 0 pov0 trabalhador estavese transfor or em “operirios modernos”, no periodo examinad minado, _ALauns ‘TRAGos BREves & Especfricos Uma das caracteristicas do: s iheluk Rohstante de lar cea aqui € a tendéncia | regular do salrio minimo especializacio pet ge tempo, pode redundar em melhor qualificagio A ahead mentos anteriores, nio 0. Ao contrario dos seg- : , nfo hd a mudanca muito freqiiente de ativid “mas uma gradual fixagio profissional. ee quando exercido em condicdes precérias de instalago , ou de relagoes jhumanas na carohdaat © trabalho ae jntroduzir certos processos de transformacao da organizacao ueteabathiador. Um déles ¢ que 0 chefe da casa pat easos, a prover sdzinho a subsisténcia, sem que ® mulher trabalhar fora, ou, quando é 0 caso, procure certos tipos de “gervente de grupo escolar”, nos estabelecimentos désse ghde moram, na condicéo de diaristas ou do Estado ou da Prefeitura. se wanabéen a fixagio de xesidenae” re Jocal onde morar passa, eDto, & do pelas necessidades mais pri- va, propriedade” tende 8 do vn conflitos psicologicos da dentro dessa condicéo, ha aparelhada tecnica- tao social, ‘gos filhos ganha ume sepia ste 0 menor é orientad® a

Você também pode gostar