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Nota prévia ——— pce _ A sociologia nao estuda a intera MRIs Oreo, descreves c interpresea coms pure © os presséo do modo pelo qual se organizam ¢ ve ccondonanan varios tipos de unidades sociais, no seio das quais cla jounanaail Essas unidades apresentam magnitudes diversas, pois 4 come @) como instituigdes € grupos sociais, que incorporam Sadi duos a paptis posigies sociais nucleares; b) como camadas +0- Giais, que absorvem ¢ coordenam tais instituiges € grupos sociais; €) como sistemas sociais globais, que integram tals camadas © ciais ¢ condicionam o seu funcionamento, persisténcia ou transfor- magio. A importdncia da interagio social, em todos exes nivels da vida social organizada, fez com que se firmasse uma tendéncia 4 focalizé-la como se ela fosse uma “varidvel independente” ou 0 ‘agente fundamental” dos dinamismos ocorridos nas referidas uni- dades sociais, Com isso, simplificouse a pesquisa dos ‘da vida social; e, 0 mesmo tempo, facilitou-se lidade, como base ou produto das estruturas ‘centrais para a explicagio sociolégica. Todavia, ybrecimento da perspectiva analf- re dai resultou um constante empol tica da Esta se via, por uma razio ov por ou ou cont explicati i i Ora, por motivos puramente cientifi orientar a formagio do estudan' maneira a evitar essa distorgio. Ele precisa ‘0 inicio, a lidar simultaneamente com 08 ‘aspect ‘com os “aspectos estruturais” das xu — Comunidade e€ sociedade no Brasil quaisquer circunstncias, 9 Mas, poss a as formas de sociabi]j. através d dade ¢ para a conseqiiente calibragio das funcdes adaptativas da Tanto os interagao social. coletanea: rae “essencial > que da sociolc ¢ ancamento No q nique Cardoso e Octavio mos, jul se, inicial. curso pari 12, dirigida referéncia ram retomar socidlogo | em termos das atuais envolvidas A doutora Ma. pida), atra reparar uma co. pelo confl ° em agente uma cole- lizagées ni Quanto aos sis- Elas se per que nos parece a dos seres | . Voltando as p representar imei: Elas congre grupos ec téncia, a si simbolos lam as for¢ vilizacées, « ) luge. Col logos vem : mente apro empirica e t dos problem concretamen suma, 0 estui © caminho p © socidlogo a portanto, da Tal plano editorial pode aparecer ousado. Contudo, impun- Essa pees ‘dotar professores © estudantes de um conjunto completo a Ra fee de trabalho didatico, (Os sete volumes nercio. San enriquecer os varios cursos basicos de formacio a Sater ae its arp e suas civili colo ott neipal avango que decorre, de modo imediase, da revolugio __ No entanto, € preciso nio estabelecer confusdes. Os episd- dios ligados & nativizagao do poder, a formagao de um Estado nacional independente ¢ 3 eclosio de um mercado propriamente capitalista como realidade histérica interna nao séo o equivalen- te brasileiro da “revolugo burguesa” na Europa. Em termos so- ciolégicos, a revolugao politica da Independéncia constituia um processo de emancipacio do pais do ‘‘jugo” do antigo sistema co- Jonial ¢ esgotou-se, tanto politica ¢ Iegalmente, quanto econdmi- cae socialmente, na reorganizacio do status quo sob controle es- trito dos estratos senhoriais. Tal revolucio entra no desenvolvi- mento da “revolucio burguesa brasileira”. Mas, como 0 seu pri meiro patamar e quase no mesmo sentido histérico que as formas tiltraespoliativas de acumulagio estamental tiveram, na Europa para o desenvolvimento do capitalismo(?), Enquanto os princi pais agentes e beneficiérios dessa revolugio — es estratos domi: Pemter e intermedidrios das camadas senhoriais — lograram man- ter as formas de dominagio econdmica, social ¢ estatal que im- puseram & Nacio, por meios tradicionais-patrimonialistas ¢ poli- tenuar o impacto da tico-burocraticos, eles tentaram impedir ou a Gelso da economia de mercado, circunscrevendoa & esfera dos Brees cies ide exportacdo-importacio ¢ és cidades que podian mo fizar, econdmica, ecoldgica ¢ institucionalmente, a realizagio negocios. Portanto, @ grande lavoura forjava uma posi¢a0 e uma relagao contraditéria com o capitalismo. Ao ni- ereial ¢ financeiro de seus papéis econdmicos e da propria ide um tipo de acumulagio estamental fundada no sis- lantaggo ¢ na exportagio, o senhor estava inevitavel- Ww. Sonmant, I! Borghese. Contributo alla, Stor esgomico Modemo, trad. H. Furst, Mildo, Longanesi & C., 1950, manto, € bom no levar este confron'o 20 pe da letra, porque exis: pea csentale entre», altuagio, edropels &5, braslsisa- A sociedade de classes — 401 mente preso & drbita dos dinamismos econdmicos capitalistas da “mentalidade burguesa”. Aos niveis da estrutura do sistema de plantagio, organizada em bases escravistas, ¢ da estrutura de um sistema nacional de dominagao estamental, que concentrava a renda, o poder € 0 prestigio social nos estratos senhoriais, as po- Tarizagoes se invertiam. O senhor se opunha, ao burgués, que es- tava instalado dentro dele, aos dinamismos capitalistas da econo- mia das grandes cidades ¢, em especial, 4 expansio da ordem social competitiva (que ocorria tanto sob o impacto moderniza- Gor da eclosio da economia de mercado, pela absorgio de novas instituigdes, técnicas e valores econdmicos, quanto sob a amplia- o dos estratos estamentais intermedidrios, em crescente autono- mia dos interesses senhoriais nos meios urbanos, a diferenciagao e 0 crescimento do trabalho livre, e a autonomizagéo € desenvol- vimento progressivos das fungGes comerciais e financeiras do se- tor urbano). Todavia, eliminado “‘jugo” colonial, desaparecia com ele o antigo sisterna colonial e os fatores de isolamento, que continham ou impediam a integragio do Brasil aos dinamismos do mercado mundial. Em conseqiiéncia, as orientagdes antibur- guesas ¢ anticapitalistas dos circulos senhoriais dominantes 6 tiveram éxito enquanto foi possivel manter o trfico, por vias “legais” ou “ilegais”, ¢ alimentar a estabilidade do regime de tra- balho escravo, através do aumento natural da populacao escrava das migragdes internas de massas de trabalhadores escravos. A interrupgao do trafico ¢ as leis emancipacionistas quebraram qual- possibilidade estrutural de resisténcia, abrindo o caminho a aceleracao da revolugdo burguesa, a partir do wltimo quar- tel do século x1x. ‘A “revolucio burguesa” desenrolou-se, historicamente, de for- peculiar no Brasil. Nao obstante, ela revela certos tragos ¢s iturais-funcionais, que so tipicos da formagio ¢ evolugio do smo, quaisquer que sejam as condi¢des histéricas em que manifeste. As peculiaridades procedem da situacio hist6- brasileira, como Nagio de origens coloniais e que’ se in- ao mercado mundial preservando e vitalizando um sis- oducio de estrutura colonial. Esse sistema nao ficou ingdes desagregadoras, seja dos padrées ¢ instituigdes elo mercado mundial, seja da propria expansio do se- ‘nucleado em torno das fungdes do mercado capita- nas grandes cidades, das impulsoes sdcio-econd- (o nacional. O {mpeto de transformagio das facil de avaliar. Ainda sob o regime de tra- gura-se no Oeste paulista a separacao das fun- fungdes polfticas, sociais e domésticas 402 — 4 Sociedade fazenda. O senhoy € sua familia bano, a Supervisiio 4 pendente e 0 trabalh predominantemente ‘dos para 0 meio ws. ¢ em atividade inde- canalizado para fins 0 ou eliminagao da : lomésticos, te eee, Mie: Anilogos ocorreram em outros | Novos papéis econdming ; mils importante é a absorgio de | escrayi TL os, belo agente privilewiado da economia sta € senhorial, O ‘senhor” absorve diretamente, ou por | | ie de associados, posicdes que desdobravam sua rede de ativi- Kee {como “capitalista” (tomador cle empréstimos a juros e €xploracio 4 renda do trabalho esc ‘0, de casas para alugar e de interesses em varios tipos de firmas) ou como “ho- | mem de negécios” (banqueiro, comerciante, especulador em ne. gdcios de terras ou de exportacéo e de importagio, etc.). Os tra- Gos tipicos da revolugio burguesa aparecem em varios planos. Enquanto prevaleceu o controle senhorial da economia e as co. Nex6es coloniais do sistema de produgio, tais wacos so evidentes na eclosio da economia de mercado ¢ em sta expansao no setor urbano. Essa manifestacio histérico-social poderia ser menospre- zada, & luz do padrao histérico europeu da revolucio burguesa. Nos quadros brasileiros, porém, eles sio importantissimos. Pois a ela se prende a diferenciagio dos estratos estamentais interme- didrios, a ampliagio da rede de servigos urbanos que requeriam trabalho livre ¢ a constituigio de mecanismos de troca regulados em bases especificamente capitalistas, com fortalecimento das fun- _ gOes comerciais ¢ financeiras, O aspecto mais significativo dessas Atransformag6es encontrase no fato de que, a esses processos de da ordem escravista e se definiu, politicamente, por um ipo de “revolugio dentro da ordem”, Pretendia-se expurgar lade brasileira da escravidao, mantendo-se as demais condi neentracao racial ¢ social da renda, do prestigio social Quando 0 controle senhorial da economia ja se acha nbora pouco visivel (0 ponto de referéncia histérico é 60, mas a fase caracteristica abrange todo 0 ultimo lo x1x), certas influéncias dinamicas concomitantes, ‘mundial € do setor urbano interno, ganham uma con- ica. Aos poucos, os condicionamentos do mercado eae se eo —— A mundial incentivam transferéncia de capitais, de empreendimentos ligados a criagéo de uma infra-estrutura mais adequada‘& economi: de mercado capitalista moderno e de massas de trabalhadores ivmes Doutro lado, o café associa a grande lavoura a este contexto socio, econdmico novo. Ao contririo do que sucedia sob 0 antigo regime colonial, ela se convertia em fonte de retengio de excedente eco- némico e servia como foco de dinamizagao de outros setores da economia. Gragas aos efeitos da imigracio na transicio para o trabalho livre ou na formacao de novos tipos de exploracio co- mercial € agropecuiria, polarizados em torno da pequena proprie- dade e de um novo espirito de usura, e na intensificagio das fun- Ges econdémicas das vilas ou das cidades, os impulsos procedentes da grande lavoura incorporaram-se a processos mais amplos de di- ferenciagao econémica regional, de universalizacio do trabalho li- vre e da mentalidade capitalista, bem como de integragio econd- mica da sociedade nacional. O circuito produgao: e consumo in- terno fecha-se de varias maneiras, conforme as caracteristicas das regides do pais, que se tomem em consideragio. De modo geral, a ordem social competitiva expande-se rapidamente, dentro dos muros da cidade, e impéese progressivamente nas regides agri- colas da Javoura de café e da pequena lavoura com fitos comer- ciais. As relacdes de producio submetem-se (ou tendem a sub- meter-se) a padroes capitalistas, nas relagGes entre o capital e o trabalho; 0 mercado funciona, pelo menos nas regides ou ‘Zonas em que esse processo é intenso e irreversivel, como uma fonte de yalorizaco social de pessoas e servicos, diferenciando ¢ classifi- cando individuos e grupos de individuos em classes sociais diversas; por fim, o capital comercial ¢ financeiro, captado internamente ou ocedente do exterior, pressiona a diferenciagao das estruturas condmicas, dando origem a um processo acelerado de industria- Jo € a um novo modelo de organizacio do consumo. __Esses aspectos tipicos, estrutural e funcionalmente analogos | que se podem observar no contexto histérico europeu da re- do burguesa, transcorrem no seio de uma sociedade nacio- emergiu na crista de uma “revolugio dentro da ordem’ ou, em uma segunda fase(2), através de outra revo- do mesmo tipo. Isso significa, sociologicamente, ia, a sociedade e a cultura fomentaram a passagem ‘earacterizagio dos dois “ciclos" de integraglo nacional, que cor, fe ie de Glasses € is Tevolucées‘mencionadas, cf. F. FERNANDES, Sociedade de . ‘op. cit., pp. 126-183. Quanto as oripent 20 ae S a ”, . je HOLLANDA, pe ar aa abet e Negros em Sto i; R, Bastie e F, FerNaNpes, Be, esp., 181-142, 404 — A sociedade para © capitalismo e 0 seu apital pe _ é so senvolvimento posterior dentro de tempo, provocada e contid reese ESS i ane fa pelas forcas econdmicas, sociais e po- Iiticas, que a desencai eaeelees ce en Dewi Indo, cada fase de crise es formacao de novas estruturas ea re eee eee Peete Be enemy oc oemias, socials politicas que dinate Steenio SRT uma mudanca as estruturas eco- er politicas anteriores. De outro, o capitalism apresenta varias facetas, sendo uma realidade nas sociedades na. Ramen MTU iond-lo de crodg atdauan ¢ fades na- vamente auténomo) e uma realidade bem diferente na oan Meet cee rscs o sob fe nas sociedades tima alternativa, a situacé ge cn vies SHEL, ea Nine oe situagéo de dependéncia nao é determinante. : igura como uma espécie de circulo vicioso perma- nente, Apenas os setores inclufdos na organizacio da economia de mercado se classificam socialmente no seio da ordem social competitiva, e, desses setores, apenas uma parte se incorpora, ver- dadeiramente, as posigdes € papéis sociais essenciais para o fun- cionamento e 0 desenvolvimento dessa ordem social. Daf resulta que as aparéncias escondem uma realidade penosa: os indices de progresso e de prosperidade sio conquistados sob permanente marginalizacdo de fortes contingentes da populacio, que nao se integram, de fato, & sociedade de classes ¢ & sta ordem econdmica, legal e politica. No fundo, pois, a transi¢io para 0 capitalismo produz uma revolugio social. A “mentalidade capitalista” ¢ os interesses de classe” capitalistas, porém, nao sio, em si e por si mesmos, revoluciondrios. Eles articulam as composic6es que aco- modam o emergente ao arcaico, 0 nacional ao semicolonial ¢ a0 tolonial. A revolucao burguesa surge, assim, mais como subpro- duto da implantagao do capitalismo, que como proceso, hist6rico da consciémia e do comportamento coletivos de uma classe. Ela se dilui, no tempo € no espago, amolgando os padrées € os ritmos do capitalismo as escalas de tempo historico € sociocultural da sociedade de classes emergente. 5 Os diferentes aspectos desse tipo de revolugio burguesa, do pitalismo dependente, a que ela se associa, ¢ da sociedade de sine assum se constitui, sf ainda mal conhecidos sociolo- © Nos limites de espaco acessiveis, tentamos coordenar ras, que se nao s4o propriamente “classicas”, pelo calizam’ alguns aspectos centrais da formagao da socie: sses sob 0 capitalismo dependente, A tiltima passagem 5 anterior, de O. Janni, fornece uma descricio sindtica 3s explosivos da transi¢io em processo, Por isso, ¢sco- fo de H. Jaguaribe, que tenta descrever as fun- es : A abs leitur que : instr trial, do E nope segu sigac se d da e cag func meic caliz Go. de c édi urb; nan soci eno cer limi vest met regi des téti as z clas A sociedade de classes — 405 ges sociais construtivas do padrio de desenvolvimento imanente 4 absorgio do capitalismo pela sociedade nacional brasileira, A Jeitura subseqiiente, de L. Pereira, situa a polarizacio histérica, que acabou prevalecendo: o desenvolvimento, como ideologia ¢ instrumento de dominacio de classe da burguesia urbano-indus- trial, fornece os fundamentos da incorporacao “interdependente” do Brasil a0 mundo que esta sendo criado pelo capitalismo mo- nopolista, de integraciio dos mercados nacionais. As trés leituras jintes focalizam aspectos centrais desse novo modelo de tran- sigio, através do qual os dinamismos do capitalismo dependente se deslocam dos sonhos de autonomia nacional para as realidades da economia de consumo, da tecnologia avancada e da massifi- cagio do homem. J. R. Brandao Lopes da-nos um painel das fungdes desintegrativas da civilizacio urbano-industrial sobre 0 meio rural; L. Martins e F. H. Cardoso invertem 0 painel, lo- calizando as fungées construtivas do regime de classes na forma- ao do empresariado industrial ou do proletariado ena elaboragao de certos ajustamento tipicos, em que a “racionalidade burguesa” é dimensionada pelas exigéncias ou possibilidades da sociedade urbano-industrial brasileira. Por fim, o wltimo excerto, de F. Fer- nandes, formula uma interpretacio sociolégica da estrutura da sociedade de classes nas condig6es atuais do Brasil. Ao explorar essas_leituras, didaticamente, cabe ao professor enorme responsabilidade. Em primeiro lugar, ele niio deve esque- cer que as descricdes e interpretagdes escolhidas padecem das limitagdes € contingéncia do “conhecimento aproximado”. A in- vestigagio sociolégica ainda no progrediu o bastante — especial- mente no que diz respeito 4 formacao e ao desenvolvimento do regime de classes no Brasil — para nos resguardar de aproximacoes descritivas ¢ interpretativas, mais ou menos improvisadas € hipo- téticas. Onde se alcangou maior rigor descritivo e interpretativo, as afirmacées sio circunscritas a certos aspectos da sociedade de Glasses € dificilmente comportam esforgos bem orientados de ge- ‘neralizagio. Em segundo lugar, ¢ de todo indispensavel afastar “os alunos da conviccio de que as descrigdes ¢ as interpretagoes “Goem-nos diante de uma realidade inexoravel e imutavel. Como fdas as sociedades “‘continentais”, que lutam por uma posicie tro da civilizagio ocidental moderna, as “chances” do Brasil definem por imperatives estruturais da heranga colonia! esente modelo de composigao urbano-industrial. Até tendéncias a mudanca profunda sempre esbarraram na cio inconsistente do arcaico ou na arcaizagao precoce No entanto, como as contradigées estruturals € fun- mam no piano historico, devese levar em conta outras e 406 — A sociedade perspectivas, nas qu: pondo os homens, socialmente, dia improvave = 5 ale aa ey eae da ordem". As técnicas so- idem socetiia or Inieenes as eicnam 35 man Ir eee ees acabam “fazendo histéria” as avessas. ras enconteam aaag arde: 8 transformacées socialmente necessé- ‘ontram seus protagonistas histéricos e sobem A tona, de modo sibito e turbulento. Em uma sociedade como a brasileira, aera eee ee © regime capitalista ¢ de classes vi- . por fortes propensdes oligdrquicas, plutocraticas e tecnocraticas dos estratos dominantes das classes altas € médias, esse tipo de “transicio explosiva” desenha-se como parte da normalidade da situagao. Convém, portanto, deixar a imaginagio dos estudantes aberta para o futuro e para a inqu rigio do que é historicamente imprevisivel, embora sociologi mente provavel. A suplementagio das leituras, no caso, também precisa ser orientada de modo mais rigoroso. Em primeiro lugar, é preciso colocar certa énfase nas andlises demogrificas e nas implicagdes que elas possuem para a explicacio sociolégica. Sob esse aspecto, seria interessante explorar a fundo 0 estudo de L. A. Costa Pinto, “As Classes Sociais no Brasil” (Sociologia ¢ Desenvolvimento. Temas e Problemas de Nosso Tempo, Rio de Janeiro, Editora Givilizacao Brasileira, 1963, pp. 200-242), completando-o com dados -demograficos mais recentes. Esse estudo levanta hipdteses sobre 0 “padrao tradicional” e o “padrao moderno” de estratificagao que merecem ser aproveitados ¢ criticados cuidadosamente. indo lugar, conviria aprofundar a caracterizagio do “pélo” industrial no Brasil. Na verdade, a ordem social comy 6 apresenta um minimo de integracio estrutural-funcional ‘eficdcia histérica nesse “polo”. Além disso, é nele € que se pode observar e analisar os limites dentro dos ne de classes esta desagregando formas econdmica ‘arcaicas” e construindo novas formas econd- oliticas requeridas pelo funcionamento e desen- social competitiva. Além da ampliagio do ituras arroladas neste capitulo e no capitulo darfamos a seguinte seqiiéncia de leituras, unidade de trabalho didético: a) sobre as «as da urbanizacao, esp. P. Singer, Desenvolvi- olucéo Urbana (op. cit., pp. 7-18 ¢ 359- ‘Tndustrializacio ¢ Urbinizacao no Brasil” Janeiro, ano 6, n° 1, janeiro-margo de is os rit mos do tempo podemse intensificar, inte de confrontos que tornarao ia A sociedade de classes — 407 1968, pp. 8:28); 6) sobre a industrializagio com : cas yy ientagaes de comportamento do eed Ca: ae come Slemas da Industrializagio no Stculo Xxx" (in ©. G, Mota, ‘org. Brasil em Perspectiva, op. cit. pp. 319-353), F, H, Cardoso, “Politica ¢ Ideologia: A Burguesia Industri: empresdrio a dustrial ¢ Desenvolvimento Econdmico, op. cit., pp. 159-187; ou, alternativamente, do mesmo autor “Hegemonia Burguesa € In- déncia Econdmica; Rafzes Estruturais da Crise Politica Bra- sileira”, in CG, Furtado, org. Brasil: Tempos Modernos, Rio de Janeiro, Paz ¢ Terra, 1968, pp. 77-110); M. W. Vieira da Cunha, ‘A Burocratizagéo das Empresas Industriais, Sio Paulo, Faculdade de Ciéncias Econdmicas ¢ ‘Administrativas da U.SP., 195) (pp. + € 0s estudos sobre “os Grupos Econdmicos no Brasil” (M. ueiroz, “Os Grupos Multibil iondrios”; L. Martins, “Os Re jos Nacional . A, Pessoa de Mora Grupos liondrios Estrangeiros”), ‘ublicados pela Revista do Instituto de Ciéncias Sociais, Rio de Janeiro, vol, 2, n.° I, janeiro- dezembro de 1965, pp- 47-185; ¢) sobre os mecanismos politicos do desenvolvimento capitalismo, a0 nivel do controle direto cf. O. Ianni, Estado € Capitalismo. Estru- no Brasil, Rio de Janeiro, Editora ps. evi). Sobre outros cf. leituras recomen- énfase no contraste “tradicional se explorassem as indicagoes de B. C. Castaldi sobre “A Hierarquia de ” (Mobilidade ¢ Trabalho, op. cit» PP- ‘lidade econdmica ¢ social, a estrutura de brasileira, como Sio Paulo, pa ém disso, as inconsis- ‘A Propésito de Uma Interpretagio da Histéria da Repiiblica, Paulg Beiguelman 247 aMstca Nelson Lins ¢ Barros, Sérgio Cabral 265 BSblemas do Canto Lirico, Airton Lima Barbosa 269 ARTES PLASTICAS ‘A Arte Como Nio-Fazer, Ferreira Gullar 275 Gerald Scarfe, Jaguar 286 ‘DIREITO Mandado de Seguranga da Edit6ra Civilizagio Brasileira Contra 9 D.FS.P. 291 ve da ‘As Tradigées Democriticas ¢ a Honra do “Exéreito Exigem 1 Punicio Toe Assassinos do Sargento Soares ¢ dos Autores de Estupro de Uma Funciondria Publica 298 NOTAS DE LEITURA i ‘As Palavras, Roberto Pontual 307 © Casamento, Roberto Poniual 310 Franz Kafka da Praga 1963, Leandro Konder 313 Pensio Riso da Noite, Fausto Cunha 315 ‘A Cangio do Amor Armado, Otto Maria Carpeaux 317 Espeticulos, Populares do Nordeste, Edison Carneiro 318 PoeMirio da Silva Brito, Ferreira Gullar 321 Conflito fe Sindicalismo no Brasil, Cldudio Torres Vouga 326 ‘Linguagem Esquecida — O Homem a Descoberta de sua Alma, Luis Paiva de Castro 329 Teoria Econémica e RegiGes Subdesenvolvidas, Alberto Flaksman 335 Opinio Pessoal, Anténio Callado 337 © Santo Inquérito, Luis Carlos Maciel 340 « © Teatro Moderno em Pernambuco, Luis Carlos Maciel 342 Um Poeta na Cidade ¢ no Tempo, Otto Maria Carpeaux 344 ‘Mafia, Luiz Mdrio Gazzaneo 322 © Quilombo dos ‘Palmares, Franklin de Oliveira 324 A

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