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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA __ VARA DA

SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _____________

ANTÔNIO CARVALHO, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do


documento de identidade nº (__), inscrito no CPF sob o nº (___), vem, por seu
procurador (instrumento de mandato – doc. nº (_), com endereço profissional em
(____), mui respeitosamente, com fundamento no artigo 4 º , I, do Código de Processo
Civil, ajuizar
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO JURÍDICO-
TRIBUTÁRIA

em face da União, representada em juízo pela Procuradoria da Fazenda Nacional,


localizada em (endereço), de acordo com as razões de fato e de Direito a seguir
expostas.

I. DOS FATOS

Antônio Carvalho sobrevive com os rendimentos de aluguéis oriundos do


patrimônio deixado por seu pai desde o falecimento. Sendo assim, o autor é proprietário
de um grande número de bens móveis e imóveis, bem como, de aplicação financeira de
grande valor, totalizando seu patrimônio em aproximadamente R$ 2.000.000,00 (dois
milhões de reais), conforme comprovado em declaração de bens e rendimentos do
Imposto de Renda ano base 2008, acostado aos autos.
Em 30 de janeiro de 2010, a União Federal editou a lei nº 13.001 determinando
que a cada exercício financeiro, os proprietários de patrimônios acima de R$ 300.000,00
(trezentos mil reais) seriam tributados pelo novo Imposto sobre Grandes Fortunas.
Ainda de acordo com a lei editada pela União, determinou-se que o valor
excedente aos 300 mil reais seria tributado pela alíquota de 30% (trinta por cento)
anualmente. O fato gerador do imposto é 1º de janeiro e os valores devem ser recolhidos
até o dia 30 de junho de cada ano. O texto da lei ainda determinada a exigibilidade do
imposto já no ano corrente de 2010.
A tributação oriunda da referida lei em poucos anos reduziria a praticamente
nada o patrimônio do autor, diminuição essa que comprometerá o sustento de sua
família, bastante numerosa.

II. DO DIREITO

A Constituição Federal em seu artigo 153, VII, prevê a competência da União


para instituir imposto sobre grandes fortunas, nos termos de lei complementar. Assim,
de acordo com o que preconiza a Carta Magna, o referido imposto deveria ser instituído
por meio de lei complementar, existindo assim um vício formal na edição da lei nº
13.001 visto que a mesma foi instituída por meio de lei ordinária.
Além do já mencionado vício formal, a norma apresenta também efeito
confiscatório, o que acordo com o artigo 150, IV da Constituição Federal é vedado.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)

V - utilizar tributo com efeito de confisco;

A previsão de tributação pela alíquota de 30% (trinta por cento) anualmente caracteriza
o efeito confiscatório do imposto, desobedecendo e muito a razoabilidade.

De acordo com a referida lei o fato gerador do imposto é 1º de janeiro, tendo sido a lei
editada em 30 de janeiro de 2010, não poderia no corrente ano de 2010 já haver a
cobrança do imposto. Sendo assim, observa-se também que o referido imposto não
obedece ao Princípio da Não-surpresa.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à


União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)

II - cobrar tributos:

b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu
ou aumentou;

c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os
instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;

A lei nº 13.001 obedeceria ao Princípio da Não-surpresa se respeitasse cumulativamente


o Princípio da Anterioridade do Exercício Financeiro (art. 150, III, b) e o Princípio da
Anterioridade Mitigada (art. 150, III, c).

Não há obediência ao Princípio da Anterioridade do Exercício Financeiro pois o texto


da lei determina a exigibilidade do imposto já no ano de 2010, ou seja, no mesmo
exercício financeiro em que foi publicada a lei que o instituiu. Não há do mesmo modo
obediência ao Princípio da Anterioridade Mitigada visto que não se respeitou os
noventa dias exigidos pela lei.

III. DA SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO – CONCESSÃO DE TUTELA


ANTECIPADA – ART. 151, CTN c/c 273 CPC

“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar,mtotal ou parcialmente, os


efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação e:
I – haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;”
A tributação oriunda da lei nº 13.001 que determinou que a cada exercício financeiro os
proprietários de patrimônios acima de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) fossem
tributados pelo novo Imposto sobre Grandes Fortunas trará como conseqüência que em
poucos anos o patrimônio do autor se reduzirá a praticamente nada, diminuição essa que
comprometerá o sustento de sua família, bastante numerosa
A concessão da tutela antecipada justifica-se ainda pela violação dos princípios da
legalidade e da anterioridade, o que é uma prova inequívoca da verossimilhança do
pedido da Autora.
Infere-se assim, que estão presentes os requisitos previstos no art. 273 do Código de
Processo Civil, capazes de ensejar a concessão da antecipação dos efeitos da tutela
Jurisdicional.

IV. DAS PROVAS

Protesta provar o alegado por meio de todas as provas em direito admitidas.

V. DOS PEDIDOS

Pelo exposto, requer-se:

a) a concessão da TUTELA ANTECIPADA, com o objetivo de suspender


preventivamente a exigibilidade do Crédito Tributário, impedindo que a
Fazenda Nacional, possa efetuar lançamentos, lavrar autos de infração, inscrever
o nome do autor em dívida ativa, ajuíze ação de cobrança e se negue a fornecer
certidão negativa;
b) a citação da União para que no prazo legal apresente sua resposta.;
c) que julgue procedente a ação, declarando a INEXISTÊNCIA da relação
jurídico-tributária no que concerne à exigência do pagamento do Imposto sobre
Grandes fortunas;
d) Condenação da parte ré aos ônus da sucumbência e aos honorários advocatícios.

Dá-se a causa do valor de R$ 510.000,00 (quinhentos e dez mil reais).

Termos em que,
Pede deferimento

______________, ____ de ____________ de ______


(local e data)

__________________________
(nome do advogado)
OAB/___ n.º_____

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