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“
Preste atenção. Feche seus olhos e veja. Ouça o que seus ouvidos não
podem. Sinta com a alma o que faz a pele dos outros arrepiar. E fale essa
língua que ninguém mais entende. Esse é o seu Dom. Você precisa
aprender a lidar com ele, pois para aqueles que não sabem, pode virar uma maldição.
Alguns nunca saberão. Mas, é claro, seu aprendizado vem com um aviso: Seu dom irá
abrir caminhos ao conhecimento. E o conhecimento lhe trará poder. E poder, você
perceberá, é uma coisa perigosa.”
Foram com essas palavras que meu mestre iniciou meu treinamento, e é com
elas que inicio a narrativa dessa história, na qual sou apenas mais uma personagem.
Durante todo o trajeto nessa jornada lembrei das palavras de meu mestre, pois é sobre
isso que essa história parece falar, assim como muitas outras. Sempre achei que a busca
do conhecimento em função de se obter poder era algo feito por tolos. E, portanto, essa
é uma história de tolos.
Meu mundo foi construído assim, como muitos outros. Casas foram
construídas com machados de guerra, terras foram regadas com sangue e territórios
foram conquistados com a espada.
Mas aqui, os feiticeiros estão em extinção. O que não me surpreende, pois não
são raros os que têm a arrogância de achar que podem colocar o mundo todo aos seus
pés. Estes estão fadados a perder a cabeça. E os outros, a liberdade.
Por muito tempo esse cenário caótico manteve-se com uma certa estabilidade.
Conflitos internos eram apaziguados enquanto outros surgiam, o Império do Norte
lança sua campanha incansável contra o sul, que pode apenas defender suas fronteiras
enquanto tenta evitar que sua queda comece de dentro. E então começam a se destacar
pessoas que prometem fazer a situação mudar radicalmente. Para melhor ou para pior.
Os bardos contam essa história com seus floreios e mentiras, pois sua função é
agradar os ouvintes. Pelo contrário, minha intenção é mostrar a verdade. Imutável e
inquestionável. É disso que esse lugar precisa - precisa ser constantemente relembrado
de seus erros para não repeti-los.