Você está na página 1de 1

Em tempos onde os principais filmes so grandes produes, cheios

de efeitos especiais para entretenimento, Holy Motors chama ateno com


cenas grotescas e sua falta de linearidade.
Acompanhamos o dia de Oscar (Denis Lavant), que a princpio
apenas um senhor indo para o trabalho. Ele entra em uma limousine branca
com sua comandante Cline (Edith Scob). A partir da, somos apresentados
a histria principal. Oscar um sujeito que interpreta diferentes personas,
assumindo o papel de uma senhora pedindo esmolas, um pai atencioso, um
assassino, etc.
Esses compromissos, como so chamados no filme, mostram
exatamente a essncia do ator. Acompanhamos o protagonista se
transformando diversas vezes, como o auxlio de maquiagem, lentes, peles
artificiais, construindo no s uma aparncia realista, mas tambm toda
uma histria de seus personagens, notvel a diferena entre a voz grave
do assassino com a fragilidade do timbre da senhora. Com isso, Oscar
transita sobre diferentes vidas com destreza, e retornando sempre sua
limousine, onde vemos uma persona ser desconstruda e o nascimento de
outra logo em seguida, fora dela, o mundo se torna um grande palco.
O filme no apresenta linearidade ou explicaes, o que causa no
espectador o desejo constante de decifr-lo. Por que o protagonista assume
esses papis? Para quem ele trabalha? So questionamentos inevitveis
mas que se tornam irrelevantes ao tentar interpretar a proposta do filme
Ao meu ver, Holy Motors claramente uma representao da arte
em sua essncia. cinema falando sobre cinema. Logo na primeira cena,
vemos uma sala de cinema lotada com todos dormindo em frente a tela,
mostrando o desencanto de Carax diante do estado cinematogrfico atual,
que passado para o protagonista, que se mostra mais cansado a cada
compromisso. Como o mesmo se justifica em um dilogo "parece que eles
nao veem mais a beleza"
Apesar das crticas, o filme demonstra uma declarao de amor a
stima arte, cheio de referncias cinematogrficas, que podemos ver at no
prpio nome do protagonista, Oscar, que faz (ou no) uma analogia com o
aspirado prmio.
Essa apenas uma das diversas interpretaes que podem ser vistas
em Holy Motors, pois como o filme mesmo diz em uma de suas curiosas
cenas, "a beleza est nos olhos de quem v".

Você também pode gostar