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MÜLLER
Passo Fundo - RS
2000
ANDRÉ L. MÜLLER
Passo Fundo - RS
2000
A todos meus familiares e amigos,
em especial ao meu irmão Jorge.
Agradecimentos
O presente trabalho tem como objetivo principal demostrar a aplicabilidade da teoria das
charneiras plásticas na análise de lajes, apresentando e indicando critérios para a utilização
desta. Busca-se subsídios para a validação da analogia entre lajes com chanfros e lajes
retangulares quando da análise no regime plástico, sendo esta hipótese muitas vezes adotada,
porém sem a devida análise e verificação da segurança e economia. Apresenta-se também,
formulações que possibilitam a análise de lajes com um certo grau de esconsidade, assim
como comparações entre a análise elástica de lajes, realizada pelo processo de Marcus e a
análise plástica, realizada pela teoria das charneiras plásticas. Com os subsídios apontados e
com as formulações demostradas, desenvolveu-se um programa de computador para a análise
de lajes de concreto armado, objetivando ser este uma ferramenta auxiliar ao projetista. Com
os resultados até aqui apresentados é possível conhecer o comportamento das lajes para certas
simplificações.
1. Introdução.............................................................................................................................1
2 Revisão bibliográfica.............................................................................................................5
2.1 Comportamento das lajes..................................................................................................5
2.2 Fases do comportamento...................................................................................................5
2.3 Efeitos de arqueamento e membrana tracionada...............................................................6
2.4 Teoria das charneiras plásticas..........................................................................................7
2.4.1 Conceitos fundamentais...........................................................................................7
2.4.2 Materiais elasto-plásticos e rígido-plásticos............................................................8
2.4.3 Hipóteses gerais.......................................................................................................9
2.4.4 Isotropia, anisotropia e ortotropia............................................................................9
2.4.5 Transformação das lajes ortótropas em isótropas..................................................12
2.4.6 Configuração das charneiras..................................................................................12
2.5 Processo da energia.........................................................................................................15
2.5.1 Energia absorvida pelas charneiras.........................................................................15
2.5.2 Energia desenvolvida pelas cargas..........................................................................15
3. Lajes retangulares..............................................................................................................17
3.1 Introdução.....................................................................................................................17
3.2 Lajes simplesmente apoiadas........................................................................................17
3.3 Lajes com alguns lados engastados...............................................................................21
3.4 Comparação entre análise plástica e elástica................................................................23
5. Lajes esconsas....................................................................................................................39.
5.1 Introdução.....................................................................................................................39
5.2 Lajes com formato trapezoidal......................................................................................39
5.3 Lajes em forma de triângulo retângulo.........................................................................45
6. Implementação computacional.........................................................................................48
6.1 Introdução.....................................................................................................................48
6.2 Descrição geral do programa........................................................................................48
7. Conclusões e considerações finais......................................................................................50
ANEXO.....................................................................................................................................52
8.Referências bibliográficas...................................................................................................60
LISTA DE FIGURAS
A análise estrutural busca, através da adoção de modelos que reproduzam de forma mais
realista o comportamento das estruturas, concebê-las de maneira mais segura e econômica.
Na análise de lajes, quando são utilizados métodos de cálculo baseados no comportamento
elástico, acabam sendo adotadas, muitas vezes, soluções aproximadas ou mesmo, apenas
estimadas. Nas lajes, por ocasião da ruína, o material se comporta plasticamente. Logo,
contrariando as hipóteses da teoria elástica e conduzindo ao estudo dos métodos baseados no
comportamento plástico dos materiais.
Ao se trabalhar com estruturas correntes de edifícios, muitas vezes nos deparamos com lajes
de formato não convencional (lajes com chanfros, triangulares, circulares entre outros).
Adotar soluções aproximadas, considerando-as como se fossem retangulares ou dispor vigas
intermediárias, dividindo-as em elementos retangulares, é muito comum na prática, quando
da análise por métodos simplificados, porém, não se tem muitos subsídios para saber se a
mesma simplificação é eficiente e segura quando adotada a análise plástica, uma vez que a
geometria da laje está diretamente ligada à configuração de ruína da mesma.
Para a aplicação da teoria das charneiras plásticas, encontra-se um grande número de tabelas,
aplicáveis geralmente aos casos mais comuns de lajes, deixando de lado os casos não
corriqueiros.
O presente trabalho propõe a análise de lajes pela teoria das charneiras plásticas (processo das
linhas de ruptura), de modo a obter resultados mais realistas e que portanto expressem de
maneira mais significativa o comportamento das lajes. Busca-se subsídios para a validação da
analogia entre lajes com chanfros e lajes retangulares quando da análise no regime plástico,
2
sendo esta hipótese muitas vezes adotada, porém sem a devida análise e verificação da
segurança e economia.
Tem-se, no conhecimento da teoria das charneiras plásticas, uma valiosa ferramenta para a
execução de projetos de lajes de concreto armado, independente do formato ou do tipo de
carregamento. A comparação entre a análise elástica e a análise plástica assume papel
importante, pois com esta, pode-se constatar, através de valores, os benefícios da análise
plástica de lajes.
A análise de lajes pode ser efetuada, entre outras formas, pelas teorias elásticas de Marcus,
Czerny, analogia de grelha, ou pela teoria plástica, segundo a teoria das charneiras plásticas
(processo das linhas de ruptura). As primeiras seguem a teoria da elasticidade e são
amplamente utilizadas em lajes retangulares com carregamentos padrões, porém, em outros
casos as equações diferenciais e as condições de contorno, exigiriam o emprego de técnicas
mais sofisticadas, como a dos elementos finitos, recurso este nem sempre disponível. Além
desta, outra limitação nos métodos elásticos nos leva à busca de outras teorias, pois, por
ocasião da ruína, o material das lajes se comporta plasticamente, contrariando as hipóteses da
teoria da elasticidade. Já a teoria das charneiras plásticas, apresentada neste trabalho, é
excelente para encontrar soluções para o comportamento das lajes durante a ruína, não
importando a forma da laje ou o tipo do carregamento.
Com respeito a Langendonck, pode-se atribuir uma série de trabalhos, desde os realizados
para lajes quadrangulares, LANGENDONCK ( 1966 ), apresentando, entre outros, resultados
sobre condições de economia e bifurcações nos cantos das lajes, até seus estudos mais
significativos para lajes com formato de T ou L, os quais foram implementados por
PINHEIRO ( 1983 ) no seu estudo sobre charneiras plásticas em lajes com forma de T onde,
através de estudos experimentais confirmou os trabalhos de Langendonck.
Outros engenheiros deram grande importância ao estudo, publicação e aplicação da teoria das
charneiras plásticas, entre eles ROCHA (1986), que apresenta a teoria das charneiras
3
O quarto capítulo traz o estudo das lajes simplesmente apoiadas submetidas a carregamento
uniformemente distribuído que possuam chanfros inclinados em 45 graus. Apresenta-se para
esses casos as possíveis configurações das charneiras e as respectivas formulações para a
determinação dos esforços de momento fletor adotadas em cada um desses casos. Além das
formulações apresenta-se através de quadros e gráficos uma série de subsídios ao engenheiro
calculista que usualmente adota a simplificação de tomar no lugar da laje real com chanfro
uma laje retangular.
O capítulo 5 apresenta o estudo de alguns casos de lajes esconsas, lajes com formato
trapezoidal e lajes em forma de triângulo retângulo. Igualmente às citadas acima, estas são
simplesmente apoiadas e submetidas a carregamento uniformemente distribuído. Dois são os
motivos relevantes neste capítulo. O primeiro demostra a fácil aplicação da teoria das
charneiras plásticas em lajes esconsas. O segundo, a importância de ter conhecimento sobre
alguma teoria ou processo de cálculo para a análise deste tipo de laje devido a crescente
diversidade de formatos das lajes nos edifícios atuais.
4
Com base nos resultados obtidos nos capítulos anteriores, no capítulo 7 são citadas as
principais conclusões do trabalho, apresentando algumas sugestões para o prosseguimento
deste trabalho, bem como as considerações finais a respeito do mesmo.
5
2.Revisão bibliográfica
De acordo com PINHEIRO (1983), as lajes quando submetidas à flexão, podem atingir a
ruína de duas maneiras. A primeira por ruptura do concreto à compressão, caso na qual são
ditas super-armadas. Tais peças devem ser evitadas, pois há possibilidade da ruína ocorrer
sem que sejam visíveis os sintomas da sua iminência, e por sua característica antieconômica,
ocasionada pelo mau aproveitamento da armadura. A segunda maneira pela qual as lajes
podem atingir a ruína é por escoamento da armadura de tração, sendo denominadas peças sub-
armadas. Nas peças sub-armadas, a fissuração excessiva do concreto e as grandes deflexões
são indicativos visíveis da possibilidade de ruína.
Carga
D
C
B Fase de plastificação
Fase de fissuração
A
Fase elástica
0
Flecha
Segundo PINHEIRO ( 1983), nota-se que, para pequenos carregamentos, a laje encontra-se na
fase elástica (trecho 0A da figura 01), onde o concreto resiste à tração e a laje comporta-se de
acordo com a teoria das placas em regime elástico.
A fase de plastificação ( trecho CD da figura 01.), gerada pelo crescimento dos momentos
fletores nas seções solicitadas e pelo início do escoamento da armadura, caracteriza-se pelas
grandes deformações. Nesta fase, há uma redistribuição dos esforços bem mais acentuada que
na fase anterior. Nas seções plastificadas, os momentos fletores mantém-se praticamente
constantes, sendo este ciclo interrompido somente após o completo desenvolvimento das
linhas de ruptura.
Seja, por exemplo, uma laje engastada no contorno, submetida a um carregamento crescente
uniformemente distribuído. Durante a fase elástica, a linha neutra permanece próxima da linha
média da seção. Após o início da fase de fissuração, a linha neutra se desloca para as
proximidades da face comprimida, porém, por serem pequenos os deslocamentos transversais
da laje, a linha neutra permanece abaixo da linha neutra correspondente aos momentos
positivos, fazendo com que a laje tenha um comportamento de casca, caracterizando o efeito
de arqueamento ou efeito compressivo de membrana.
Uma análise mais rigorosa dos efeitos de membrana não faz parte deste trabalho, uma vez que
os mesmos são usualmente desprezados, estando com isso a favor da segurança. Portanto, tais
efeitos não serão considerados quando da utilização do método das charneiras plásticas.
Como destacado por PINHEIRO ( 1983), a teoria das charneiras plásticas apresenta um
método de cálculo baseado no comportamento plástico do material, que possibilita a obtenção
da carga de ruptura de lajes de concreto armado. Consiste na admissão de que uma laje, sob
ação da carga de ruptura, se divide em painéis que giram em torno de linhas ao longo das
quais atua um momento igual ao que a laje resiste na ruptura, segundo a direção normal a
estas linhas.
Existem dois processos de cálculo para a aplicação da teoria das charneiras plásticas. O
primeiro, denominado processo das forças nodais, empregado na teoria original de Johansen,
não será apresentado neste trabalho, pois possui algumas limitações e por estar se seguindo os
estudos realizados por Langendonck o qual utilizou um segundo processo, denominado
processo da energia ou processo do trabalho, que por sua vez não apresenta as limitações
encontradas no processo das forças nodais, tendo suas particularidades apresentadas no item
2.5 deste trabalho.
8
Para uma laje, ou qualquer outra peça, constituída de material elasto-plástico, submetida a
cargas proporcionais, mantém-se, num primeiro momento, a proporcionalidade entre o
deslocamento de um de seus pontos e a carga ( fase elástica). Num segundo momento o
acréscimo dos deslocamentos é mais acentuado do que a carga ( fase elasto-plástica, trecho
AB da figura 02.a). Finalmente, após a fase elasto-plástica, e após a completa plastificação da
peça, a deformação cresce sob uma carga constante ( fase plástica).
Já para uma peça qualquer, constituída de material rígido-plástico, não ocorre nenhuma
deformação até o início da plastificação, que aparece então, abruptamente (figura 02.b).
Carga Carga
Flecha Flecha
a) b)
Sendo iguais os resultados das cargas de ruína para os dois tipos de materiais, outros motivos
levam a concluir que a consideração rígido-plástica é melhor que a elasto-plástica. Segundo
PINHEIRO (1983), parte-se da hipótese que para os materiais elasto-plásticos as deformações
mantém-se muito pequenas até se atingir a fase elasto-plástica. Isto ocorrendo, no instante que
se inicia a fase plástica, a forma da peça resulta muito próxima da inicial, e portanto,
comporta-se sensivelmente como se fosse rígida até este momento. Por outro lado, se as
deformações reais antes da fase plástica não são desprezíveis, ambas considerações estão
equivocadas, a primeira por não se verificar a hipótese referente às deformações e a segundo
por representar de maneira grosseira a peça real.
9
a) As armaduras devem ser suficientemente fracas para que as seções sejam sub- armadas, isto
é, a ruptura deve ocorrer por escoamento da armadura e não por esmagamento do concreto. O
material deve possuir, nas seções plastificadas, capacidade de rotação, permitindo com isto, o
desenvolvimento de todas as charneiras necessárias para tornar a laje hipostática, antes de
ocorrer ruptura por esmagamento do concreto nas seções mais solicitadas.
Direção 1
m1
Direção 2
m
m2
Caso a laje for isótropa, o momento de plastificação numa seção inclinada de α terá valor
idêntico a m1 ou m 2 pois:
11
m1 = m 2 e:
Então, para que uma laje com armadura disposta ortogonalmente seja considerada isótropa
basta que os momentos de plastificação nas direções x e y sejam iguais, conclusão esta válida
tanto para os momentos positivos quanto para os negativos.
Levando em conta o fato das armaduras, geralmente não se encontrarem no mesmo nível, as
mesmas não serão iguais, sendo elas inversamente proporcionais às alturas úteis em que estão
localizadas.
As lajes que não apresentam a mesma resistência á flexão em qualquer direção considerada
são ditas anisótropas. Considera-se nestes casos que os momentos de plastificação que
atuarem na mesma direção sejam iguais.
m 2 = l * m1 e m'2 = l * m'1
O índice de ortotropia empregado, segundo ROCHA (1986), pode ser tomado de várias
maneiras diferentes.
1
l=
ε2
Para se obter o menor valor para a soma das seções das armaduras positivas nas duas
direções;
ε2
l=
3 − 2ε 2
Segundo LANGENDONCK (1966) o índice de ortotropia deve ser, por motivos de economia,
menor ou igual a 1.
Segundo JOHANSEN (1932) apud PINHEIRO (1983), para considerar uma laje ortótropa
como sendo isótropa, basta alterar todas as dimensões na direção normal às das seções que
resistem a lm e lm' , dividindo-as por l , Os valores das cargas distribuídas devem ser
mantidos, as cargas concentradas e as lineares devem ter, na laje transformada, seus valores
divididos por l .
Todas as configurações das charneiras , possíveis de ocorrer em uma laje, são denominadas
configurações possíveis. Para cada configuração existe uma carga que propicia a energia
consumida no desenvolvimento das charneiras. A carga efetiva de ruína de uma laje,
denominada carga de ruína, deve ser a menor entre todas as cargas possíveis de ocorrer. Ou
13
seja, para uma laje, a menor carga correspondente as configurações de ruína, será a carga de
ruína e a configuração geradora de tal carga será a configuração de ruína.
c) Cada charneira passa pelo ponto de interseção dos eixos de rotação das regiões delimitadas
por essas charneiras negativas.
d) Os eixos de rotação das diversas regiões divididas pelas charneiras coincidem com lados
simplesmente apoiados, ou com lados engastados, ou passam pelos pontos de apoio isolados.
Pode-se notar, pela figura 4.a, que para cada caso existe um conjunto de configurações
possíveis caracterizadas por certas incógnitas. No caso mencionado as configurações
dependem do angulo α , que define a direção da charneira AB, e também o ponto de
bifurcação da mesma.
Quando em uma laje houver um contorno curvilíneo, como na figura 04.f, o mesmo pode ser
considerado como limite para o qual tende o contorno poligonal, com lados cujos
comprimentos tendem para zero. As charneiras que deveriam convergir para os vértices do
polígono, ficarão encostadas umas às outras, e formarão uma superfície regrada não plana que
se admite ser possível.
14
B
A
a)
b)
c)
d)
Convenções:
Com a possibilidade de transformar uma laje qualquer em outra de mesma resistência à flexão
que seja isótropa, gerando com isto momentos de plastificação constantes pode-se escrever:
Te = ∑ Pj * fj + ∫ q * f * dA (5)
A
Como neste trabalho serão tratadas as lajes submetidas a cargas uniformemente distribuídas
temos para a energia desenvolvida pelas cargas:
Te = ∫ q * z * dA = q ∫ z * dA = q * V (6)
A A
3.Lajes retangulares
3.1 Introdução
Trata-se neste capítulo das lajes retangulares submetidas a cargas uniformemente distribuídas,
pois são essas as situações mais corriqueiras nas edificações e por serem realizadas, no
capítulo seguinte, comparações entre lajes com chanfros e lajes retangulares.
Apresentam-se nos sub-itens seguintes a aplicação da teoria das charneiras plásticas para lajes
retangulares simplesmente apoiadas e para lajes retangulares com alguns lados engastados,
incluindo exemplos e comparações com a análise elástica. Descrevem-se ainda expressões
genéricas que possibilitam a obtenção dos esforços em lajes analisadas pela teoria das
charneiras plásticas além da verificação da possível simplificação no que se refere à
configuração das charneiras.
α θ2
θ1
Para a posição exata das charneiras o valor de x deve ser calculado, para a posição das linhas
de ruptura que conduzam ao máximo momento m . Aplicando os fundamentos já
apresentados temos:
1 2
tgθ 1 = θ1 ≈
a a
2
1 1
tgθ 2 = θ1 ≈
x x
m*b
Ti = m * b * θ 1 = 2
a
a 1 a 1 1
Te = q (b − 2 x ) * * + 2 x * * *
2 2 2 2 3
a *b a * x
Te = q −
4 3
m*a
Ti = m * a * θ 2 =
x
1 1
Te = q a * x * *
2 3
q*a* x
Te =
6
Como ∑ Ti = ∑ Te
2*m*b m*a a * b a * x a * x
+ = q − +
a x 4 3 6
19
q * a2 3b * x − 2 x 2
m= 2
(7)
12 2b * x + a
∂m
=0
∂x
Fazendo:
∂ 3b * x − 2 x 2
temos:
∂x 2b * x + a 2
− 4a 2 ± 16a 4 + 48b 2 * a 2
x= (8)
8b
4a * b
α = arctg (9)
− 4a 2 + 16a 4 + 48b 2 * a 2
De acordo com ROCHA (1986), verifica-se, que para as linhas de ruptura inclinadas em 45
graus em relação aos lados do retângulo, independente da relação entre os lados da laje, uma
variação não superior a 3%, em comparação aos resultados obtidos para as linhas de ruptura
nas posições exatas. Com o objetivo de confirmar esta simplificação apresenta-se os cálculos
seguintes.
a
Adota-se em lugar de x o valor de , logo:
2
1 2
tgθ 1 = θ1 ≈
a a
2
1 2
tgθ 2 = θ2 ≈
a a
2
20
m*b
Ti = m * b * θ 1 = 2
a
a 1 a 1 1
Te = q (b − a ) * * + a * * *
2 2 2 2 3
a * b a2
Te = q −
4 6
Ti = m * a * θ 2 = 2m
a 1 1 q * a2
Te = q a * * * =
2 2 3 12
Como: ∑ Ti = ∑ Te
2m * b a * b a2 a2
+ 2m = q − +
a 4 6 12
a
qa 2 b−
m= 3 (10)
4 2b + 2 a
a
b−
qa 2 3
mx = (11)
4 2b + 2a * l
my = l * mx
21
Quadro 01. Comparação entre charneiras nas posições exatas e inclinadas em 45 graus
Para a determinação dos momentos de plastificação em lajes com alguns lados engastados
age-se de maneira análoga ao item 3.2 acrescentando, porém, os momentos negativos nos
lados engastados e os coeficientes que relacionam os momentos no meio do vão com os
momentos negativos. Para a configuração de ruptura das charneiras adotou-se os seguintes
critérios:
b) A inclinação da charneira será de 60 graus a partir do apoio engastado quando o outro for
simplesmente apoiado.
1
0,0962 q * a 2 + 2 q a * b − 0,0962a 2
d) mx = 4 (15)
b k1 * b
6,9282l + 4 + 4
a a
23
1 1
2q 0,25a * b − a 2 + q * a 2
6 6
h) mx = (19)
b k1 * b
4 +4 + 4l + 4 k 2 * l
a a
L1 L2
L3 L4
Para a análise elástica das lajes do pavimento optou-se pelo processo de Marcus. Outro fator
abordado neste exemplo é o grande número de possibilidades de combinação entre os
coeficientes que relacionam os momentos de plastificação positivos (l), assim como os
coeficientes que relacionam os momentos de plastificação positivos com os negativos (k). Os
resultados obtidos estão apresentados nos quadros 02. e 03. Onde: Mx e My são os momentos
de projeto segundo as direções x e y respectivamente; Xx e Xy são os momentos de
engastamento segundo as direção x e y respectivamente; As, a área de aço calculada para os
referidos momentos; Peso/Peso M, a relação entre o peso de aço necessário para as lajes
segundo o processo da ruptura e o processo de Marcus.
Quadro 03. Comparação entre o peso de aço consumido para análise elástica e plástica.
Para os casos em que as lajes foram analisadas pelo processo da ruptura adotou-se as
seguintes combinações para os coeficientes k e l:
Ruptura 1 – l1,k1;
Ruptura 2 – l2,k1;
Ruptura 3 – l3,k1;
Ruptura 4 – l4,k1;
Ruptura 5 – l1,k2;
Ruptura 6 – l2,k2;
Ruptura 7 – l3,k2;
Ruptura 8 – l4,k2;
Ruptura 9 – l1,k3;
Ruptura 10 – l2,k3;
Ruptura 11 – l3,k3;
Ruptura 12 – l4,k3;
l1 = 1;
1
l2 = ;
ε2
26
ε2
l3 = ;
3 − 2ε 2
k1 = 1;
No Quadro 3 verifica-se uma redução significativa no consumo de aço para a análise plástica,
realizada pela teoria das charneiras plásticas , em relação a análise elástica realizada pelo
processo de Marcus, variando no exemplo, entre 12 e 31%. Nota-se também, que em alguns
casos a economia demostrada poderia ser maior, uma vez que para certos momentos utilizou-
se armadura mínima no dimensionamento da laje ( armadura mínima para o exemplo, 1,20
cm²/m). A hipótese de ser a relação ( k=2), afirmada por LANGENDONCK (1966), como a
mais econômica não é confirmada no exemplo. Demostra-se também, que independente dos
valores atribuídos aos coeficientes l e k a análise das lajes realizada pela teoria das charneiras
plásticas é mais econômica que a realizada pelo processo de Marcus, entretanto, recomenda-
se os coeficientes l2, k2 e l4, k3.
27
4.1 Introdução
Como citado anteriormente neste trabalho, o engenheiro calculista ao se defrontar com lajes
que possuam chanfros e estando este utilizando de métodos clássicos de análise, usualmente
toma uma laje retangular em substituição à laje real. De maneira semelhante, alguns
programas de computador que realizam a análise e o dimensionamento de estruturas de
concreto armado também adotam essa simplificação. Porém, não se conhece, na literatura que
trata desse assunto, subsídios que confirmem essa simplificação ou então que apontem limites
para a mesma. Com o objetivo de avaliar esta simplificação e de apontar limites para sua
utilização, apresenta-se neste capítulo o estudo das lajes simplesmente apoiadas que possuam
chanfros submetidas a carregamento uniformemente distribuído.
Para a elaboração da formulação para a análise das lajes com chanfros segue-se os conceitos
anteriormente apresentados, desprezando-se o efeito de báscula, sendo o fator relevante nestes
casos a configuração das charneiras. Quando o tamanho do chanfro for pequeno em relação
aos lados da laje apresenta-se uma dada configuração para as charneiras, porém, com o
aumento do tamanho do chanfro a configuração das charneiras é alterada. Para as possíveis
configurações das charneiras, calcula-se os limites para o tamanho do chanfro como
demostrado a seguir.
A figura 08 apresenta o primeiro limite para as charneiras em lajes com chanfro inclinado de
45 graus.
28
α1 α2
α3
Figura 08. Primeiro limite para as charneiras em lajes com chanfro à 45 graus
α1 = α 2 = 67.5
α1 + α 2 = 135
α 2 + α 3 = 90
α 3 = 22.5
y − 0.5a
tg 22.5 =
0.5a
y = 0.707a
x = 0.293a limite.
Para determinação da expressão que represente o momento fletor na laje da figura 08, aplica-
se os conceitos anteriormente apresentados, chegando ao seguinte resultado:
q * a 2 b − 0.3619a
m= (20)
2 4b + 3.6571a
Comparando os resultados obtidos para uma laje com chanfro de comprimento igual a
(0.293a) com os resultados de uma laje retangular verifica-se uma diferença praticamente
29
inexistente. O quadro 04 apresenta essa comparação, onde Mre, representa o momento para
laje retangular; Mch, representa o momento para laje com chanfro.
Quadro 04. Comparação entre laje retangular e laje com chanfro igual a 0.293a.
b=a q * a2 q * a2 1.000
24 24
b = 1.3a q * a2 q * a2 1.007
19.03 18.88
b = 1.6a q * a2 q * a2 1.011
16.42 16.24
b = 2a q * a2 q * a2 0.993
14.14 14.23
A figura 09 apresenta o segundo limite para as charneiras em lajes com chanfro inclinado de
45 graus.
α1
α2
α3
Figura 09. Segundo limite para as charneiras em lajes com chanfro à 45 graus
α1 = α 2 = 67.5
α 3 = 22.5
x
tg 22.5 =
0.5a
x = 0.2071a
Para determinação da expressão que represente o momento fletor para o a configuração das
charneiras como apresentado na figura 10, onde ( 0.293a < chb < b-0.7071a ) temos:
Figura 10. Configuração das charneiras para ( 0.293 < chb < b-0.7071a ).
a1 = cha
a 2 = (a − cha ) sen 45
a 3 = (a − cha )
b1 = chb
b2 = (b − chb − 0.7071a )
31
b3 = b − (b2 + 0.5a + a 2 )
Pelo processo da energia temos:
Para a placa 1:
2
Ti = m(b − b1)
a
a 1 a 1 1
Te1 = q b2 * * + 0.7071a * * *
2 2 2 2 3
Para a placa 2:
2
Ti = m * a *
a
a 1 1
Te2 = q a * * *
2 2 3
Para a placa 3:
2
Ti = m * b *
a
a 1 a a 1 1 1 x
Te3 = q b2 * * + * * * + a 2 2 * * + (at ) onde:
2 2 2 2 2 3 2 3
2a 2
x=
a
x a 1 a 1 1 − x
at = b3 * a 2 * + − a 2 * b3 * * x + − a 2 * b3 * *
2 2 2 2 2 3
Para a placa 4:
x
Ti = m * a 3 *
a2
1 x
Te4 = q a 3 * a 2 * *
2 3
Para a placa 5:
2
Ti = m * a12 + b12 *
a
a 1 1 1 x
Te5 = q 0.2071a * * * + a 3 * 0.2929 * a 2 * * + (at )
2 2 3 2 3
32
Fazendo: ∑ Ti = ∑ Te temos:
Te1 + Te2 + Te3 + Te4 + Te5
m= (21)
b - b1 b a3 a12 + b12
2 +2+2 +2 +2
a a a a
Comparando os resultados obtidos para uma laje com chanfro de comprimento igual a (b-
0.7071a) com os resultados de uma laje retangular verifica-se um decréscimo do momento
fletor entre 0 e 45%, sendo esta diferença tanto maior quanto maior for a diferença entre as
dimensões da laje. Para o chanfro com tamanho no intervalo de (0.293 < chb < b-0.7071a)
esta tendência é mantida. O quadro 05 apresenta essa comparação, onde Mre, representa o
momento para laje retangular; Mch, representa o momento para laje com chanfro.
Quadro 05. Comparação entre laje retangular e laje com chanfro igual a (b-0.7071a).
b=a q * a2 q * a2 1.000
24 24
b = 1.3a q * a2 q * a2 0.865
19.03 22.00
b = 1.6a q * a2 q * a2 0.705
16.42 23.26
b = 2a q * a2 q * a2 0.550
14.14 25.68
A figura 11 apresenta o terceiro limite para as charneiras em lajes com chanfro inclinado de
45 graus.
33
α1
Figura 11. Terceiro limite para as charneiras em lajes com chanfro à 45 graus
Para determinação da expressão que represente o momento fletor para o a configuração das
charneiras como apresentado na figura 11, onde ( chb > b-0.7071a ) temos:
45
α1 =
2
x1 = (b − chb ) sen 45
x 3 = x 2 * sen 45
x 4 = (a − cha ) sen 45
x1
x5 =
x3
x4
x6 =
x3
x 7 = x1 * tg 22.5
x8 = x 4 * tg 22.5
Para a placa 1:
34
x5
Ti = m(b − chb ) *
x1
1 x5
Te1 = q (b − chb ) sen 45 * *
2
2 3
Para a placa 2:
1
Ti = m * a *
x3
1 x5 1 1
Te2 = q x12 * * + x 32 * * + (at ) onde:
2 3 2 3
at1 = c1 + c 2
x5 1
c1 = (a − x1 − x 3) * x1 * + (x 3 − x1) * (a − x1 − x 3) * * x5
2 2
1 1 − x 6
c 2 = ( x 3 − x1) * (a − x1 − x 3) * *
2 3
Para a placa 3:
1
Ti = m * b *
x3
1 1 1 x6
Te3 = q x 32 * * + x 4 2 * * + (at 2 ) onde:
2 3 2 3
at 2 = c3 + c 4
x6 1
c3 = (b − x 3 − x 4 ) * x 4 * + (b − x 3 − x 4 ) * (x 3 − x 4 ) * * x 6
2 2
1 1 − x 6
c 4 = (b − x 3 − x 4 ) * ( x 3 − x 4 ) * *
2 3
Para a placa 4:
x6
Ti = m * (a − cha ) *
x4
1 x6
Te4 = q (a − cha ) * x 4 * *
2 3
Para a placa 5:
35
1
Ti = m * cha 2 + chb 2 *
x3
x6 1
Te5 = q (b − x 3 − x 4 ) * x 4 * + (b − x 3 − x 4 ) * ( x 3 − x 4 ) * * x 6 + (at1) + (c 4 ) + (at 3)
2 2
1 x5 1 x 6
at 3 = x 7 * x1 * * + x8 * x 4 * *
2 3 2 3
Fazendo ∑ Ti = ∑ Te temos:
Te1 + Te2 + Te3 + Te4 + Te5
m= (22)
b − cb a b a − cha cha 2 + chb 2
+ + + +
x3 x3 x3 x3 x3
Dentre as três configurações possíveis para as charneiras é com a terceira que se verificam as
maiores diferenças entre os valores de momento fletor em comparação aos valores obtidos
numa laje retangular. Para o segundo e para o terceiro caso o limite do tamanho do chanfro a é
o próprio comprimento a O terceiro caso tem como limite para o chanfro b o próprio
comprimento b, ou seja, a laje converge para uma laje triangular.
Verifica-se, para todos os casos de lajes com chanfros inclinados de 45 graus que
considerando a laje como sendo retangular estará a mesma sendo dimensionada a favor da
segurança, uma vez que os esforços de momento fletor diminuem para este caso. Porém, em
alguns casos estar-se-ia contra a economia, para isso apresenta-se no quadro 6 uma série de
dados onde são relacionados o momento fletor para lajes com chanfro e lajes retangulares,
possibilitando ao engenheiro calculista, que esse, com seus próprios critérios, decida por
calcular a laje real, utilizando as expressões anteriormente apresentadas, ou uma laje
simplificada, ou seja, retangular.
36
Quadro 06. Relação entre momento fletor para laje com chanfro e laje retangular.
Para uma melhor visualização das relações demostradas no Quadro 06 apresenta-se a seguir
os seguintes gráficos, onde Mch representa o momento para a laje com chanfro e Mre o
momento para a laje retangular:
1,2
1
0,8
Mch/Mre
0,6
0,4
0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
cha/a
37
Gráfico 02. Relação Mch/Mre para lajes com a/b igual a 0.9.
1,2
1
0,8
Mch/Mre
0,6
0,4
0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
cha/a
Gráfico 03. Relação Mch/Mre para lajes com a/b igual a 0.8.
1,2
1
0,8
Mch/Mre
0,6
0,4
0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
cha/a
Gráfico 04. Relação Mch/Mre para lajes com a/b igual a 0.7.
1,2
1
0,8
Mch/Mre
0,6
0,4
0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
h/
38
Gráfico 05. Relação Mch/Mre para lajes com a/b igual a 0.6.
1,2
1
0,8
Mch/Mre
0,6
0,4
0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
cha/a
Gráfico 06. Relação Mch/Mre para lajes com a/b igual a 0.5.
1,2
1
0,8
Mch/Mre
0,6
0,4
0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
cha/a
39
5. LAJES ESCONSAS
5.1 Introdução
Tendo em vista a diversidade das formas estruturais dos edifícios atuais, apresenta-se neste
capítulo, a aplicação da teoria das charneiras plásticas para lajes com um certo grau de
esconsidade, uma vez que esta teoria se demostra muito eficiente para a análise deste tipo de
estrutura. Num primeiro momento, serão estudadas as lajes de formato trapezoidal,
simplesmente apoiadas e submetidas a carregamento uniformemente distribuído, sendo após
tratadas as lajes em forma de triângulo retângulo, também simplesmente apoiadas e
submetidas a carregamento uniformemente distribuído. Serão apresentadas as formulações
para a determinação dos momentos fletores nestes tipos de lajes, assim como subsídios para
sua utilização.
Este sub-item trata da análise de lajes com formato trapezoidal simplesmente apoiadas e
submetidas a carregamento uniformemente distribuído. Como demostrado nos capítulos
anteriores, cabe saber como se apresentará a configuração das charneiras, para posteriormente
determinar os esforços de momento fletor.
α
α1
Figura 12. Primeiro limite para configuração das charneiras em laje com formato trapezoidal.
40
0.5a
α1 = arctg (23)
b − 0.5a
3 4
β3
β2
α2 1
β1
α1
α 2 = 90 − α1
sen α1
c = b−a*
sen α 2
a sen α1
c2 = =b−c
sen α 2
x1 = a 2 + c 2 2
41
90 − α1
β1 =
2
180 − α 2
β2 =
2
β 3 = 180 − β 1 − β 2
sen β 2
x 2 = x1 *
sen β 3
a
b2 = b − y −
2
sen β 1
A1 = x1 * x 2 *
2
a2
A2 =
4
1
σ1 = σ 2 = σ 3 = σ 4 =
a
2
Para a placa 1:
Ti = m * x1 * σ 1
1
Te1 = q * A1 *
3
Para a placa 2:
Ti = m * a * σ 2
1
Te2 = q * A2 *
3
Para a placa 3:
Ti = m * c * σ 3
a 1 a
Te3 = q * A3 onde: A3 = b2 * * + (b − c 2 − b2 ) *
2 2 12
Para a placa 4:
42
Ti = m * b * σ 4
a 1 a
Te4 = q * A4 onde: A4 = b2 * * + (b − b2 ) *
2 2 12
Fazendo: ∑ Ti = ∑ Te temos:
Te1 + Te2 + Te3 + Te4
m= (24)
2 x1 + 2 + 2c + 2b
a a a
Quando a configuração das charneiras não atender o limite ( 0 ≤ α ≤ (90 − 2α1) ), teremos de
acordo com a figura 14:
α1
α2
4
3
α5
α4
α6
α7
2
1
α3
Figura 14. Segundo limite para configuração das charneiras em laje com formato trapezoidal.
90 − α1
α2 =
2
α 3 = 45
α 4 = 180 − α 2 − α 3
α 5 = 90 − α1
43
180 − α 5
α6 =
2
α 7 = 135 − α 6
b sen α 2
x1 =
sen α 4
x 2 = x1 sen 45
a sen α1
c1 =
sen α 5
c 2 = b − c1
c 2 sen α 6
x3 =
sen α 7
x 4 = x 3 sen 45
x4
x5 =
x2
x4
x6 =
tgα 6
Para a placa 1:
1
Ti = m * a *
x2
1 x5 1 1
Te1 = q x 4 2 * * + x 2 2 * * + (at1) onde:
2 3 2 3
at1 = t1 + t 2
x5 1
t1 = (a − x 2 − x 4 ) * x 4 * + ( x 2 − x 4 ) * (a − x 2 − x 4 ) * * x5
2 2
1 1 − x5
t 2 = ( x 2 − x 4 ) * (a − x 2 − x 4 ) * *
2 3
Para a placa 2:
x5
Ti = m * c 2 *
x4
44
1 x5
Te2 = q c 2 * x 4 * *
2 3
Para a placa 3:
1
Ti = m * a 2 + c12 *
x2
1 x5
Te3 = q (at1) + x 6 * x 4 * * + (at 2 ) onde:
2 3
at 2 =
[( a 2
) ] 1 1
+ c12 − (a − x 2 − x 4 ) − x 6 * x 2 * *
2 3
Para a placa 4:
1
Ti = m * b *
x2
1 1
Te4 = q x 2 2 * * + (at 2 )
2 3
Fazendo: ∑ Ti = ∑ Te , teremos:
Te1 + Te2 + Te3 + Te4
m= (25)
a c 2 * x5 a + c1
2 2
b
+ + +
x2 x4 x2 x2
Como no caso das lajes com chanfros, mostra-se no Quadro 07 comparações entre os
momentos obtidos para as lajes com formato trapezoidal e lajes retangulares, para que o
engenheiro tenha subsídios no momento da análise desse tipo de laje. Porém, com a aplicação
das expressões apresentadas no item 5.2 isso não se faz necessário, obtendo com elas os
valores para as dimensões reais da laje. No quadro 07 o ângulo α corresponde ao ângulo
α1 das figuras 13 e 14.
45
Quadro 07. Relação entre momento fletor para laje com forma trapezoidal e laje retangular
Ângulo α
Relação a/b α = 15 α = 30 α = 45
Nota-se, no Quadro 07, que as lajes com a relação entre os lados igual a um e um ângulo
α =45 graus, apresentam formato triangular, sendo estas lajes tratadas o sub-item 5.3.
α2 3
β3
1 β1
β2
α1
90 − α
α1 =
2
90 − 2α1
α2 =
2
β 1 = 135 − α1
β 2 = 180 − α 2 − α1
β 3 = 360 − β 1 − β 2
b * sen 45
x1 =
sen β 1
b * sen α1
x3 =
sen β 1
a * sen 45
x2 =
sen β 3
y = x1 * sen α1
47
1
θ=
y
h = a 2 + b2
sen α 2
A1 = x 2 * h *
2
sen α1
A2 = x1 * b *
2
sen α 2
A3 = x 2 * a *
2
Para a placa 1:
Ti = m * h * θ
q * A1
Te1 =
3
Para a placa 2:
Ti = m * b * θ
q * A2
Te2 =
3
Para a placa 3:
Ti = m * a * θ
q * A3
Te3 =
3
Fazendo: ∑ Ti = ∑ Te , temos:
Te1 + Te2 + Te3
m = (26)
θ (h + b + a )
48
6. Implementação computacional
6.1 Introdução
Criação do projeto
Dados da laje
Análise
Dimensionamento
Resultados
• Dados e critérios gerais: Leitura e determinação dos dados do projeto bem como dos
critérios a serem adotados na análise da laje;
• Análise: Realiza a análise da laje, determina os esforços de momento fletor para a análise
plástica pelo método das charneiras plástica e para análise elástica pelo processo de
Marcus;
O presente trabalho teve como objetivo principal demostrar a aplicabilidade da teoria das
charneiras plásticas na análise de lajes de concreto armado. Neste sentido, apresentou-se os
conceitos fundamentais que regem tal teoria demonstrando através de exemplos sua aplicação.
A teoria das charneiras plásticas para análise de lajes vem sendo muito utilizada pois
apresenta-se como uma ferramenta de fácil utilização, principalmente quando a laje em estudo
possui um certo grau de esconsidade. Contudo, a carência de subsídios específicos para o uso
da teoria das charneiras plásticas faz com que em muitos casos sejam adotadas soluções não
muito criteriosas, exemplo disso pode ser percebido quando, em substituição a uma laje com
chanfro é analisada uma laje retangular (consideração usualmente adotada).
Com o intuito de preencher uma lacuna em relação ao uso da simplificação acima citada,
realizou-se uma série de análises para indicar ao engenheiro projetista valores referentes a
adoção dessa simplificação, possibilitando a este uma tomada de decisão rápida e coerente.
Acredita-se que o estudo efetuado neste sentido, ainda que bastante limitado, uma vez que
estudou-se apenas as lajes simplesmente apoiadas submetidas a cargas uniformemente
distribuídas e com chanfro inclinado de 45 graus, pode ser considerado promissor, devendo no
entanto ser complementado com a análise para outras vinculações e inclinações de chanfro.
Adicionalmente, objetiva-se a determinação de parâmetros específicos para as lajes com
comportamento elástico, uma vez que indícios nos levam a acreditar que para esse tipo de
comportamento outros limites serão obtidos.
De maneira semelhante à realizada para as lajes com chanfro, apresentou-se subsídios para a
possível adoção de uma laje retangular em substituição a uma laje com formato trapezoidal.
Porém demonstrou-se para ambos os casos, que essa consideração apesar de segura, a partir
de certos limites apresenta-se antieconômica, devendo então ser efetuada a análise da laje real.
Para esse fim foram apresentadas as formulações genéricas para cada um desses casos.
aço consumida para as lajes dimensionadas para os esforços obtidos através da análise
plástica.
ANEXO
53
1. Introdução
Lajes, na sua versão 1.0, é um programa de computador criado para a realização da análise
plástica de lajes de concreto armado, bem como para o dimensionamento das mesmas. A
análise elástica de lajes também é realizada pelo programa, porém, não é este o objetivo
principal do programa. Para a análise elástica o computador segue o processo de Marcus e
para a análise plástica a teoria das charneiras plásticas.
• Fácil operação;
• Critérios de cálculo à escolha do usuário, possibilitando com isso uma melhor análise dos
resultados.
2. Apresentação do programa
54
O primeiro passo para utilização do programa é criar um projeto novo, para isso, no menu
arquivo clique em criar projeto e após informe o nome do mesmo. Clique em OK para
confirmar. A figura a baixo apresenta a janela para esta informação.
55
A figura abaixo apresenta a tela para a informação dos dados e dos critérios gerais.
Dados gerais:
Critérios gerais:
Critérios M:
1 x
M2= , onde ε = , e x = menor dimensão da laje;
ε 2
y
ε2
M3= ;
3 − 2ε 2
M4= mesma relação obtida para análise obtido pelo processo de Marcus;
M6=2;
M7= mesma relação obtida para análise obtido pelo processo de Marcus;
Laje e vinculações:
Dimensões e carregamento:
3.4 Análise
3.5 Dimensionamento
Para o dimensionamento:
OBS: Para o dimensionamento das demais lajes do pavimento repete-se os itens 3.3, 3.4 e 3.5.
No menu arquivo, clique em abrir arquivo de dados. O arquivo de dados terá o nome que
foi informado em criar projeto.
60
8. Referências bibliográficas
ROCHA, Aderson M. Concreto armado. Vol. I, São Paulo: Nobel, 1986. 476p.
TIMONSHENKO, Stephen P., GERE, James E. Mecânica dos sólidos. Vol. II, Rio de
Janeiro: LTC – Livros técnicos e científicos, 1984. 446p.
MONTOYA, Jiménez P., MESEGUER, Garcia A., CABRE, Morán F. Hormigón armado.
Vol I, Barcelona: Gustavo Gili S.A., 1987. p. 540-554.
PFEIL, Walter. Concreto armado. Rio de Janeiro: LTC- Livros técnicos e científicos, 1988.
p. 191-193.
LEONHARDT, Fritz. Construções de concreto. Vol. IV, Rio de Janeiro: Interciência, 1979.
p. 192- 204.