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RESPONSABILIDADE CIVIL

DO ESTADO
Trata-se de responsabilidade civil extracontratual.
Decorre do princípio da isonomia – deve haver
indenização nos casos de dano específco a um
indivíduo ou pequeno grupo em prol do interesse
público. Decorre do princípio da legalidade.
Histórico:
 Teoria da Irresponsabilidade do Estado –
absolutismo estatal – “the king can do not wrong”.
 Responsabilidade com previsão legal – Caso Blanco
(leading case). Estado responderia em casos
pontuais quando houvesse previsão legal.
- Teoria da Responsabilidade Subjetiva (teoria
civilista) – avalia-se a intenção do agente
público, sem necessidade de expressa previsão
legal. Elemento: conduta + dano + nexo causal
+ elemento subjetivo (culpa ou dolo). Elemento
subjetivo de difícil comprovação.
- Teoria da Culpa do Serviço – “faute du service”
– responsabilidade subjetiva baseada na culpa
do serviço – serviço mal prestado, inefciente ou
com atraso. Sem necessidade de apontar o
agente causador – culpa anônima. Difícil
comprovação.
 Teoria da Responsabilidade Objetiva – basta comprovação
de dano e nexo de causalidade entre este e o
comportamento do agente público. Conduta ensejadora
de responsabilização poderá ser lícita ou ilícita praticada
pelo agente público nesta qualidade.
Obs: Responsabilização em relação a usuários e não-
usuários de serviço público.
Obs: Em se tratando de condutas lícitas a responsabilidade
se baseia no princípio da isonomia – ponderação entre
benefícios coletivos em face de dano específco e anormal.
Obs: Conduta ilícita por si só gera dever de indenizar por
violação ao princípio da legalidade.
Previsão constitucional: art. 37, §6º, CF
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Previsão legal: art. 43, CC
Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público interno
são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes
que nessa qualidade causem danos a terceiros,
ressalvado direito regressivo contra os causadores do
dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Agentes:
– Administração Direta, pessoas jurídicas de direito
público da Administração Indireta (autarquias e
fundações);
- EP e SEM quando prestadoras de serviços públicos
e particulares prestadores de serviço público por
delegação (permissionários e concessionários).
Obs: responsabilidade objetiva subsidiária do
Estado nas hipóteses de agentes pertencentes à
Administração Indireta e particulares prestadores
de serviço público por delegação.
Condutas:
 Comissivas – responsabilidade objetiva;
 Omissivas – responsabilidade subjetiva (doutrina
majoritária).
Dano – deverá ser dano jurídico (bem tutelado pelo
Direito).
Danos normais e gerais – risco social – não
indenizáveis. Estado não se apresenta como um
segurador universal.
Ex: danos normais – poluição, congestionamento,
etc, salvo abuso de conduta.
Nexo de causalidade – Teoria da Causalidade
Adequada – a conduta estatal foi
determinante para a concretização do dano.
Ex: preso foge de unidade prisional e
imediatamente pratica latrocínio.
Teorias da Responsabilidade Civil do Estado
 Teoria do Risco Administrativo – responsabilidade
objetiva do Estado pelos danos que seus agentes
causarem a terceiros, admitindo hipóteses de
exclusão de responsabilidade (força maior, caso
fortuito, culpa exclusiva da vítima e qualquer
hipótese que fulmine qualquer dos três elementos
para responsabilização – dano, nexo e conduta).
Obs: culpa concorrente – não exclui a
responsabilização, apenas reduzindo o valor
indenizatório.
Teoria do Risco Integral – Estado como garantidor universal, não
admitindo qualquer exclusão de responsabilidade.
Hely e Carvalho Filho – não admitem tal teoria.
Di Pietro – afrma que teoria do risco administrativo e teoria do risco
integral são a mesma coisa.
Doutrina majoritária – teoria do risco integral é utilizada em situações
excepcionais:
• Atividade nuclear (atos comissivos e omissivos) exercida pelo Estado
ou por este autorizada;
• Dano ambiental (atos comissivos dos agentes) e nos omissivos a
responsabilidade estatal será subsidiária em relação ao do poluidor
direto;
• Pagamentos de seguro DPVAT, com seguradora no polo passivo da
demanda;
• Crimes em aeronaves sobrevoando o espaço aéreo brasileiro e ataques
terroristas.
Responsabilidade estatal por atos omissivos –
responsabilidade subjetiva (corrente
majoritária).
Esta responsabilidade subjetiva é a
responsabilidade por culpa anônima (não há
necessidade de comprovar culpa do agente,
mas falta/culpa do serviço – má prestação).
Carvalho Filho – responsabilidade estatal por
atos omissivos é objetiva.
Caso o agente público pudesse ter evitado o
dano mas não o fez é descumprimento do dever
Responsabilidade contratual, extracontratual e sacrifício de
direito.
Na extracontratual o dano é indireto, enquanto no sacrifício
de direito o dano é direto, pois este é o objetivo estatal.
Ex: desapropriação – sacrifício de direito.
Responsabilidade do agente público – ação de regresso –
responsabilidade subjetiva.
Teoria da Dupla Garantia – STF – garantia do Administrado e
do Agente, que somente poderá ser acionado pelo Estado. RE
327904/SP.
STJ – possibilita o ajuizamento da demanda pelo administrado
diretamente contra o agente. REsp 1325862/PR.
Prescrição:
 art. 206, §3º, V, CC – 3 anos – norma mais
benéfca ao Estado.
 Art. 1º, Decreto 20910/32 e 1º-C, Lei nº
9494/97 – 5 anos – norma especial não
revogada pelo Código Civil. Majoritária.
Responsabilidade estatal por atos legislativos
 Nas hipóteses de lei de efeitos concretos;
 Excepcionalmente quando lei causar dano específco e restar
considera inconstitucional por decisão do STF em controle
concentrado.
Responsabilidade estatal por atos jurisdicionais
 Majoritariamente entende-se pela irresponsabilidade estatal
por atos jurisdicionais típicos, tendo em vista a possibilidade
de recursos.
 Exceção: art. 5º, LXXV, CF: o Estado indenizará o condenado
por erro judiciário, assim como o que fcar preso além do
tempo fxado na sentença.
 Erro judiciário em atos jurisdicionais criminais de aplicação
de pena privativa de liberdade;
Obs: Manutenção em prisão além do tempo previsto em
sentença é ato administrativo.

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