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Anulacao Do Ato Administrativo e o Devido Proceso Legal PDF
Anulacao Do Ato Administrativo e o Devido Proceso Legal PDF
Já, sobre a questão específica dos princípios — estes dotados de força normativa e
considerados diretrizes gerais que também subordinam regras —, representam mandamento
nuclear do sistema, seu verdadeiro alicerce enquanto disposição fundamental que se irradia
sobre as mais diferentes normas, servindo também de critério à exata compreensão e
inteligência da ordem jurídica.
Quanto aos princípios inseridos na Constituição — repiso: com a sua força ideológico-
normativa a alcançar todas as regras de Direito — eles também se definem como exigências
de otimização abertas a vários compromissos, interpretações, integrações e concordâncias
práticas, tudo a permitir um alto grau de concretização das demais normas positivadas.
2
preceito subjacente à idéia de que o Direito não tolera antinomias. No
direito romano pretendeu-se enunciar a síntese dos princípios básicos do
Direito: “Viver honestamente, não lesar a outrem e dar a cada um o que é
seu. Os princípios, como se percebe, vêm de longe e desempenham papéis
variados. O que há de singular na dogmática jurídica da quadra histórica
atual é o reconhecimento de sua normatividade.
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A colisão de princípios, portanto, não só é possível, como faz parte da lógica
do sistema, que é dialético. Por isso a sua incidência não pode ser posta em
termos de ludo ou nada, de validade ou invalidade. Deve-se reconhecer aos
princípios uma dimensão de peso ou importância. À vista dos elementos
do caso concreto, o intérprete deverá fazer escolhas fundamentadas,
quando se defronte com antagonismos inevitáveis, como os que existem
entre a liberdade de expressão e o direito de privacidade, a livre iniciativa
e a intervenção estatal, o direito de propriedade e a sua função social. A
aplicação dos princípios se dá, predominantemente, mediante ponderação.
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constitucional do ponto de vista metodológico, o problema concreto a
ser resolvido passou a disputar com o sistema normativo a primazia na
formulação da solução adequada, solução que deve fundar-se em uma linha
de argumentação apta a conquistar racionalmente os interlocutores, sendo
certo que o processo interpretativo não tem como personagens apenas os
juristas, mas a comunidade como um todo. (grifo nosso). O novo século
se inicia fundado na percepção de que o Direito é um sistema aberto de
valores. A Constituição, por sua vez, é um conjunto de princípios e regras
destinados a realizá-Ios, a despeito de se reconhecer nos valores uma
dimensão suprapositiva. A idéia de abertura se comunica com a Constituição
e traduz a sua permeabilidade a elementos externos e a renúncia à
pretensão de disciplinar, por meio de regras específicas, o infinito conjunto
de possibilidades apresentadas pelo mundo real. Por ser o principal canal de
comunicação entre o sistema de valores e o sistema jurídico, os princípios
não comportam enumeração taxativa. Mas, naturalmente, existe um amplo
espaço de consenso, onde têm lugar alguns dos protagonistas da discussão
política, filosófica e jurídica do século que se encerrou: Estado de direito
democrático, liberdade, igualdade, justiça. [...]
Imperioso concluir, portanto, que, ainda que exista lei (norma-regra) anterior
disciplinando um fato jurídico, é curial que se verifique em qual medida a sua exigência se
revela compatível com os princípios constitucionais, pois a sua interpretação e aplicação
devem necessariamente ser conforme os ditames da Constituição, sendo a observância
dos seus princípios — fundamentos de toda a ordem normativa — a primeira fonte ou
caminho para tal aspiração.
1 CF, “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:...”
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Em outros termos, antes da execução de uma norma jurídica, o seu aplicador nunca pode
esquecer que na base do conjunto há princípios a serem observados.
Pois bem, cediço que todas as regras jurídicas rendem obediência a um dado jurídico-
supremo e hierarquicamente superior a todas as leis — a Constituição de 1988 —, inicia-se
outras considerações, destacando três princípios muito importantes nela (Constituição)
explicitamente inseridos.
TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
Como se pode ver, atribuindo significado ímpar aos direitos individuais, ao consagrar
garantias destinadas à defesa de posições jurídicas perante a Administração Pública e ao
Poder Judiciário, a Constituição, nos citados incisos, sobretudo no primeiro — inc. LIV —,
ao mencionar a palavra “processo” não lhe positivou nenhum adjetivo discriminador, o
que faz concluir que o aludido cânone constitucional açambarca tanto o processo judicial
quanto o processo administrativo, conclusão reforçada pelo inciso LV.
Assim, é de fácil constatação que o processo, seja ele de que espécie for — judicial
ou administrativo —, encontra-se jungido ao basilar princípio constitucional do devido
processo legal e seus corolários (contraditório e ampla defesa), que devem afiançar às
pessoas expostas ao seu crivo um procedimento justo e eqüitativo com amplo direito de
defesa e contraditório.
2 Esses princípios constitucionais encontram-se hoje também afirmados explicitamente em nível legal, desde o advento da
Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que “regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal”,
cujo art. 2º arrola os seguintes: legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla
defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
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No largo contexto do devido processo legal, emerge também o princípio da ampla
defesa3, que traduz a liberdade inerente ao indivíduo de, no âmbito de um Estado democrático
como o nosso, alegar fatos e propor provas em defesa de seus interesses. Isso demonstra
a evidente correlação entre a ampla defesa e o amplo debate (princípio do contraditório),
não sendo concebível falar da presença de um sem pressupor a existência do outro — daí
a inteligência do inciso LV do art. 5º da Constituição ao agrupá-los em apenas uma regra.
A ampla defesa, por sua própria expressão, abre espaço para que o interessado-
litigante exerça, sem qualquer restrição, o seu direito de defesa, prerrogativa que não
constitui mera liberalidade, mas verdadeiro interesse público, essencial a todo regime
que se intitula democrático, devendo ser garantido em qualquer espécie de processo que
envolva o poder decisório do Estado sobre pessoas físicas e jurídicas.
Esse dever-poder conferido à Administração para rever seus atos, sobretudo quando
contrários ao ordenamento jurídico, está hoje consagrado nos enunciados nº 346 e nº 473
da súmula da jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal - STF, a saber:
Tirante o fato de que o Poder Público, bastas vezes, demora longos anos para rever
um ato administrativo reconhecidamente ilegal — o que gera na esfera do Poder Judiciário
a declaração da impossibilidade de revê-los quando decorridos mais de cinco razoáveis
anos (questão que desemboca no grande debate entre a segurança jurídica e a inércia
administrativa) —, tem ocorrido que os órgãos e entidades públicas, ao constatarem ter sido
3 Permito-me não discutir aqui a inexistente dualidade principiológica entre contraditório-ampla defesa defendida
por alguns, uma vez que não vislumbro diferenças práticas ao não tratá-los de forma particularizada. Porém,
registro que, de acordo com parcela da doutrina, o contraditório seria natural corolário da ampla defesa.
Esta, sim, é que constituiria o princípio fundamental e inarredável. Na verdade, dentro da ampla defesa
já se incluiria, em seu sentido, o direito ao contraditório, que é o direito de contestação, de redargüição a
acusações, de impugnação de atos e atividades. Outros aspectos cabem na ampla defesa e também são
inderrogáveis, como é caso da produção de prova, do acompanhamento dos atos processuais, da vista do
processo, da interposição de recursos e, afinal, de toda a intervenção que a parte entender necessária para
provar suas alegações.
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ilegal a concessão de uma vantagem, cancela-a abrupta e unilateralmente, sem, contudo,
conceder ao interessado o direito constitucional do contraditório e da ampla defesa.
[...]
[...]
8
Em atendimento aos princípios do contraditório e da ampla defesa, a Lei nº
9.784/90 assegura ao administrado os direitos de ter ciência da tramitação
dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter
vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as
decisões proferidas; formular alegações e apresentar documentos antes da
decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente.
[...]
Por fim, vale rememorar Hely Lopes Meirelles que, tratando do tema muito antes da
Constituição de 1988, assim se pronunciava:
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(ilegalidade lato sensu ou superilegalidade), a ensejar a sua conseqüente anulação pelos
Juízos e Tribunais do país.
Ainda sobre o tema, tenho enfatizado que a Constituição de 1988 (art. 5º,
LV) ampliou o direito de defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.
4 Conquanto discorde da tese generalista, registro que o Supremo Tribunal Federal, em recentes julgados, vem sedimentando
jurisprudência no sentido de que o devido processo legal se exerceria de conformidade com a lei, razão pela qual eventual
alegação de desrespeito à cláusula do devido processo legal, por traduzir transgressão indireta, reflexa, uma vez que a
ofensa direta seria a normas processuais, não autorizaria o acesso à via recursal extraordinária (v. RE nº 439723/SP, in
Informativo STF nº 572/2009).
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essa pretensão envolve não só o direito de manifestação e o direito de
informação sobre o objeto do processo, mas também o direito de ver os
seus argumentos contemplados pelo órgão incumbido de julgar (Cf. Decisão
da Corte Constitucional alemã — BverfGE 70, 288-293; sobre o assunto,
ver, também, Pieroth e Schlink, Grundrechte — Staatsrecht II, Heidelberg,
1988, p. 281; Battis, Ulrich, Gusy, Christoph, Einführung in das Staatsrecht,
3ª edição, Heidelberg, 1991, p. 363-364).
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(RE 426.147-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ de 5-5-06) (destaquei)
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que é própria aos praticados pela Administração, ou seja, deve se presumir
a formalização nos moldes preconizados pela ordem jurídica, cobrando-se
dos agentes públicos a atuação responsável. A presunção de legitimidade
dos atos administrativos milita não só em favor da pessoa jurídica de direito
público, como também do cidadão que se mostre de alguma forma por
ele alcançado. Logo, o desfazimento, ainda que sob o ângulo da anulação,
deveria ter ocorrido em cumprimento irrestrito ao que se entende como
devido processo legal (lato sensu) a que o inciso LV do artigo 5º objetiva
preservar. O que não transparece razoável é entender-se que o segundo
ato praticado, por também contar com a presunção de legitimidade, estaria
a revelar como impróprio o contraditório, dispensada, assim, a participação,
no processo administrativo, dos interessados. O contraditório e a ampla
defesa assegurados constitucionalmente não estão restritos apenas àqueles
processos de natureza administrativa que se mostrem próprios ao campo
disciplinar. O dispositivo constitucional não contempla a especificidade
assentada pela Corte de origem. Conforme fiz ver anteriormente o prejuízo
saltou aos olhos quando a Corte de origem, após tomar como dispensável
o contraditório na fase administrativa, assentou que os Recorrentes não
lograram fazer de plano, no mandado de segurança, a prova necessária à
conclusão sobre a existência de direito líquido e certo.
Em segundo lugar, realçando mais uma vez a observância do devido processo legal,
é de se transcrever trechos do julgamento da paradigmática medida cautelar no Mandado
de Segurança nº 26358 MC/DF, da relatoria do Ministro Celso de Mello, ocasião em que o
Supremo Tribunal Federal, diante da questão sobre a validade jurídica de deliberação do
Tribunal de Contas da União - TCU, o qual indeferira requerimento formulado pela parte
impetrante para realização de prova pericial em processo administrativo instaurado no
âmbito daquela Corte de contas, firmou entendimento nos seguintes termos:
[...]
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of law” (CF, art. 5º, LIV) - independentemente, portanto, de haver previsão
normativa nos estatutos que regem a atuação dos órgãos do Estado -, a
prerrogativa indisponível do contraditório e da plenitude de defesa, com
os meios e recursos a ela inerentes (CF, art. 5º, LV), inclusive o direito à
prova.
[...]
[...]
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de ver seus argumentos contemplados pelo órgão julgador. 5. Os princípios
do contraditório e da ampla defesa, assegurados pela Constituição,
aplicam-se a todos os procedimentos administrativos. 6. O exercício pleno
do contraditório não se limita à garantia de alegação oportuna e eficaz a
respeito de fatos, mas implica a possibilidade de ser ouvido também em
matéria jurídica. [...] 10. Mandado de Segurança deferido para determinar
observância do princípio do contraditório e da ampla defesa (CF, art. 5º,
LV).” (RTJ 191/922, Rel. p/ o acórdão Min. GILMAR MENDES - grifei)
[...]
[...]
Não foi por outra razão que a colenda Segunda Turma do Supremo Tribunal
Federal - ao examinar a questão da aplicabilidade e da extensão, aos
processos de natureza administrativa, da garantia do “due process of law”
- proferiu decisão, que, consubstanciada em acórdão assim ementado,
reflete a orientação que ora exponho nesta decisão: “Ato administrativo
— Repercussões — Presunção de legitimidade — Situação constituída
— Interesses contrapostos — anulação — Contraditório. Tratando-se da
anulação de ato administrativo cuja formalização haja repercutido no
campo de interesses individuais, a anulação não prescinde da observância
do contraditório, ou seja, da instauração de processo administrativo que
enseje a audição daqueles que terão modificada situação já alcançada.
[...].” (RTJ 156/1042, Rel. Min. MARCO AURÉLIO - grifei)
15
Processo Penal Brasileiro”, p. 196/209, itens ns. 7.4 e 7.5, 2ª ed., 2004,
RT; ROGÉRIO SCHIETTI MACHADO CRUZ, “Garantias Processuais nos
Recursos Criminais”, p. 128/129, item n. 2, 2002, Atlas; ROMEU FELIPE
BACELLAR FILHO, “Processo Administrativo Disciplinar”, p. 312/318, item
n. 7.2.2.3, 2ª ed., 2003, Max Limonad; CÁRMEN LÚCIA ANTUNES ROCHA,
“Princípios Constitucionais dos Servidores Públicos”, p. 484, item n. 2.2.3.1,
1999, Saraiva; JORGE ULISSES JACOBY FERNANDES, “Tomada de Contas
Especial”, p. 69/72, item n. 4.1.8, 2ª ed., 1998, Brasília Jurídica; HELY LOPES
MEIRELLES, “Direito Administrativo Brasileiro”, p. 688, item n. 3.3.3.5, 32ª
ed., atualizada por Eurico de Andrade Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e
José Emmanuel Burle Filho, 2006, Malheiros, v.g.), valendo referir, a respeito
dos postulados que regem o processo administrativo em geral, a lição de
JOSÉ DOS SANTOS CARVALHO FILHO (“Manual de Direito Administrativo”,
p. 889, item n. 7.5, 12ª ed., 2005, Lumen Juris):
[...] O princípio do contraditório está expresso no art. 5º, LV, da CF, que tem
o seguinte teor:
[...]
É por tal razão que a própria Lei nº 9.784/99, que rege o processo
administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, prevê, em seu art.
38, a possibilidade de o interessado, “na fase instrutória e antes da tomada
de decisão [...], requerer diligências e perícias” (art. 38, “caput”), sendo
que “Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as
provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes,
desnecessárias ou protelatórias” (art. 38, § 2º).
[...]
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1. O Superior Tribunal de Justiça tem reiteradamente advertido que todo
ato administrativo que repercuta na esfera individual do administrado, como
no caso de redução de proventos de aposentadoria, tem de ser precedido
de processo administrativo que assegure a este o contraditório e a ampla
defesa.
(RMS 11813 / PR, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA
TURMA, DJ 03.12.2007 p. 363.).
(REsp 765501 / SC, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA,
DJ 05.11.2007 p. 347)
(REsp 731256 / RJ, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA,
DJ 05.11.2007 p. 346)5
5 Em reforço do que aqui se esclarece, leiam-se também decisões dessa Corte Especial nos casos específicos de alteração
de contrato, nos quais o devido processo administrativo também não fora observado, o que ocasionou a revisão do ato pelo
Poder Judiciário. Precedentes STJ, RMS 2539- TO e RMS 1603- TO.
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TRF - PRIMEIRA REGIÃO - AGRAVO DE INSTRUMENTO — 200701000412378
- PRIMEIRA TURMA - DECISÃO: 5/3/2008 - PROCESSUAL CIVIL E
ADMINISTRATIVO. SUSPENSÃO DO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA
E PENSÃO POR MORTE SEM OBSERVÂNCIA DO DEVIDO PROCESSO
LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. COMINAÇÃO DE PENA DE MULTA DIÁRIA:
IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO DE INSTRUMENTO PARCIALMENTE PROVIDO
3. Na espécie, não é possível a fixação de multa, uma vez que não restou
evidenciado o descumprimento de obrigação de fazer.
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TRF - TERCEIRA REGIÃO - APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA
— 285705 - Processo: 200661190071300 - NONA TURMA - DECISÃO:
31/03/2008 - MANDADO DE SEGURANÇA - EFICÁCIA DA LIMINAR EM
AÇÃO MANDAMENTAL POSTERIORMENTE EXTINTA - DIREITO SUBJETIVO
CONSOLIDADO - DECISÃO DO INSS QUE CONCEDE APOSENTADORIA
- INVALIDAÇÃO DO ATO SEM O PRÉVIO E REGULAR PROCEDIMENTO
ADMINISTRATIVO - IMPOSSIBILIDADE.
[...]
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2. A revisão de ato administrativo pela própria Administração, que tenha
repercussão na esfera individual do administrado, deve ser precedida
do prévio processo administrativo, de modo que lhe seja assegurado o
contraditório e a ampla defesa. Precedente do STF.
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a menor garantia de se explicar (contraditório) e talvez demonstrar (ampla defesa) a
verdade que pudesse amparar os seus direitos, ferindo, por conseguinte, as regras e os
princípios constitucionais já mencionados.
Delineada a grave questão, é um truísmo dizer que o devido processo legal deve
obrigatoriamente ser respeitado; todavia, vale mencionar que a sua observância tem como
finalidade o resgate do duplo objetivo do próprio processo administrativo, que por um lado,
visa: a) resguardar o administrado, garantindo que os seus interesses sejam efetivamente
considerados, oferecendo oportunidade de exibir suas razões antes de ser afetado; e, por
outro b) garantir uma atuação administrativa mais transparente, estabelecendo controles
no próprio âmbito da Administração ao longo da formação de sua vontade, ao invés de
contentar-se com controles operados de fora, pelo Poder Judiciário, com sérios prejuízos
ao erário.
REFERÊNCIA
Di Pietro, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 14ª ed., São Paulo: Atlas. 2002.
FERRAZ, Sérgio, e DALLARI, Adilson Abreu. Processo Administrativo. 2 ed., São Paulo:
Malheiros, 2007.
Mello, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 14ª ed., São Paulo:
Malheiros, 2002.
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