Você está na página 1de 88

FACVLDADE MAURÍCIO DE NASSAU

CAMPUS FORTALEZA - BENFICA


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA

PROF. FELIPE MOTA MARTINS

HIGIENE E SEGURANÇA DO TRABALHO

FORTALEZA
2018
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4
1.1 Higiene e Segurança do Trabalho no Brasil ............................................................................. 9
2 ACIDENTES DE TRABALHO ............................................................................................ 11
2.1.1 Doenças profissionais e do trabalho ............................................................................. 11
2.1.2 Classificação dos acidentes de trabalho ....................................................................... 12
2.1.3 Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) ............................................................ 14
2.1.4 Causas do acidente de trabalho .................................................................................... 15
3 RISCOS AMBIENTAIS ................................................................................................... 16
3.1 Riscos físicos .................................................................................................................... 16
3.1.1 Ruído ............................................................................................................................ 16
3.1.1.1 Efeitos no organismo humano .................................................................................. 18
3.1.2 Vibrações...................................................................................................................... 19
3.1.3 Temperaturas extremas ................................................................................................ 19
3.1.4 Radiações ionizantes e não-ionizantes ......................................................................... 20
3.1.5 Pressões anormais ........................................................................................................ 21
3.1.6 Umidade ....................................................................................................................... 21
3.2 Riscos químicos ............................................................................................................... 22
3.2.1 Avaliação de riscos químicos ................................................................................... 22
3.3 Riscos biológicos.............................................................................................................. 24
3.3.1 Classificação dos ricos biológicos ............................................................................ 24
3.4 Riscos ergonômicos.......................................................................................................... 25
3.5 Riscos de acidentes (mecânicos) ...................................................................................... 26
3.6 Mapa de riscos.................................................................................................................. 27
4 MEDIDAS DE PROTEÇÃO ............................................................................................ 29
5 LEGISLAÇÃO .................................................................................................................. 31
5.1 NR 1 – Disposições gerais ............................................................................................... 31
5.2 NR 2 – Inspeção prévia .................................................................................................... 32
5.3 NR 3 – Embargo ou Interdição ........................................................................................ 32
5.4 NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança do Trabalho ................... 32
5.5 NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ..................................................... 33
5.6 NR 6 – Equipamento de Proteção Indivudal – EPI .......................................................... 35
5.7 NR 7 – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional - PCMSO ......................... 37
5.8 NR 8 – Edificações........................................................................................................... 38
5.10 NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade ........................................ 39
5.11 NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais ................. 39
5.12 NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos ..................................... 39
5.13 NR 13 – Caldeiras, vasos e pressão e tubulações ............................................................. 39
5.14 NR 14 - Fornos ................................................................................................................. 40
5.15 NR 15 – Atividades e operações insalubres ..................................................................... 40
5.16 NR 16 – Atividades e operações perigosas ...................................................................... 40
5.17 NR 17 – Ergonomia.......................................................................................................... 41
5.18 NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção.................. 41
5.19 NR 19 – Explosivos.......................................................................................................... 42
5.20 NR 20 – Segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis....................... 43
5.21 NR 21 – Trabalho a céu aberto......................................................................................... 43
5.22 NR 22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração ................................................... 43
5.23 NR 23 – Proteção contra incêndios .................................................................................. 43
5.24 NR 24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho ................................. 44
5.25 NR 25 – Resíduos industriais ........................................................................................... 44
5.26 NR 26 – Sinalização de segurança ................................................................................... 44
5.27 NR 27 – Registro profissional do técnico de segurança do trabalho ................................ 44
5.28 NR 28 – Fiscalização e penalidades ................................................................................. 44
5.29 NR 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário ............ 45
5.30 NR 30 – Segurança e saúde no trabalho aquaviário ......................................................... 45
5.31 NR 31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração
florestal e aquicultura ................................................................................................................... 45
5.32 NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde ........................................ 45
5.33 NR 33 Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados ..................................... 45
5.34 NR 34 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção naval ........ 46
5.35 NR 35 – Trabalho em altura ............................................................................................. 46
5.36 NR 36 – Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes
e derivados ................................................................................................................................... 46
6 SEGURANÇA .................................................................................................................. 47
6.1 Segurança dos Processos .................................................................................................. 48
6.1.1 Acidente de Flixborough (1974) .............................................................................. 49
6.1.2 Acidente de Three Mile Island (1979) ..................................................................... 50
6.1.3 Acidente de Bhopal (1984)....................................................................................... 52
6.1.4 Normas sobre segurança de processos ..................................................................... 54
6.2 Riscos de explosões e incêndios............................................................................................. 54
6.2.1 O fogo.............................................................................................................................. 55
6.2.2 Combustão....................................................................................................................... 56
6.2.3 Incêndios ......................................................................................................................... 58
7 GESTÃO ............................................................................................................................... 71
7.1 Gestão de riscos...................................................................................................................... 71
7.1.1 Nautreza dos riscos empresariais .................................................................................... 71
7.1.2 Normas sobre gerenciamento de riscos ........................................................................... 73
7.1.3 Metodologia do gerenciamento de riscos ........................................................................ 74
7.2 Gestão de emergências ........................................................................................................... 76
7.2.1 Plano de emergência interno ........................................................................................... 76
7.2.2 Plano de emergência externo........................................................................................... 80
7.3 Métodos de análise de riscos .................................................................................................. 81
7.3.2 Análise de Operabilidade de Perigos (HAZOP) Veritas (2006) ..................................... 81
7.3.3 Análise Preliminar de Perigos (APP) Veritas (2006) ...................................................... 82
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 86
4

1 INTRODUÇÃO

Segundo Harari (2015), os homo sapiens viveram seus primeiros 2,5 milhões
de anos como nômades, alimentando-se da coleta de plantas e da caça de animais
selvagens. Neste ambiente, não havia noção de relações de trabalho, até porque a ideia
de trabalho em si também não existia.
No entanto, há cerca de 10 mil anos, alguns coletores perceberam que onde
jogavam as sementes dos frutos consumidos nasciam árvores que geravam novos frutos, e
assim descobriram a ideia chave para o desenvolvimento da agricultura.
A partir de então, a espécie humana passa a se dedicar ao plantio e, logo em
seguida, também à domesticação de animais. Como a garantia de produção de alimento
acabou com a necessidade de mudarem-se em busca de comida, os seres humanos
abandonaram a vida nômade para viver em locais com abundância de água, necessária para
suprir as plantações, tornando-se sedentários.

“A transição para a agricultura começou por volta de 9500-8500 a.C. no


interior montanhoso do sudeste da Turquia, no oeste do Irã e no Levante.
Começou devagar em uma área geográfica restrita. Trigo e bodes foram
domesticados por volta de 9000 a.C.; ervilhas e lentilhas, em torno de 8000 a.C.;
oliveiras, cerca de 5000 a.C.; cavalos, por volta de 4000 a.C.; e videiras, em
3500 a.C. Alguns animais e sementes, como camelos e castanhas-de-caju, foram
domesticados ainda mais tarde, mas em 3500 a.C. a principal onda de
domesticação havia chegado ao fim. Mesmo hoje, com toda a nossa tecnologia
avançada, mais de 90% das calorias que alimentam a humanidade vêm do
punhado de plantas que nossos ancestrais domesticaram entre 9500 e 3500 a.C. –
trigo, arroz, milho, batata, painço e cevada.”
(HARARI, 2015)

À mudança do nomadismo para o sedentarismo através do desenvolvimento da


agricultura dá-se o nome de Revolução Agrícola e um dos principais cereais responsáveis
por essa revolução foi o trigo, que passou a ser produzido em escala e tornou-se a base da
alimentação humana. No entanto, de acordo com Harari (2015), não foi o homem que
domesticou o trigo, mas o trigo que domesticou o homem.

“O trigo fez isso manipulando o Homo sapiens a seu bel-prazer. Esse


primata vivia uma vida confortável como caçador-coletor até por volta de 10 mil
anos atrás, quando começou a dedicar cada vez mais esforços ao cultivo do trigo.
Em poucos milênios, os humanos em muitas partes do mundo estavam fazendo
não muito mais do que cuidar de plantas de trigo do amanhecer ao entardecer.
Não foi fácil. O trigo demandou muito deles. O trigo não gostava de
rochas nem pedregulhos, e por isso os sapiens deram duro para limpar os
campos. O trigo não gostava de dividir espaço, água e nutrientes com outras
5

plantas, e assim homens e mulheres trabalharam longas jornadas sob o sol


abrasador eliminando ervas daninhas. O trigo ficava doente, e por isso os sapiens
tinham de ficar de olho em vermes e pragas. O trigo era atacado por coelhos e
nuvens de gafanhotos, então os agricultores construíram cercas e passaram a
vigiar os campos. O trigo tinha sede, então os humanos cavaram canais de
irrigação ou passaram a carregar baldes pesados de poços para regá-lo. Os
sapiens até mesmo passaram a coletar fezes de animais para nutrir o solo em que
ele crescia.
O corpo do Homo sapiens não havia evoluído para tais tarefas. Estava
adaptado para subir em macieiras e correr atrás de gazelas, não para remover
rochas e carregar baldes de água. A coluna, os joelhos, o pescoço e os arcos
plantares dos humanos pagaram o preço. Estudos de esqueletos antigos indicam
que a transição para a agricultura causou uma série de males, como
deslocamento de disco, artrite e hérnia. Além disso, as novas tarefas agrícolas
demandavam tanto tempo que as pessoas eram forçadas a se instalar
permanentemente ao lado de seus campos de trigo. Isso mudou por completo seu
estilo de vida. Nós não domesticamos o trigo; o trigo nos domesticou. A palavra
“domesticar” vem do latim domus, que significa “casa”. Quem é que estava
vivendo em uma casa? Não o trigo. Os sapiens.”
(HARARI, 2015)

Foi então no início das atividades agrícolas que surgiu a noção de


trabalho, embora este fosse essencialmente de cunho coletivista, pois nos primeiros
agrupamentos agrícolas a produção era dividida de forma igualitária entre os agricultores.
Com a maior disponibilidade de alimento, a população cresceu de forma
exponencial e assim surgiram as primeiras aldeias, vilas e cidades. Em algumas regiões, a
população cresceu ao ponto de saturar a produção de alimentos, pois as terras disponíveis
não tinham capacidade de produzir comida para todos os habitantes da região. Começaram
então as primeiras disputas por terras para cultivo, levando agrupamentos de humanos a
atacarem uns aos outros. Surgiram assim também os primeiros prisioneiros de guerra, que
logo se transformariam nos primeiros escravos, criando novas relações de trabalho.
Ao tornar-se escravo o indivíduo é, de alguma forma, privado de sua liberdade,
passando a ser considerado uma mercadoria. Assim, as relações de trabalho passaram a ser
fundamentadas sob o direito de posse, onde a um indivíduo é permitido possuir outro e
tratá-lo como bem.
Através das negociações de escravos, povos da antiguidade prosperaram e
foram capazes de edificar verdadeiras maravilhas da engenharia, que continuam de pé até
os tempos modernos. Mas não só de construções faraônicas viviam essas civilizações e
seus escravos, cujos principais ofícios eram a produção de alimentos e a realização de
serviços pesados, como trabalho em minas e em edificações.
As civilizações escravistas logo tornaram-se viciadas nessa prática e o trabalho
forçado passou a ser a base da economia de povos como mesopotâmios, gregos, romanos,
6

persas, egípcios, dentre outros. Na Grécia, os escravos mais fortes eram reservados aos
trabalhos pesados, enquanto os mais frágeis eram destinados às tarefas domésticas.
É dessa época que remonta o primeiro relato de preocupação com as condições
de trabalho. No século IV a.C. o médico grego Hipócrates descreveu o quadro clínico de
intoxicação por chumbo, doença conhecida como saturnismo.
Em Roma, a população de escravos chegou a 30% do total de habitantes, e
além de trabalhos pesados e serviços domésticos era possível encontrar escravos exercendo
cargos até na administração pública. A economia romana era de tal forma dependente de
seus escravos que o exército teve de empenhar-se cada vez mais na conquista de novos
territórios, dessa vez não para obter terras para cultivo, mas escravos.
Durante esse período o médico romano Plínio, O Velho estudou as condições
de trabalho dos escravos e descreveu em seu livro Naturalis Historia (pulbicado em 73
d.C. em 37 volumes) as iniciativas próprias de proteção praticadas pelos escravos que
trabalhavam em minas e utilizavam bexigas de carneiro como máscaras para pó. Este é o
relato mais antigo de um Equipamento de Proteção Individual.
Problemas com escravos revoltosos eram comuns na transição entre a
República e o Império Romano. As revoltas ficaram conhecidas como Guerras Servis, mas
não obtiveram êxito na derrubada do sistema escravista. Em 73. a.C Spártaco chegou a
liderar 100 mil escravos em uma revolta violentamente reprimida pelos governantes e que
culminou com a crucificação de mais de 6mil escravos.
Por volta do século III d.C., no entanto, mesmo com a aquisição de novas terras
devido à política expansionista do império, a oferta de mão de obra escrava começou a
diminuir e os latifundiários tiveram de encontrar novas formas de trabalhar a terra.
Tiveram então a ideia de distribuir pequenos lotes de suas propriedades para que os
escravos produzissem por conta própria, pagando uma espécie de “aluguel” da terra em
grãos e animais produzidos.
Conforme crescia, ficava cada vez mais difícil manter a segurança das
fronteiras, constantemente atacadas por povos bárbaros, o que levou à queda do Império
Romano. Os habitantes das cidades refugiaram-se em propriedades rurais de antigos nobres
romanos, trabalhando em suas terras em troca de proteção contra os invasores e alimento
para seu sustento.
Foi nesse período que mais uma vez as relações de trabalho se alteraram,
surgindo o que hoje chamamos de feudalismo. Nesse novo sistema houve pouca mudança
7

na vida dos trabalhadores que de escravos passaram a servos dos senhores de terras. A
única vantagem era não serem mais tratados como propriedade, embora agora estivessem
ligados aos senhores de terra (senhores feudais) e presos às terras em que viviam.
As relações de trabalho não sofreram grandes alterações durante o
restante da Idade Média e início da Idade Moderna (1453 à 1789), período em que
foram realizados muitos estudos sobre a saúde dos trabalhadores. Em 1556, Georgi
Agricolae realiza os primeiros registros de doenças atribuídas especificamente a um
determinado ofício e os publica em seu livro De Re Metallica, que relata os problemas
encontrados na mineração e fundição de ouro e prata. Um fato curioso da obra de
Agricolae é o relato de que as mulheres chegavam a casar-se inúmeras vezes devido à alta
taxa de mortalidade entre os mineiros.
Em 1700, o médico italiano Bernardino Ramazzini, considerado o pai da
Medicina do Trabalho, publica o livro De Morbis Artificum Diatriba (As doenças dos
trabalhadores), descrevendo mais de 50 doenças do trabalho e introduzindo ao prontuário
médico a pergunta: “Qual sua ocupação”.
O sistema feudal não apresentava mobilidade social, ocasionando a fuga de
alguns servos, o que, juntamente com o desenvolvimento de uma estrutura mercantil
arcaica, favoreceram o nascimento e desenvolvimento do sistema capitalista. Após alguns
séculos ganhando força, o capitalismo passou a ser o principal sistema socioeconômico dos
países europeus a partir do século XVI.
Com o capitalismo surgiram novas relações de trabalho, que deixou de ser
servil e passou a ser assalariado, embora as condições de vida dos camponeses não tenha
melhorado, pois os salários que recebiam muitas vezes os fazia desejar ainda serem servos
dos senhores feudais: ao menos o sustento estava garantido.
Além do trabalho no campo, muitos ofícios prosperaram, tais como a
manufatura e o comércio de produtos artesanais. Mas no século XVII a Revolução
Industrial (1760 à 1940) que teve lugar na Inglaterra mudou esse cenário ao substituir a
manufatura pela maquinofatura, onde o produto é fabricado com o auxílio de máquinas.
Os trabalhadores passaram então a ser operadores de máquinas e mais uma vez
suas condições de trabalho não só não melhoraram, como podem ser consideradas as piores
dentre todos os períodos da história. Segundo Dezordi (2008), as jornadas de trabalho iam
de 14 a 16 horas por dia, seis dias por semana, e, embora tivessem a mesma jornada de
trabalho que os homens adultos, mulheres e crianças recebiam salários menores.
8

A maior parte das fábricas inglesas era do setor têxtil, que consumia muita lã.
Para obter mais áreas de pastagem os nobres invadiram territórios utilizados por
camponeses para suas atividades agrícolas e pastoris (DEZORDI, 2008). Os camponeses,
sem poder tirar seu sustento da terra, migram para as cidades, passando a integrar a mão de
obra das fábricas. Com a crescente oferta de mão de obra, os salários baixam e há
superlotação nas acomodações próximas aos bairros fabris, diminuindo a qualidade de vida
e aumentando o risco de doenças da população.
Os locais de trabalho também eram sujos, com pouca iluminação, ventilação e
sem nenhuma preocupação ergonômica. Os trabalhadores da Revolução Industrial também
não tinham nenhum tipo de seguridade social como previdência (pública ou privada), tendo
que trabalhar até os últimos dias de suas vidas.
As péssimas condições geraram insatisfação nos trabalhadores que começaram
a se manifestar por melhores condições, forçando o Parlamento Britânico a criar o Factory
Act (Lei das Fábricas), em 1833. Essa lei estabeleceu a inspeção das fábricas, determinou
idade mínima de 9 anos, proibiu o trabalho noturno de menores de 18 anos e determinou
um regime de trabalho de no máximo 12 horas por dia e 69 horas por semana.
A indústria viria a ter ainda mais destaque no final do século XIX e começo do
século XX, sendo impulsionada principalmente pelo setor armamentista que abasteceu a
Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Mais leis de proteção ao trabalhador foram criadas
na Inglaterra e as práticas de segurança começaram a ser difundidas pelo restante da
Europa e pela América do Norte.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, como parte do tratado de Versalhes,
foi criada em 1919 a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Este órgão é
responsável pela formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho
(convenções e recomendações) e possui uma estrutura tripartite, sendo composto por
representantes das empresas, dos trabalhadores e dos governos dos países membros.
O Brasil é um dos membros fundadores da OIT e participa da Conferência
Internacional do Trabalho desde sua primeira edição, quando foram definidas as jornadas
máximas diárias de 8h e semanais de 48h, a idade mínima de 14 anos para trabalho na
indústria e a proteção à maternidade, dentre outras diretrizes que ainda norteiam as normas
do trabalho modernas.
9

1.1 Higiene e Segurança do Trabalho no Brasil

Em 1903 foi assinado pelos governos do Brasil e da Bolívia o Tratado de


Petrópolis, onde o Brasil se comprometia a construir uma estrada de ferro para facilitar o
escoamento da produção de borracha dos dois países e em troca recebia o território que
hoje compõe o estado brasileiro do Acre.
Durante a execução das obras, muitos operários adoeceram e até mesmo
chegaram a óbito devido às péssimas condições de trabalho e às doenças tropicais.
Segundo Ferreira e Peixoto (2012), a situação levou o médico brasileiro Oswaldo Cruz à
obra, onde realizou estudos e trabalhos sobre doenças infeciosas relacionadas ao trabalho,
como a malária e o amarelão. Este é o primeiro relato de uma iniciativa em segurança do
trabalho no Brasil.

Em 1912, durante o 4º Congresso Operário Brasileiro, constituiu-se a


Confederação Brasileira do Trabalho (CBT), a qual teve como finalidade
promover um programa de reivindicações operárias, tais como: jornada de
trabalho de oito horas, semana de seis dias, construção de casas para operários,
indenização para acidentes de trabalho, limitação da jornada de trabalho para
mulheres e crianças (menores de quatorze anos), contratos coletivos (na época,
individuais), obrigatoriedade de pagamento de seguro para os casos de doenças e
velhice, estabelecimento de um salário mínimo, reforma de tributos públicos e
exigência de instrução primária.
(...)
Em 1918, o presidente do Brasil Wenceslau Braz Gomes cria, através do
Decreto nº 3.550, o Departamento Nacional do Trabalho, com o intuito de
regulamentar a organização do trabalho.
Em 1919, com o Decreto Legislativo nº 3.724, foi instituída a reparação
em caso de doença contraída pelo exercício do trabalho. O Decreto é conhecido
como a primeira lei sobre acidentes de trabalho.
(FERREIRA e PEIXOTO, 2012)

O DL nº 3.724 discorria sobre os acidentes de trabalho, definia a forma de


declaração do acidente e dava diretrizes sobre as ações judiciais e indenizações. Nesta lei
foi adotada a teoria do risco profissional adotada pelo político francês Felix Faure em 1883
e que se baseava no principio de que assim como o empresário deve suportar os encargos e
riscos oriundos do processo produtivo, deve também suportar a depreciação da saúde
daqueles que participaram desse processo (os trabalhadores).

Em 1923, o presidente do Brasil Arthur Bernardes cria o Conselho


Nacional do Trabalho, pelo Decreto n° 16.027.
Em 1923, cria-se a Inspetoria de Higiene Industrial e Profissional junto ao
Departamento Nacional de Saúde, no Ministério da Justiça e Negócios Interiores.
No ano de 1930, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio é criado
via Decreto n° 19.433, assinado pelo presidente Getúlio Vargas. O Ministério
10

assumia as questões de saúde ocupacional e era coordenado pelo Ministro


Lindolfo Leopoldo Boeckel Collor, empossado na ocasião.
Em 1934, com o Decreto Legislativo nº 24.637, é criada a Inspetoria de
Higiene e Segurança do Trabalho, ampliando-se assim, o conceito de doença
profissional. Tal decreto é considerado a segunda lei de acidentes do trabalho.
(...)
Em 1943, no Brasil, com o Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio, entra em
vigor a “Consolidação das Leis do Trabalho” (CLT), com capítulo referente à
Higiene e Segurança do Trabalho.
Em 1944 é incluída a CIPA (Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes) na Legislação Brasileira pelo Decreto nº 7.036/44, conhecido como
“Lei de Acidentes de Trabalho de 1944”.
(FERREIRA e PEIXOTO, 2012)

O DL 7.036/74 foi a terceira lei sobre acidentes do trabalho do Brasil e


introduziu os conceitos de acidente in inteire, ou de trajeto, aperfeiçoou a assistência
médica, farmacêutica e hospitalar ao acidentado e definiu o limite máximo de 24h para
comunicar um acidente de trabalho, dentre outros. Apesar de a comunicação de acidente
ser obrigatória havia a lacuna do prazo, definido então a partir dessa data.

Em 1953, a Portaria nº 155 regulamenta as ações da CIPA.


(...)
Em 1966, através da Lei nº 5.161, é criada no Brasil a Fundação Centro
Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho (FUNDACENTRO),
com o objetivo de realizar estudos, análises e pesquisas relativas à higiene e à
medicina ocupacional. Atualmente, é denominada de Fundação Jorge Duprat
Figueiredo, de Segurança e Medicina do Trabalho (alterado no ano de 1978).
(FERREIRA e PEIXOTO, 2012)

A FUNDACENTRO tem por objetivo realizar estudos e pesquisas das


condições dos ambientes de trabalho, divulgando os resultados obtidos e capacitando
pessoas para melhoria do ambiente de trabalho. O material instrucional desenvolvido pelo
órgão é reconhecido internacionalmente e garante à FUNDACENTRO parceiros em
diversos países do mundo, para quem também desenvolve projetos de sistemas de gestão
ambiental.

Em 1977, no Brasil, a Lei nº 6.514 altera o Capítulo V da CLT


(Consolidação das Leis do Trabalho), agora relativo à segurança e medicina do
trabalho.
No ano de 1978, no Brasil, através da Portaria nº 3.214 de 08/06/1978,
aprovou as Normas Regulamentadoras (NR) do Capítulo V, Título II, da
Consolidação das Leis do Trabalho, relativas à segurança e medicina do trabalho.
Nesse mesmo ano, foram aprovadas outras 28 (vinte e oito) NR, as quais
sofreram várias alterações ao longo dos anos.
(FERREIRA e PEIXOTO, 2012)

As décadas de 80 e 90 viram o Brasil organizar os sistemas de


representatividade de cada classe participante do processo de segurança no trabalho
(trabalhadores, empresários e governo), culminando com a criação da Comissão Tripartite
11

Partidária Permanente em 2002 aumentando o compromisso dos setores (empregadores e


trabalhadores, especialmente) na adoção de medidas efetivas para a necessária melhoria
das condições e dos ambientes de trabalho e a consequente diminuição dos índices destes
acidentes.

2 ACIDENTES DE TRABALHO

O Plano de Benefícios da Previdência Social, em vigor através da lei Nº8213,


de 24 de julho de 1991, dispõe, em seu artigo 19, sobre o acidente do trabalho:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a


serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho
(...), provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a
perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.

Desta forma, o resultado direto do acidente do trabalho é uma lesão corporal ou


perturbação funcional que acarreta em dano à capacidade do trabalhador.
LESÃO CORPORAL pode ser entendida como qualquer dano à anatomia do
trabalhador, sejam eles graves (fraturas, hematomas, amputações, etc.) com consequências
duradouras e muitas vezes permanentes, ou de característica menos intensa, não deixando
marcas ou sequelas após tratamento adequado.
Já a PERTURBAÇÃO FUNCIONAL é entendida como sendo o prejuízo ao
funcionamento de qualquer órgão ou sentido do trabalhador. Exemplos: problemas
respiratórios causados por ventilação inadequada e presença de agentes químicos em pó,
lesões por esforço repetitivo, perda de audição, olfato ou sensibilidade da pele, etc.

2.1.1 Doenças profissionais e do trabalho

Ainda segundo a lei Nº8213:

Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo


anterior, as seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo


exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva
relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
12

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em


função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I.

§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:

a) a doença degenerativa;

b) a inerente a grupo etário;

c) a que não produza incapacidade laborativa;


d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que
ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou
contato direto determinado pela natureza do trabalho.

Entende-se por DOENÇA PROFISSIONAL aquela adquirida pelo trabalhador


que está exposto a um determinado agente de risco ambiental QUE É COMUM a todos os
trabalhadores que exercem a mesma atividade. Exemplo: operadores de telemarketing que
estão propensos a adquirir uma Lesão por Esforço Repetitivo (LER) devido à natureza de
sua atividade.
Já a DOENÇA DO TRABALHO é aquela adquirida pelo trabalhador que está
exposto a um agente ambiental NÃO comum aos demais trabalhadores que exercem aquela
atividade. Exemplo: um bancário que trabalha em um ambiente com elevado nível de ruído
(digamos ao lado, ou mesmo dentro, de uma obra) ocasionando considerável perda
auditiva. Este caso enquadra-se como doença do trabalho pois o risco devido ao ruído
excessivo não é comum à profissão de bancário, mas um risco específico que este
profissional em particular, trabalhando no local em que trabalha, está submetido.

2.1.2 Classificação dos acidentes de trabalho

A lei Nº 8213 classifica os acidentes de trabalho nos quatro grupos listados a seguir:

Art. 21. Equiparam-se também ao acidente do trabalho, para efeitos desta


Lei:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da
sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica
para a sua recuperação;

II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em


conseqüência de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou
companheiro de trabalho;
13

b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa


relacionada ao trabalho;

c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de


companheiro de trabalho;

d) ato de pessoa privada do uso da razão;

e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou


decorrentes de força maior;
III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no
exercício de sua atividade;

IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de


trabalho:

a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da


empresa;

b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar


prejuízo ou proporcionar proveito;

c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando


financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-
obra, independentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de
propriedade do segurado;

d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela,


qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do
segurado.

§ 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da


satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante
este, o empregado é considerado no exercício do trabalho.

§ 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho


a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superponha
às conseqüências do anterior.

Os itens de I a III discorrem sobre o ACIDENTE TÍPICO, que ocorre dentro


do ambiente de trabalho. Já o item IV trata sobre ACIDENTE DE TRAJETO que se
caracteriza quando o funcionário sofre um acidente fora do espaço físico da empresa, mas
naquele momento se encontra em serviço, seja se locomovendo de casa ao trabalho ou do
trabalho para casa, seja trabalhando no trânsito (taxista, caminhoneiro, motoboy, etc.).
É possível ainda classificar os acidentes de acordo com sua gravidade em:
FATAL quando ocasiona a morte do trabalhador. (MTE, 2010)
GRAVE quando provoca amputações ou esmagamentos, perda de visão, lesão
ou doença que leve a perda permanente de funções orgânicas, fraturas que necessitem de
intervenção cirúrgica ou que tenham elevado risco de causar incapacidade permanente,
queimaduras que atinjam toda a face ou mais de 30% da superfície corporal ou outros
14

agravos que resultem em incapacidade para atividades habituais por mais de 30 dias.
(MTE, 2010)
MODERADO quando causa agravos à saúde que não se enquadrem nas
classificações anteriores e que a pessoa afetada fique incapaz de executar seu trabalho
normal durante o período três a trinta dias. (MTE, 2010)
LEVE quando as lesões ou doenças incapacitam o trabalhador por até três dias.

2.1.3 Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)

Os acidentes do trabalho devem ser comunicados à previdência social


conforme artigos 22 e 23 da lei Nº 8213:

Art. 22. A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o


acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil seguinte ao da
ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena
de multa variável entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de
contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada
pela Previdência Social.

§ 1º Da comunicação a que se refere este artigo receberão cópia fiel o


acidentado ou seus dependentes, bem como o sindicato a que corresponda a sua
categoria.

§ 2º Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizá-la o


próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico
que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo nestes casos o
prazo previsto neste artigo.

§ 3º A comunicação a que se refere o § 2º não exime a empresa de


responsabilidade pela falta do cumprimento do disposto neste artigo.

§ 4º Os sindicatos e entidades representativas de classe poderão


acompanhar a cobrança, pela Previdência Social, das multas previstas neste
artigo.

§ 5o A multa de que trata este artigo não se aplica na hipótese do caput do


art. 21-A.

Art. 23. Considera-se como dia do acidente, no caso de doença


profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade laborativa para o
exercício da atividade habitual, ou o dia da segregação compulsória, ou o dia em
que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro.
15

2.1.4 Causas do acidente de trabalho

A norma brasileira NBR 14280/2001 (Cadastro de acidente do trabalho –


Procedimento e classificação) fixa critérios para registro, comunicação, estatística,
investigação e análise de acidentes de trabalho, suas causas e consequências, aplicando-se
a quaisquer atividades laborativas.
O artigo 2.8 da referida NBR trata das causas do acidente de trabalho,
definindo como causas:

2.8.1 fator pessoal de insegurança (fator pessoal): Causa relativa ao


comportamento humano, que pode levar à ocorrência do acidente ou à prática do
ato inseguro.

(...)

2.8.2 ato inseguro: Ação ou omissão que, contrariando preceito de segurança,


pode causar ou favorecer a ocorrência de acidente.

2.8.3 condição ambiente de insegurança (condição ambiente): Condição do


meio que causou o acidente ou contribuiu para a sua ocorrência.

NOTAS

1 O adjetivo ambiente inclui, aqui, tudo o que se refere ao meio, desde a


atmosfera do local de trabalho até as instalações, equipamentos, substâncias
utilizadas e métodos de trabalho empregados.

Assim, o acidente causado por ATO INSEGURO é decorrente de uma ação


humana que negligencia um procedimento de segurança, levando ao acidente. Nesta
situação, mesmo que todas as medidas de proteção cabíveis tenham sido tomadas, o
trabalhador, por algum motivo, ignora uma ou mais destas medidas, se submetendo aos
riscos ambientais.
Já o acidente causado por uma CONDIÇÃO INSEGURA é decorrente de um
ambiente onde o trabalhador está exposto a riscos. Esta condição pode ser causada por uma
máquina defeituosa, partes elétricas não isoladas, ventilação e iluminação deficiente, má
organização do ambiente de trabalho, etc.
16

3 RISCOS AMBIENTAIS

Os riscos ambientais são fatores, elementos ou substâncias presentes no


ambiente de trabalho que podem ser a causa de um acidente de trabalho. A Norma
Regulamentadora Nº 05 do Ministério do Trabalho e Emprego considera como riscos
ambientais:

9.1.5 Para efeito desta NR, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos,
químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de
sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são
capazes de causar danos à saúde do trabalhador.

Além dos riscos físicos, químicos e biológicos, também são considerados como
riscos ambientais os riscos ergonômicos e os riscos mecânicos, ou de acidentes.

3.1 Riscos físicos

A NR 09 define considera agentes físicos as diversas formas de energia a que


possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, temperaturas
extremas, radiações ionizantes e não ionizantes, pressões anormais e umidade.
Antes de discorrer sobre os riscos é importante estar familiarizado com o
conceito de Limite de Tolerância. De acordo com a NR 15:

15.1.5 Entende-se por "Limite de Tolerância", para os fins desta Norma, a


concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com a natureza e
o tempo de exposição ao agente, que não causará dano à saúde do trabalhador,
durante a sua vida laboral.

Ou seja, de acordo com o regime de trabalho estabelecido pela CLT, limite de


tolerância pode ser entendido como a máxima intensidade de um risco a que um
trabalhador pode estar exposto durante 8h por dia, 44h por semana.

3.1.1 Ruído

Os mais diversos ambientes, sejam eles de lazer ou de trabalho, estão repletos


de sons que podem se manifestar de forma ordenada através da fala, do canto ou de um
17

instrumento musical. Mas esses sons podem também estar presentes no ambiente de forma
caótica, constituindo o que se chama de ruído.
Exposição prolongada a altos níveis de ruído podem ocasionar uma série de
problemas no organismo humano, de forma que a permanência de um indivíduo é limitada
de acordo com a Tabela 1.

Tabela 1 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente

Fonte: NR 15, Ministério do Trabalho e Emprego.

Segundo o Anexo 1º da NR 15:

1. Entende-se por Ruído Contínuo ou Intermitente, para os fins de aplicação


de Limites de Tolerância, o ruído que não seja ruído de impacto.

2. Os níveis de ruído contínuo ou intermitente devem ser medidos em


decibéis (dB) com instrumento de nível de pressão sonora (...). As leituras devem
ser feitas próximas ao ouvido do trabalhador.

(...)

5. Não é permitida exposição a níveis de ruído acima de 115 dB(A) para


indivíduos que não estejam adequadamente protegidos.

6. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais períodos de


exposição a ruído de diferentes níveis, devem ser considerados os seus efeitos
combinados, de forma que, se a soma das seguintes frações:
18

exceder a unidade, a exposição estará acima do limite de tolerância.

Na equação acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a


um nível de ruído específico, e Tn indica a máxima exposição diária permissível
a este nível, segundo o Quadro deste Anexo.

7. As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de


ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada,
oferecerão risco grave e iminente.

O Anexo 2 da NR 15 define ruído de impacto como: “aquele que apresenta


picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a
1 (um) segundo”. Os níveis de impacto deverão ser avaliados em decibéis (dB), com
medidor de nível de pressão sonora operando no circuito linear e circuito de resposta para
impacto e a tolerância será de 130 dB (linear).
Exemplos de ruídos de impacto são: o barulho ocasionado pelo martelar de
prego, pisar forte com o solado do sapato no piso, máquinas bate-estaca, etc.

3.1.1.1 Efeitos no organismo humano

Segundo Carmo (1999), O ruído afeta o organismo humano de várias


maneiras, causa prejuízos não só ao funcionamento do sistema auditivo como o
comprometimento da atividade física, fisiológica e mental do indivíduo a ele
exposto.
Uma das principais doenças causadas por este agente físico é a Perda Auditiva
Induzida por Ruído (PAIR), que é causada pelo acúmulo de exposições de ruído, repetidas
constantemente, por um período de muitos anos. A exposição crônica ao ruído produz
no ser humano uma deterioração auditiva lentamente progressiva.
Quanto aos demais efeitos não relacionados ao sistema auditivo, Carmo (1999)
afirma que:

Além dos Sintomas Auditivos, o ruído exerce ação geral sobre várias
funções orgânicas, apresentando reações distintas, com características
comuns, mas com diferentes significados, como: Reações de alarme, que
consistem em resposta rápida de curta duração sob a ação de um ruído
repentino. Essa atitude reflexa se manifesta através do ato de fechar os olhos, há
aumento da freqüência cardíaca e respiratória, aumento da pressão arterial e
secreção salivar, dilatação pupilar, contração brusca da musculatura e aumento
19

da secreção dos hormônios e Reações neurovegetativas, em que a ação geral


do ruído exerce uma resposta lenta com variações durante a estimulação
auditiva, influenciando e promovendo transtornos considerados como
verdadeiras doenças de adaptação de instabilidade do sistema neurovegetativo;
como por exemplo, o aumento do tônus muscular, hiperreflexia, redução
do peristaltismo intestinal, distúrbios digestivos, angústia, inquietação, variações
na dinâmica circulatória e aumento da amplitude respiratória.

3.1.2 Vibrações

Segundo Dreher (2004), vibração é o resultado das trepidações provocadas por


diversos tipos de máquinas e equipamentos motorizados, operados nas várias atividades
profissionais.
As vibrações podem ser divididas em dois grupos, dependendo de sua área de
atuação no corpo do trabalhador. As Vibrações de Mãos e Braços (VMB) afetam os
membros superiores, podendo causar perda da sensibilidade tátil, problemas nas
articulações, problemas na circulação periférica e deslocamento de nervos.
Já as Vibrações de Corpo Inteiro (VMI) são transmitidas ao corpo pelo
operador de equipamentos, que pode estar de pé, sentado ou deitado. É o caso dos
motoristas de caminhão, operadores de grandes maquinas, pilotos de avião, etc. Tem como
efeitos pequenas alterações no organismo em geral, lesões na coluna, nos rins e cansaço
visual. (DREHER, 2004)

3.1.3 Temperaturas extremas

O ideal é que os ambientes de trabalho operem dentro dos limites do conforto


térmico do ser humano. Conforto térmico pode ser entendido como uma condição da mente
que expressa a satisfação com o ambiente térmico e é influenciado por diversos fatores,
tais como atividade desempenhada, temperatura, velocidade, umidade do ar e as roupas
utilizadas.
Os dois principais fatores que levam a estes problemas são a exposição ao
Calor e ao Frio excessivos. A Tabela 2 apresenta os principais problemas causados por
variações extremas de temperaturas.
20

Tabela 2 – Efeito das temperaturas extremas no organismo humano

Fonte: Elaborado pelo autor.

3.1.4 Radiações ionizantes e não-ionizantes

Radiação é o nome que se dá ao processo de transferência de energia por ondas


eletromagnéticas. Dependendo da quantidade de energia que a onda carrega ela sofre uma
alteração em seu comprimento. A Figura 1 apresenta o comprimento de onda das radiações
visíveis (localizadas entre 4 x 10-7 e 8x10-7, bem como um espectro mais amplo,
contemplando as faixas do ultravioleta, infravermelho e outras mais distantes.

Figura 1 – Comprimentos de onda das radiações

Fonte: Grupo de Ensino de Física da Universidade Federal de Santa Maria.


21

Algumas dessas ondas possuem energia suficiente para quebrar uma ligação de
uma molécula ou átomo, liberando um elétron e formando um íon. A estas radiações dá-se
o nome de RADIAÇÕES IONIZANTES e são exemplos: os Raios X e os Raios Gama.
Estas radiações podem afetar diretamente o organismo humano produzindo queimaduras e
diversos tipos de câncer.
Outras ondas, no entanto, não possuem energia suficiente para formar íons,
mas continuam apresentando um risco à saúde do trabalhador. As RADIAÇÕES NÃO-
IONIZANTES podem causar no organismo humano perturbações visuais (conjuntivite,
cataratas, etc.), queimaduras de pele, envelhecimento precoce e câncer. Exemplos de
radiações não-ionizantes são as radiações infravermelha e ultravioleta.

3.1.5 Pressões anormais

São consideradas pressões anormais todas aquelas que não estiverem de acordo
com a pressão atmosférica do local em que as atividades serão realizadas. As baixas
pressões são encontradas em elevadas altitudes e podem causar problemas respiratórios e
cansaço excessivo.
As pressões acima de 1 atm podem ser encontradas em trabalhos submersos,
tubulações de ar comprimido, caixões pneumáticos, dentre outros. Variações de pressão
alteram o volume dos gases presentes no sangue, bem como sua solubilidade. Por este
motivo, variações bruscas de pressão podem levar ao rompimento dos tímpanos e à
liberação de nitrogênio nos tecidos e vasos sanguíneos, podendo levar inclusive à morte.

3.1.6 Umidade

Trabalhos em locais alagados ou com elevado nível de umidade podem


acarretar doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças de pele, doenças circulatórias,
entre outras.
Para o controle da exposição do trabalhador à umidade podem ser tomadas
medidas de proteção coletiva (como o estudo de modificações no processo do trabalho,
colocação de estrados de madeira, ralos para escoamento) e medidas de proteção individual
(como o fornecimento do EPI - luvas de borracha, botas, avental para trabalhadores em
galvanoplastia, cozinha, limpeza etc).
22

3.2 Riscos químicos

Segundo a NR 09, consideram-se agentes químicos:

9.1.5.2 (...) as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no


organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas,
gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter
contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão.

POEIRAS são pequenas partículas sólidas dispersas no ar, podendo ser ou não
visíveis ao olho humano. Exemplo: trabalhos com remoção de areia, britagem, detonação
de rochas, demolição, etc.
FUMOS são uma mistura complexa de gases, com partículas em suspensão,
produzida por condensação de vapores oriundos de uma substância sólida em combustão
ou bastante aquecida. Exemplo: fumos metálicos originados do processo de soldagem.
NÉVOAS são pequenas partículas de líquido dispersas no ar, oriundas da
ruptura de um líquido. Exemplo: dispersão de agrotóxicos na forma de névoa em
plantações, utilização de jatos spray para pintura.
NEBLINAS são pequenas partículas de líquido dispersas no ar, oriundas da
condensação de vapores de substâncias que em condições normais de temperatura e
pressão se encontram no estado líquido.
GASES são substâncias cujo estado, em condições normais de temperatura e
pressão, é gasoso, ou sólidos e líquidos que se transformam em gás quando aquecidos.
Exemplo: gás de cozinha, gases inertes utilizados em soldagem, etc.
VAPORES são a fase gasosa de um material líquido em condições normais de
temperatura e pressão. Exemplos: vapores de água utilizados nos processos industriais.

3.2.1 Avaliação de riscos químicos

A avaliação do ar permite que se conheçam as concentrações dos agentes


químicos presentes no ambiente. O Serviço Social da Indústria (SESI) indica que esta
avaliação deve ser feita por amostragem e as coletas podem ser de curta duração
(“instantâneas”) ou continuamente extraídas do ambiente.
23

Para realizar a coleta são utilizados equipamentos específicos para cada tipo de
agente disperso. Os aparelhos de leitura direta fornecem, imediatamente, no próprio local
de trabalho que está sendo analisado, a concentração do contaminante. Segundo o SESI:

Os mais utilizados e conhecidos são os indicadores colorimétricos, ou


tubos detetores colorimétricos. São dispositivos de leitura direta que
utilizam métodos químicos e fornecem a concentração existente no
ambiente pela alteração da cor, ocorrida devido a uma reação química.

Consistem fundamentalmente em se passar uma quantidade conhecida de ar por


meio de um reagente, o qual sofrerá alteração de cor, caso a substância
contaminante esteja presente.

A concentração do contaminante é então determinada:

• pela comparação da intensidade e extensão da alteração de cor resultante, com


escalas padronizadas, que podem estar tanto gravadas no próprio tubo como
impressas na carta informativa que o acompanha;

• por comparação da cor obtida com cores-padrão.

Para se fazer passar o ar por meio do reagente são utilizadas bombas


aspiradoras, lembrando que, quando se utiliza uma bomba aspiradora de determinado
fabricante, deve-se utilizar os tubos indicadores da mesma marca, caso contrário
poderemos obter concentrações com erros. A Figura 2 apresenta uma medição por
amostragem com tubo detector colorimétrico.

Figura 2 – Avaliação ambiental

Fonte: SESI, 2007


24

Para medir a concentração de vapores orgânicos (benzeno, tolueno, xileno,


tricloroetileno, acetona, etc.) é utilizada a coleta do ar em tubos de carvão ativado para
posterior análise em laboratório.

3.3 Riscos biológicos

Segundo a NR 32 (Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde):

32.2.1 Para fins de aplicação desta NR, considera-se Risco Biológico a


probabilidade da exposição ocupacional a agentes biológicos.

32.2.1.1 Consideram-se Agentes Biológicos os microrganismos, geneticamente


modificados ou não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons.

A exposição a estes riscos pode se dar de duas formas:


Exposição com INTENÇÃO DELIBERADA ocorre quando o trabalhador se
submete ao agente biológico com consciência de sua periculosidade. Geralmente
profissionais da área laboratorial ou que trabalham com pesquisa de determinados agentes
estão sujeitos a uma exposição com intenção deliberada.
A vantagem da exposição deliberada é que o agente é conhecido, bem como a
forma de contaminação e seus possíveis efeitos no organismo, o que facilita a elaboração
de um plano de segurança mais eficaz, focado no agente trabalhado.
Exposição com INTENÇÃO NÃO DELIBERADA ocorre quando o meio de
trabalho está susceptível à presença de agentes não conhecidos. Profissões como médico
plantonista, enfermeiro, agentes sanitários, catadores de lixo, dentre outros, são executadas
em ambientes sem muito controle, de forma que os agentes biológicos são os mais diversos
e possíveis.

3.3.1 Classificação dos ricos biológicos

Quando se trabalha com riscos biológicos é preciso ter sempre em mente que
estes agentes possuem potencial para infectar não somente o trabalhador, mas qualquer
pessoa que venha a ter contato com o indivíduo infectado.
Desta forma, o risco de propagação à coletividade, bem como os tratamentos
conhecidos para cada tipo de agente biológico devem ser levados em consideração na
definição do risco de uma instalação. A Tabela 3 apresenta as classes de risco biológico.
25

Tabela 3 – Resumo das características de cada classe de risco

Fonte: Google Imagens.

Lembrando que quando há mais de um agente de risco no ambiente, deverão


ser adotadas medidas preventivas para a classe de risco mais elevada. Exemplo: um
laboratório de pesquisa que cultiva bactérias de classe de risco 1 e vírus de classe de risco
3 deve adequar suas instalações para trabalhar com a classe de risco 3.

3.4 Riscos ergonômicos

A NR 17, publicada primeiramente em 08 de junho de 1978 discorre sobre a


Ergonomia, indicando também que os riscos ergonômicos devem estar presentes no
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais da NR 09.
Sobre as condições do ambiente de trabalho que causam problemas
ergonômicos, a NR 17 afirma que:

17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento,


transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às
condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.

17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características


psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise
ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de
trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora.

Ergonomia é uma palavra que vem do grego “ergon” que significa “trabalho”
e “nomos” que significa “leis ou normas”. Assim, ergonomia é um conjunto de medidas ou
normas aplicadas ao espaço de trabalho visando melhorar as condições do trabalhador.
Os principais riscos ergonômicos são:
– Esforço físico intenso.
– Levantamento e transporte manual de peso.
26

– Controle rígido de produtividade.


– Imposição de ritmos excessivos.
– Trabalho em turno noturno.
– Jornadas de trabalho prolongadas.
– Monotonia e repetitividade.
– Outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico.

3.5 Riscos de acidentes (mecânicos)

Segundo Dreher, 2004:

São chamadas de agentes mecânicos as condições de insegurança que


podem existir nos locais de trabalho, capazes de provocar lesões a
integridade física do trabalhador. Em algumas literaturas são encontrados
também como “riscos de acidentes”.
Arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção,
iluminação inadequada, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento
inadequado, animais peçonhentos e outras situações de risco que poderão
contribuir para ocorrência de acidentes.

ARRANJO FÍSICO INADEQUADO: Má distribuição de maquinários,


equipamentos e mobiliário no ambiente de trabalho. Exemplos: prédios com área
insuficiente, localização imprópria de máquinas e equipamentos, má arrumação e limpeza,
sinalização incorreta ou inexistente, pisos fracos e/ou irregulares, etc.
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS SEM PROTEÇÃO: Partes expostas de
equipamentos, principalmente as rotativas e as de condução de eletricidade podem
ocasionar sérios problemas ao trabalhador. Exemplos: trabalho com torno mecânico sem
proteção adequada, fiação de motores elétricos expostos, correias e elementos de
transmissão sem grade de proteção, etc.
ILUMINAÇÃO INADEQUADA: Caso a quantidade de luz no ambiente seja
muito baixa, a locomoção é prejudicada podendo causar acidentes, além de obrigar o
trabalhador a forçar sua visão para realizar suas atividades. Já uma iluminação em demasia
também é prejudicial, podendo causar dores de cabeça e cansaço físico, além de stress.
PROBABILIDADE DE INCÊNDIO OU EXPLOSÃO proveniente do
armazenamento inadequado de inflamáveis e/ou gases, manipulação e transporte
inadequado de produtos inflamáveis e perigosos, sobrecarga em rede elétrica, falta de
sinalização e equipamento de combate, etc.
27

ANIMAIS PEÇONHENTOS são todos os animais que produzem veneno e


possuem algum mecanismo que lhes permite inocular o veneno nas vítimas. São animais
peçonhentos comumente encontrados em território brasileiro: serpentes, escorpiões,
aranhas, abelhas, formigas, vespas, águas-vivas, caravelas e algumas espécies de peixes,
dentre outros.

3.6 Mapa de riscos

A NR 05, que trata da instituição e da regulamentação da Comissão Interna de


Prevenção de Acidentes (CIPA) prevê como uma das atribuições da CIPA a elaboração do
Mapa de Riscos.
Este mapa é uma representação gráfica dos riscos ambientais identificados no
ambiente de trabalho e para fins de diferenciação e fácil identificação do público, durante
sua construção são atribuídas cores para cada grupo de riscos. O quadro da Figura 3
apresenta os grupos, associados a suas cores e a exemplos de riscos pertencentes a cada
grupo.
Figura 3 – Quadro de riscos ambientais

Fonte: Google Imagens.

Na simbologia do mapa são utilizados círculos de tamanhos diferentes para


indicar a gravidade do risco, conforme apresentado na Figura 4:
28

Figura 4 – Simbologia para diferentes graus de risco

Fonte: Produzido pelo autor.

Dentro de cada círculo deve estar inserido o número de trabalhadores locado


naquele ambiente. Quando houverem mais de um risco no mesmo ambiente, estes podem
ser agrupados no mesmo círculo, desde que possuam o mesmo grau de risco. A Figura 5
apresenta um exemplo de mapa de risco de um centro obstétrico.

Figura 5 – Exemplo de mapa de risco

Fonte: Goolge Imagens.


29

4 MEDIDAS DE PROTEÇÃO

Uma vez identificados os riscos e elaborado um mapa especificando sua


localização e intensidade, deve-se tomar medidas de proteção contra estes riscos. A NR 12
indica que:

12.4 São consideradas medidas de proteção, a ser adotadas nessa ordem de


prioridade:

a) medidas de proteção coletiva;

b) medidas administrativas ou de organização do trabalho; e

c) medidas de proteção individual.

MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA. Segundo Dreher, 2004:

Como proteção coletiva entendemos as medidas de ordem geral executadas


no ambiente de trabalho, nas máquinas e nos equipamentos, assim como
medidas orientativas quanto ao comportamento dos trabalhadores para evitar
atos inseguros e medidas preventivas de Medicina do trabalho.
São exemplos os sistema de ventilação, as proteção de máquinas, os
andaimes, os abafadores, enclausuradores de ruídos, de vibrações, as
proteções contra quedas e contra incêndio, normas e regulamentos, colocar
borracha entre peças de metal que se chocam, sinalizações, substituição de
produtos químicos por outras substâncias menos tóxicas, etc.

(...)

A grande vantagem da proteção coletiva é que de uma maneira geral, sua


eficiência independe do comportamento humano. O acidente só poderá
ocorrer por falha eventual na proteção.

MEDIDAS ADMNISTRATIVAS ou de organização do trabalho são diretrizes


e normas internas da empresa que visam diminuir o fator humano no acidente de trabalho.
São exemplos de medidas administrativas segundo o Ministério da Saúde:

(...) A mecanização de tarefas de modo a tornar o trabalho físico mais leve e


confortável; o incremento da participação dos trabalhadores, nos processos de
decisão, garantindo-lhes a autonomia para organizar o trabalho, diminuindo as
pressões de tempo e de produtividade, entre outras.

MEDIDAS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL são previstas na NR 06, que


discorre sobre os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Segundo a NR 06:
30

6.1 Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora - NR, considera-se


Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso
individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis
de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.

A norma também estabelece diretrizes para a utilização dos EPIs, atribuindo


função de fornecimento e fiscalização do uso adequado do equipamento ao empregador.
Para ser considerado um EPI, o equipamento deve ser submetido a testes de
eficácia e, se aprovado, receber o Certificado de Aprovação (CA), um documento
registrado pelo Ministério do Trabalho e Emprego que garante sua qualidade e
funcionalidade.
São exemplos de EPIs: Luvas, máscara para gás, botas, óculos de proteção,
dentre outros, como mostrado na Figura 6.

Figura 6 – Equipamentos de Proteção Individual

Fonte: Google Imagens.


31

5 LEGISLAÇÃO

O Ministério do Trabalho e Emprego, através da PORTARIA Nº 3.214, DE 08


DE JUNHO DE 1978, aprova as Normas Regulamentadoras, de acordo com o Capítulo V
da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), relativas a Segurança e Medicina do
Trabalho. Estas normas são de observância obrigatória pelas empresas públicas e privadas
e pelos órgãos públicos que possuam empregados regidos pela CLT.
Foram criadas inicialmente 28 NRs, mas conforme a necessidade surgiu, novas
normas foram sendo elaboradas, até a mais recente, criada no ano de 2013, totalizando 36
Normas Regulamentadoras.

5.1 NR 1 – Disposições gerais

Institui a Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (SSST) e a Delegacia


Regional do Trabalho (DRT), além de definir as atribuições do empregador e do
empregado.

1.7 Cabe ao empregador:

a) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre


segurança e medicina do trabalho;

b) elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no trabalho, dando ciência


aos empregados por comunicados, cartazes ou meios eletrônicos.

c) informar aos trabalhadores:

I. os riscos profissionais que possam originar-se nos locais de trabalho;

II. os meios para prevenir e limitar tais riscos e as medidas adotadas pela
empresa;

III. os resultados dos exames médicos e de exames complementares de


diagnóstico aos quais os próprios trabalhadores forem submetidos;

IV. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho.

d) permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem a fiscalização dos


preceitos legais e regulamentares sobre segurança e medicina do trabalho;

e) determinar procedimentos que devem ser adotados em caso de acidente


ou doença relacionada ao trabalho.

1.8 Cabe ao empregado:


32

a) cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde


do trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas pelo empregador;

b) usar o EPI fornecido pelo empregador;

c) submeter-se aos exames médicos previstos nas Normas Regulamentadoras -


NR;

d) colaborar com a empresa na aplicação das Normas Regulamentadoras – NR.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.2 NR 2 – Inspeção prévia

Estabelece que “Todo estabelecimento novo, antes de iniciar suas atividades,


deverá solicitar aprovação de suas instalações ao órgão regional do MTb” e indica a forma
como deve ser feita tal solicitação.

5.3 NR 3 – Embargo ou Interdição

Segundo texto transcrito da NR 03:

3.1 Embargo e interdição são medidas de urgência, adotadas a partir da


constatação de situação de trabalho que caracterize risco grave e iminente ao
trabalhador.

(...)

3.2 A interdição implica a paralisação total ou parcial do estabelecimento,


setor de serviço, máquina ou equipamento.

3.3 O embargo implica a paralisação total ou parcial da obra.

(...)

3.4 Durante a vigência da interdição ou do embargo, podem ser desenvolvidas


atividades necessárias à correção da situação de grave e iminente risco, desde
que adotadas medidas de proteção adequadas dos trabalhadores envolvidos.

3.5 Durante a paralisação decorrente da imposição de interdição ou


embargo, os empregados devem receber os salários como se estivessem em
efetivo exercício.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.4 NR 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança do Trabalho

Estabelece a criação dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança


e em Medicina do Trabalho (SESMT), bem como suas atribuições e indica diretrizes para
seu correto dimensionamento:
33

4.1 As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração


direta e indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam
empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
manterão, obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e
proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho.

O quadro retirado do anexo da NR 04 e apresentado na Tabela 4, auxilia no


dimensionamento do SESMT.

Tabela 4 – Dimensionamento do SESMT

Fonte: NR 04, Ministério do Trabalho e Emprego.

5.5 NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

Estabelece parâmetros para a constituição da CIPA, definindo que:

5.2 Devem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la em regular


funcionamento as empresas privadas, públicas, sociedades de economia mista,
órgãos da administração direta e indireta, instituições beneficentes,
associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que
admitam trabalhadores como empregados.

(...)

5.5 As empresas instaladas em centro comercial ou industrial estabelecerão,


através de membros de CIPA ou designados, mecanismos de integração com
objetivo de promover o desenvolvimento de ações de prevenção de acidentes e
34

doenças decorrentes do ambiente e instalações de uso coletivo, podendo contar


com a participação da administração do mesmo.

O dimensionamento da CIPA é feito utilizando o Quadro I da NR 05,


apresentado na Tabela 5. Os grupos são definidos de acordo com a atividade da empresa,
sendo que a listagem das atividades associadas a seu respectivo grupo consta no Quadro II
da NR 05 para consulta.

Tabela 5 – Dimensionamento da CIPA

Fonte: NR 05, Ministério do Trabalho e Emprego.

Quanto à organização:

5.6 A CIPA será composta de representantes do empregador e dos


empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no Quadro I desta
NR, ressalvadas as alterações disciplinadas em atos normativos para setores
econômicos específicos.

5.6.1 Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles


designados.

5.6.2 Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos


em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação
sindical, exclusivamente os empregados interessados.

(...)

5.6.4 Quando o estabelecimento não se enquadrar no Quadro I, a empresa


designará um responsável pelo cumprimento dos objetivos desta NR,
podendo ser adotados mecanismos de participação dos empregados, através
de negociação coletiva.
35

5.7 O mandato dos membros eleitos da CIPA terá a duração de um ano,


permitida uma reeleição.

5.8 É vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa do empregado eleito para
cargo de direção de Comissões Internas de Prevenção de Acidentes desde o
registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato.

(...)

5.15 A CIPA não poderá ter seu número de representantes reduzido, bem como
não poderá ser desativada pelo empregador, antes do término do mandato de seus
membros, ainda que haja redução do número de empregados da empresa, exceto
no caso de encerramento das atividades do estabelecimento.

Quanto às atribuições, estão previstas na norma, entre outras:

a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de


riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria
do SESMT, onde houver;

b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de


problemas de segurança e saúde no trabalho;

c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de


prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos
locais de trabalho;

(...)

f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no


trabalho;

h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de


máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e
saúde dos trabalhadores;

i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de


outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho;

n) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas;

5.6 NR 6 – Equipamento de Proteção Indivudal – EPI

Estabelece o conceito de EPI e estipula a utilização somente de equipamentos


que possuam certificado de aprovação (CA):

6.1 Para os fins de aplicação desta Norma Regulamentadora - NR, considera-se


Equipamento de Proteção Individual - EPI, todo dispositivo ou produto, de uso
individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis
de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.
36

6.2 O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou


importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do
Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão nacional competente em
matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego.

Quanto às atribuições, a NR 06 afirma que:

6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI


adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas
seguintes circunstâncias:

a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção


contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do
trabalho;

b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e,

c) para atender a situações de emergência.

6.6.1 Cabe ao empregador quanto ao EPI:

a) adquirir o adequado ao risco de cada atividade;

b) exigir seu uso;

c) fornecer ao trabalhador somente o aprovado pelo órgão nacional competente


em matéria de segurança e saúde no trabalho;

d) orientar e treinar o trabalhador sobre o uso adequado, guarda e conservação;

e) substituir imediatamente, quando danificado ou extraviado;

f) responsabilizar-se pela higienização e manutenção periódica; e,

g) comunicar ao MTE qualquer irregularidade observada.

h) registrar o seu fornecimento ao trabalhador, podendo ser adotados livros,


fichas ou sistema eletrônico.

6.7.1 Cabe ao empregado quanto ao EPI:

a) usar, utilizando-o apenas para a finalidade a que se destina;

b) responsabilizar-se pela guarda e conservação;

c) comunicar ao empregador qualquer alteração que o torne impróprio para uso;


e,

d) cumprir as determinações do empregador sobre o uso adequado.

O Anexo I da norma traz uma lista com os equipamentos de proteção


individual que devem ser utilizados em cada atividade, agrupados de acordo com a parte
do corpo que irão proteger em:
A - EPI PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA (capacete, capuz ou balaclava)
37

B - EPI PARA PROTEÇÃO DOS OLHOS E FACE (óculos, protetor facial,


máscara de solda)
C - EPI PARA PROTEÇÃO AUDITIVA (protetor auditivo)
D - EPI PARA PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA (respiradores)
E - EPI PARA PROTEÇÃO DO TRONCO (vestimentas)
F - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS SUPERIORES (luva, creme
protetor, manga, braçadeira, dedeira)
G - EPI PARA PROTEÇÃO DOS MEMBROS INFERIORES (calçado, meia,
perneira, calça)
H - EPI PARA PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO (macacão, vestimenta de
corpo inteiro)
I - EPI PARA PROTEÇÃO CONTRA QUEDAS COM DIFERENÇA DE
NÍVEL (cinturão de segurança com talabarte ou trava-queda)

5.7 NR 7 – Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional - PCMSO

7.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a obrigatoriedade de


elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e
instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção
e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores.

(...)

7.3.1 Compete ao empregador:

a) garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar


pela sua eficácia;

b) custear sem ônus para o empregado todos os procedimentos relacionados ao


PCMSO;

c) indicar, dentre os médicos dos Serviços Especializados em Engenharia


de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT, da empresa, um
coordenador responsável pela execução do PCMSO;

d) no caso de a empresa estar desobrigada de manter médico do trabalho, de


acordo com a NR 4, deverá o empregador indicar médico do trabalho,
empregado ou não da empresa, para coordenar o PCMSO;

e) inexistindo médico do trabalho na localidade, o empregador poderá contratar


médico de outra especialidade para coordenar o PCMSO.

(...)
38

7.4.1 O PCMSO deve incluir, entre outros, a realização obrigatória dos exames
médicos:

a) admissional;

b) periódico;

c) de retorno ao trabalho;

d) de mudança de função;

e) demissional.

7.4.2 Os exames de que trata o item 7.4.1 compreendem:

a) avaliação clínica, abrangendo anamnese ocupacional e exame físico e mental;

b) exames complementares, realizados de acordo com os termos específicos


nesta NR e seus anexos.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.8 NR 8 – Edificações

8.1. Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece requisitos técnicos mínimos


que devem ser observados nas edificações, para garantir segurança e conforto
aos que nelas trabalhem.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.9 NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)

9.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece a obrigatoriedade da


elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições
que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de
Riscos Ambientais - PPRA, visando à preservação da saúde e da
integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento,
avaliação e conseqüente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes
ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a
proteção do meio ambiente e dos recursos naturais.

(...)

9.2.1 O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá conter, no mínimo,


a seguinte estrutura:

a) planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma;

b) estratégia e metodologia de ação;

c) forma do registro, manutenção e divulgação dos dados;

d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA.


39

(...)

9.3.1.1 A elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do


PPRA poderão ser feitas pelo Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho - SESMT ou por pessoa ou equipe
de pessoas que, a critério do empregador, sejam capazes de desenvolver o
disposto nesta NR.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.10 NR 10 – Segurança em instalações e serviços em eletricidade

10.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece os requisitos e


condições mínimas objetivando a implementação de medidas de controle e
sistemas preventivos, de forma a garantir a segurança e a saúde dos
trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em instalações elétricas e
serviços com eletricidade.
(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.11 NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de


materiais

11.1 Normas de segurança para operação de elevadores, guindastes,


transportadores industriais e máquinas transportadoras.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.12 NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos

12.1 Esta Norma Regulamentadora e seus anexos definem referências técnicas,


princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a saúde e a
integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a
prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização
de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação,
importação, comercialização, exposição e cessão a qualquer título, em
todas as atividades econômicas, sem prejuízo da observância do disposto
nas demais Normas Regulamentadoras - NR aprovadas pela Portaria n.º
3.214, de 8 de junho de 1978, nas normas técnicas oficiais e, na ausência ou
omissão destas, nas normas internacionais aplicáveis.
(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.13 NR 13 – Caldeiras, vasos e pressão e tubulações

13.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece requisitos mínimos


para gestão da integridade estrutural de caldeiras a vapor, vasos de pressão e
suas tubulações de interligação nos aspectos relacionados à instalação, inspeção,
operação e manutenção, visando à segurança e à saúde dos trabalhadores.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)


40

5.14 NR 14 - Fornos

Discorre sobre a características construtivas e de instalação de fornos.

5.15 NR 15 – Atividades e operações insalubres

ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES. Em seus anexos, estabelece


os limites de tolerância para agentes físicos, com bastante ênfase no que diz respeito ao
trabalho com pressões elevadas.
Insalubre é o termo utilizado para caracterizar um ambiente de trabalho hostil à
saúde do trabalhador. Como uma forma de compensação pelo ambiente que pode colocar
em risco a saúde do trabalhador, a NR 15 estabelece taxas de gratificação no salário do
trabalhador, conforme descrito:

15.2 O exercício de trabalho em condições de insalubridade, de acordo com os


subitens do item anterior, assegura ao trabalhador a percepção de adicional,
incidente sobre o salário mínimo da região, equivalente a:

15.2.1 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau máximo;

15.2.2 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau médio;

15.2.3 10% (dez por cento), para insalubridade de grau mínimo;

15.3 No caso de incidência de mais de um fator de insalubridade, será apenas


considerado o de grau mais elevado, para efeito de acréscimo salarial, sendo
vedada a percepção cumulativa.

15.4 A eliminação ou neutralização da insalubridade determinará a cessação do


pagamento do adicional respectivo.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.16 NR 16 – Atividades e operações perigosas

16.1 São consideradas atividades e operações perigosas as constantes dos


Anexos desta Norma Regulamentadora - NR.

16.2 O exercício de trabalho em condições de periculosidade assegura ao


trabalhador a percepção de adicional de 30% (trinta por cento), incidente sobre o
salário, sem os acréscimos resultantes de gratificações, prêmios ou participação
nos
lucros da empresa.

16.2.1 O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que porventura


lhe seja devido.
41

16.3 É responsabilidade do empregador a caracterização ou a descaracterização


da periculosidade, mediante laudo técnico elaborado por Médico do Trabalho ou
Engenheiro de Segurança do Trabalho, nos termos do artigo 195 da CLT.
(Alterado
pela Portaria MTE n.º 1.565, de 13 de outubro de 2014)

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

São atividades e operações perigosas, segundo os anexos da NR16 as


atividades com explosivos, material inflamável, energia elétrica, trabalho em trânsito com
motocicleta e atividades em que o indivíduo esteja exposto a roubos ou outras espécies de
violência física.

5.17 NR 17 – Ergonomia

17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam


a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança
e
desempenho eficiente.

17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento,


transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às
condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.

17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características


psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise
ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de
trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.18 NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da


construção

18.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece diretrizes de ordem


administrativa, de planejamento e de organização, que objetivam a
implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança
nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na Indústria da
Construção.

(...)

18.2.1 É obrigatória a comunicação à Delegacia Regional do Trabalho, antes do


início das atividades, das seguintes informações:

a) endereço correto da obra;

b) endereço correto e qualificação (CEI,CGC ou CPF) do contratante,


empregador ou condomínio;
42

c) tipo de obra;

d) datas previstas do início e conclusão da obra;

e) número máximo previsto de trabalhadores na obra.

(...)

18.3 Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da


Construção – PCMAT

18.3.1. São obrigatórios a elaboração e o cumprimento do PCMAT nos


estabelecimentos com 20 (vinte) trabalhadores ou mais, contemplando os
aspectos desta NR e outros dispositivos complementares de segurança.

18.3.1.1. O PCMAT deve contemplar as exigências contidas na NR 9 -


Programa de Prevenção e Riscos Ambientais.

18.3.1.2. O PCMAT deve ser mantido no estabelecimento à disposição do órgão


regional do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.

18.3.2. O PCMAT deve ser elaborado por profissional legalmente


habilitado na área de segurança do trabalho.

18.3.3. A implementação do PCMAT nos estabelecimentos é de


responsabilidade do empregador ou condomínio.

18.3.4. Integram o PCMAT:

a) memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e


operações, levando-se em consideração riscos de acidentes e de doenças do
trabalho e suas respectivas medidas preventivas;

b) projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas


de execução da obra;

c) especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas;

d) cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT em


conformidade com as etapas de execução da obra;

e) layout inicial e atualizado do canteiro de obras e/ou frente de trabalho,


contemplando, inclusive, previsão de dimensionamento das áreas de vivência;

a) programa educativo contemplando a temática de prevenção de acidentes e


doenças do trabalho, com sua carga horária.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.19 NR 19 – Explosivos

Estabelece diretrizes para a correta e segura fabricação, estocagem, transporte e


manuseio de explosivos.
43

19.1.1 Para fins desta Norma, considera-se explosivo material ou


substância que, quando iniciada, sofre decomposição muito rápida em
produtos mais estáveis, com grande liberação de calor e desenvolvimento súbito
de pressão.

19.1.2 As atividades de fabricação, utilização, importação, exportação, tráfego e


comércio de explosivos devem obedecer ao disposto na legislação específica,
em especial ao Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados
(R-105) do Exército Brasileiro, aprovado pelo Decreto n.º 3.665, de 20 de
novembro de 2000.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.20 NR 20 – Segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis

20.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece requisitos mínimos para a


gestão da segurança e saúde no trabalho contra os fatores de risco de acidentes
provenientes das atividades de extração, produção, armazenamento,
transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.21 NR 21 – Trabalho a céu aberto

21.1. Nos trabalhos realizados a céu aberto, é obrigatória a existência de abrigos,


ainda que rústicos, capazes de proteger os trabalhadores contra intempéries.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.22 NR 22 – Segurança e saúde ocupacional na mineração

22.1.1 Esta Norma Regulamentadora tem por objetivo disciplinar os preceitos a


serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar
compatível o planejamento e o desenvolvimento da atividade mineira com a
busca permanente da segurança e saúde dos trabalhadores.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.23 NR 23 – Proteção contra incêndios

Discorre sobre as atribuições do empregador quanto à prevenção de incêndio e


sobre as saídas de emergência de uma forma geral, especificando que as medidas tomadas
devem também estar de acordo com a lei de cada estado:

23.1 Todos os empregadores devem adotar medidas de prevenção de incêndios,


em conformidade com a legislação estadual e as normas técnicas aplicáveis.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)


44

5.24 NR 24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho

Discorre sobre a correta disposição e dimensionamento de locais destinados


à atividades relacionadas ao asseio ou conforto dos trabalhadores, tais como: instalações
sanitárias, vestiários, refeitórios, cozinhas e alojamentos.

5.25 NR 25 – Resíduos industriais

Fornece diretrizes sobre a produção, tratamento, transporte a armazenagem dos


resíduos provenientes da atividade industrial.

25.1 Entende-se como resíduos industriais aqueles provenientes dos


processos industriais, na forma sólida, líquida ou gasosa ou combinação
dessas, e que por suas características físicas, químicas ou microbiológicas não se
assemelham aos
resíduos domésticos, como cinzas, lodos, óleos, materiais alcalinos ou
ácidos, escórias, poeiras, borras, substâncias lixiviadas e aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como demais efluentes
líquidos e emissões gasosas contaminantes atmosféricos.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.26 NR 26 – Sinalização de segurança

Discorre sobre a utilização de cores para identificar e advertir sobre os riscos


existentes, sobre a Classificação, a Rotulagem preventiva e a Ficha com Dados de
Segurança do Produto Químico (FISPQ).

5.27 NR 27 – Registro profissional do técnico de segurança do trabalho

Esta NR foi revogada em 30/05/2008.

5.28 NR 28 – Fiscalização e penalidades

Discorre sobre a fiscalização, o embargou ou interdição e sobre o recurso


quanto às penalidades. Fornece os valores para cálculo de multas e indenizações com base
no item infringido da respectiva NR.
45

5.29 NR 29 - Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho


Portuário

29.1.1 Regular a proteção obrigatória contra acidentes e doenças


profissionais, facilitar os primeiros socorros a acidentados e alcançar as
melhores condições possíveis de segurança e saúde aos trabalhadores portuários.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.30 NR 30 – Segurança e saúde no trabalho aquaviário

30.1.1 Esta norma regulamentadora tem como objetivo a proteção e a


regulamentação das condições de segurança e saúde dos trabalhadores
aquaviários.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.31 NR 31 – Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária,


silvicultura, exploração florestal e aquicultura

31.1.1 Esta Norma Regulamentadora tem por objetivo estabelecer os preceitos a


serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar
compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura,
pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura com a segurança e saúde
e meio ambiente do trabalho.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.32 NR 32 – Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde

32.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR tem por finalidade estabelecer as


diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à
saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem
atividades de promoção e assistência à saúde em geral.

32.1.2 Para fins de aplicação desta NR entende-se por serviços de saúde qualquer
edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as
ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde em
qualquer nível de complexidade.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.33 NR 33 Segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados

33.1.1 Esta Norma tem como objetivo estabelecer os requisitos mínimos para
identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação,
monitoramento e controle dos riscos existentes, de forma a garantir
46

permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores que interagem direta ou


indiretamente nestes espaços.

33.1.2 Espaço Confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para


ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja
ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa
existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.34 NR 34 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da


construção naval

34.1.1 Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece os requisitos mínimos e as


medidas de proteção à segurança, à saúde e ao meio ambiente de trabalho nas
atividades da indústria de construção e reparação naval.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.35 NR 35 – Trabalho em altura

35.1.1 Esta Norma estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção


para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a
execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores
envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade.

35.1.2 Considera-se trabalho em altura toda atividade executada acima de 2,00 m


(dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)

5.36 NR 36 – Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e


processamento de carnes e derivados

36.1.1 O objetivo desta Norma é estabelecer os requisitos mínimos para a


avaliação, controle e monitoramento dos riscos existentes nas atividades
desenvolvidas na indústria de abate e processamento de carnes e derivados
destinados ao consumo humano, de forma a garantir permanentemente a
segurança, a saúde e a qualidade de vida no trabalho, sem prejuízo da
observância do disposto nas demais Normas Regulamentadoras - NR do
Ministério do Trabalho e Emprego.

(Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, 1978)


47

6 SEGURANÇA

Até o presente momento foram apresentados e discutidos conceitos


relacionados à Segurança do Trabalho e á Saúde Ocupacional, mas existe ainda um terceiro
campo de trabalho da engenharia de segurança, chamado Segurança de Processos.
Enquanto a segurança do trabalho e a saúde ocupacional voltam seus esforços à
proteção do indivíduo, prevenindo acidentes e doenças do trabalho, a segurança de
processos se destina a evitar desastres de grande porte. Tais desastres possuem a
capacidade de atingir não só o trabalhador, mas também a população dos entornos das
instalações.
A Tabela 6 apresenta a diferenciação entre as áreas de estudo da segurança do
trabalho, mostrando exemplos de cada área.

Tabela 6 – Sistemas de Segurança


Sistemas de Segurança
Segurança do Trabalho Segurança de Processo Saúde Ocupacional
Exemplos
EPIs PPRA e PCMSO
EPCs PCA e Ergonomia
Gerenciamento de riscos
Diálogos
(maiores perigos do
comportamentais Controle de exposição a
processo APPP - HAZOP)
Treinamentos gerais em agentes químicos
SSMA
Fonte: Adaptado de CASCAES, 2013.

Apesar de dever ser trabalhados diariamente e de serem de fundamental


importância para o trabalhador, um bom desempenho em segurança ocupacional não
assegura um bom desempenho em segurança de processos, pois as formas tradicionais de
se avaliar a segurança do trabalho não são bons indicadores de desempenho para segurança
de processos.
A Figura 7 apresenta graficamente as principais diferenças entre os acidentes
causados por falha de segurança ocupacional (segurança do trabalho e saúde ocupacional)
e aqueles causados por falha de segurança de processos.
48

Figura 7 – Relação entre acidentes de segurança de processos e de segurança ocupacional

Fonte: Elaborado pelo autor.

Conforme apresentado na Figura 2, enquanto os acidentes de segurança


ocupacional ocorrem com mais frequência, embora de menor gravidade, os acidentes de
segurança dos processos acontecem poucas vezes, se manifestando sempre na forma de
acidentes de elevada gravidade. Desta forma, indicadores como taxas de acidentes com
lesões, taxa de acidentes com perda de tempo e dias de trabalho perdido tornam-se
insatisfatórias para avaliar acidentes de processo.

6.1 Segurança dos Processos

A segurança de processos surgiu da necessidade de controlar de forma mais


eficaz o trabalho com produtos químicos. Após a Segunda Guerra Mundial, o processo de
industrialização pesado, que havia ganhado força com a guerra, continuou seu crescimento
acelerado. O setor químico cresceu e muitas novas plantas de transformação de produtos
foram instaladas ao redor do planeta.
O crescimento descontrolado, a pressa em produzir cada vez mais para atender
mercados consumidores cada vez maiores e a não preocupação com segurança levaram
algumas dessas indústrias a sofrerem acidentes catastróficos com inúmeras vítimas.
49

Dentre os acidentes mais significativos destacam-se os de Flixborough, em


1974, na Inglaterra; Three Mile Island, em 1979, nos Estados Unidos e o de Bophal, em
1984, na Índia.

6.1.1 Acidente de Flixborough (1974)

Segundo Kletz (1999), a mais famosa de todas as modificações temporárias em


um processo é a que foi efetuada na planta petroquímica da Nypro, em Flixborough,
Inglaterra, em 1974. A modificação falhou dois meses depois de ser realizada causando a
liberação de cerca de 50 toneladas de ciclohexano aquecido, que reagiu com o ar causando
uma explosão que matou 28 pessoas e destruiu as instalações.
A planta pertencente à sociedade Nypro empregava 550 pessoas e produzia
caprolactama, um composto intermediário da cadeia de produção do nylon, utilizando
como matéria prima o ciclohexano, um hidrocarboneto inflamável próximo da gasolina.
Segundo Nicolet (2001), o acidente aconteceu na instalação de oxidação do
ciclohexano, onde havia seis reatores ligados em série com um diferencial de altura, de
forma que o líquido escoava por gravidade do reator 1 ao reator 6 passando por tubulações
curtas de 28 polegadas de diâmetro. Cada conexão possuía uma junta especial para permitir
os movimentos que ocorrem devido à dilatação térmica.
Em 27 de março de 1974 foi encontrada uma rachadura de 2m de comprimento
no reator 5, que precisou ser removido para poder ser consertado. Para não parar a
produção, a equipe técnica fez uma alteração no sistema, conectando diretamente o reator 4
ao reator 6, conforme apresentado na Figura 8.

Figura 8 – Quinto tanque de ciclohexano substituído

Fonte: Kletz, 1999.


50

Para esta alteração, no entanto, não foram realizados cálculos ou consultadas as


normas da Britsh Standart. Como não dispunham de dutos de 28 polegadas de diâmetro,
utilizaram de 20, e para compensar a diferença de altura entre a saída do reator 4 a entrada
do reator 6 foram inseridas duas curvas na conexão.
As curvas permitiam que a conexão vibrasse, forçando e desgastando as
junções com os reatores. Operando à pressão normal do processo (8,8 bar), a modificação
aguentou o trabalho por dois meses, mas durante um período de trabalho com pressão
anormal (11 bar), as junções não aguentaram e cederam, deixando vazar ciclohexano à
temperatura de 150°C.

Segundo Nicolet (2001):

Entre as 72 pessoas presentes dentro da usina, era um sábado, contaram-se


28 mortos e 36 feridos. Do lado de fora 56 pessoas ficaram feridas e 2500
residências danificadas num raio de 13 km. O acidente teve uma consequência
positiva, levaria as autoridades a regulamentar seriamente a indústria química
inglesa.

6.1.2 Acidente de Three Mile Island (1979)

Em 28 de março de 1979, a usina nuclear de Three Mile Island, localizada em


uma ilha no Rio Susquehanna na Pensilvânia, Estados Unidos, com uma área de 3,29 km²
(Figura 9), sofreu uma fusão parcial, havendo vazamento de radioatividade para a
atmosfera.

Figura 9 – Usina nuclear de Three Mile Island

Fonte: Google Imagens


51

Segundo Nicolet (2001), esse acidente aconteceu porque os operadores não


conseguiram solucionar um pequeno problema técnico e em suas tentativas interpretaram
errado as informações mostradas no painel de controle, tomando medidas que agravaram a
situação.
O núcleo do reator era composto de varetas de uranio e deveria ser
constantemente refrigerado à água por um sistema fechado composto por uma bomba, um
pressurizador (para controle de pressão) e uma válvula de segurança (que se abre
automaticamente caso a pressão no sistema de resfriamento aumente demais).
Este tipo de reator é conhecido como Reator de Água Pressurizada, e é
utilizado em muitas usinas nucleares. A Figura 10 apresenta, de forma esquemática, a
forma como é gerada a energia elétrica em uma usina nuclear que utiliza este tipo de
reator. Nessas usinas, o calor produzido pela reação nuclear é trocado com um circuito
secundário gerando vapor para movimentar turbinas de geração elétrica.

Figura 10 – Diagrama esquemático de uma central nuclear

Fonte: Google Imagens.

Na madrugada do dia em que aconteceu o acidente, houve uma pane no reator,


aumentado sua temperatura, e o circuito de resfriamento de emergência foi iniciado
automaticamente, mas a temperatura não baixou, ao contrário, continuou a aumentar,
ocasionando um aumento na pressão e a abertura da válvula de segurança.
52

Após solucionarem o problema, o sistema se estabiliza e é mostrado no quadro


de controle que a válvula começa a fechar. Este sinal, no entanto, foi mal interpretado
pelos operadores, pois apenas significava que o motor de acionamento da válvula estava
em funcionamento.
Um problema no motor faz com que a válvula fique emperrada à metade do
caminho, deixando vazar vapor e diminuindo lentamente o volume de água no reator, o que
faz a injeção de segurança entrar em atividade, para compensar a água que escapa do
sistema.
Enquanto isso, os operadores, que nem imaginavam que a válvula não estava
completamente fechada, ao soar o alarme que indicava o funcionamento do sistema de
injeção de segurança, desligaram a bomba de injeção, para que a pressão no sistema não
aumente demais. Uma vez interrompida a injeção, o nível da água volta a cair, o
combustível superaquece e derrete, contaminando o vapor e tornando-o radioativo.
Segundo Nicolet (2001), o aumento contínuo da pressão faz abrir válvulas de
segurança que lançaram vapor e água radioativos no prédio do reator. A água foi
recuperada e enviada a outro local para ser tratada, mas uma pequena parte do vapor
conseguiu contaminar o meio ambiente local.

Um dia depois foi medido a radioatividade em volta da usina que alcançava


até 16 quilômetros com intensidade de até 8 vezes maior que a letal. Apesar
disso, o governador do estado da Pensilvânia iniciou a retirada só dois dias
depois do acidente. O governador Dick Thornburgh aconselhou o chefe da
NRC, Joseph Hendrie, a iniciar a evacuação "pelas mulheres grávidas e crianças
em idade pré-escolar em um raio de 5 milhas ao redor das intalações". Em
poucos dias, 140.000 pessoas haviam deixado a área voluntariamente.
(OLIVEIRA, 2011)

6.1.3 Acidente de Bhopal (1984)

Segundo Kletz (1999), o pior desastre na história da indústria química ocorreu


em Bhopal, na Índia, em 3 de dezembro de 1984, quando um vazamento de isocianato de
metila espalhou uma nuvem tóxica nos bairros vizinhos às instalações, deixando mais de
200.000 pessoas intoxicadas e 2.300 mortas.
O complexo petroquímico de propriedade do grupo norte americano Union
Carbide fabricava um pesticida chamado carbaryl, utilizando como matéria prima o
isocianato de metila.
53

De acordo com Nicolet (2001), em 1981 um grupo concorrente lançou no


mercado um pesticida parecido com o carbaryl a um custo bem inferior, fazendo com que a
fábrica perdesse mercado e começasse a dar prejuízo. A gerência do grupo nos Estados
Unidos decide então fechar a planta.
O governo local, com medo do que a perda dos empregos na fábrica pudesse
gerar na economia fez pressão para manter a fábrica aberta e convenceram a direção da
Union Carbide a continuar com as atividades. No entanto, para que as operações voltassem
a ser viáveis, foi colocado em prática um forte sistema de redução de custos em todas as
áreas, diminuindo a supervisão, baixando o nível de qualificação do pessoal e limitando a
manutenção.
Com o tempo, as instalações se deterioraram e uma série de descasos,
principalmente com a manutenção, preparou terreno fértil para a ocorrência do acidente:
1. Os tanques de armazenamento do isocianato deveriam, por norma estar a
0ºC para manter o produto na forma líquida, mas o sistema de resfriamento
estava desligado e a temperatura nos tanques era de 15ºC.
2. A estocagem deveria ser mantida em temperatura inertizada com nitrogênio
à pressão de 2,4 bar; as a pressão era de 0,14 bar.
3. Dos três reservatórios, um deveria estar vazio para o líquido transvazar em
caso de problema, mas no momento do acidentes, estavam todos
parcialmente cheios.
4. Os sistemas há muito não possuíam manutenção, de forma que dispositivos
de segurança essenciais para evitar um acidente não funcionaram no
momento em que foram necessários.
Na noite de 2 de dezembro de 1984, operários pouco qualificados e mal
supervisionados realizaram uma limpeza nas tubulações de alimentação do isocianato, mas
fecharam mal as tampas de proteção, deixando que a água entrasse na tubulação e se
misturasse ao isocianato, iniciando uma reação exotérmica que produziu um gás
extremamente tóxico e elevou a pressão nos tanques.
À pressão de 2,76 bar uma válvula de segurança se abre automaticamente
liberando o gás para um dispositivo onde deveria ter sido neutralizado com soda cáustica.
No entanto, o botão de acionamento da injeção de soda não funcionou e quando a pressão
continuou a subir, os operadores liberaram o gás (não neutralizado) para uma chaminé
54

onde deveria ter sido incinerado, mas o botão de acionamento da tocha também não
funcionou.
Ao atingir a pressão de 13,79 bar e a temperatura de 200°C, os operadores
decidiram abrir as válvulas de descarga, para evitar que as instalações explodissem,
lançando um gás tóxico mortalmente ativo sobre os bairros pobres de Bhopal.

6.1.4 Normas sobre segurança de processos

Com a incidência cada vez mais frequentes de acidentes como os que foram
apresentados, surgiu a necessidade de se controlar os riscos de processo de forma rígida.
Para atender essa necessidade surgiu a norma API RP 750, lançada pelo American
Petroleum Institute (API) em janeiro de 1990.
A norma discorre sobre o gerenciamento de dos riscos de processo no design,
construção, inicialização, operação, inspeção, manutenção e modificação de instalações
com potencial para causar catástrofes relacionadas a produtos químicos.
Na mesma época, a Occupational Safety and Health Administration (OSHA)
deu início aos estudos e coleta de informações que levaram à criação, em 1993, de dois
documentos: a norma Process Safety Management OSHA 3132, estabelecendo diretrizes
gerais do gerenciamento de segurança de processo, e regulamentação através do Process
Safety Management Guidelines for Compliance OSHA 3132.
A metodologia apresentada na OSHA 3132, que envolve 12 ferramentas
diferentes de gestão, é atualmente mundialmente utilizada na aplicação de Process Safety
Management (PSM).

6.2 Riscos de explosões e incêndios

Sempre que se trabalha com produtos químicos existe o risco de que ocorram
explosões ou incêndios e a forma mais eficaz de evitar que estes riscos se manifestem é
inibir ao máximo o início do fogo, que ao se desenvolver poderá levar a um incêndio ou
explosão.
É dessa necessidade de evitar o início dos incêndios e explosões que nasce a
prevenção, através da qual são criados instrumentos e equipamentos de combate. Esta
55

atividade requer ação permanente de vigiar, desenvolvendo, fundamentalmente, as


seguintes atividades:
a) Descoberta oportuna do fogo.
b) Alarme imediato, informando o local da ocorrência.
c) Rápida ação contra o fogo.
d) Controle continuado do fogo, até sua completa extinção.
Para entender melhor como combater o fogo, é preciso primeiro conhecer as
formas de produzi-lo e as condições necessárias para que o mesmo ocorra.

6.2.1 O fogo

Nos primórdios da humanidade, quando o homem ainda era nômade,


aconteceram os primeiros contatos com o fogo, sempre consequência direta de uma
catástrofe natural (erupções vulcânicas, raios atingindo árvores mortas, vegetação seca
exposta ao sol, etc.). Dessa forma, todos os encontros da humanidade com o fogo eram
envoltos em medo e às vezes adoração, levando-o a ser adorado como a uma divindade em
muitas localidades.
Ao aprender a produzir seu próprio fogo, através do atrito entre pedaços de
madeira (Figura 11), ou de faíscas produzidas por lascas de pedra (Figura 12), a espécie
humana passou a obter vantagens de sua utilização nas tarefas diárias. O fogo era utilizado
para se aquecer nas noites frias, como fonte de luz para afastar os predadores noturnos e
como forma de transformar os alimentos, deixando-os mais gostosos.

Figura 11 – Forma primitiva de produzir fogo através de atrito

Fonte: Google Imagens.


56

Figura 12 – Forma primitiva de produzir fogo


pela utilização de pedras para produzir faíscas

Fonte: Google Imagens.

Com menos chances de ser devorado pelos predadores, morrer de frio ou de


fome, a população humana cresceu, de forma que não era mais viável migrar de uma
localidade à outra transportando tanta gente. Assim, as tribos começaram a se sedentarizar
e em cada casa que era construída os habitantes produziam e utilizavam fogo.
O aumento da quantidade de pessoas utilizando o fogo aumentou também a
incidência de focos de incêndio, levando, pela primeira vez na história, à necessidade de
apagar o fogo. Como as cidades eram construídas às margens de grandes reservatórios de
água doce, este foi o primeiro agente extintor a ser utilizado. Além da água, também eram
utilizadas terra e até as próprias vestimentas feitas de peles de animais.
Para entender melhor como terra e mantas feitas com peles de animais podem
ajudar a apagar o fogo, é necessário estudar quais as condições necessárias para que este
ocorra.

6.2.2 Combustão

O fogo é produto de uma da combustão, uma reação química de redução que


ocorre na presença de oxigênio, podendo, dessa forma, também ser chamada de reação de
oxidação. Para que esta reação ocorra, são necessários três elementos essenciais:
combustível, comburente e energia de iniciação. Estes elementos formam o triângulo do
fogo, apresentado na Figura 13.
57

Figura 13 – Representação gráfica do triângulo do fogo

Fonte: Google Imagens.

COMBUSTÍVEL é qualquer material que contenha em sua composição


química os elementos Carbono (C), Hidrogênio (H) e Enxofre (S). A Figura 14 apresenta
uma molécula do combustível octano (gasolina).

Figura 14 – Molécula de gasolina

Fonte: Google Imagens.

Na molécula de gasolina existem oito carbonos ligados entre si. Quando


quebradas, as ligações carbono-carbono liberam, na forma de calor, grandes quantidades de
58

energia, mas ao fazê-lo as partes separadas se tornam instáveis, passando a se apresentar na


forma de íons.
A tendência é que os íons procurem estabilidade ao ligando-se novamente,
absorvendo a energia que liberaram. Para evitar que os carbonos voltem a se ligar e
roubem a energia de volta, é necessário um elemento que forme ligações com os carbonos
consumindo baixas quantidades de energia, e esse elemento é o oxigênio.
A decomposição completa produz H2O, CO2 e CO, moléculas com ligações
bem mais fracas e, portanto, contendo menos energia que a molécula inicial de gasolina.
COMBURENTE é o agente redutor, que neste caso é o oxigênio. É o elemento
que vai se ligar aos íons de forma a deixa-los mais estáveis.
ENERGIA DE ATIVAÇÃO é a energia inicial necessária para que a reação
ocorra. É fornecida à molécula de combustível uma quantidade inicial de energia,
proveniente de uma fonte externa (geralmente calor ou energia elétrica). Esta energia
inicial quebra uma ligação carbono-carbono, liberando mais energia que será utilizada para
quebrar as ligações vizinhas, gerando assim uma reação em cadeia.
Dependendo da velocidade com que a reação de oxidação ocorre, é possível
classificar a combustão em:
LENTA. Não há liberação perceptível de luz ou calor.
VIVA. Caracteriza-se pela emissão de luz (chama) e de calor (incandescência),
simultaneamente ou não. Exemplo: Incêndio. Cria uma pressão de 1 atm.
MUITO VIVA (OU INSTANTÂNEA). Ocorre em altíssima velocidade,
comparável com a do som. Exemplo: Explosão. Cria uma pressão de 30 atm.

6.2.3 Incêndios

Segundo Aita e Peixoto (2012), as principais causas que podem gerar perigos e
provocar um incêndio são fatores humanos, fatores naturais e fatores acidentais.
FATOR HUMANO (Causas fortuitas, azar ou negligência). Quando o incêndio
é causado por intenção deliberada, podendo ter se iniciado devido a imprudência,
negligencia, descuido, irresponsabilidade ou até mesmo por desconhecimento do ser
humano. Exemplos:
- O cálculo subestimando de carga elétrica de um prédio.
- Utilizar equipamentos de cocção próximos ao reservatório de gás.
59

- Ponta de cigarro ou fósforo incandescente, largado em cesto ou lata de lixo.


FATOR NATURAL. São os incêndios causados por fenômenos da natureza,
por exemplo:
- Descargas elétricas naturais (raios).
- Calor gerado pelo sol (raios solares).
FATOR ACIDENTAL. São aqueles que ocorrem devido a uma fatalidade.
Exemplos:
- Vazamento de líquido inflamável em área de risco.
- Concentração de gás inflamável em área confinada.
- Curto circuito em aparelho elétrico energizado ou em fiação não isolada
adequadamente.

6.2.3.1 Classificação de incêndios

Os incêndios podem ser divididos segundo dois critérios básicos: pela natureza
e pela quantidade dos materiais combustíveis existentes na área a ser protegida.
Devido a natureza dos materiais, a NBR 12693:2010 classifica os incêndios em
quatro classes:
CLASSE A. Quando o combustível encontra-se no estado sólido, Figura 15,
originando resíduos após a queima. Exemplos: madeira, papel, tecido, borracha, isopor,
plástico, etc.

Figura 15 – Incêndio classe A

Fonte: Aita e Peixoto (2012)


60

CLASSE B. Quando combustível é um líquido inflamável, Figura 16, ou seja,


uma substância que queima somente na superfície e não deixa resíduos sólidos após a
queima. Exemplos: gasolina, álcool, diesel, thinner, querosene, GLP, butano, propano,
acetileno, etc.
Figura 16 – Incêndio classe B

Fonte: Aita e Peixoto (2012)

CLASSE C. É o incêndio que acontece em equipamentos elétricos energizados,


Figura 17. Exemplos: motores elétricos energizados, quadros de distribuição energizados,
etc.

Figura 17 – Incêndio Classe C

Fonte: Aita e Peixoto (2012)


61

Obs.: Todo incêndio em equipamento elétrico DESENERGIZADO é


considerado de classe A e deve ser combatido como tal.
CLASSE D. Segundo Aita e Peixoto (2012), é o incêndio que ocorre em
elementos pirofóricos, ou seja, elementos metálicos capazes de entrar em combustão pelo
simples contato com o ar atmosférico. Exemplos: magnésio, titânio, zircônio, sódio, etc.
Existe ainda nesta categoria uma classe de incêndio que ainda não está prevista
na legislação brasileira, mas é prevista em normas internacionais, o incêndio tipo K (Figura
18), que ocorre em óleos, banhas e gorduras utilizadas em cozinhas. À altas temperaturas
estes óleos podem entrar em combustão e provocar um incêndio.

Figura 18 – Incêndio classe K

Fonte: Aita e Peixoto (2012)

Outra forma de classificar os incêndios é com relação à quantidade de materiais


combustíveis existentes na área a ser protegida. Cada um desses materiais tem sua própria
capacidade de produzir calor, seu poder calorífico, que multiplicado pela quantidade de
material e dividido pela área da edificação fornece um indicador conhecido como Carga de
Incêndio (CI). A equação (i) apresenta a forma de cálculo de CI.

𝑘𝑐𝑎𝑙
∑[𝑃𝑜𝑑𝑒𝑟 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟í𝑓𝑖𝑐𝑜 ( )∗𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑚𝑎𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 (𝑘𝑔)]
𝑘𝑔
𝐶𝐼 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑒𝑑𝑖𝑓𝑖𝑐𝑎çã𝑜 (𝑚2 )
(i)
62

De acordo com a carga de incêndio encontrada, o risco pode ser definido


conforme a Tabela 7.

Tabela 7 – Classificação dos riscos pela Carga de Incêndio


Risco Carga de Incêndio (CI)
1 Leve até 270.000 kcal/m2
2 Médio de 270.000 a 540.000 kcal/m2
3 Pesado de 540.000 a 1.080.000 kcal/m2
Fonte: Elaborado pelo autor.

6.2.4 Proteção e combate a incêndios e explosões

Segundo Aita e Peixoto (2012), as técnicas de prevenção e de combate ao fogo


se baseiam na separação dos elementos químicos necessários para que a combustão ocorra.
Assim, todos os métodos de combate fundamentam-se na quebra do triângulo do fogo, que
pode se dar de três maneiras:
RETIRADA DO MATERIAL COMBUSTÍVEL. Retirada do material
combustível ainda não queimado das proximidades, evitando assim uma reação em cadeia.
A Figura 19 destaca no triângulo, a remoção do elemento Combustível.

Figura 19 – Remoção do combustível

Fonte: Aita e Peixoto (2012)

RESFRIAMENTO DA TEMPERATURA. Retirada da fonte de calor


necessária para a propagação da combustão, conforme apresentado na Figura 20. Segundo
63

Aita e Peixoto (2012), O método de combate parte do princípio do resfriamento do


material em combustão. Ao baixar a temperatura do material em combustão (abaixo do seu
ponto de combustão), este não será mais capaz de produzir vapores combustíveis
suficientes para manter o fogo.

Figura 20 – Remoção da energia de iniciação (calor)

Fonte: Aita e Peixoto (2012)

ISOLAMENTO DO OXIGÊNIO. Também conhecido como abafamento, este


método consiste em isolar o combustível do comburente (oxigênio), inserindo entre os dois
uma barreira física, conforme apresentado na Figura 21. É sabido que em concentrações de
oxigênio abaixo de 13% o fogo não possui oxigênio para manter-se aceso.

Figura 21 – Remoção do comburente (oxigênio)

Fonte: Aita e Peixoto (2012)


64

Quanto à forma de acionamento, as medidas de proteção contra incêndio


podem ser classificadas em passivas, quando não necessitam de nenhuma ação externa
para serem ativadas, e ativas, quando necessitam de ação externa (seja humana, seja por
sensores).

6.2.4.1 Medidas de proteção passivas

Segundo Berto (1991), os objetivos básicos da proteção passiva são a


compartimentação e o confinamento do sinistro, evitando sua propagação e mantendo a
estabilidade estrutural do edifício por um tempo indeterminado.
Podem ser citados como exemplos de proteção passiva: as medidas de
acessibilidade (vias de acesso ao corpo de bombeiros, localização do recalque da rede de
hidrantes, etc.), os meios de abandono seguro do edifício (rotas de fuga) e o controle, desde
a fase de projeto, das características e quantidades de materiais combustíveis utilizados na
construção.
É importante conhecer as características dos materiais utilizados na construção,
principalmente dos revestimentos das estruturas metálicas, pois à 550°C a resistência
mecânica do aço estrutural cai pela metade, podendo ceder devido ao peso da construção.
No dimensionamento da proteção das ferragens devem ser levados em
consideração dois fatores: o Tempo de Resistência Requerido ao Fogo (TRRF), que no
Brasil varia de 30 minutos a 2 horas e é o tempo mínimo que a proteção deve aguentar até
permitir que o fogo atinja as ferragens, e os aspectos da construção, tais como:
- Fim de utilização da edificação (escola, escritório, hospital, shopping center,
etc.)
- Altura e área construída da edificação.
- Compartimentação existente e outros sistemas de proteção
complementares.
- Carga Combustível e Taxa de Ventilação;
- Fator de Forma (u/A) de cada elemento estrutural;
O fator de forma representa a resistência de um determinado perfil
metálico em uma situação de incêndio e é calculado pela relação matemática dos
dois fatores que influenciam o comportamento de uma estrutura sob a ação do fogo:
Perímetro de Penetração de Energia “u” e Área da seção reta (transversal) do perfil. A
equação
65

6.2.4.2 Medidas de proteção ativas

Ao contrário das proteções passivas, as proteções ativas necessitam de uma


ação externa para entrarem em funcionamento. Esta ação pode tanto ser de origem humana
(Ex.: o acionamento de um alarme ou a utilização de um extintor de incêndio) quanto
automática (Ex.: sistemas disparados por sensores de temperatura).
Segundo Berto (1991), o objetivo destas instalações é uma detecção rápida do
incêndio, para que, dessa forma, seja mais seguro o abandono dos ocupantes do edifício e
tornando possível um combate e controle mais eficazes do fogo.
Dentre os principais dispositivos de proteção ativos é possível destacar:
a) Sistema de detecção e alarme automáticos de incêndio. A NBR 9441
indica a utilização de detectores (de fumaça, de temperatura, de raios infravermelhos,
dentre outros) ligados a alarmes automáticos. A Figura 22 apresenta um exemplo de
detector de fumaça.

Figura 22 – Detector de fumaça

Fonte: Google Imagens.

b) Sistema de iluminação de emergência. A NBR 10898 indica a utilização


de luminárias de emergência como o apresentado na Figura 23. As luminárias devem
permanecer conectadas diretamente à rede de energia elétrica e normalmente não geram
66

luz. Quando há falta de energia, a luminária acende e passa a iluminar o local utilizando a
energia de uma bateria interna que possui.

Figura 23 – Luminária de emergência

Fonte: Google Imagens.

c) Sistema de controle/exaustão de fumaça de incêndio. Em edificações


fechadas, que não possuem meios naturais de ventilação, é necessária a instalação de
sistemas de exaustão e ventilação forçada, como os apresentados nas Figuras 24 e 25.

Figura 24 – Sistema de ventilação forçada à esquerda combinado com um sistema de


exaustão forçada à direita

Fonte: Google Imagens.


67

Figura 25 – Sistema de ventilação forçada pelas laterais e de exaustão forçada pelo teto

Fonte: Google Imagens.

d) Sistema de alarme manual de incêndio. A NBR 9441 indica a utilização


de dois tipos de alarme manual: botoeiras quebre o vidro e botoeiras Liga/Desliga, como as
apresentadas na Figura 26.

Figura 26 – Botoeiras tipo quebre o vidro e Liga/Desliga

Fonte: Google Imagens.

e) Sistema de extinção automática de incêndio. Os sistemas de extinção por


acionamento de chuveiros automáticos (sprinklers) é prevista pela NBR 10897 e se baseia
68

na utilização da gravidade para pressurizar tubulações providas de chuveiros. Para tanto,


deve ser construída uma reserva técnica de incêndio (uma caixa d’água elevada e com
reservada exclusiva apagar incêndios).
Estes chuveiros, apresentados na Figura 27, possuem uma ampola com um
líquido que se dilata a uma temperatura específica. A existência de sprinklers com uma
grande variedade de temperaturas permite que esse tipo de sistema possa ser utilizado em
diversos ambientes diferentes.

Figura 27 – Sprinklers

Fonte: Google Imagens.

A Figura 28 apresenta a forma como ocorre o acionamento dos chuveiros


automáticos. A fumaça liberada pela combustão ainda carrega energia na forma de calor e
ao entrar em contato com o bico de sprinkler transfere esse calor para a ampola, que, ao
atingir a temperatura correta, rompe e permite a dispersão da água.

Figura 28 – Princípio de funcionamento dos sprinklers

Fonte: Aita e Peixoto (2012).


69

f) Sistema de hidrantes. Assim como o sistema de sprinklers, os hidrantes,


abordados pela NBR 5667, também utilizam a pressão gerada pela reserva técnica de
incêndio. Os hidrantes devem ser montados em locais estratégicos e a área abaixo da caixa
que contém as mangueiras e conexões deve estar sempre livre para facilitar o uso em caso
de emergências, conforme apresentado na Figura 29.

Figura 29 – Hidrantes com área reservada

Fonte: Google Imagens.

g) Sistema de proteção por extintores de incêndio. A NBR 12693 trata dos


extintores, que podem ser classificados dependendo do tipo de agente utilizado. Cada
agente tem por finalidade lidar com um dos tipos de incêndio já classificados na seção
6.2.3.1.

6.2.4.3 Brigada de Incêndio

A NBR 14276:2007 determina os requisitos mínimos para a composição, a


formação e a reciclagem de brigadas de incêndio, além de orientar na adoção de
procedimentos que reduzam ao máximo as consequências sociais que possam advir de uma
situação de descontrole em relação ao fogo. (Aita e Peixoto, 2012)
A brigada de incêndio deve ser formada por funcionários da empresa. Estes
funcionários devem ser treinados para atuar na prevenção e combate a incêndios e em
operações de salvamento, devendo também ter acesso a equipamentos de combate e
salvamento, em perfeitas condições de uso, fornecidos pela empresa.
70

As pessoas selecionadas para comporem a brigada de incêndio devem


conhecer, muito bem, suas atribuições e suas obrigações, pois delas depende o
êxito das ações que serão realizadas na prevenção e no combate ao incêndio. As
atribuições de uma brigada de incêndio são:
a) Atuar na prevenção:
• Conhecer, muito bem, o plano de emergência.
• Saber avaliar os riscos existentes.
• Elaborar relatórios das irregularidades encontradas.
• Encaminhar o relatório das irregularidades para a chefia.
• Inspecionar os equipamentos de combate a incêndio.
• Inspecionar as rotas de fuga.
• Orientar as pessoas.
• Participar dos treinamentos.
b) Atuar, de acordo com sua atribuição, no plano de emergência, quando
necessário.
O candidato ou pessoa escolhida para participar da brigada de incêndio
deve atender a certos requisitos ou, pelo menos, ao maior número de critérios
determinados pela NBR 14276:2006. Os requisitos básicos são:
a) Permanecer na empresa durante o seu turno de trabalho.
b) Possuir boa condição física e boa saúde.
c) Possuir bom conhecimento das instalações.
d) Ter mais que 18 anos.
e) Ser alfabetizado.
Toda pessoa selecionada ou escolhida para fazer parte da brigada de
incêndio deve frequentar um curso com carga horária mínima definida nos
Anexos A e B da norma citada. Em todo curso de brigadista, deverá ser cobrado,
em prova escrita, os conteúdos teóricos ministrados, conforme determinação do
Anexo B, da NBR 14276:2006, além de avaliação de desempenho nos exercícios
práticos.
A pessoa que concluir o curso de brigadista, com aproveitamento mínimo
de 70% (tanto na avaliação teórica como na avaliação prática), receberá o
certificado de conclusão do curso, expedido por instrutor de incêndio e de
primeiros socorros, com validade por um ano (12 meses). No certificado, devem
constar as seguintes informações:
• Nome completo da pessoa que foi aprovada no curso.
• Registro Geral (RG) dessa pessoa.
• Carga horária e ementa do curso.
• Data do início e do fim do treinamento.
• Nome completo, nível de formação, registro geral (RG) e cadastro de
pessoa física (CPF) do instrutor responsável pelo curso.
No curso de reciclagem (que deve seguir o disposto no Anexo B, da NBR
14276:2006), o brigadista poderá ser dispensado da parte teórica do treinamento,
desde que seja aprovado em uma avaliação prévia. Nesta avaliação, deverá obter
nota igual ou superior a 70% do valor da prova. Caso não atinja a nota mínima
de sete (7,0), deverá frequentar, novamente, as aulas teóricas e práticas e ser
submetido a novas avaliações.

(Aita e Peixoto, 2012)

Quanto à sua composição, na brigada de incêndio, é importante que seja levada


em consideração a participação de representantes de todos os setores da empresa, bem
como de representantes da guarda do estabelecimento, dos eletricistas da instalação e dos
encarregados das manobras de água. Sempre deverão compor a brigada, como chefes, um
ou dois gerentes ou elementos com cargo de chefia.
71

7 GESTÃO

Durante a guerra, os combatentes entenderam que para terem maiores chances


de vitória deveriam investir pesado em seus parques industriais, desta forma, quem tivesse
a maior capacidade produtiva teria mais probabilidade de sair vitorioso.
A industrialização acelerada levou à instalação de novas plantas de
transformação e à elevação da quantidade de riscos incorporados aos processos. Para
controlar e diminuir ao máximo estes riscos surgiram após a Segunda Guerra Mundial, nos
Estados Unidos e em alguns países da Europa, novas ferramentas de gestão que
posteriormente seriam reunidas em um conjunto de boas práticas de projeto.

7.1 Gestão de riscos

No final da década de 60 foi criado, nos Estados Unidos, o Project


Management Institute (MPI), uma associação sem fins lucrativos que visa formular
padrões, indicar boas práticas de gestão de projeto e conta atualmente com mais de
700.000 membros. (PMI Brasil, 2016)
Uma das produções técnicas do PMI é o Project Management Body of
Knowledge (PMBOK), um guia que, após ser lançado no início da década de 90, se tornou
a diretriz básica para gerenciamento de projetos.
Segundo o PMBOK:

O gerenciamento de risco consiste no planejamento, identificação,


análise, respostas, monitoramento e controle dos riscos em um projeto,
sendo que o seu principal objetivo é o de aumentar a probabilidade e o
impacto dos eventos positivos e minimizar a probabilidade e o impacto
dos eventos adversos ao projeto.

7.1.1 Nautreza dos riscos empresariais

Para realizar uma correta gestão de riscos é preciso conhecer bem quais os
riscos que podem estar presentes na empresa. Existem basicamente dois tipos de risco, os
puros e os especulativos, conforme apresentado na Figura 30.
72

Figura 30 – Riscos empresariais

Fonte: Ruppenthal, 2013.

RISCOS PUROS são aqueles que ao se manifestar trarão somente perdas à


empresa, podendo ser subdivididos em riscos à propriedade, às pessoas e de
responsabilidade.
Segundo Ruppenthal (2013):

Os riscos à propriedade consideram as perdas oriundas de incêndios,


explosões, vandalismo, roubo, sabotagem, acidentes naturais e danos a
equipamentos e bens em geral. Os riscos relativos às pessoas referem-se a
doenças ocupacionais ou acidentes de trabalho que levam à incapacidade
temporária, invalidez ou morte de colaboradores. E, os riscos por
responsabilidade, referem-se às perdas causadas pelo pagamento de indenizações
a terceiros, responsabilidade ambiental, assim como pela qualidade e segurança
do produto ou serviço prestado.
As organizações possuem bens tangíveis e intangíveis expostos à perda. As
perdas podem ser tangíveis, quando se referem a prejuízos mensuráveis, ou
intangíveis, quando se referem a elementos de difícil mensuração como a
imagem da empresa. As principais perdas resultantes da materialização dos
riscos puros numa empresa são:
• Perdas decorrentes de morte, invalidez ou afastamento de funcionários,
bem como indenizações a dependentes e pagamento de honorários advocatícios.
• Perdas de tempo e produtividade por profissional não treinado,
equipamento danificado, baixa na moral da equipe.
• Perdas por danos à propriedade e bens não cobertos por seguros, tais
como a reposição de produto ou itens danificados.
• Perdas decorrentes de fraudes ou atos criminosos.
• Custos com investigação de acidentes, perito de defesa, ações corretivas,
honorários advocatícios, assistência emergencial.
• Perdas por danos causados a terceiros. Responsabilidade da empresa por
poluir o meio ambiente, responsabilidade pela qualidade e segurança do produto
fabricado ou do serviço prestado.
73

RISCOS ESPECULATIVOS são aqueles que ao se manifestar podem tanto


trazer malefícios como benefícios à empresa. Os riscos especulativos podem ser do tipo
administrativo (de mercado, financeiro, de produção), político ou de inovação.
Segundo Ruppenthal, (2013) apud Alberon, (1996) e Castro, (2011):

Os riscos administrativos estão relacionados ao processo de tomada de


decisão. Uma decisão correta leva aos lucros, em contrapartida, uma decisão
falha pode levar ao colapso empresarial. Com relação a esse tipo de risco, há
uma dificuldade em prever antecipadamente e com precisão o resultado de uma
decisão. A incerteza quanto ao resultado é uma das definições de risco. Os riscos
administrativos podem ser diferenciados em riscos de mercado, riscos
financeiros e riscos de produção.
Os riscos de mercado são relativos à incerteza quanto ao resultado positivo
das vendas e lucros resultantes de determinado produto ou serviço em relação ao
capital investido. Os riscos financeiros referem-se às incertezas quanto às
decisões econômicas e financeiras da organização. E os riscos de produção são
relativos às incertezas quanto ao processo produtivo das empresas, na fabricação
de produtos ou prestação de serviços, na utilização de materiais e equipamentos,
mão de obra e tecnologia.

Riscos políticos dizem respeito a diretrizes, programa de incentivo ou


proibições emitidas pelo governo que podem afetar direta ou indiretamente a empresa.
Já os riscos de inovação estão relacionados com mudanças feitas nos produtos
ou processos da empresa visando melhorias na produção e novos nichos de mercado.
Atualmente, é um risco presente na maioria dos empreendimentos, pois uma empresa que
não se renova, que não investe em novos produtos e em fidelizar os clientes que já possui
acaba enfrentando de dificuldades para se manter no mercado.

7.1.2 Normas sobre gerenciamento de riscos

A primeira norma sobre gerenciamento de riscos foi a AS/NZS 4360 “Risk


Management”, publicada em 1995 na Austrália e na Nova Zelândia. Segundo Ruppenthal
(2013), esta norma fornece um guia genérico para o gerenciamento de risco que pode ser
aplicado a uma vasta gama de atividades, decisões ou operações em comunidades,
empresas públicas ou privadas, grupos ou indivíduos.
Em 2007, foi lançada a norma OHSAS 18001. Segundo Ruppenthal (2013):

A norma OHSAS 18001:2007 é a versão mais atual da norma de Sistemas


de Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho, muito aplicada em todo o planeta e
também no Brasil. A OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assesment
Series), estabelece os requisitos para um Sistema de Gestão de Segurança e
74

Saúde no Trabalho, por meio de uma política com objetivos e monitoramento do


desempenho. A OHSAS 18001, é uma norma de caráter preventivo que visa a
redução e controle dos riscos no ambiente de trabalho, seguindo a abordagem
PDCA – Planejar, Executar, Controlar e Agir.
A norma poderá criar um maior comprometimento da organização com
relação a saúde e a segurança no trabalho e atendimento às leis aplicáveis à área,
contribuindo para um ambiente de trabalho mais seguro e produtivo.
Esta norma foi elaborada para ser aplicável em organizações de qualquer
porte, segmento de mercado e em qualquer lugar do mundo. O sucesso de sua
implantação é uma tarefa que cabe a todos em uma empresa.

A figura 31 apresenta o ciclo PDCA utilizado pela OHSAS 18001:2007.

Figura 31 – Ciclo PDCA

Fonte: Ruppenthal, 2013.

A série de normas ISO 31000 trata da gestão de riscos e no Brasil é


normalizada pela ABNT, Ruppenthal (2013) afirma que:

A ISO 31000:2009 é uma norma de gestão de riscos com reconhecimento


internacional e não tem finalidade de certificação. Fornece princípios e diretrizes
para a gestão de riscos. Tem aplicabilidade para qualquer empresa pública,
privada ou comunitária, associação, grupo ou indivíduo e não é específica para
qualquer indústria ou setor. Pode ser aplicada a qualquer tipo de risco,
independentemente da sua natureza, quer tenha consequências positivas ou
negativas. Fornece uma abordagem comum para apoiar as normas que tratam de
riscos e/ou setores específicos e, assim, não substituí-las.

7.1.3 Metodologia do gerenciamento de riscos

As normas OHSAS 18001:2007 e ABNT NBR ISO 31000:2009 indicam


um método sistemático para o gerenciamento de riscos que inicia com a escolha
75

de um contexto para em seguida identificar, analisar, estimar, tratar, monitorar e


comunicar os riscos associados a alguma atividade, função ou processo da
organização. O gerenciamento deve ser visto como parte da cultura interna,
tomando lugar em sua filosofia, práticas e processos, visando compor a gestão
estratégica da empresa. A gestão eficaz e eficiente dos riscos tende a alavancar
os objetivos organizacionais com menores custos.
O processo envolve a definição do contexto no qual a organização atua, ou
seja, a identificação dos objetivos, estratégias, valores e cultura, estabelecendo-
se, assim, a estrutura sobre a qual as decisões se apoiam. Então, passa-se à
identificação dos perigos e análise dos riscos, estimando-se a expectativa de
ocorrência dos eventos e os impactos que estes causam à organização.
Concluída a análise, procede-se a avaliação e categorização dos riscos para
que sejam direcionados ao tratamento adequado.
A etapa de análise dos riscos pode ser realizada de forma quantitativa ou
qualitativa. Em muitas situações, quantificar os riscos é uma tarefa árdua e
incerta, até mesmo para especialistas. Nesses casos, a solução adotada é o
emprego de métodos qualitativos.
Após a categorização dos riscos, deve-se decidir pelo tratamento e recursos
a alocar. Conceitualmente, quatro opções estão disponíveis:
• Modificação do sistema, visando a eliminação do risco.
• Atuação sobre os fatores que influenciam a expectativa de ocorrência ou
as consequências, visando reduzir o risco.
• Transferir o risco, por meio de seguros, cooperação ou outro ato.
• Quando as opções anteriores forem impossíveis ou economicamente
inviáveis, reter o risco.
As três primeiras opções são medidas preventivas, enquanto a última é de
caráter contingencial ou mitigatório.

Ruppenthal (2013)

A Figura 32 apresenta um modelo adaptado da ABNT NBR ISO 31000:2009


da metodologia discutida acima por Ruppenthal.

Figura 32 – Metodologia adotada pela norma ISSO 31000:20009

Fonte: Ruppenthal (2013)


76

7.2 Gestão de emergências

Segundo a FUNDACENTRO (2002), o Planejamento de Situações de


Emergência deve ser considerado pelas autoridades competentes, autoridades locais e
gerências operacionais como elemento essencial de qualquer sistema de prevenção de risco
maior.
Este planejamento tem como objetivos localizar os casos de emergência que
possam surgir, impedindo que ocorram, e minimizar os efeitos nocivos de uma emergência
sobre as pessoas, a propriedade e o meio ambiente.
A primeira atividade a ser executada para a elaboração de um plano de
emergência é a identificação e análise de riscos. Nesta etapa, as gerencias operacionais
devem identificar e avaliar sistematicamente possíveis acidentes em suas instalações.
De acordo com a FUNDACENTRO (2002), a análise de possíveis acidentes
deve indicar:

a) os eventos mais graves previsíveis;


b) as causas desses piores eventos;
c) a escala de tempo dos eventos menores que possam levar a esses eventos;
d) a dimensão de eventos menos graves se contido seu desenvolvimento;
e) a probabilidade relativa dos eventos;
f) as consequências de cada evento;
Após analisados os riscos, são traçados dois planos de emergência: um para
a área interna à edificação e outro para a área externa.

7.2.1 Plano de emergência interno

Segundo a FUNDACENTRO (2002), toda instalação de risco deve ter um


plano de emergência interno, que deve ser elaborado pela gerência operacional e ser
relacionado com a estimativa das possíveis consequências de acidentes maiores.
Em instalações simples, o plano de emergência pode consistir apenas em por
de prontidão os trabalhadores e em pedir a ajuda de serviços externos de emergência. Já
para instalações complexas, o plano deve ser muito mais substancial, levando em conta
todos os riscos e suas possíveis interações uns com os outros. Um plano para instalações
complexas deve conter:

a) avaliação da natureza e dimensão dos possíveis acidentes e da relativa


probabilidade de sua ocorrência;
b) formulação do plano e contato com as autoridades, inclusive os serviços
de emergência;
77

c) procedimentos para o acionamento do alarme e comunicação dentro e


fora da instalação;
d) designação, especialmente, de um líder de brigada e do comandante do
plano da instalação, com a especificação de seus deveres e responsabilidades;
e) localização e organização do centro de controle;
f) comportamento dos trabalhadores na instalação durante a
emergência, inclusive procedimentos de evacuação;
g) comportamento dos trabalhadores e de outras pessoas fora da instalação
durante a emergência.

FUNDACENTRO, (2002)

Deve ainda levar em consideração fatores tais como a falta de trabalhadores


devido a doença ou folgas e períodos de fechamento da instalação. Deve ser dimensionado
para aplicação em todas as variações previsíveis de pessoal.

7.2.1.1 Alarmes e comunicação

Segundo a FUNDACENTRO (2002), é de responsabilidade da gerência


operacional prover meios para que, ao se produzir qualquer acidente ou situação, todos
os trabalhadores e o pessoal fora da instalação tomem conhecimento de imediato.
Dependendo da dimensão da instalação, pode ser considerada a necessidade de
implantar sistemas de alarme, tomando cuidado para distribuir os pontos de acionamento
de forma adequada e disponibilizar, em áreas em que houver um alto nível de ruído, a
instalação de alarmes visuais.

7.2.1.2 Designação de membros de brigada e definição de tarefas

Como parte do plano de emergência, a gerencia operacional deve designar um


líder de brigada (e um substituto, se necessário) para assumir o controle dos possíveis
acidentes.

O líder de brigada deve ser encarregado de:


a) avaliar a dimensão do acidente (tanto para os serviços de emergência
internos como externos);
b) iniciar os procedimentos de emergência para garantir a segurança
dos trabalhadores e minimizar o dano à instalação e à propriedade;
c) dirigir as operações de resgate e de combate a incêndio até a chegada
(se necessária) do corpo de bombeiros;
d) providenciar equipes de busca e resgate;
e) providenciar a evacuação de trabalhadores não membros da
brigada para pontos de encontro preestabelecidos;
78

f) estabelecer um canal de comunicação com o centro de controle de


emergência;
g) assumir a responsabilidade do comandante do plano de
emergência até que ele assuma;
h) dar pareceres e informação, se solicitado, aos serviços de emergência.

FUNDACENTRO, (2002)

O líder da brigada na instalação deve ainda ser facilmente identificável


por meio de roupa ou capacete distintos.
De acordo com o plano de emergência, a gerência operacional deve
designar também um comandante do plano de emergência (e um substituto, se
necessário) que assumirá o controle total do acidente a partir do centro de controle de
emergência.

O comandante do plano de emergência deve ser responsável por:


a) decidir se existe ou se há probabilidade de ocorrer uma situação
de grave emergência, para requisitar os serviços de emergência internos e
externos;
b) exercer o controle operacional direto da instalação fora da área
afetada;
c) rever e avaliar continuamente possíveis desdobramentos para
determinar o curso mais provável dos acontecimentos;
d) coordenar o fechamento de partes da instalação e sua evacuação,
de forma coordenada com o líder da brigada de emergência e membros de
brigada;
e) zelar para que todas as vítimas recebam atendimento adequado;
f) estabelecer relações funcionais com as lideranças de bombeiros e
de polícia, autoridades locais e inspetoria pública;
g) controlar a circulação dentro da instalação;
h) manter um registro de ocorrências;
i) emitir comunicados autorizados para os meios de comunicação;
j) supervisionar a recuperação de áreas afetadas após a emergência.

FUNDACENTRO, (2002)

7.2.1.3 Centro de controle de emergência

A gerência operacional deve providenciar que o plano de emergência na


instalação preveja um centro de controle de emergência, do qual sejam
dirigidas e coordenadas as operações de gerenciamento, e prover um centro
conveniente de controle compatível com o plano.
O centro de controle deve ser equipado para receber e transmitir
informações e diretrizes do supervisor da instalação e para ele, e outras áreas da
instalação, como também externas.
Quando for o caso, o centro de controle de emergência deve manter, por
exemplo:
a) um número adequado de telefones, tanto internos como externos;
b) rádio e outro equipamento de comunicação;
c) planta da instalação mostrando:
- áreas em que há grande contração de substâncias perigosas;
79

- fontes de equipamento de segurança;


- sistemas de combate a incêndio e outras tomadas de água;
- sistemas de esgoto e drenagem;
- entradas e vias de acesso da instalação;
- pontos de encontro;
- localização da instalação com relação à comunidade vizinha;
d) equipamentos para medir a velocidade e a direção do vento;
e) equipamentos de proteção individual e outros equipamentos de
resgate;
f) lista completa dos trabalhadores;
g) lista dos membros da brigada, com endereço e número de telefone;
h) listas de outras pessoas presentes na instalação, como empreiteiros
ou visitantes;
i) lista de autoridades locais e de serviços de emergência com endereços
e números de telefone.

(...)

A gerência operacional deve providenciar para que o centro de controle


de emergência esteja localizado numa área de risco mínimo.

FUNDACENTRO, (2002)

7.2.1.5 Teste de procedimentos de emergência

Concluído o plano de emergência, a gerência operacional deve torná-


lo conhecido de todos os trabalhadores e dos serviços externos de
emergência, se for o caso.
A gerência operacional deve providenciar para que o plano de
emergência seja regularmente testado, incluindo os seguintes elementos:
- sistemas de comunicação que devem funcionar durante um acidente;
- procedimento de evacuação.

FUNDACENTRO, (2002)

7.2.1.6 Avaliação e atualização do plano

A gerência operacional deve providenciar para que os trabalhadores


familiarizados com a instalação participem de testes e sejam monitorizados por
observadores – por exemplo, funcionários mais experientes em emergência e
inspetores públicos – alheios à instalação.
Após cada exercício, a gerência operacional deve providenciar para
que o plano seja exaustivamente analisado para levar em consideração falhas
ou omissões.
Essas mudanças devem ser então comunicadas a todos que
participam na aplicação do plano de emergência.

FUNDACENTRO, (2002)
80

7.2.2 Plano de emergência externo

O plano para casos de emergência fora da instalação deve ser da


responsabilidade das autoridades locais e da gerência operacional, dependendo de
disposições locais.
Esse plano deve basear-se nos acidentes identificados pela gerência
operacional como capazes de afetar pessoas e o meio ambiente fora da instalação.
O plano, por conseguinte, deve decorrer logicamente da avaliação que
serviu de base para a formulação do plano de emergência para a própria instalação.

7.2.2.1 Aspectos a serem incluídos num plano de emergência externo

O plano de emergência externo, quando convier, deve incluir os seguintes


elementos:
a) organização – detalhes de estruturas de comando, sistemas de alarme,
procedimentos de aplicação, centros de controle para casos de emergência,
nomes do funcionário coordenador para o caso de emergência, do comandante
do plano na instalação, de seus substitutos e de outros membros de brigada;
b) comunicações – identificação do pessoal envolvido, centro de
comunicações, sinais de chamada, rede de comunicações, lista de telefones;
c) equipamento especial para emergência – detalhes sobre a
disponibilidade e localização de guindastes pesados, escavadeiras,
equipamento específico de combate a incêndio, botes salva-vidas;
d) conhecimento especializado – detalhes sobre organizações, empresas
químicas com pessoal capacitado e laboratórios especializados;
e) organizações voluntárias de ajuda – detalhes sobre organizadores,
números de telefone, tipo de recursos;
f) informação química – sobre substâncias perigosas estocadas ou
processadas em cada instalação de risco maior e um resumo dos riscos
inerentes;
g) informação meteorológica – providências necessárias para obter
detalhes sobre as condições de tempo predominantes no momento de um
acidente e previsões meteorológicas;
h) providências humanitárias - transporte, centros de evacuação,
alimentação em casos de emergência, tratamento de feridos, primeiros
socorros, ambulâncias, câmaras mortuárias provisórias;
i) informação para o público – medidas para tratar com os meios de
comunicação e informação de parentes das vítimas, etc.;
j) avaliação – medidas para coleta de informações sobre as causas
da situação de emergência e exame da eficácia de todos os aspectos do plano de
emergência.

FUNDACENTRO, (2002)
81

7.2.2.2 Testes e exercícios de simulação

A organização responsável pela preparação do plano de emergência


fora da instalação deve testar devidamente suas decisões juntamente com os
exercícios realizados na própria instalação.
Após cada teste a organização responsável pelo plano deve examiná-lo
cuidadosamente para corrigir as falhas ou omissões do plano de emergência
fora da instalação. A eficiência do plano deve ser também examinada em seguida
a um acidente maior.

FUNDACENTRO, (2002)

7.3 Métodos de análise de riscos

Segundo Veritas (2006), existem diversas técnicas (metodologias) utilizadas


para a identificação dos riscos, dentre as quais, as mais utilizadas nacionalmente e
internacionalmente são a Análise Preliminar de Perigos (APP) e a Análise de Perigos e
Operabilidade (HAZOP).

7.3.2 Análise de Operabilidade de Perigos (HAZOP) Veritas (2006)

Segundo Veritas (2006) apud Bank (1985), o termo HAZOP origina-se do


inglês “Hazard and Operability Analysis”. Também conhecido como Estudo de
Perigos e Operabilidade, a aplicação do HAZOP é uma técnica indutiva qualitativa e
estruturada para identificar possíveis desvios (anomalias) de projetos e perigos
potenciais e/ou problemas de operação utilizando palavras guias, combinadas às variáveis
de processo, para avaliar desvios, suas causas e consequências.

O método HAZOP foi introduzido inicialmente pelos engenheiros da


empresa inglesa ICI Chemicals na metade dos anos 70. Uma vez verificadas as
causas e as conseqüências de cada tipo de desvios, esta técnica procura propor
medidas para eliminar, mitigar ou controlar em níveis aceitáveis o risco ou quem
sabe até sanar o problema de operabilidade da instalação.
O HAZOP é uma técnica estruturada em palavras guias, desvios, causas,
conseqüências e recomendações sendo a técnica mais formalizada em termos de
metodologia sendo necessário experiência e conhecimento na aplicação da
técnica para uma análise de processo de projetos. Isso exige um coordenador que
conheça a técnica, além de representantes da operação, processo, manutenção,
instrumentação e projeto.

(...)

As vantagens do Hazop é a metodologia rígida que obriga avaliar todo o


processo através da definição dos nós, ou seja limites a serem avaliados nos
processos estabelecidos nos desenhos de engenharia dependendo do
82

entendimento do grupo a respeito dos possíveis efeitos, causas e tipos de


produtos.

Calixto (2009)

7.3.3 Análise Preliminar de Perigos (APP) Veritas (2006)

Segundo Veritas (2006):

A Análise Preliminar de Perigos (APP) é uma metodologia estruturada para


identificar os perigos potenciais decorrentes da instalação de novas
unidades/sistemas ou da operação de unidades/sistemas existentes que lidam
com materiais perigosos. Esta metodologia é também comumente chamada
de Análise Preliminar de Riscos (APR).

7.3.3.1 Metodologia

Na APP são levantadas as causas que ocasionam a ocorrência de cada um


dos eventos e as suas respectivas conseqüências, sendo, então feita uma
avaliação qualitativa da freqüência de ocorrência do cenário de acidente, da
severidade das conseqüências e do risco associado. Portanto, os resultados
obtidos são qualitativos, não fornecendo estimativas numéricas.
A realização da análise propriamente dita é feita através do
preenchimento de uma planilha com as informações necessárias à
avaliação de riscos para cada módulo de análise. A planilha contém colunas,
as quais são preenchidas conforme a descrição apresentada a seguir.
O processo de realização de uma APP segue os seguintes passos:
- Subdivisão da instalação em diversos módulos de análise (em geral
utilizando-se da distribuição de unidades já existentes na fábrica - a presença de
grandes unidades pode exigir a definição de módulos menores);
- Definição das fronteiras do sistema;
- Determinação dos produtos perigosos existentes no sistema e suas
condições de processo e / ou estocagem;
- Preenchimento das planilhas de APP em reuniões do grupo de análise.

Veritas (2006)
83

7.3.3.2 Preenchimento da planilha

A Tabela 8 apresenta um modelo de planilha utilizado na realização da APP.


Nesta figura são citados como exemplo o vazamento de dois produtos químicos distintos.

Tabela 8 – Planilha de APP

Fonte: Google Imagens.

Na PRIMEIRA COLUNA, denominada “Evento” ou “Perigo”, devem ser


inseridas as substâncias perigosas e as condições capazes de dar origem a acidentes que
podem ser encontrados nas instalações.
Na SEGUNDA COLUNA, denominada “Causas” ou “Possíveis Causas”,
devem ser indicadas as causas que podem conduzir à manifestação do perigo.
Na TERCEIRA COLUNA, denominada “Efeitos”, “Consequências” ou
“Possíveis Consequências”, são listadas as condições geradas pelo evento em questão.
Na QUARTA COLUNA, que faze parte do grupo de “Avaliação do Risco”,
são inseridas informações sobre a probabilidade de ocorrência do evento. A Tabela 9
apresenta exemplos de preenchimento desta coluna, com suas respectivas descrições.
84

Tabela 9 – Avaliação de riscos

Fonte: N-2782, Petrobrás, 2005

Na QUINTA COLUNA, são inseridas informações sobre a severidade do


evento, caso ocorra. A Tabela 10 apresenta exemplos de preenchimento desta coluna, com
suas respectivas descrições.

Tabela 10 – Categoria de riscos

Fonte: N-2782, Petrobrás, 2005

Na SEXTA COLUNA, é inserida a classificação do risco, que é determinada


por uma combinação entre os valores inseridos nas colunas quatro e cinco, referentes à
85

frequência e à severidade do risco. A Tabela 11 apresenta a matriz de riscos elaborada a


partir desta combinação. As zonas delimitadas por cores indicam os valores [(1) baixo, (2)
moderado e (3) alto] a serem inseridos na planilha.

Tabela 11 – Matriz de riscos

Fonte: Veritas (2006)

Na SÉTIMA COLUNA, denominada “Medidas Preventivas ou Corretivas”,


devem ser indicadas as medidas de controle e contenção de riscos propostas pela equipe de
elaboração da APP.
Segundo Veritas (2006):

Após o preenchimento das planilhas de APP, a tarefa seguinte corresponde


ao levantamento do número de cenários de acidentes identificados por categorias
de frequência, de severidade e de risco.
Como resultado da elaboração das estatísticas dos cenários, tem-se
uma matriz de riscos, indicando a quantidade de cenários por categorias de
frequência e de severidade e a quantidade de cenários por cada categoria de
risco. Esta categorização serve muita vezes para priorizar a implementação
das recomendações propostas.
(...)
Finalmente, procede-se a análise dos resultados obtidos, listando-se as
recomendações de medidas preventivas e/ou mitigadoras propostas pela Equipe
da APP. O passo final é a preparação do relatório da análise realizada.
(...)
Em relação à composição e tamanho da equipe (grupo de trabalho)
e da documentação necessária para a realização de um estudo de APP, todas as
informações apresentadas para a realização de estudos de HAZOP podem ser
empregadas também para a APP.
86

REFERÊNCIAS

AITA, J. C. L; PEIXOTO, N. H.; Prevenção e Combate a Sinistros. Rede e-Tec Brasil.


Colégio Técnico Industrial. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, RS, 2012.

AMERICAN PETROLEUM INSTITUTE (API). API Recomended Practice 750. First


edition, january/1990.

BANK, World. Hazard and operability studies (HAZOP). In: Manual of industrial hazard
assessment techniques, 1 ed., capítulo 7, London: Editora P. J. Kayes, 1985.

BERTO, A. F.; Medidas de proteção contra incêndio: aspectos fundamentais a serem


considerados no projeto arquitetônico dos edifícios. Dissertação, FAUUSP. São Paulo,
1991.

BRASIL. LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991.

BRASIL. LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991.

CARMO; L. I. C; Efeitos do ruído ambiental no organismo humano e suas manifestações


auditivas. Monografia apresentada ao Centro Especializado em Fonoaudiologia Clínica
(CEFAC). Goiânia, GO, 1999.

CASCAES, S. M.; Apresentação de serviços Braskem: New ways to look at the world.
2013. Disponível em: <https://www.braskem.com.br/> Acesso em: 03/06/2016.

CALIXTO, E.; Uma metodologia para gerenciamento de riscos em procedimentos: Um


estudo de caso na indústria do petróleo. Congresso XXVI ENEGEP – Fortaleza, CE,
Brasil, 9 a 11 de outubro de 2016.

CAMARGO, J. C. A.; CAMARGO JR, José Carlos de Almeida. Proteção passiva contra
fogo em estruturas metálicas (2012). Disponível em: <www.catep.com.br >
87

DEZORDI, L. L.; Fundamentos de Economia. IESDE Brasil S.A. Curitiba, PR, 2008.

DREHER, M. A.; Higiene e Segurança do Trabalho. Apostila Parte 1: Conceitos e


Fundamentos. SENAI SC. Tubarão, SC, 2004.

FERREIRA, L. S.; PEIXOTO, N. H.; Segurança do Trabalho I. Rede e-Tec Brasil. Colégio
Técnico Industrial. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, RS, 2012.

FUNDACENTRO. Prevenção de riscos de acidentes industriais maiores. Ministério do


Trabalho e Emprego, Brasil, 2012.

HARARI, Y. N.; Uma breve história da humanidade. L&PM Editores. Israel, 2014.

KLETZ, T.; What Whent Wrong. Fourfh Edition. Gulf Professional Publishing. Houston,
Texas, EUA, 1999.

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Normas Regulamentadoras.

NICOLET, J. L.; Série de vídeos sobre os maiores acidentes industriais da história da


humanidade. Paris, França, 2001. Disponível em <www.youtube.com>
PETROBRÁS. Norma Técnica N-2782. Critérios para aplicação de técnicas avaliação de
riscos. Agosto/2005.

Organização Internacional do Trabalho (OIT). Introdução à Saúde e Segurança do


Trabalho. Genebra, Suíça, 1996. Tradução pelo Gabinete de Estratégia e Planejamento,
Portugal, 2006.

Serviço Social da Indústria (SESI). Técnicas de avaliação de agentes ambientais. Brasília,


DF, 2007.

Você também pode gostar