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ROTA DAS GRUTAS DE PETER LUND, PATRIMÔNIO CULTURAL E

TURISMO: POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES

BARBOSA, Maria Flávia Pires (1); BRAGA, Solano de Souza (2); REIS, Gabriela
Carneiro (3); OLIVEIRA, Ana Paula Guimarães Santos (4); CAMPOS, Gabriel
Victor Martins (5); SANTOS, Thaís Neves (6); ROCHA, Mariana Araújo (7)

1. UFMG/IGC - pires_flavia@yahoo.com.br

2. UFMG/IGC - solanobraga@yahoo.com.br

3. UFMG/IGC - gabireis@live.com

4. UFMG/IGC - anapaulagsantos@yahoo.com.br

5. UFMG/IGC - camposgabriel@outlook.com

6. UFMG/IGC - thaisnevessantos.neves@gmail.com

7. SETES/MG - mariana.rocha@turismo.mg.gov.br

RESUMO

A Rota das Grutas Peter Lund (RGPL) é um caminho que se inicia em Belo Horizonte e integra outros
quatro municípios mineiros - Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Sete Lagoas e Cordisburgo. A RGPL surgiu
com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento econômico e gerar novos negócios por meio do
turismo. O Projeto busca, também, promover maior competitividade turística entre os destinos indutores
do estado, além de aumentar o fluxo de turistas na região. Dessa forma, a Rota das Grutas Peter Lund
seria uma importante estratégia, capaz de fortalecer a identidade mineira, a partir do resgate da
memória do naturalista Peter Lund e de sua contribuição nos estudos sobre paleontologia.É sob esse
contexto que este artigo propõe discutir sobre a importância histórica e cultural da Rota das Grutas
Peter Lund, além de buscar analisar esse projeto, ainda em fase de implementação, com foco na
integração dos municípios que compõem a Rota a partir, sobretudo, da sinalização disponível. As
cidades de Lagoa Santa, Pedro Leopoldo e Cordisburgo foram as cidades mais influenciadas pelo
trabalho de Peter Lund. Já o município de Sete Lagoas foi integrado à Rota devido ao Monumento
Natural Gruta Rei do Mato, onde se localiza alguns dos mais importantes salões cársticos do mundo.
A Rota tem início na cidade de Belo Horizonte, no Museu de Ciências Naturais da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG) - Marco Zero do percurso. Em seguida, a rota segue
pelo município de Lagoa Santa onde se encontra o Túmulo de Peter Lund e o Centro de Arqueologia
Annette Laming Emperaire (CAALE), que correspondem ao marcos 1 e 2 respectivamente. O próximo
atrativo proposto é o Museu Peter Lund, localizado no perímetro do Parque Estadual do Sumidouro
entre a divisa dos municípios de Pedro Leopoldo e Lagoa Santa. Seguindo pela estrada que margeia o
Parque encontram-se a Gruta Lapa do Baú e o Monumento Estadual Lapa Vermelha, onde a “Luzia”, o
mais antigo fóssil humano foi encontrado. A Rota das Grutas prossegue até a cidade de Sete Lagoas,
onde está a Gruta Rei do Mato, localizada no Monumento Natural Estadual Rei do Mato, distante
aproximadamente 53 quilômetros do município de Cordisburgo. Em Cordisburgo encontram-se os dois
últimos marcos da Rota: o Museu da Gruta do Maquiné, localizado no Monumento Natural Estadual
Peter Lund e o Museu Casa Guimarães Rosa. No último marco, em Cordisburgo, é possível ao visitante
fazer uma transição entre regiões culturais do Estado, uma vez que é possível, por meio de placas e
passeios interpretativos, percorrer, além do Circuito Turístico das Grutas, outro Circuito Turístico – o
Circuito Guimarães Rosa. A Rota das Grutas Peter Lund apresenta importantes aspectos ligados às
ciências naturais (paleontologia, geografia, geologia, botânica e zoologia) e acredita-se que deva ser
mais valorizada e conhecida. O projeto que está em curso expõem desafios e possibilidades, além de
representar uma alternativa capaz de conciliar o desenvolvimento da atividade turística, com a
valorização do patrimônio cultural e o desenvolvimento local.

Palavras-chave: Turismo; Rota das Grutas Peter Lund; Sinalização Turística.

3° COLÓQUIO IBERO-AMERICANO PAISAGEM CULTURAL, PATRIMÔNIO E PROJETO - DESAFIOS E PERSPECTIVAS


Belo Horizonte, de 15 a 17 de setembro
Introdução
O projeto Rota das Grutas de Peter Lund (RGPL) vem sendo desenvolvido, desde 2009, a
partir de uma parceria entre a Secretaria de Estado de Turismo e Esporte de Minas Gerais
(SETES/MG) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMAD/MG). Os principais
objetivos, segundo seus idealizadores, são conservar o meio ambiente e promover o
desenvolvimento econômico por meio do turismo. O nome dado ao projeto remete a Peter
Wilhelm Lund, um dos mais importantes naturalistas do mundo, responsável por contribuições
efetivas para o conhecimento sobre a botânica e a zoologia, sendo ainda pioneiro e referência
para estudo da paleontologia, arqueologia e espeleologia no Brasil.

Um dos maiores incentivadores e o primeiro idealizador do projeto foi o também paleontólogo


Castor Cartelle que, assim como Peter Lund (figura 1), é um dos maiores especialistas
mundiais sobre a fauna do pleistoceno. Com base nos trabalhos desses dois importantes
cientistas é que foi traçada a Rota das Grutas de Peter Lund.

Figura 1: Castor Cartelle (esquerda) e Peter Lund (direita).


Fonte: Google/2014
O início do projeto esteve ligado ao Projeto Estruturador da Região Metropolitana de Belo
Horizonte, no âmbito da SEMAD/MG. Sendo assim, couberam a essa Secretaria e ao Instituto
Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF/MG), em parceria com o Departamento de Obras
Públicas (DEOP), a realização dos projetos arquitetônicos e de engenharia referentes à
infraestrutura das Unidades de Conservação (UCs) envolvidas, ou seja, o Parque Estadual do
Sumidouro, localizado nos municípios de Lagoa Santa e Pedro Leopoldo; o Monumento
Natural Estadual Gruta Rei do Mato, localizado em Sete Lagoas; e o Monumento Natural
Estadual Peter Lund, localizado em Cordisburgo, bem como a regularização fundiária dessas
UCs, a elaboração dos planos de manejo espeleológicos, além de iniciar a execução das
obras dos receptivos turísticos nas três unidades de conservação.

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Notou-se que, muito embora recursos estivessem sendo investidos em infraestrutura nas
unidades-alvo, e que estivessem sendo cumpridas obrigações legais impostas pelo Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), como a elaboração de planos de manejo, por
exemplo, o projeto não contava, de fato, com um planejamento voltado para o turismo.
Todavia, em se tratando de áreas protegidas com grande visitação, que contam com atrativos
turísticos que receberam recursos públicos para sua estruturação física, a sustentabilidade
destas unidades passaria, necessariamente, pela boa estruturação para o turismo.

Nesse sentido, em 2010, o Governo de Minas Gerais, por meio da SETES/MG, celebrou
parceria com a Organização Mundial de Turismo (OMT) para a realização do Programa
Volunteers OMT em Minas Gerais. A finalidade dessa parceria seria a realização de estudos
técnicos, com o apoio de especialistas internacionais da área do turismo, para a elaboração
de um Plano Estratégico para o desenvolvimento turístico da região em questão.

Atualmente, o projeto RGPL está inserido na carteira de projetos estratégicos do Governo do


Estado de Minas Gerais, como parte do Programa “Destino Minas”, sob a coordenação da
SETES/MG. Trata-se de um programa estruturador que faz parte do Plano Plurianual de Ação
Governamental - PPAG 2012-2015. Tal programa visa:

promover o desenvolvimento econômico e a geração de negócios por meio


do turismo, aumentando a competitividade turística dos destinos indutores de
Minas Gerais e demais destinos turísticos, gerando aumento do fluxo de
turistas, melhoria na satisfação dos visitantes e, consequente aumento de
geração de empregos e renda, contribuindo para consolidação de Minas
Gerais como destino turístico de excelência, fortalecendo a identidade
mineira e garantindo a sustentabilidade econômica dos empreendimentos
turísticos após a copa de 2014 (PPGA 2012-2015, 2012).
Desse modo, o projeto RGPL passou a incorporar, também, a missão de gerar
desenvolvimento econômico local aliado à conservação ambiental e valorização das riquezas
culturais e históricas por meio do turismo. Assim, a SETES/MG vem realizando ações
diretamente ligadas à estruturação do Produto Turístico “Rota das Grutas Peter Lund”, com
destaque para as ações de fomento a operacionalização do produto e adequação dos Centros
de Atendimento ao Turista dos municípios que integram a Rota.

Sob esse contexto, a RGPL apoiou-se no princípio do fomento do desenvolvimento regional


por meio do turismo, pautada em elementos naturais e culturais da região cárstica de quatro
municípios – Belo Horizonte, Lagoa Santa, Sete Lagoas e Cordisburgo. De acordo com as
Diretrizes da Política Pública de Turismo do Estado de Minas Gerais (2001), as instituições
envolvidas atualmente na concepção desse produto turístico são: I) Circuito Turístico das
Grutas; II) Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF/MG); III) Maquinetur; IV)
SELTUR; e V) Prefeitura de Lagoa Santa. Dessa forma,

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a escolha do nome justifica-se pelo elo que conecta as principais atrações do
roteiro e direciona a temática das intervenções. Torna-se necessário proteger
o patrimônio natural da APA Carste, caracterizada pelos inúmeros sítios
arqueológicos e pela fragilidade face à expansão da região. Lund explica-se
pelo trabalho de exploração nas grutas calcárias mineiras, do cientista
dinamarquês Peter W. Lund - referência mundial no campo da paleontologia,
da arqueologia e da espeleologia (Diretrizes da Política Pública de Turismo
do Estado de Minas Gerais, 2011, p.22).
Vale destacar, ainda, que a Rota das Grutas Peter Lund foi considerada um dos roteiros
prioritários para a Copa do Mundo FIFA 2014, definidos pela SETES/MG em conjunto com a
antiga Secretaria Extraordinária da Copa (SECOPA/MG). Esse recorte considerou os
principais destinos turísticos mineiros, com potencial turístico para público nacional e
internacional, localizados a um raio de até 150 km de distância de Belo Horizonte, uma das
cidades-sede do evento. Tal fato implica, de antemão, uma maior divulgação e visibilidade no
material promocional oficial.

É importante dizer, contudo, que os destinos da Rota Lund, ainda que conhecidos e já
visitados (em 2013 as três grutas juntas receberam mais de 100.000 visitantes) não refletem
para a região os benefícios econômicos que podem ser gerados por esse fluxo de visitantes.
Sendo assim, a expectativa da SETES/MG seria, pois, transformar parte do público
excursionista das grutas em turistas que permanecerão na RGPL por dois, três ou mais dias.
Dessa forma seria possível incrementar a geração de empregos na prestação de serviços
relacionados ao transporte, hospedagem e A&B nos municípios da Rota.

Nesse sentido, ressalta-se a importância da sinalização turística das cidades que compõem a
Rota, uma vez que um atendimento de qualidade e a prestação de informações aos turistas
nacionais e internacionais contribuem para uma melhor experiência turística. Desse modo,
este artigo propõe discutir sobre a importância histórica e cultural da Rota das Grutas Peter
Lund, além de buscar analisar esse projeto, ainda em fase de implementação, com foco na
integração dos municípios que compõem a Rota a partir, sobretudo, da sinalização disponível.

Vale dizer que a sinalização, tanto geral quanto turística, é tema de debate em Belo Horizonte,
assim como nos demais municípios envolvidos, já há algumas décadas e os problemas
relacionados a essa questão afetam diariamente a vida de muitos moradores, assim como dos
visitantes. Por essa razão, a ênfase na análise sobre esse tema se justifica diante dessa
importante demanda.

Metodologia

Tendo em vista o contexto no qual está inserido o projeto RGPL, alguns caminhos foram
estabelecidos na tentativa de atingir os objetivos propostos neste artigo. A primeira etapa
consistiu em um levantamento bibliográfico e documental, a partir de consultas a diversos

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sites e publicações envolvendo temas pertinentes ao projeto, como o histórico da RGPL, a
sinalização turística e sobre itinerários culturais.

Ainda, diante da complexidade que envolve os aspectos ligados à sinalização turística no


recorte dos municípios integrantes da Rota das Grutas Peter Lund, ou seja, Belo Horizonte,
Lagoa Santa, Sete Lagoas e Cordisburgo, essa análise ocorreu em diferentes etapas.

Dessa maneira, foram realizadas visitas in loco para registro da sinalização turística em cada
um dos municípios integrantes da RGPL, além de registros da sinalização disponível nas vias
de acesso que ligam esses municípios.

Por fim, para cada área e trecho percorrido, tanto na capital Belo Horizonte quanto nos demais
municípios, foram feitas as análises da sinalização geral e turística disponíveis. Os principais
parâmetros de análise foram organizados tendo como base o documento Guia Brasileiro de
Sinalização Turística, elaborado em 2001, pela EMBRATUR, IPHAN e DENATRAN, conforme
mostra o quadro 1. As orientações se referem à forma como a sinalização está colocada, sua
visibilidade, a integração com os atrativos, continuidade da informação e a padronização
quanto à forma, cores, letras, setas e pictogramas. A escolha desse Guia se justifica, uma vez
que o documento é uma orientação para os estados e municípios quanto à forma de
sinalização adequada e, além disso, objetiva alcançar uma linguagem comum capaz de
retratar o turismo nacional.

O projeto Rota das Grutas Peter Lund

Apesar da importância da região onde está localizada a Rota das Grutas Peter Lund, já que foi
palco de importantes descobertas para as ciências naturais no século XIX, ela ainda não tem
o devido reconhecimento. Assim como Darwin, Lund também desenvolveu estudos que o
levaram a questionar a teoria da geração espontânea e do catastrofismo que ainda eram tidas
como verdades absolutas na época.

Peter Lund também criou a base para o primeiro estudo sobre a ecologia brasileira ao
convidar o naturalista Eugene Warming para realizar um levantamento do cerrado da região
de Lagoa Santa, que culminou na primeira pesquisa publicada, em 1840, sobre fitoecologia do
mundo.

Além das descrições feitas por Lund sobre aspectos físicos e culturais da região, os
naturalistas que o visitaram também deixaram importantes registros. Temos como exemplo
esse trecho de um discurso em que Warming falava sobre a saudade que sentia de Lagoa
Santa:

Sinto-me fortemente atraído e cativo daqueles lugares, onde a vida era leve
como o ar que se respirava; ensolarada como a terra onde se caminhava; e
avançava tranquila como as ondas da pequena lagoa de Lagoa Santa. Muitas
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vezes as singelas melodias brasileiras ressoam aos meus ouvidos,
fazendo-me sentir um forte desejo de rever aqueles lugares e então sinto a
veracidade do antigo provérbio: “Ninguém vaga impune sob as
palmeiras”. Em Lagoa Santa havia luz, felicidade e paz! (Warming, 1973).
Outra passagem que revela como a admiração pelas novas paisagens convivia com a busca
por novas descobertas é essa descrição que Lund fez da Gruta de Maquiné:

Os esplêndidos reflexos produzidos pela luz, ferindo as inúmeras facetas


destes cristais, deslumbram a vista, de modo que o homem se julga
transportado a um palácio de fadas. A mais rica imaginação poética não
saberia criar tão esplêndida morada para seres maravilhosos; diante dessa
notável gruta, ela seria forçada a confessar a sua impotência. Meus
companheiros permaneceram durante muito tempo mudos à entrada deste
templo; depois, involuntàriamente, se ajoelharam e, persignando-se,
exclamaram, diversas vezes: “Milagre! Deus é grande!”Foi-me impossível
dissuadi-los da ideia de que este templo devia servir de morada a Nosso
Senhor. Quanto a mim, confesso que nunca meus olhos viram nada de mais
belo e magnífico nos domínios da natureza e da arte (LUND, 1950).
Ao longo dos anos que morou em Lagoa Santa, Lund fez inúmeras expedições, sobretudo na
região onde foi criado a Rota das Grutas Peter Lund, como é possível ver na comparação com
o mapa onde o cientista realizou suas expedições e o mapa da Rota atual, conforme mostram
respectivamente as figuras 2 e 3:

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Figura 2: Mapa de localização dos municípios e atrativos da Rota das Grutas Peter Lund
Fonte: Jornal Estado de Minas

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Figura 3: Mapa das cavernas pesquisadas por Peter Lund e das rotas feitas pelo naturalistas em MInas
Gerais.
Fonte: Adaptado de “Das grutas à luz: os mamíferos Pleistocênicos de Minas Gerais”, 2012.

Pelas razões apresentadas é que consideramos que a proposta da Rota das Grutas Peter
Lund converge para o que é proposto pela UNESCO para os Itinerários Culturais.

Itinerários Culturais

A Rota das Grutas Peter Lund engloba diferentes municípios cada qual com características
próprias. Além dos monumentos naturais representados pelas grutas existentes na RGPL, a
história da região cárstica informa sobre os antepassados da espécie humana. Compondo
todas essas características, a RGPL pode receber a chancela de Itinerário Cultural. Devido à
presença de características particulares na região que compõe, seguem algumas
considerações a respeito dos Itinerários Culturais.
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De acordo com o documento “Carta dos Itinerários Culturais”, - A Carta foi constituída sob os
objetivos de se estabelecer os fundamentos conceituais e a metodologia de investigação da
categoria, apresentar as informações fundamentais para desenvolver o conhecimento, a
valorização, gestão, proteção e conservação dos Itinerários, definir as orientações, critérios e
princípios para a correta utilização dos Itinerários enquanto recurso para um desenvolvimento
social e econômico e definir as bases da cooperação internacional indispensável à realização
dos projetos relativos aos Itinerários Culturais -, o conceito de Itinerário Cultural demonstra
uma evolução acerca das ideias sobre o conceito de patrimônio cultural e do crescente papel
“dos valores atribuídos ao meio e à sua significação à escala territorial e revela a sua macro
estrutura a diferentes níveis” (ICOMOS, 2008, p.1). Ademais, representa a concepção atual
dos valores do patrimônio para a sociedade como recurso para o desenvolvimento social e
econômico, além de ser considerado como um conceito “inovador” e “multidimensional”
(ICOMOS, 2008). Nesse sentido, “os Itinerários Culturais representam processos evolutivos,
interativos e dinâmicos das relações humanas interculturais, realçando a rica diversidade das
contribuições dos diferentes povos para o património cultural” (ICOMOS, 2008, p.1).

Ainda em conformidade com a “carta”, os Itinerários Culturais, como uma nova categoria
patrimonial, não é deslocada das outras categorias já existentes, pelo contrário. Essa
categoria reconhece as outras categorias da mesma forma que as valoriza e amplia a
percepção sobre o patrimônio cultural favorecendo sua conservação.

Os Itinerários Culturais, em alguns casos, surgiram como projeto definido pela vontade do
homem para atingir determinado objetivo ou, em outros casos, resultam de um processo
evolutivo em que intervém coletivamente diversos fatores humanos que coincidem objetivos
comuns. Todavia, o documento ressalta que os Itinerários Culturais são fenômenos culturais
singulares (ICOMOS, 2008). Nesse sentido, através das informações da “Carta dos Itinerários
Culturais”, observa-se que os Itinerários Culturais devem, principalmente, apresentar em sua
composição representações da cultura humana e suas interações com o meio ambiente que
são únicas e singulares em determinados locais, regiões, país, etc. Nota-se então que esse
fato se torna diferencial na categoria de Itinerários Culturais.

Dada a riqueza e a variedade que podem oferecer as relações mútuas assim


como os diferentes elementos diretamente associados à razão de ser dos
Itinerários Culturais (como os monumentos, sítios arqueológicos, cidades
históricas, arquitetura vernacular, patrimônio intangível, industrial e
tecnológico, obras públicas, paisagens culturais e naturais, meios de
transporte, saber fazer e aplicação das técnicas tradicionais específicas etc.)
o seu estudo e tratamento exigem uma abordagem pluridisciplinar capaz de
ilustrar e renovar as hipóteses científicas e de permitir o crescimento dos
conhecimentos históricos, culturais, técnicos e artísticos (ICOMOS, 2008).
Nessa perspectiva, a Rota das Grutas de Peter Lund pode se apresentar
como um projeto que integra registros da história que rementem às origens e
evolução do homem, seus antepassados, bem como a atual relação que é
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estabelecida entre comunidades da região da RGPL no contexto presente. O
documento define Itinerário Cultural da seguinte forma:
[...] uma via de comunicação terrestre, aquática, mista ou outra, determinada
materialmente, com uma dinâmica e funções históricas próprias, ao serviço
dum objectivo concreto e determinado. O Itinerário Cultural deve também
reunir as seguintes condições: a) ser o resultado e o reflexo de movimentos
interactivos de pessoas e de trocas pluridimensionais contínuos e recíprocos
dos bens, das ideias, dos conhecimentos e dos valores sobre os períodos
significativos entre povos, países, regiões ou continentes; b) ter gerado uma
fecundação mútua, no espaço e no tempo, das culturas implicadas, que se
manifeste tanto no seu património tangível como intangível. c) Ter integrado,
num sistema dinâmico, as relações históricas e os bens culturais associados
à sua existência (ICOMOS, 2008, p.3).
Cabe ressaltar que o Itinerário Cultural está intimamente ligado ao seu meio além de ser parte
integrante do mesmo. Na perspectiva do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(IPHAN), os Itinerários Culturais, bem como os conceitos de Paisagem Territórios Culturais
correspondem à tentativa de ampliar o conceito de patrimônio cultural, o qual não se restringe
mais aos monumentos e cidades históricas. A reflexão e utilização desses conceitos
conformam a ideia de que é preciso enriquecer a importância e a significância do patrimônio
cultural nacional dentre os assuntos que dizem respeito ao desenvolvimento socioeconômico
do país e vão de encontro com o esforço do órgão de se reposicionar assumindo um “papel
pró-ativo na política de preservação do patrimônio cultural” (IPHAN, 2011, p. 18).

O órgão ressalta que o emprego de conceitos como Itinerário Cultural, ainda que o mesmo
não constitua uma forma de institucionalizada de preservação ou gestão, deve ser
considerada para o estabelecimento de estratégias e ações de preservação do patrimônio
cultural do Brasil (IPHAN, 2011). Neste documento, o IPHAN recorre à descrição de
Itinerários Culturais expressa na “Carta dos Itinerários Culturais” e complementa:

[...] o conceito de itinerário cultural complementa o leque de categorias


patrimoniais mais amplas, trabalhadas a partir de recortes geográficos
abrangentes e que, além de interpretar de forma diferenciada as múltiplas
ocorrências do patrimônio, sejam materiais ou imateriais, dando-lhes maior
coesão e significação histórica, conduzem diretamente a um modelo de
gestão compartilhada (IPHAN, 2011, p. 20).
Sob esse cntexto e a partir das consideraçoes a respeito de Itinerário Cultural pode-se ampliar
o olhar sobre a Rota das Grutas Peter Lund considerando suas particularidades enquanto
atrativo turístico e potencial produto turístico a ser promovido internacionalmente.

A Sinalização Turística e sua importância no atual contexto turístico brasileiro


A sinalização se constitui como fator primordial para a mobilidade urbana, que por sua vez,
organiza o uso e a ocupação de um território, avaliando a melhor forma de garantir o acesso
aos bens que a cidade oferece. Surgiu da necessidade de comunicar uma informação que
poderia ser percebida por diferentes pessoas. Desse modo, entender as diferentes

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classificações da sinalização facilita o cumprimento das respectivas exigências legais e
funcionais.

Para que exista eficiência na organização da atividade turística em uma região é necessário
existir um sistema de informações acessível aos atrativos turísticos. A sinalização turística
tem como objetivo garantir esse fácil acesso às informações sobre quaisquer atrativos da
cidade e, assim, possibilitar um deslocamento mais eficiente. Para Barreto Filho (1999), a
sinalização turística faz parte do marketing turístico e estaria assim compreendida entre todas
as ações que visam captar e manter fluxos de turistas. Segundo o autor, “[...] a sinalização
turística é um exemplo imediato que beneficia os habitantes e os visitantes. A sinalização
turística facilita a chegada e saída do turista, assim como seus deslocamentos durante sua
estadia em determinado local” (BARRETO FILHO, 1999, p. 61). Portanto, sem ela se tornaria
inviável a promoção de qualquer produto, equipamento ou serviço turístico.

No contexto brasileiro, a sinalização turística foi regulamentada em 1994, quando passou a


fazer parte da sinalização de trânsito, por meio das placas de indicação de atrativos turísticos.
Com o objetivo de fornecer subsídios técnicos e normativos na elaboração de projetos locais
de sinalização turística, o Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), juntamente com o
Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) e o Instituto de Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN) lançou em 2001 o Guia Brasileiro de Sinalização Turística (GBST).

De acordo com informações do GBST (2001), a sinalização de orientação turística, assim


denominada, faz parte do conjunto de sinalização de indicação de trânsito. No Quadro 1 estão
destacados os princípios fundamentais do Guia, no sentido de garantir ao usuário uma
eficiência e segurança do sistema viário.

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Quadro 1: Objetivos e Princípios Fundamentais da Sinalização de Orientação Turística
Objetivos e Princípios Fundamentais da Sinalização de Orientação Turística
- Cumprir o estabelecido no Código de Trânsito Brasileiro e nas Resoluções
CONTRAN;
Legalidade
- Cumprir a legislação de preservação de sítios tombados pelo IPHAN e
protegidos pela Lei de Arqueologia.
- Seguir um padrão preestabelecido quanto a: formas e cores dos sinais;
Padronização letras, tarjas, setas e pictogramas; aplicação – situações sinalizadas da
mesma forma; colocação na via ou nas localidades.
- Ser visualizada e lida a uma distância que permita segurança e tempo hábil
para tomada de decisão, de forma a evitar hesitação e manobras bruscas;
- Selecionar trajetos de fácil compreensão para os usuários, com o objetivo
Visibilidade,
de valorizar os aspectos de interesse cultural e turístico, levando em conta a
legibilidade e
segurança do trânsito;
segurança
- Garantir a integridade dos monumentos destacados e impedir que a
sinalização interfira em sua visualização;
- Resguardar as peculiaridades dos sítios.
- Oferecer as mensagens necessárias a fim de atender os deslocamentos dos
Suficiência usuários;
- Auxiliar a adaptação dos usuários às diversas situações viárias.
- Assegurar a continuidade das mensagens até atingir o destino pretendido,
Continuidade e
mantendo coerência nas informações;
coerência
- Ordenar a cadência das mensagens, para garantir precisão e confiabilidade.
- Acompanhar a dinâmica dos meios urbano e rural, adequando a sinalização
Atualidade e a cada nova realidade;
valorização - Assegurar a valorização da sinalização, mantendo-a atualizada e evitando
gerar desinformações sucessivas.
Manutenção e - Estar sempre conservada, limpa, bem fixada e, quando for o caso,
conservação corretamente iluminada.
Fonte: EMBRATUR, IPHAN, DENATRAN – Guia Brasileiro de Sinalização Turística (2001).
Ressalta-se que o estabelecimento de critérios específicos, por meio da padronização e
sequência das mensagens, apresenta como principal objetivo atender os usuários em seus
diversos deslocamentos. Assim, as placas que constituem a Sinalização de Orientação
Turística devem obedecer a um conjunto de critérios, de modo a garantir a imediata
identificação e assimilação das mensagens, além de seguir uma padronização quanto a
“cores e formas, o cumprimento dos parâmetros de dimensionamento e de composição dos
elementos gráficos e a obediência aos princípios de aplicação das placas” (GBST, 2001, p.
45). As placas devem ser direcionadas de acordo com as necessidades e o contexto em que
se encontra o visitante, ou seja, para cada demanda há um tipo de placa específica, que pode
ser de Identificação de Atrativo Turístico, Placa Indicativa de Direção, Placa Indicativa de
Distância ou Placa Interpretativa. Existem ainda critérios de seleção e ordenamento das
mensagens. Assim, “ao contrário da sinalização vertical de regulamentação e advertência, a
sinalização de orientação de atrativos turísticos não perde a eficácia quando colocada em
maior quantidade” (GBST, 2001, p. 45).

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A sinalização da Rota das Grutas Peter Lund e a integração entre os
municípios
A seguir, apresenta-se a análise referente à sinalização existente nos trechos que ligam os
municípios integrantes da Rota das Grutas Peter Lund – Belo Horizonte, Lagoa Santa, Sete
Lagoas e Cordisburgo. O mapa 1 a seguir ilustra o trajeto e os marcos da RGPL.

Mapa 1: Rota das Grutas de Peter Lund – Trechos e Marcos

Fonte: Elaboração própria/2014


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Trecho 1: Museu de Ciências Naturais da PUC Minas (Marco 0) – Túmulo do
Peter Lund (Marco 1)

O Marco 0 da Rota das Grutas Peter Lund é o Museu de Ciências Naturais da PUC Minas.
Esse marco conta com uma placa de identificação de atrativo turístico. Porém, foi possível
observar problemas referentes à continuidade da sinalização, já que não existem indicações
para outros marcos da RGPL.

Como não há placas indicando o próximo marco, nem mesmo a existência da própria Rota, a
opção dos usuários é seguir em direção à região central de Belo Horizonte passando pela Via
Expressa até o Complexo da Lagoinha e, posteriormente, pela Avenida Cristiano Machado,
quando se notam placas indicativas de sentido, sobretudo, para o município de Lagoa Santa.

O totem da Estrada Real na entrada de Lagoa Santa indica ao visitante outro contexto turístico
em que o município também está inserido. É possível observar, contudo, que do ponto de
vista da sinalização turística, não existe uma integração entre o atual projeto RGPL, o Circuito
das Grutas e a Estrada Real. A aproximadamente 3 km da entrada da cidade está o Túmulo
do Peter Lund, ou seja, o Marco 1 da Rota.

Em Lagoa Santa foi possível observar a ausência de placas indicativas de sentido para esse
Marco, além da falta de placa de identificação desse atrativo turístico.

Trecho 2: Túmulo do Peter Lund (Marco 1) – Centro de Arqueologia Annette


Laming Emperaire (CAALE) (Marco 2)

O Marco 2 – CAALE –, está distante 6 Km do Marco 1 da Rota. Foi possível observar os


mesmos problemas relativos à falta de sinalização indicativa de sentido na cidade de Lagoa
Santa. Durante o período da pesquisa in loco, o CAALE passava por reformas, e não havia
nenhuma placa de identificação da RGPL, apenas um banner de lona na entrada.

Pode-se dizer que não existe sinalização indicativa entre os marcos 1 e 2. Assim como foi
observado para o Marco 1 – Túmulo de Peter Lund, também não existem placas indicativas
para o Marco 2 – CAALE.

Trecho 3: Centro de Arqueologia Annette Laming Emperaire (CAALE) (Marco 2)


– Museu Peter Lund / Gruta da Lapinha (Marco 3)

Já nas proximidades do Marco 2 – CAALE, observou-se a presença de sinalização indicativa


de sentido para a Gruta da Lapinha, que se localiza no Km 6, na divisa dos municípios de
Pedro Leopoldo e Lagoa Santa. Todavia, as placas são antigas, apenas em português e fora
dos padrões técnicos especificados pelo GBST (2001), o que pode confundir, sobretudo, o
visitante estrangeiro. Contudo, pode-se dizer que a existência dessas placas, embora não
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seja ideal, auxilia no deslocamento até o Marco 3. Esse é um dos poucos trechos no qual é
possível se deslocar de um marco a outro orientados apenas pelas placas indicativas. Outro
fator que merece destaque é que esse Marco é o primeiro ponto com sinalização da RGPL,
propriamente dita.

Trecho 4: Museu Peter Lund/Gruta da Lapinha (Marco 3) – Monumento Natural


Estadual Gruta Rei do Mato (Marco 4)

Na via de acesso para o Parque Estadual do Sumidouro é possível observar algumas placas
indicativas de sentido para essa Unidade de Conservação, mas, ainda assim, nenhuma delas
faz referência à RGPL. Na saída do Museu Peter Lund, ainda em Lagoa Santa, além de não
existirem placas indicativas para o próximo marco, ou seja, para o Monumento Natural
Estadual Gruta Rei do Mato, que se localiza na BR-040, em Sete Lagoas, também não há
placas indicativas para o próprio município de Sete Lagoas.

Em Sete Lagoas, para se chegar ao Marco 4 – Monumento Natural Gruta Rei do Mato, é
necessário seguir pela MG-238. Contudo, não há placas indicativas de sentido para o Marco 4
dispostas no centro da cidade, nem pelo entorno da Lagoa Paulino, um importante atrativo de
Sete Lagoas. Já nas proximidades da Gruta existe identificação da RGPL, no entanto, a
logomarca é diferente da utilizada atualmente para divulgação da Rota.

Trecho 5 – Monumento Natural Estadual Gruta Rei do Mato (Marco 4) –


Monumento Natural Estadual Peter Lund (Marco 5)

Assim como nos trechos analisados anteriormente, não existem placas indicativas para os
próximos Marcos da Rota, localizados no município de Cordisburgo. No entanto, já na cidade
de Cordisburgo, foi possível observar placas indicativas de sentido para vários atrativos da
região. Notou-se inclusive, placas específicas sobre a Rota Lund. A sinalização rodoviária não
era bilíngue, mas era contínua e conservada.

O problema observado no trecho foi a presença de mato alto às margens da MG-231


impedindo a visibilidade de algumas placas no trecho entre a BR-040 e a sede de Cordisburgo.
No Marco 5 existe identificação da Rota das Grutas de Peter Lund. A sinalização foi
considerada boa nesse trecho analisado. Embora não houvesse sinalização específica sobre
a Rota Lund, pode-se dizer que as placas indicativas de sentido para o município de
Cordisburgo, além daquelas dispostas dentro da cidade, indicando os atrativos, facilita o
deslocamento.

Trecho 6: Monumento Natural Estadual Peter Lund/Gruta de Maquiné (Marco 5)


– Museu Casa Guimarães Rosa (Marco 6)

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Os seis quilômetros entre os marcos 5 e 6 da RGPL são bem sinalizados. A Prefeitura
Municipal de Cordisburgo realizou recentemente um projeto de sinalização municipal e
apresenta os trechos mais bem sinalizados da RGPL. Vale ressaltar, no entanto, que o projeto
de sinalização municipal não tem ligação direta com o projeto estruturador da RGPL. Logo,
não existe uma sinalização específica sobre a Rota Lund na cidade.

O Marco 6 da Rota – Museu Casa Guimarães Rosa – conta com placa de identificação,
embora não siga os padrões estabelecidos pelo GBST (2001). Existem placas antigas que
coexistem com placas novas, fato que pode provocar algumas dúvidas, sobretudo no turista
estrangeiro, já que, também, praticamente não existe placa bi/trilíngue na cidade. Vale
ressaltar ainda que a sinalização encontrada nesse município não faz referência à Rota das
Grutas de Peter Lund, o que denota a falta de articulação entre a Prefeitura e o projeto do
governo de Estado de Minas Gerais.

Trecho 7: Museu Casa Guimarães Rosa (Marco 6) – Belo Horizonte

Os 117 km que separam as duas cidades são praticamente todos percorridos na BR-040. A
BR é duplicada e possuiu sinalização em todo o trajeto. Novamente é importante ressaltar que
não existe sinalização específica da RGPL, mas o quantitativo de placas indicativas de
sentido e de distância pode ser considerado suficiente para guiar os visitantes até a cidade de
Belo Horizonte. Vale destacar, entretanto, que a falta de padronização com relação à
sinalização pode confundir o visitante. Pode-se observar ainda que as informações sobre a
Gruta de Maquiné e da Gruta Rei do Mato estão indicadas em placas na cor marrom e verde
apesar de ambas indicarem informação turística.

Da BR 040 é possível visualizar indicações para a Gruta Rei do Mato e, na chegada da gruta
existe um outdoor que permite a visualização da entrada. A sinalização não faz referência ao
projeto RGPL, também não apresenta bom estado de conservação, nem tampouco segue a
padronização exigida pelo GBST (2001). Já nas proximidades de Belo Horizonte a sinalização
se mantém constante e o visitante pode facilmente seguir caminho para o centro da cidade ou
avenidas localizadas próximas ao Anel Rodoviário. O destaque negativo foi o estado de
conservação de boa parte das placas. Ressalta-se, nesse sentido, que as placas mal
conservadas perdem sua eficiência como dispositivos de controle de tráfego.

Considerações Finais
Após percorrer o caminho proposto pelo Projeto Rota das Grutas de Peter Lund é possível
perceber os problemas relacionados à sinalização existentes nos trechos analisados. Nesse
sentido, os municípios, os atrativos turísticos e os marcos que compõe a RGPL contém
informações e conteúdos multidisciplinares que perpassam o campo da História, Geografia,
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Geologia, Biologia, Arqueologia e do Turismo, por exemplo. Paralelamente a esses aspectos,
existe a intenção do governo em transformar a região em um produto turístico, como visto
anteriormente.

Sob esse contexto, ressalta-se a importância da existência de uma sinalização adequada


capaz de estabelecer a ligação entre os munícipios, informando sobre os destinos da Rota, os
atrativos, os serviços e equipamentos turísticos disponíveis durante o percurso e nos próprios
municípios. A presença da sinalização materializa a RGPL e integra os municípios
componentes, bem como os atrativos. Ademais, é preciso ressaltar a importância histórica,
geográfica e cultural da região e as características próprias de cada município conformando
um caminho diferenciado quanto à sua diversidade cultural e natural.

Tendo em vista que o conceito de Itinerário Cultural representa uma transformação acerca do
entendimento sobre o patrimônio cultural, de acordo com a “Carta dos Itinerários Culturais” e a
perspectiva do IPHAN, considerando a importância da preservação do patrimônio cultural e os
objetivos do Projeto da Rota, a Rota das Grutas de Peter Lund pode ser considerada como
uma expressão de Itinerário Cultural bem como dessa nova perspectiva acerca do patrimônio
cultural que se pretende alcançar em todo o território nacional.

Referências
BARRETO FILHO, Abdon. Marketing turístico para o espaço urbano: comentários
acadêmicos e profissionais. In: CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos (Org.). Turismo Urbano.
São Paulo: Contexto, 2001.

ICOMOS. Carta dos Itinerários Culturais. Comitê Científico Internacional dos Itinerários
Culturais (CIIC) do ICOMOS, ratificada , 2008, Québec, Canadá.

EMBRATUR. Guia Brasileiro de Sinalização Turística. Brasília, DF, 2001.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Reflexões sobre a


chancela da Paisagem Cultural Brasileira. Coordenação de Paisagem Cultural. Brasília, 2011.

LUND, Peter W. Notícias sobre ossadas humanas fósseis achadas numa caverna do Brasil
1844a, in INL, Memórias da Paleontologia Brasileira. São Paulo: INL, 1950.

WARMING, Eugênio. Lagoa Santa e a vegetação de cerrados brasileiros. Belo Horizonte:


Itatiaia e São Paulo: EDUSP, 1973.

JORNAL ESTADO DE MINAS. Disponível em:


<http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2013/08/07/interna_gerais,432277/museu-da-gruta
-do-maquine-sera-inaugurado-hoje-com-atracoes-interativas-para-visitantes.shtml>

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